“Eles serão para mim particular tesouro”
Malaquias 3:17
Vivemos época de incertezas e insegurança. Bruscas oscilações no universo dos mercados mundiais, nas diversas áreas de atuação, sejam comerciais, industriais, econômicas, financeiras e outras correlatas motivam grandes preocupações e um desesperado esforço para a formação de “particulares tesouros”.
Buscamos todos construí-los, com o acúmulo rápido dos mais diversos recursos patrimoniais que se oferecem, muitas vezes de modo desonesto e pouco ético, por considerarem tais “particulares tesouros” provisões seguras para ultrapassarem os impactos negativos das instabilidades ocorrentes.
Consoante o texto acima o Senhor, também, está formando o seu “particular tesouro”. Não com o acúmulo de bens materiais, porque Ele é o Criador de todas as coisas, possuidor e controlador do Universo, tudo tendo em Suas mãos, sob o Seu absoluto domínio (Colossenses 1:16-17), dono do ouro e da prata (Ageu 2:8). Refere-se aí o Senhor aos que O servem fielmente: “eles serão para mim particular tesouro”.
São os que temem ao Senhor e mantêm doce, agradável e ampla comunhão uns com os outros (“os que temiam ao Senhor falavam uns com os outros” – v. 16).
Sem dúvida, essas são duas características básicas dos verdadeiros “servos de Deus”:
1 - Temer ao Senhor;
2 - Comunhão uns com os outros.
A notável afirmação do Senhor no v. 14 constitui-se numa resposta ao lamentável questionamento que fora feito sobre a utilidade de servir ao Senhor: “Inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus preceitos e em andar de luto diante do Senhor dos Exércitos?”
O desânimo e a frustração que tal pronunciamento revela não são tão raros na atitude de muitos! Vez por outra constatamos essa deficiência grave de autoavaliação negativa.
A lição nos serve. “Servir” ao Senhor não nos põe a coberto de problemas, dificuldades, pressões, angústias, incompreensões e injustiças (João 16:33). Antes de ficarmos preocupados e desanimados com os conceitos negativos a respeito de nós e do serviço que prestamos para o Senhor, devemos lembrar que não servimos a homens, mas a Deus e que a apreciação cabe ao Senhor!
Deve nos confortar saber que, como servos de Deus, somos-Lhe preciosos “são para mim particular tesouro” (v.17).
O contexto oferece alguns aspectos que caracterizam essa preciosidade. Vejamos:
- O SENHOR A TUDO ESTÁ ATENTO – “o Senhor atentava...” (v.16). Somos alvos, e também o nosso serviço, da Sua total e constante “atenção”, porque somos “preciosos para Deus” (Salmo 33:18). Seu permanente desvelo nos deve sempre animar, ainda que as circunstâncias nos sejam desfavoráveis. A vigilância do Senhor é a nossa garantia inquestionável no serviço que Lhe prestamos.
- O SENHOR SEMPRE NOS OUVE – “e ouvia...” (v. 16). A audiência do Senhor não se interrompe nunca. Temos com Ele um canal direto e permanente de comunicação através da oração (Efésios 6:18), que nos garante o suprimento indispensável na realização da Sua obra e os resultados por Ele desejados naquilo que Lhe prestamos. É bom saber que contamos com Sua sempre pronta orientação e o Seu sábio conselho! Isso nos infunde confiança ao servi-Lo!
- O SENHOR REGISTRA TUDO – “havia um memorial escrito diante dele...” (v. 16). Não há porque nos preocupar em catalogar os nossos sucessos e os nossos fracassos. O registro do Senhor é o que vale e o que nos basta. As anotações e estatísticas que fazemos não são importantes, porque é o Senhor quem avalia o nosso serviço e a nós próprios. O que vale é o que Ele registra (Romanos 14:12; 2 Coríntios 5:10). Ao Senhor é que estamos servindo (Efésios 6:6-7). Não devemos servir para mostrar serviço aos homens e por eles sermos aprovados ou reprovados. O memorial do Senhor há de registrar tudo com absoluta fidelidade! A Sua apreciação há de ser sempre a melhor! Não haverá distorções, superavaliações, equívocos ou depreciações, mas fidelidade divina no Memorial da Eternidade.
- O SENHOR POUPA OS SEUS SERVOS – “poupá-los-ei, como um homem poupa a seu filho que o serve...” (v. 17). Isso nos dá tranquilidade quanto ao que nos possa fazer os homens. “Se Deus é por nós quem será contra nós? (Romanos 8:31). Paulo testemunha sobre a sua difícil experiência ministerial: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13). Diz mais, no final desse seu difícil, mas glorioso ministério: “fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará também de toda obra maligna, e me levará salvo para o reino celestial” (2 Timóteo 4:17-18). Chegaremos lá inteiros! Preservados pelo Senhor! É bom servir com essa convicção!
- e. O SENHOR GALARDOARÁ OS QUE O SERVEM – “vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve” (v. 18). Temos aí a afirmação da avaliação fiel e correta que o Senhor fará do nosso serviço, para dar o Seu galardão aos que merecem (1 Coríntios 3:10-15). Essa era a convicção de Paulo ao fim de sua carreira: “já agora a coroa da justiça me está guardada...” (2 Timóteo 4:8). Será muito gratificante ouvir o Senhor declarar-nos, ao final: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei: entra no gozo do teu Senhor” (Mateus 25:21).
Conclusão: Vale a pena ser o “particular tesouro” do Senhor, usufruindo os privilégios acima mencionados. Que a nossa preocupação não seja com o ajuntamento dos valores temporais, que para nada servem (Mateus 6:19-21), mas sermos para o Senhor o Seu “particular tesouro”, aplicando-nos com fidelidade no Seu glorioso serviço. O salmista afirma: “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos” (Salmo 116:15).