"Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada"
(Salmo 32:1)
Depois da agitação carnavalesca e mundana de fevereiro, o mundo religioso hipocritamente adota uma reversão de comportamento, com vistas a proximidade da chamada semana santa, que acontece no mês de março.
O momento mais tocante dos fatos religiosamente celebrados é o Calvário, que exibe o próprio Deus, na humilhante condição de homem, injustamente condenado, para nos oferecer, por amor e voluntariamente, através do sacrifício expiatório do Seu próprio corpo santo, a extraordinária bênção da Redenção.
Entre as solenes expressões que prolatou no sofrimento atroz a que estava sendo submetido, sobre o madeiro, uma me comove muito e traz-me profunda e indizível paz à alma: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". Aí está a grande força da Redenção: O perdão de Deus! Não haveria Redenção se Deus não estivesse disposto a nos perdoar!
Tal declaração notável do Senhor Jesus, na Cruz, definiu o valor da Sua Obra Redentora, pois abriu a possibilidade da reconciliação, da justificação e da plena comunhão com Deus, eliminando a condição de nossa eterna infelicidade, que o pecado, inexoravelmente, nos trouxe! Veja Atos 2:38 e Hebreus 8:12.
Por outro lado, o perdão de Deus nos possibilitou privilégios inauditos que, muitas vezes, nos passam despercebidos. No Salmo 32 Davi nos dá uma linda perspectiva dos "Privilégios dos Perdoados". No início desse sublime hino (vv.1-5) o poeta sacro nos conduz a verdades preciosas e essenciais:
- Não há "felicidade plena" sem perdão (vv.1-2). Só é bem-aventurado quem é perdoado. O perdão anula a pecaminosidade e restabelece a felicidade, porque elimina a culpabilidade.
- Não há perdão sem confissão de pecado (vv.3-5). Enquanto Davi mantinha escondidos os seus pecados o seu corpo definhava de tanto gemer. Dia e noite a mão do Senhor pesava sobre ele e as suas forças foram se esgotando como em tempo de seca.
A sua confissão eliminou a culpa. (Veja Provérbios 28:13 e 1João 1:9). Vistos tais aspectos preliminares, vamos aos sete privilégios dos perdoados:
- A audiência do Senhor (v.6a). Os perdoados passam a ter livre acesso ao Trono da Graça, para formularem as suas súplicas, no exercício da oração. Em 1João 5:14 lemos: "Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a vontade de Deus, ele nos ouvirá".
- A proteção do Senhor (vv.6b-7). A absoluta segurança é testemunhada por Davi quando afirma estar preservado das turbulências da natureza, pois as muitas águas transbordadas não o atingiriam; a certeza do esconderijo no Senhor e da preservação na tribulação motivavam os seus alegres cantos de livramento! No Salmo 23 ele afirma que não temia mal algum, ainda que andasse pelo vale da sombra e da morte, porque o Senhor estava com ele.
- A instrução do Senhor (v.8a). A instrução e o ensino necessários para uma experiência de vida abençoada vêm somente do Senhor. Ele sempre está disponível como o Mestre dos perdoados. Em Mateus 11:28-29 Ele nos convida a buscá-Lo, inclusive para nos instruir, quando afirma: "aprendei de Mim". Foi o que sempre procurou fazer na convivência com os que O seguiam em Seu ministério terrestre. Veja Lucas 10:39-42, João 13-16 e Lucas 24:44-45.
- A direção do Senhor (v.8b). É um dos especiais privilégios dos perdoados poder contar com a segura direção do Senhor para os passos da vida. Os nossos caminhos não são os Seus caminhos (Isaías 55:8). O Senhor é o Caminho (João 14:6). As Suas ovelhas ouvem a Sua voz, Ele as conhece e elas O seguem (João 10:16-17). Entregando-Lhe o nosso caminho, confiando nEle, tudo Ele fará e endireitará as nossas veredas (Salmo 37:5 e Provérbio 3:6).
- O conselho do Senhor (v. 8c). Em Isaías 9:6 o Senhor é chamado "Conselheiro". Como perdoados podemos ter intimidade com Ele para recebermos o aconselhamento seguro (Salmo 25:14), porque até durante a noite Ele nos aconselha (Salmo 16:7).
- A misericórdia do Senhor - (v.10). Os perdoados têm o privilégio de contar com as permanentes misericórdias do Senhor, que os assistirá, pois elas são a causa de não sermos consumidos e se renovam a cada manhã (Lamentações 3:22-23).
- A alegria do Senhor (v.11). Essa é a experiência dos perdoados. Três verbos a descrevem: "alegrai-vos", "regozijai-vos" e "exultai, vós todos".
“O perdão estabelece o equilíbrio da vida e a felicidade da alma”.