“O Senhor ... te dê a paz”
Números 6:26b
A agitação natalina já se faz sentir, no limiar do mês de dezembro, e se vai fazendo mais intensa à medida que os dias passam e a data magna da história do cristianismo se aproxima. São muitas as mensagens que se proclamam, com base no evento, ao redor do mundo, através de todos os meios de comunicação existentes, leigos e religiosos.
Algumas são mensagens válidas e têm a ver com verdadeiro motivo da efeméride. Muitas outras, porém, andam bem longe dele, voltadas que estão mais para os interesses temporais do ser humano, explorando, de forma egoísta, materialista e indevida, o singular acontecimento histórico do nascimento do Senhor Jesus Cristo.
Creio que a mensagem mais autêntica que o Natal nos oferece é a que destaca a incomparável benção da PAZ, que somente o Senhor Jesus nos pode outorgar. A multidão da milícia celestial, louvando a Deus no primeiro Natal, ressaltou em seu sublime cântico coral essa maravilhosa verdade (Lucas 2:14).
- O CONCEITO BÍBLICO - Em Números 6:26b é anotada essa incomparável bênção com que os sacerdotes abençoavam o povo de Deus: “O Senhor ... te dê a PAZ”. Era uma promessa singular e de grande benefício espiritual para os israelitas. Em hebraico essa palavra é “shalom”, vista no texto na sua plenitude mais expressiva. Não é só a ausência de guerra, mas um estado positivo de bem-estar e de que tudo está certo e terminará bem. A PAZ vem, somente, da parte do Senhor.
- A CARÊNCIA HUMANA E SUA ORIGEM - Uma das maiores carências do ser humano é a PAZ, tanto no âmbito da vida individual, no contexto da vida social, como na vida espiritual (nossa relação com Deus). Não há PAZ porque o homem vive em constante conflito consigo mesmo, com o seu semelhante e com Deus. Viver em conflitos é uma situação característica da própria realidade humana. A origem dessa situação é o pecado. Deus criou o homem para viver em paz. Antes de pecar, o homem vivia no sublime ambiente de absoluta harmonia com Deus, com as demais criaturas e com a natureza. PAZ é Deus dentro de nós! O pecado rompeu a relação de harmonia, afastando o homem de Deus e colocando-o na situação irreparável de conflitos. Veja Isaías 48:22 ... “para os perversos, todavia, não há paz”. Reportando-se a Ezequiel, em sua notável profecia, ao lamentável estado de pecaminosidade do povo de Israel, reproduz a Palavra do Senhor: “Vem a destruição, eles buscarão paz, mas não há nenhuma” (Ezequiel 7:25).
- O QUERER DE DEUS E O SEU ETERNO PROJETO - Deus nunca quis que as coisas continuassem assim. Ele quer nos outorgar a PAZ como bênção eficaz e operante na área de nossos conflitos, eliminando-os por definitivo. A PAZ anula os conflitos e produz o bem estar indispensável para a experiência de plena comunhão com Deus e felicidade verdadeira. Uma das mais repetidas promessas do Senhor na Sua Palavra é a que se refere à concessão da PAZ. Elas reiteram a outorga da bênção da PAZ em nossos conflitos, através do Príncipe da Paz que haveria de vir, o Senhor Jesus Cristo. Somente pela ação de Deus, por meio do Senhor Jesus Cristo, isso é possível. Veja Zacarias 9:9-10; Miquéias 5:2-5; Isaías 53:5.
- O CUMPRIMENTO DAS PROMESSAS DE DEUS - Deus cumpriu Suas inúmeras promessas, com a vinda de Jesus Cristo: Lucas 2:14, 29-30. Em consonância com o projeto do Pai, Ele viabilizou a obtenção dessa maravilhosa bênção de PAZ em nossos conflitos, através da obra da redenção que realizou. Por isso Cristo afirmou: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, não vo-la dou como a dá o mundo” (João 14:27). Por ser uma concessão graciosa é uma bênção maravilhosa.
- A PAZ COM DEUS - Paulo afirma o caráter definitivo e eterno da obtenção da PAZ com Deus e o meio pelo qual a podemos apropriar (Romanos 5:1). Aí Paulo aponta para a PAZ com Deus, concedida pela Graça de Deus justificando-nos pela fé, bênção que, uma vez conquistada, jamais nos poderá ser arrancada (veja no versículo citado o verbo “temos”). A justificação é fundamental para o usufruto da PAZ. Lemos em Isaías 32:17 ... “O efeito da justiça será a paz”. Em Efésios 2:14-17, Paulo desenvolve esse ensino precioso, reafirmando a segurança de obtenção da PAZ através da obra do Calvário.
- A PAZ DE DEUS - Em Filipenses 4:7, Paulo aborda outro aspecto da bênção da PAZ na área de nossos conflitos no dia-a-dia (veja Efésios 4:6), quando afirma que “a PAZ de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações as vossas mentes em Cristo Jesus”. Já, agora, Paulo reporta-se ao usufruto dessa bênção na área dos nossos conflitos no cotidiano da vida, que nos levam, muitas vezes, à ansiedade.
- A PAZ É O FRUTO DO ESPÍRITO SANTO - A PAZ não é um patrimônio espiritual conquistado pelos nossos méritos pessoais ou recursos materiais ou intelectuais. A PAZ é um dos aspectos do fruto do Espírito (Gálatas 5:22), que em nós habita (João 14:16-27), concessão da Graça de Deus que em nós deve ter plenitude (Efésios 5:18).
Mas o Senhor deixa claro que o seu pleno usufruto depende de nossa atitude de fidelidade para com Ele, que nos agracia tão substancialmente com essa incomparável bênção. Afirma Isaías que o Senhor conservará em perfeita PAZ aquele cujo propósito é firme, ou seja, aquele que nEle confiou (Isaías 26:3).
O Natal está chegando! Que saibamos discernir a sua sublime mensagem e apropriar a bênção incomparável da PAZ que ela nos oferece.