Receita do verdadeiro sucesso

Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás
Eclesiastes 11:1

Novamente encaramos fevereiro que chega mais rápido do que pensamos e com ele o carnaval, a festividade da carne, intensamente vivenciada pelas multidões enlouquecidas na satisfação dos seus apetites e prazeres imorais, reprimidos no curso do ano.

Fortunas incalculáveis são gastas no envolvimento material e pessoal desse espetáculo pouco recomendável, que afronta todos os valores morais do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus.

O deplorável espetáculo, luzidio e ruidoso, logo se transforma na mais desoladora experiência de derrota e de frustração, com conseqüências funestas, muitas vezes irreversíveis. Apesar de ser essa uma inquestionável e reiterada constatação, a cada ano tudo se repete.

Que triste espetáculo é esse que satanás, com tanta astúcia, monta para a desgraça do homem! O que é terrivelmente paradoxal é que a isso tudo muitos chamam “sucesso”. A mídia, com muita antecedência e em alto e bom som, proclama o evento como o “maior sucesso” do ano.

Que sucesso é esse que busca, com tanto empenho, a grande conquista do “prazer da carne”, mas termina, apenas, por conseguir, melancolicamente, a deplorável, acachapante e irreversível derrota moral do ser humano.

Esse terrível desfecho é muito bem tipificado pela lamentável “quarta-feira de cinzas”! Esse cenário pouco edificante e de falso sucesso, que fevereiro nos oferece, motiva-nos a considerar notável passagem, em Eclesiastes 11:1-8, onde o sábio Salomão nos contempla com singular “receita do verdadeiro sucesso”.

Nesse texto, Salomão faz, inspirado por Deus, oportunas considerações sobre como agir corretamente para se alcançar sucesso naquilo que nos propomos a fazer. Miremos e pratiquemos essa “receita para o verdadeiro sucesso”, que o Senhor nos oferece:

1. Segurança do resultado (v. 1) – “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás”. O primeiro passo para se alcançar o sucesso é atuar nas realizações em que o Senhor nos envolve com a “segurança do resultado”. Se agirmos na vontade do Senhor, confiados n’Ele, não seremos frustrados. As contrariedades e os percalços que possam surgir no processo das realizações põem-nos, muitas vezes, em perplexidade, conduzindo-nos à insegurança. Confiando, porém, no Senhor, podemos ter a segurança do resultado. Podemos falhar, mas o Senhor não! Circunstâncias adversas não devem abalar a nossa confiança no Senhor nem afetar a segurança do resultado que visamos alcançar, pois este não depende de nós, mas do Senhor. Referindo-se, profeticamente, ao resultado da obra Redentora efetuada pelo Senhor Jesus, afirma Isaias, em 53:11 ... “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito”. É de Paulo (1 Coríntios 15:58): “Sede firme, inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão”. Lancemos o pão sobre as águas, com a segurança de que depois de muito dias o acharemos.

2. Necessidade de solidariedade (v. 2) – “Reparte com...”. O segundo passo para se alcançar o sucesso é o reconhecimento da “necessidade da solidariedade”. Solidariedade é atitude que nem sempre levamos em conta em nossas atitudes. Fomos criados por Deus para agirmos corporativamente, participando solidariamente tanto nas realizações, como na repartição dos resultados. As duas instituições do Senhor para a realização do Seu propósito na terra são a “família” e a “igreja”. Ambas corporativas. O corpo só realiza bem o que lhe incumbe, quando os seus membros agem solidariamente. Cada membro do corpo (familiar ou eclesiástico) é imprescindível e tem função própria, na atuação do mesmo corpo. Esse é o precioso ensino de Paulo (Romanos 12:3-8 e 1 Coríntios 12:12-27). Tal conceito estende-se a toda atuação humana, porque somos, por natureza, interdependentes. O sucesso está garantido em nossas realizações, quando levamos a sério a prática da solidariedade, não só repartindo as responsabilidades realizadoras, como repartindo com outros os seus resultados. Isso significará a necessária negação do pecaminoso “egoísmo”. Veja o digno exemplo da igreja primitiva em Atos 4:32. Repartamos sempre!

3. Garantia do suprimento (v. 3) – “Estando as nuvens cheias, derramam aguaceiro sobre a terra”. O terceiro passo para se alcançar o sucesso é a “garantia do suprimento”. O Senhor sempre faz as nuvens ficarem cheias! Faz o vapor subir e o transforma em grandes nuvens, cheias de água pura e cristalina; fá-las cair no tempo certo e na medida exata para o suprimento necessário. Bela ilustração temos aí do suprimento garantido pelo Senhor para o sucesso de nossas realizações! O Senhor nos capacita com o Seu Espírito (João 14:16-18) e nos enriquece, sobremodo, com a Sua Palavra, para que sejamos bem habilitados para toda boa obra (2 Timóteo 3:14-17). Com essas “nuvens cheias”, nos garante o Senhor o suprimento que precisamos para o sucesso em nossas realizações, derramando o aguaceiro abundante no tempo certo. Vejam Mateus 28:20.

