“Tende cuidado, porém, de guardar com diligência o mandamento... do Senhor: que ameis o Senhor vosso Deus, andeis em todos os seus caminhos, guardeis os seus mandamentos, e vos achegueis a ele, e o sirvais de todo o vosso coração e de toda a vossa alma"
Josué 22:5
O solene pronunciamento de Josué, contido no texto acima, foi prolatado no histórico momento em que o povo de Deus experimentava a maravilhosa bênção do Senhor, do cumprimento da secular promessa de seu assentamento na terra prometida. Que felicidade indizível! Pouco antes Josué ressaltou a fidelidade de Deus afirmando: “Nenhuma promessa falhou de todas as palavras que o Senhor falara à casa de Israel; tudo se cumpriu” (Josué 21:45).
Era aquele o momento de importância capital para a história futura do povo, agora estabelecido em seu território pela mão forte de Deus. Todo o seu sucesso e prosperidade como povo organizado dependeriam da maneira como se comportassem em sua indispensável relação com Deus. Compromissos básicos assumidos solenemente pelos seus antepassados perante Deus deveriam ser, pela nova geração e seus pósteros, repassados e também assumidos. Josué repete cinco deles, como essenciais para as realizações vitoriosas e o usufruto perene das ricas bênçãos de Deus, como o seu povo.
Mais um ano findo no curso do calendário da nossa vida, coloca-nos, de forma semelhante, na irrecusável condição de profunda reflexão e reconhecimento da maravilhosa fidelidade de Deus, que nos aquinhoa com bênçãos incontáveis, como, também, de cuidadoso repassar dos solenes compromissos que temos assumido desde que nos tornamos Seus filhos. No curso do tempo, envolvidos pela complexidade da vida, sempre é fácil deixar de nos postarmos corretamente como novas criaturas, desapercebendo-nos da indispensabilidade de sermos fieis a tais compromissos.
Como vemos no texto, a fidelidade a esses compromissos não é uma “faculdade” que nos é concedida por Deus, para exercitarmos ao nosso talante, mas é um “mandamento” ou uma “ordenação” do Senhor, da qual não nos podemos escusar, condição, sem a qual, prejudicaremos o usufruto das bênçãos.
O humilde reconhecimento dos desvios acontecidos no curso do ano, no nosso comportamento, e a firme e sincera disposição de nos mantermos fieis no cumprimento de tais compromissos, hão de permitir que alcancemos amplo sucesso nas realizações do novo ano, que inaugura mais uma etapa de nossa vida cristã, e o usufruto das abundantes bênçãos que o Senhor reserva para os que Lhe são fiéis.
Os cinco compromissos com Deus a que alude Josué no mencionado momento histórico em que os coloca perante o povo, constituem-se numa síntese fundamental do comportamento que Deus espera dos Seus filhos. Não valiam, apenas, para a história abençoada do povo de Israel. É, também, o rol básico dos compromissos que viabilizam a vitoriosa experiência da Igreja, com todos os filhos de Deus que a compõem. Vejamo-los:
- “Que ameis o Senhor, vosso Deus” - “Amar a Deus” é o grande e primeiro mandamento de Deus, conforme o Senhor Jesus afirma em Mateus 22:38. Será que, realmente, o nosso viver reflete essa essencial atitude em todos os atos de nosso viver? A enunciação desse mandamento nos envolve integralmente com a prática do amor a Deus em todos os atos da vida (“de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento”). No versículo 40 o Senhor Jesus afirma, mais, que “desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”, ou seja, de nada vale a nossa decantada religiosidade se, na prática da mesma, o amor a Deus estiver ausente. Paulo nos exorta em 1 Coríntios 16:14... “todos os vossos atos sejam feitos com amor”. Claro está que a manifestação maior de amor que devemos oferecer em nossos atos é o nosso amor a Deus. E quando o praticamos com esse essencial ingrediente, estaremos, indubitavelmente, envolvidos, também, com a prática do amor ao nosso semelhante, pois ambas as manifestações de amor, tanto a Deus como ao semelhante, têm igual grandeza, como disse o Senhor Jesus (v. 39: “semelhante a este”). Se não amamos a Deus nunca teremos condição de amar o nosso irmão.
