“Se alguém quiser vir após mim, a si mesmo se negue, dia-a-dia tome a sua cruz e siga-me”
Lucas 9:23
3. RENDIÇÃO – “siga-me”.
É essa uma das mais sublimes expressões saída da boca do Senhor durante o Seu glorioso ministério. A única alternativa válida para o ser humano, afastado de Deus por causa do pecado, está na pronta e positiva resposta a essa maravilhosa solicitação que Ele faz com amor a todos, não importando a condição em que se encontrem.
Esse convite do amor de Deus é sempre a última palavra que Ele nos dirige para o usufruto das bênçãos que nos oferece. Não se alcança a bênção do Senhor sem segui-Lo! Todos que O seguiram foram abençoados e usados gloriosamente, supridos pela Sua maravilhosa Graça, capacitados pela Sua Palavra e fortalecidos pelo Seu Espírito.
Não há como se alcançar a sublime e abençoada experiência do “discipulado verdadeiro” a não ser O seguindo! Segui-Lo não é apenas ir atrás dEle, saber muito a respeito dEle ou do que Ele ensinou. Segui-Lo é imitá-Lo. Viver como Ele quer que vivamos a cada dia praticando o que dEle aprendemos. Implica num envolvimento total com a Sua Pessoa e com a Sua Palavra, para sermos como Ele é, - e é assim que Ele quer que sejamos -, e fazermos o que Ele quer que façamos da maneira como Ele deseja que façamos (veja João 8:31; 15:5, 7; 1 Pedro 2:21).
Queremos sugerir três atitudes essenciais que consubstanciam esse comportamento indispensável ao “discipulado verdadeiro”:
- Reconhecer a Sua SOBERANIA: Muitos que se dizem cristãos estão prontos a aceitá-Lo apenas como Salvador para garantirem o seu passaporte para o céu. Isso é altamente conveniente, porém não se dispõem a pagar o preço de aceitá-Lo como Senhor. Recusam frontalmente a Sua SOBERANIA.
Paulo ensina em Romanos 14:9... “Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressuscitou, para ser Senhor tanto de mortos como de vivos”. Note que Paulo afirma que a obra Redentora teve como finalidade fazê-Lo “Senhor”. Pedro afirma em Atos 2:36... “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus (que significa “Salvador”), que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”. A SOBERANIA do Senhor Jesus está amplamente demonstrada nas Escrituras, as quais exigem, inquestionavelmente, que tal SOBERANIA seja assumida incondicionalmente na atitude de todo aquele que se diz cristão.
Para que o nosso discipulado seja verdadeiro devemos reconhecer a total e ampla SOBERANIA do Senhor. Para isso se tornar real não basta chamá-Lo de “Senhor”, mas entregar-Lhe incondicionalmente o controle de todas as áreas da nossa vida, com disposição de uma total aceitação dos Seus desígnios e da Sua orientação nas decisões e atitudes a serem adotadas. Há de haver completa submissão à Sua Palavra, que é “lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos” (Salmo 119:105).
- Reconhecer a Sua SUFICIÊNCIA: A SUFICIÊNCIA do Senhor é amplamente demonstrada nas Escrituras. Já na Criação vemos que Deus ofereceu à Sua criatura todo o suprimento de que necessitava para cumprir, com eficiência, a sua missão terrestre (Gênesis 2:1-17). No curso da história do povo de Israel encontramos inúmeras passagens bíblicas evidenciando a presença constante do Senhor, suprindo suficientemente as suas necessidades em todas as áreas de sua experiência, mesmo nas ocasiões de atitudes de rebeldia, de murmuração e de desobediência.
O Senhor Jesus Cristo, em Seu ministério terrestre deu ênfase a esse aspecto da Obra da Redenção, a qual não é apenas salvadora, mas, também, supridora. No Evangelho de João encontramos muitas declarações do Senhor afirmando a SUFICIÊNCIA supridora da Sua Pessoa, como Bom Pastor, Luz do Mundo, Água Viva, Pão da Vida, Vida Eterna, Videira Verdadeira etc. Em João 15:5 o Senhor afirma: “Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer”. Isso significa que devemos assumi-Lo e dar-Lhe espaço para que Ele atue, suficientemente através de nós.
A Palavra de Deus é outro instrumento da SUFICIÊNCIA supridora de Deus, para ensinar e capacitar o cristão (2 Timóteo 3:14-17), orientando-o na atuação discipuladora com plena eficiência. O Espírito Santo, que habita em todo o verdadeiro cristão (João 14:16-17), é mais um precioso e suficiente supridor para guiá-lo a toda verdade (João 16:13) e ensiná-lo (João 14:26), atuando com poder divino na sustentação do seu testemunho e na luta contra os poderes dos inimigos, que Satanás habilidosamente manipula contra nós; assiste-o em suas fraquezas, dirigindo-o em suas orações.
Não podemos, ainda, deixar de mencionar a suficiência supridora da Graça do Senhor, que atua de forma multiforme. Em 2 Coríntios 12:9 vemos como Paulo recebe do Senhor a bênção do suprimento suficiente da Sua Graça, no profundo abatimento da sua alma, ao ouvir do Senhor as sublimes palavras: “a minha graça te basta”. No exercício de nosso “discipulado verdadeiro” podemos contar com a Sua SUFICIÊNCIA.
- REFLETI-LO em nossa vida diária: Isso resulta da nossa identificação com Ele. Em outras palavras, torna-se mister que o nosso cristianismo seja uma manifestação dEle, no que somos e naquilo que fazemos. Ele deseja, mais do que tudo, que sejamos um reflexo da Sua Pessoa e dos Seus ensinos. É o que Pedro revela em 1 Pedro 2:21... “Porquanto para isso mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos”. Paulo usa uma expressão que dá idéia bem viva desse ensino, quando afirma em 2 Coríntios 2:14-15... “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta, em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem”.
A nossa identificação com Cristo, para REFLETI-LO em tudo, como é o Seu desejo, exige que busquemos ter com Ele íntima comunhão, nos termos que Paulo ensina em 2 Coríntios 3:18... “E todos nós, com o nosso rosto desvendado contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”.
O nosso “discipulado verdadeiro” depende desse tipo de experiência. Foi buscando esse alvo que Paulo a alcançou afirmando: “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20). Em Filipenses 1:21 Paulo diz mais: “Porquanto para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro”. Quão extraordinária era a vida do grande apóstolo refletindo-O de forma ampla em sua experiência ministerial! Sigamos o seu exemplo no nosso “discipulado verdadeiro”.
Conclusão: Como vimos inicialmente, o processo que o Senhor estabeleceu para o eficaz processo da evangelização do mundo é o do “discipulado verdadeiro”. Isso implica, necessariamente, em que sejamos “verdadeiros discípulos”, aceitando o desafio do Senhor em Lucas 9:23, adotando as três condições que esse desafio contempla, a RENÚNCIA, a REJEIÇÃO e a RENDIÇÃO seremos “discípulos verdadeiros” para o exercício do “discipulado verdadeiro”.