4. Perigo do comodismo (v. 4) – “Quem somente observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens, nunca cegará”. O quarto passo para se alcançar o sucesso é evitar o “perigo do comodismo”. É uma tendência natural do ser humano acomodar-se no curso de suas atuações. Adotar o “comodismo” é como se distrair com a observação do vento que sopra ou com as nuvens que passam. O tempo que se perde com atitudes comodistas anula o sucesso nas realizações. A “preguiça” é uma das atitudes de “comodismo” que prejudica seriamente e, muitas vezes, anula o sucesso de nossas atuações. Negligências e interesses supervenientes estranhos, adotados impropriamente no curso de atividades em que nos empregamos, também as afetam negativamente. Lamentavelmente o comodismo é uma prática que, inadvertidamente, adotamos em prejuízo de grandes projetos, tornando-os inacabados e inúteis. A parábola em Mateus 25:24-25 ilustra, com propriedade, o comodismo impróprio ao sucesso quando se refere à atitude errada do mau servo, que escondeu na terra o talento que recebeu, movido pelo medo do insucesso. Dificuldades que surgem pelo caminho, nos levam, às vezes, ao comodismo, resultando em desastrosas inércia e ineficiência. Quedar-nos a olhar para os outros, em lugar de nos concentrar no que estamos a fazer, também nos acomoda e nos conduz ao insucesso. Lembremos o ensino do Senhor Jesus, que nos exorta a, tendo posto a mão no arado, não olharmos para trás, o que nos torna inaptos para o reino de Deus (Lucas 9:62). Não fiquemos somente a observar o vento, deixando de semear, ou a olhar para as nuvens, deixando de segar.

5. Dependência do Senhor (v. 5) – “Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas”. O quinto passo para se alcançar o sucesso está na “dependência do Senhor”. A “dependência” do Senhor, indispensável ao sucesso do que fazemos, deverá levar em conta dois fatores: (a) nada sabemos; (b) é Deus Quem tudo faz. Podemos não saber como Deus faz, mas podemos ter a certeza de que Deus é Quem tudo faz. O sucesso só se alcança quando deixamos o Senhor atuar através de nós. É preciosa a lição do Senhor Jesus em João 15:5, quando afirmou: “sem mim nada podeis fazer”. Paulo testemunha sobre a sua vida vitoriosa declarando: “tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13). Aprendamos a depender do Senhor, pois é Ele Quem faz todas as coisas. Somos meros instrumentos das Suas realizações.

6. Necessidade de perseverança (v. 6) – “Semeia pela manhã a tua semente, e à tarde não repouses a tua mão...”. O sexto passo para se alcançar o sucesso consiste na “necessidade de perseverança”. A “perseverança” acontece quando estamos dispostos a nos superarmos. Isso implica em que ultrapassemos situações aparentemente intransponíveis. É o modo certo e necessário para alcançarmos os alvos propostos. Só a “perseverança” nos leva ao bom resultado. Paulo ilustra bem essa necessária atitude em 1 Coríntios 9:24-27. Valendo-se da apropriada figura do “atleta”, Paulo afirma: “correi de tal maneira que o alcanceis” (v. 24). Referiu-se ao fato inquestionável de que, na corrida, um só leva o prêmio. Reportando-se ao seu próprio exemplo de vida, diz que esmurrava o seu corpo e o reduzia a escravidão, para que, mesmo pregando a outros, não viesse a ser desqualificado. Temos nesse ensino paulino elementos conceituais da “perseverança”. Hebreus 12:1 expõe clara recomendação ao exercício da “perseverança” na carreira que nos é proposta pelo Senhor. É válida a forma ilustrativa com que Salomão nos estimula à “necessidade da perseverança” ao afirmar que devemos atuar no trabalho da sementeira desde cedo até à tarde, isto é, com “perseverança”.

7. Não se abater com as contrariedades (v. 9) – “... deve lembrar-se de que há dias de trevas, porque serão muitos”. O sétimo passo para se alcançar o sucesso é “não se abater com as contrariedades”. Nem tudo acontece como desejamos. A vida oferece surpresas que se tornam em tremendas opressões. Não podemos evitar os “dias de trevas”, mas podemos agir de modo a não nos abatermos com essas circunstâncias negativas. O Senhor Jesus suportou oposições de toda sorte, mas a todas ultrapassou, até chegar à completa realização do alvo de Sua missão Redentora. Ele nos ensina: “No mundo passais por aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33). Paulo suportou tremendas contrariedades em sua fiel vida ministerial, mas nunca se abateu por isso (2 Coríntios 4:8-10; 12:10). É sobremodo expressivo o seu testemunho em 2 Timóteo 4:7 ... “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.”. “Dias de trevas” acontecerão certamente, mas “não devemos nos abater com as contrariedades” se quisermos alcançar sucesso nas realizações.

Conclusão – O carnaval longe está de ser exemplo digno de sucesso humano. É, na verdade, a evidência incontestável do fracasso das iniciativas e realizações voltadas para a satisfação da carne. Culmina com a irreversível degradação total da sociedade. Adotando a receita do Senhor, nos termos da lição sábia de Salomão, acima vista, estaremos alcançando o sucesso na construção e preservação dos valores morais e espirituais do homem, criado à imagem e semelhança de Deus.

 

(Substituido por "Sabedoria de Deus norteando a correta filosofia da vida")

autor: Jayro Gonçalves.