- “Que andeis em todos os seus caminhos” - Os caminhos dão o rumo da vida. As variantes são múltiplas, mas nem todas são válidas e levam aos alvos certos (Provérbios 16:25). Por isso, a Palavra de Deus afirma que os nossos caminhos não são os caminhos do Senhor e, por isso, devemos deixar os nossos caminhos (Isaías 55:7-8). Aconselha, também, a que reconheçamos o Senhor em todos os nossos caminhos e Ele vai endireitar as nossas veredas (Provérbios 3:6). Exorta, mais, que devemos entregar os nossos caminhos ao Senhor, confiar n’Ele, e o mais Ele fará (Salmo 37:5). Será que andamos em todos os caminhos do Senhor? É esse sério compromisso que devemos adotar em nosso comportamento de vida. Andar nos caminhos do Senhor significa andar consoante a Sua Soberana Vontade em qualquer rumo dos nossos passos. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14:6). A exortação de Paulo é oportuna: ”que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados” (Efésios 4:1). Acertemos o rumo da vida andando nos caminhos do Senhor.
- “Que guardeis os seus mandamentos” - É esse mais um sério compromisso que deve ser adotado em todos os atos da vida do cristão. Não basta conhecer amplamente as Escrituras. O seu valor se revela quando a pomos em prática em todas as circunstâncias da vida. Os fracassos do povo de Deus, na seqüência da sua longa história, tiveram origem exatamente nesse ponto. Sua contumaz atitude de rebeldia aos ditames da Palavra do Senhor causou-lhe danos irreparáveis e fracassos incontáveis. Descuidamos muito nessa área e comprometemos o nosso testemunho de fidelidade a Deus e, igualmente, vivenciamos sucessivos fracassos. O sucesso incontestável de Josué no exercício da difícil missão de que lhe incumbiu o Senhor resultou da sua aplicação total do cumprimento da Palavra do Senhor, em cada lance da sua fiel atuação. Adotou de forma integral a forte exortação do Senhor quando o comissionou: “que tenhas o cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito” (Josué 1:8). Sigamos o sábio conselho de Tiago: “Tornai-vos, pois, praticantes da Palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tiago 1:22).
- “Que vos achegueis a Ele” - Compromisso de vital importância para o usufruto das bênçãos do Senhor diz respeito ao exercício de íntima comunhão com Ele. Em João 15:5 o Senhor afirmou: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá minha fruto; porque sem mim nada podeis fazer“. Alienamos o Senhor de muitas de nossas ações e realizações e prejudicamos os bons resultados que somente a presença do Senhor garante. É imprescindível que mantenhamos íntima comunhão com o Senhor em cada lance de nossa vida para que ela se transforme na abençoada realização dos Seus propósitos através da nossa instrumentalidade. É compromisso indispensável sempre nos achegarmos ao Senhor porque sem Ele nada podemos fazer. Só Ele vê tudo, ouve tudo, sabe tudo e muda tudo e, por isso, pode nos valer para cumprirmos bem nossas responsabilidades e alcançarmos com sucesso os bons resultados almejados. Esse é o testemunho de Paulo: “tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13).
- “Que o sirvais de todo o vosso coração e de toda a vossa alma” - Servir o Senhor é compromisso irrecusável de todo o verdadeiro cristão. Fomos salvos para servir. O Senhor não quer salvos, mas servos. Infelizmente esse é um dos aspectos do cristianismo que é tremendamente negligenciado. Além de nos salvar o Senhor nos capacita com o Seu Espírito para que nos apliquemos no serviço que Lhe devemos. Josué, ao mencionar esse sério compromisso, especifica condições essenciais do modo como cumpri-lo: (a) “de todo o vosso coração”. Isso significa que o nosso serviço deve ser prestado em termos de consagração total, conscientes de que estamos servindo a Deus e não aos homens e, portanto, em atitude de plena santidade (Salmo 24:4; 1 Pedro 1:15-16); (b) “de toda a vossa alma”. Isso significa que o nosso serviço deve ser prestado em termos de aplicação total, ou seja, com todo o entusiasmo e o emprego de todas as forças interiores (Romanos 12:1-2; 2 Coríntios 15:58).
Conclusão: Finda-se mais um ano. O Senhor tem sido fiel. Aproveitemos esse singular momento para repassar os fundamentais compromissos que nos vinculam ao Senhor, com disposição total de cumpri-los fielmente.