1 João 2:15-17 – Romanos 12:1-2 – Efésios 6:10-18
No mês de fevereiro o cristão terá que encarar o detestável contexto do Carnaval (festa da carne). Lamentavelmente, para muitos o evento já não é tão assim; até se torna época propícia para a satisfação de prazeres pessoais. Como encarar essa situação à luz da Palavra de Deus? Vamos considerar três atitudes essenciais para a efetiva, correta e frontal repulsa do sistema pecaminoso do mundo.
1. NÃO AMAR O MUNDO
Lemos em 1 João 2:15-17... “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa bem como a sua concupiscência, aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente”. O mundo é o sistema organizado e dirigido por Satanás, caracterizado por rejeitar a Deus e opor-se a Ele. Embora Deus ame o mundo no que diz respeito aos seres humanos (João 3:16), os cristãos não devem amar aquilo que leva os seres humanos a se organizarem contra Deus (1 João 5:19; João 3:10; Tiago 1:27; 4:4).
Quem ama o mundo manifesta clara ausência do amor do Pai nele, o que o torna vulnerável ao seu envolvimento com o seu sistema satânico. O amor ao mundo, como sistema pecaminoso, designa, de maneira especial, os que se opõem à vontade de Deus (v. 17) e inclui todas as realidades que podem fazer com que as pessoas se afastem de Deus.
O texto distingue três modos diferentes de envolvimento com o amor ao mundo: “Concupiscência da carne”, aquilo que tem por base a nossa natureza pecaminosa, voltada, totalmente, para as coisas da “carne” e não do “Espírito”. É o desejo de “fazer” o que apetece à carne. “Concupiscência dos olhos”, é aquilo que, com frequência, conduz à ganância e à cobiça, o desejo de “ver” o que estimula a prática pecaminosa. “Soberba da vida”, a presunção, a ostentação ou a vanglória em relação aquilo que se possui. O termo grego aí traduzido por “vida” também pode ser traduzido por “riquezas”, referindo-se aos bens materiais e a tudo aquilo que pode dar lugar à ostentação e ao orgulho. É o desejo desmedido de “possuir”. Não amemos o mundo, como sistema pecaminoso organizado e agilizado ardilosamente por Satanás, repulsando-o, firmemente, pela prática constante da “santidade”.
2. NÃO SE CONFORMAR COM O MUNDO
Paulo nos exorta, em Romanos 12:1-2... “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Esse notável apelo à consagração de vida é dirigido aos cristãos (como também se vê em 1 Coríntios 6:19-20 e Tiago 4:7); “pelas misericórdias de Deus”, é tudo o que ele expôs nos capítulos anteriores da epístola.
A expressão ”apresenteis” refere-se a uma decisão categórica (veja Romanos 6:13) e se constitui em atitude fundamental e indispensável para a experiência de uma vida santificada, repulsiva do sistema pecaminoso gerido por Satanás.
A expressão “sacrifício vivo” é usada em contraste com os sacrifícios dos animais mortos e demonstra a importância e o alto valor da atitude a ser assumida pelo cristão. A expressão “culto racional” tem o sentido de “inteligente”, “sensato” e “ponderado”. O alvo do texto é o de levar o cristão a “não se conformar com o mundo, como sistema pecaminoso”.
A expressão “não vos conformeis” significa não viver de acordo com o estilo ou a tendência da era presente. A única outra ocorrência da expressão grega no Novo Testamento se encontra em 1 Pedro 1:14, onde o apóstolo nos exorta a não nos amoldarmos às paixões tidas anteriormente, na ignorância.
A expressão “transformai-vos” refere-se a um contínuo processo de mudança, que ocorre de dentro para fora. Essa mesma palavra é usada para a transfiguração de Cristo (Mateus 17:2) e, também, em 2 Coríntios 3:18, referindo-se à nossa transformação de glória em glória, ou seja, de um grau de glória para outro superior, como resultado de nossa contemplação constante da glória divina de Cristo.
A “mente” deve ser o centro dessa transformação, como se vê em Efésios 4:23 e em 2 Coríntios. A expressão “experimenteis” tem importância fundamental no texto, pois define o resultado abençoado do cristão que “não se conforma com o mundo”. Tem o sentido de “averiguação”. A dedicação dá ao cristão a capacidade de discernir a vontade de Deus, que é o resultado final de não se conformar com o mundo.
Não nos conformemos com o mundo, como sistema organizado e agilizado por Satanás, repulsando-o, firmemente, na prática constante da “santidade”.
