“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a Igreja de Deus, a qual Ele comprou com o seu próprio sangue”
Atos 20:28
A OBRA DOS PRESBÍTEROS (anciãos) (II)
3. O terceiro aspecto da obra dos presbíteros: “guiar”, ou seja, “orientar” ou “encaminhar”
Lemos em Hebreus 13:7, l7 e 24... “Lembrai-vos dos vossos guias os quais vos pregaram a Palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram”... “Obedecei a vossos guias e sede submissos para com eles”... “Saudai a todos os vossos guias, bem como a todos os santos”. A palavra grega para a expressão “guiar” é “hegeomai” e se traduz por “dirigir o caminho”, “mostrar o caminho” ou “comandar”. A ênfase está na precaução sobre o “rumo certo a seguir”.
Isso implica num exercício contínuo diante de Deus para ter bom discernimento. Os presbíteros devem “pilotar” a igreja local evitando os rochedos que arruínam o testemunho da mesma. Já se vê que devem ser espiritualmente atilados, em condições de poderem perceber, com visão ampla, os perigos que rondam as marés da rota indispensável do povo de Deus, minada pelo seu pertinaz inimigo: Satanás.
A Palavra de Deus é a “bússola” e a “carta de viagem” (Josué 1:7-8). O alvo é sempre a glória do Senhor Jesus Cristo (2 Tessalonicenses 2:14). Toda a energia para essa orientação está no Espírito Santo (João 16:13; Romanos 8:14; Gálatas 5:18). A obra é de grande responsabilidade, pois é de comando. A autoridade para esse comando é o próprio exemplo, evidenciado como resultado da experiência no trato das coisas de Deus, sempre na realização da Sua própria vontade.
No exercício dessa difícil, mas honrosa e necessária missão, terão muitas vezes de redarguir, repreender e exortar “com toda a longanimidade e doutrina” (2 Timóteo 4:2). A Tito recomendou Paulo: “repreende-os severamente para que sejam sadios na fé” (Tito 1:13) e “dize estas coisas; exorta e repreende, também, com toda a autoridade. Ninguém te despreze” (Tito 2:15).
Finalmente, três são as determinações (as expressões estão no modo imperativo) em Hebreus 3:7, 17 e 24, aos que estão sob a autoridade governativa dos presbíteros na igreja local:
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Lembrai-vos dos vossos guias
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Obedecei aos vossos guias
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Saudai a todos os vossos guias
4. O quarto aspecto da obra dos presbíteros é “presidir” (isto é, “ir adiante”)
O termo grego para essa expressão é “pro-istamenoi”, que se traduz “os que presidem” ou “os líderes” e aparece em Romanos 12:8 e em 1 Tessalonicenses 5:12. No latim usa-se para a mesma expressão a palavra “proe” que significa “antes” e a palavra “sedere” que significa “sentar-se” (veja o sentido: “sentar antes”).
Na lista dos sete dons ilustrativos que se menciona em Romanos 12:8, correlacionados em suas funções, encontra-se o de “presidir”: “o que preside (faça-o) com diligência”. Para bem exercitar essa obra o presbítero deve, necessariamente, ter autoridade ou qualidade de liderança. A expressão aí inclui não só essa capacidade evidenciada no governo do lar, como se vê em 1 Timóteo 3:4,5,12, como também no governo da igreja local, já que esta é uma essencial qualificação do presbítero.
O termo “presidir” não parece ser empregado no sentido técnico, decorrente exclusivamente de qualificações intelectuais ou de formação profissional, embora estas possam auxiliar no bom exercício desse dom. Uma das características de bom desempenho desse dom está mencionada em Romanos 12:8... “com diligência”. Vê-se aí que não é apenas a “presidência” uma titulação honrosa, mas implica em dedicação profícua e trabalhos que ultrapassam obstáculos e dificuldades, e prosseguem com perseverança, isto é, sem interrupções.
Em 1 Timóteo 5:17 diz Paulo que “devem ser considerados merecedores de dobrada honra os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino”. Para presidir bem é preciso “se afadigarem”! Isso envolve o aprendizado na Palavra e no ensino. “Presidir” não é apenas tomar a direção desta ou daquela reunião, com habilidade natural e poder de comunicação, mas revelar “firmeza” e a atuação do Senhor na sua experiência diária cumprindo a vontade de Deus em trabalhos e ações.
O que preside, no verdadeiro sentido bíblico, trabalha ardentemente “entre” os irmãos, “com” eles e a “par” deles (Colossenses 1:29; Gálatas 4:11). É interessante notar isso em 1 Tessalonicenses 5:12... “agora vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam”.
- A ação de “presidir” aí indicada, como sendo “entre” o povo de Deus, está, necessariamente, ligada a duas outras atitudes: “trabalhar” e “admoestar”. Mas veja a ordem das três atitudes que denunciam a verdadeira “presidência”:
- TRABALHAR, Romanos 16:6 (“que muito trabalhou por nós”) e 12 (“trabalhavam no Senhor”).
- PRESIDIR, 1 Pedro 5:3 (“modelos de rebanho”).
- ADMOESTAR, Hebreus 12:6 (“corrige a quem ama”) e Efésios 6:4 (“disciplina e admoestação do Senhor”).
O “trabalho” abre caminho à “presidência” e ambos respaldam a “admoestação”. O irmão que assume o seu trabalho na vontade do Senhor, logo alcançará uma posição de estima na igreja local e estará ocupando o lugar que Deus lhe preparou; em consequência deve esperar a estima de toda a congregação. Continua na próxima crônica.