O governo da igreja local (10)

Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a Igreja de Deus, a qual Ele comprou com o seu próprio sangue”

 

IV. QUALIFICAÇÕES DOS PRESBÍTEROS

Continuamos a considerar o ensino de Paulo sobre as qualificações dos Presbíteros.

13. Entre as características que Paulo indica para o exercício do Presbitério encontra-se inserida em 1 Timóteo 3:4... “que governe bem a sua própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito”. Em Tito 1:6 reitera o apóstolo a essencialidade dessa qualificação na liderança da igreja, nos seguintes termos: “que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados”. É interessante notar que é essa qualificação para a qual o apóstolo usa o maior número de palavras.

É, sem duvida, uma das mais importantes qualificações de “capacidade” para o governo da igreja, e o mesmo Paulo que nos explica: “se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?” (1 Timóteo 3:5). Entretanto este é um item em que muitos, que têm a liderança, falham. Deus investiu o homem de autoridade sobre a família quando lhe deu, na condição de marido e pai, a chefia do lar. Essa autoridade deve ser exercida com responsabilidade e discernimento dentro dos princípios estabelecidos na Palavra de Deus, já que a família é uma instituição divina.

Por isso Paulo dá ênfase a esse aspecto (a criação dos filhos com todo o respeito), como evidência de bom governante do lar e, consequentemente, como credencial indispensável à prova de capacitação para o bom governo da igreja.

O salmista afirma que “os filhos são herança do Senhor, o fruto do ventre o seu galardão” (Salmo 127:3). A herança é algo muito desejado. A herança alcançada é muito estimada. A herança é objeto do mais acurado desvelo e cuidado. Igualmente os filhos, herança do Senhor, ansiosamente desejados, quando nos chegam devem ser muito estimados e dedicadamente cuidados, para que possam ser bem formados no caminho do Senhor, o que é a prova mais notória da nossa capacitação à legítima aspiração ao episcopado.

Há muitos líderes que, estoicamente envolvidos com múltiplos problemas na obra do Senhor, descuidam totalmente do cuidado de seus filhos, que crescem carentes de carinho, do amparo, da orientação e da companhia de seus progenitores, tão necessários à sua boa formação intelectual, moral e espiritual.

O natural seria que os filhos dos crentes, principalmente aqueles que lideram a igreja, se tornassem crentes verdadeiros. Isso não significa a sua formal membração no rol da igreja, muitas vezes forçada pelos pais. Há que demonstrar a sua crença pelo seu fiel testemunho. É o que Paulo enuncia claramente no ensino a respeito quando diz: “que não são acusados de dissolução nem são insubordinados” (Tito 1:6).

O privilégio de educar os filhos nem sempre é bem compreendido pelos pais. Vezes há, e não poucas, em que os pais se sentem em dificuldades para cumprir essa gloriosa missão com sucesso.Vale, pois, lembrar alguns princípios fundamentais da Palavra de Deus, sobre a matéria. A sua aplicação dar-nos-á o resultado desejado por Deus na formação dos nossos filhos.

Vamos mencionar e analisar três desses princípios que são essenciais quanto à responsabilidade dos pais cristãos para com os seus filhos, Paulo ensina: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Efésios 6:4):

A) A expressão “não provoqueis vossos filhos à ira” consiste numa regra sobremodo importante na relação dos pais/filhos. É muito comum que os pais menos esclarecidos ou pouco interessados no bem dos seus filhos, troquem a manifestação de amor pela provocação que resulta na manifestação da ira por parte destes. A ira é uma reação natural de qualquer pessoa que se sinta pouco considerada, menosprezada ou diminuída.

O amor de Deus para com os Seus filhos, personificado em Cristo, deve ser exemplo para os pais cristãos, motivando-os ao exercício constante do amor para com os seus filhos. A ira, como recíproca da provocação, estabelece um rompimento nas relações pais/filhos, que muitas vezes se torna definitivo. Tira qualquer possibilidade de acatamento por parte dos filhos aos ensinos dos pais, necessários à boa formação daqueles. Anula toda a força da admoestação necessária.

Muitos lares se têm desorganizado desastrosamente por falta de atendimento a esta regra do apóstolo Paulo: “pais não provoqueis a ira dos vossos filhos”. O desprezo, a injustiça, o pouco caso e outras atitudes negativas da parte dos pais provocarão nos filhos o sentimento de ira e de revolta. Isto destruirá, completamente, toda a autoridade do ensino dos pais.

Os pais devem lembrar que os seus filhos são amados por Deus, e merecem, portanto, o seu amor e cuidado. Claro que a atitude firme e correta dos pais, no sentido da exortação e da orientação admoestatória não se confunde com “provocação”. Mais do que nunca há que se estabelecer, nas relações dos pais para com os filhos, por iniciativa daqueles, o clima do bom entendimento pelo respeito mútuo e interesse recíproco.

Em Colossenses 3:21, o apóstolo Paulo reitera a sua recomendação aos pais nesses termos: “Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não fiquem desanimados”. “Provocar” a irritação dos filhos sem motivo justo ou causa plausível, por simples prazer do exercício de uma autoridade natural, é anular no filho todo o ânimo para alcançar, no tempo certo, a necessária maturidade.

Cada filho que Deus concede é uma possibilidade imensa de realizações benéficas incontáveis. Cada um deles poderá ser muito útil à família como à própria igreja e mesmo à sociedade, através de realizações próprias na satisfação de propósitos elevados. A responsabilidade, nesse sentido, dos pais é sobremodo grande.

Pais que constantemente reclamam de seus filhos, que não lhes dão a necessária atenção, que impõem um excesso de regras e proibições somente para mostrar a sua autoridade, deixarão os seus filhos irritados e, finalmente, desanimados na sua vida espiritual.

Continuaremos, na próxima crônica, expondo sobre mais dois princípios.

autor: Jayro Gonçalves.