3. EQUIPAR-SE ESPIRITUALMENTE
Faz-se mister que nos equipemos adequadamente com os recursos espirituais que o Senhor nos fornece, para repelirmos as investidas satânicas na gerência do seu sistema pecaminoso. Em Gálatas 5:16, Paulo nos indica o forte recurso que o Espírito Santo representa e nos exorta: “Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne”. Em Efésios 6:10-18, Paulo oferece sete equipamentos indispensáveis ao exercício vitorioso da repulsa ao sistema pecaminoso satânico.
O versículo 10 recomenda que nos fortaleçamos no Senhor e na força do Seu poder. Do Senhor é que nos advêm todos os recursos espirituais necessários ao sucesso nessa dura luta em que estamos empenhados, e somente nEle é que encontraremos a força e o poder necessários para a vitória. A vida cristã autêntica é uma guerra permanente contra um inimigo sagaz, insinuante, ardiloso e dissimulador, portador de amplos e vigorosos recursos de combate constantes.
Por isso, como afirma Paulo, devemos nos revestir de toda a armadura de Deus (v. 11). Paulo, no versículo 12, esclarece sobre as características da luta em que estamos empenhados, e as do nosso inimigo voraz, afirmando que a nossa luta é contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.
O versículo 13 reafirma a exortação de que devemos tomar toda a armadura de Deus, para que possamos resistir no dia mau e, depois de termos vencido tudo, permanecermos inabaláveis! Nos versículos 14 a 18 seguem os sete equipamentos espirituais que o Senhor nos oferece:
- “cingindo-vos com a verdade”, o Senhor Jesus Cristo é a verdade absoluta (João 14:6) em que nos firmamos para refutar, firmemente, as aleivosas e mentirosas insinuações verbais de que se utiliza o inimigo, para nos desviar dos alvos de Deus para o nosso viver;
- “vestindo-vos da couraça da Justiça”, é a roupagem com que somos vestidos, que garante a eficácia da nossa justificação pelo sangue de Jesus Cristo (Romanos 5:1). A alva vestidura da nossa santidade posicional, que a Graça Redentora nos confere, é irremovível e nos coloca imunes às investidas acusatórias do inimigo, frustrando-lhe as perniciosas intenções de nos condenar perante Deus (Romanos 8:31-39);
- “calçai os pés com a preparação do evangelho da paz”, é a evangelização com a qual estamos irreversivelmente comprometidos, de forma intensa e constante, constitui-se em força poderosa e invencível na conquista dos perdidos para o reino de Deus, pois a mensagem do Evangelho é poder de Deus para salvar o que crê (Romanos 1:16);
- “embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno”, a nossa resistência torna-se inexpugnável, pois é garantida pelo exercício correto da fé ativa (confiança no Senhor), é a vitória que vence o mundo, pois apaga totalmente todos os dados inflamados do maligno (1 João 5:4);
- “tomai também o capacete da salvação”, é a segurança irreversível da salvação eterna (João 1:12; 1 João 5:12-13), obtida pela Graça, que resulta da riqueza da misericórdia de Deus e do seu grande amor com que nos amou (Efésios 2:4-8);
- “a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus”, inspirada que é pelo Espírito Santo e opera viva e eficazmente para ensinar, repreender, corrigir e educar na justiça o homem de Deus, capacitando-o para toda a boa obra (2 Timóteo 3:14-17; Hebreus 4:12);
- "com toda a oração e súplica, orando em todo o tempo no Espírito e para isso vigiando com toda a perseverança e súplica por todos os santos”, a vigilância e a oração são exercícios espirituais que devemos aplicar permanente e resolutamente em todo o tempo, com toda a perseverança e por todos os santos (Mateus 26:41; Filipenses 4:6-7; 1 Pedro 5:8), atitudes que nos impedem de cairmos em tentação e em desastrosa ansiedade e de sermos tragados pela ferocidade do inimigo.
O uso adequado desses equipamentos espirituais constitui-se em segurança incontestável da vitória de todo o cristão na inevitável guerra contra Satanás. Paulo afirma em Romanos 8:31... “Que diremos, pois, à vista destas cousas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”; em Romanos 8:37... “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou”; em 1 Coríntios 15:57... “Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo”. João acrescenta ao ensino de Paulo: “Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 João 5:4).
Equipemo-nos espiritualmente de forma adequada, com todos os recursos espirituais que o Senhor nos concede para obtermos a vitória da nossa fé, repelindo a perniciosa atuação satânica, ao pretender nos envolver com o seu sistema pecaminoso. Isso só será possível se procurarmos viver em “santidade”.