“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real,
nação santa...” (1 Pedro 2:9)
No mês de outubro acontece, no Brasil, um ato cívico sério e importante da sua história política. O povo é convocado para manifestar-se através do voto para eleger os seus mandatários, nas diversas áreas da sua organização institucional a nível federal e estadual.
Todos os meios de comunicação se colocam a serviço das acirradas disputas eleitorais e muitos candidatos se apresentam com propostas mirabolantes de suas plataformas de realizações, ditas a benefício do povo.
Dos meios mais escusos lançam eles mãos para poderem ser merecedores dos votos dos incautos eleitores. Infelizmente, o que mais acontece após a eleição é uma tremenda frustração, pois nada do que se promete cumpre-se, e as fantasiosas qualidades proclamadas revelam-se mentirosas e totalmente falsas.
Esse é o melancólico quadro político, não só no Brasil, mas em todo o mundo onde o exercício eleitoral se apresenta como a melhor forma para a formação dos respectivos governos.
São os "eleitos dos homens".
Que decepção!
Mesmo assim, não podemos nos furtar ao cumprimento do nosso dever cívico, cumprindo-nos a buscar a direção do Senhor para a eleição dos que parecem ser melhores, sem aceitar injunções de ordem politiqueira e assumir atitudes interesseiras e condenáveis, que envolvem tanto candidatos como eleitores.
Devemos orar ao Senhor para que nos ilumine a fim de cumprirmos bem o nosso dever e para que os eleitos não decepcionem.
Mas o assunto da "eleição" não tem conotação, apenas, temporal.
A Bíblia o contempla, relacionando-o com a economia de Deus e apresentando-o como um dos fatos mais importantes dos Seus eternos propósitos na Sua relação com o homem que Ele criou à Sua imagem.
Vejamos alguns aspectos:
- É um ato divino que implica no exercício da Soberania de Deus, sendo um tema que aparece na Bíblia em diferentes sentidos e contextos, e que consiste na escolha ou eleição para um relacionamento ou uma função específica. Lemos em Efésios 1:4... "assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo para...".
- Não há texto bíblico que nos autorize a concluir que a "eleição de Deus" implique na Sua escolha dos que devem ser salvos (calvinismo), pois isso contrariaria a própria essência do Evangelho da Graça. Veja 1 Timóteo 2:3-4..."Isso é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade".
- O povo de Israel foi eleito por Deus para a realização de um propósito específico da Sua Soberana vontade (Deuteronômio 7:6-8; 28:1-14; Isaías 43:10-12,20,21). Pessoas foram "eleitas" por Deus para atuações específicas, como, por exemplo, Davi (1 Samuel 10:24; Salmo 78:70).
- No Novo Testamento o "eleito" por excelência é Jesus Cristo (Lucas 9:35; 1 Pedro 2:4-6).
- A "eleição pela Graça" é o grande e exclusivo privilégio de todo o cristão autêntico, isto é, daquele que nasceu de novo pela fé em Jesus Cristo (2 Coríntios 5:17; Efésios 1:4-5).
- A nossa eleição em Cristo Jesus nos coloca imunes a qualquer acusação ou condenação perante a justiça de Deus, porque fomos justificados por Deus e contamos com a permanente intercessão do Senhor ressuscitado, junto à destra de Deus (Romanos 8:33-34).
- A nossa condição de "eleitos" nos compromete com exercícios espirituais e práticas de virtudes cristãs, a que estamos vocacionados, como "eleitos de Deus", e que devem acompanhar a nossa confissão de fé no Senhor Jesus Cristo e nos identificar com Ele perante o mundo (Efésios 1:4-5; Colossenses 3:12; 2 Timóteo 2:10). Como "raça eleita" nos compromete, como "povo de propriedade exclusiva de Deus" com o dever de “proclamarmos as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9).
Ajamos como os eleitos de Deus.