A missão precípua dada pelo Senhor Jesus Cristo à Sua Igreja é manter através de seus membros o programa ativo da Evangelização. Em Mateus 28:18-20 o Senhor, solenemente, nos apresenta esse programa básico e primordial da atuação da Igreja no mundo, em todas as épocas: “fazer discípulos”. Como? Evangelizando, discipulando, reproduzindo. Esse processo cumpre cabalmente à “grande comissão”. Os três principais meios de cumpri-la são:
1 – O TESTEMUNHO PESSOAL (Evangelismo pessoal)
O testemunho pessoal é o trabalho feito pelos membros da Igreja, com pessoas determinadas, como vizinhos, colegas de trabalho ou escolas, nos relacionamentos familiares, costumeiros e eventuais, na visitação a pessoas em casas, nos hospitais, nos presídios, com componentes de grupos específicos como drogados, prostitutas, homossexuais, menores, judeus e pessoas de outros grupos raciais etc.
Mas devemos lembrar que a grande força do evangelismo pessoal está na postura pessoal cristã autêntica, no contexto das várias áreas de convivência (família, escola, emprego, sociedade etc.). Ela é essencial para cumprir com eficiência a responsabilidade evangelística pessoal, aproximando as pessoas, por nós influenciadas dessa maneira, a se aproximarem do Senhor Jesus Cristo, conhecê-Lo e aceitá-Lo como Salvador e Senhor pessoal.
O “testemunho pessoal” está amplamente evidenciado na Bíblia como meio eficaz de evangelização, pois:
- É ordem do Senhor – Mateus 28:18-20
- É dever de todo o verdadeiro cristão – Lucas 24:48; Atos 1:8; 2 Timóteo 4:2
- É privilégio – João 20:21
- É responsabilidade – Ezequiel 33:7,8; Romanos 1:14 (exemplo de Paulo)
- É obrigação irrecusável – 1 Coríntios 9:16
- É prova de amor – Mateus 18:11-13; 1 Tessalonicenses 2:8
- É trabalho constante – 1 Tessalonicenses 2:9
- É aproveitamento de oportunidades – Atos 4:20; 2 Timóteo 4:2
- É prova de crescimento da Igreja – Atos 2:42,47
Devemos lembrar que a nossa atuação é meramente “instrumental”, pois o Espírito Santo é quem nos usa para realizá-la. Nós somos o instrumento usado por Deus, não convertemos a ninguém, o Espírito Santo é quem opera, com poder, para a conversão verdadeira – João 16:7-11; Lucas 24:49; Atos 1:8.
Em 2 Coríntios 5:20, Paulo ilustra com muita propriedade o exercício dessa responsabilidade, comparando-nos com o “embaixador”. Um “embaixador” age “em nome de”, como representante legítimo e credenciado para falar pelo representado, como se ele estivesse presente! O “embaixador” eficiente deve ser alguém:
- Preparado – 2 Timóteo 2:2; 3:14-17
- Convicto – 2 Coríntios 4:13
- Responsável – Romanos 1:14
- Disponível – Romanos 1:15
Cabe, ainda, lembrar que a “mensagem” não deve ser desvirtuada, não devemos falar o que “achamos”, mas o que Deus “diz”; por isso deve ser autêntica, compreensiva, fiel, objetiva, abordando os aspectos essenciais do plano de Salvação consoante a Palavra de Deus, exposta na dependência total da sabedoria, orientação e atuação poderosa do Espírito Santo, com preparo espiritual sério e oração fervorosa.
Cuidado com os “outros evangelhos” (Gálatas 1:8-9), tão em moda nos dias que correm, com apelos a interesses secundários de ordem física, sentimental, financeira etc., despertando e aglutinando grandes multidões!
2 – O EVANGELISMO DE MASSA (Pregação ao público)
Pode ser feita através da reunião evangelística programada como trabalho habitual, em horário pré-estabelecido, na Igreja local; através de campanhas especiais, no próprio templo ou em lugares amplos escolhidos para esse fim; através de programações radiofônicas e de TV; através de literatur publicada e distribuída amplamente; com grupos específicos reunidos, para o fim de serem evangelizados, como colegiais, profissionais liberais e outros.
Tudo o que se mencionou acima, quanto ao evangelismo pessoal, tem a ver, também, com o exercício da evangelização de caráter público. São condições e características imperiosas que dizem respeito aos que se envolvem com esse importante ministério do Senhor.
Os que são responsáveis pela pregação pública do Evangelho devem ser homens de Deus, dotados espiritualmente para esse tipo de trabalho (veja Efésios 4:11), que devem ter consciência da sua condição de instrumentos do Senhor para pregar a Palavra e não as suas ideias, sem qualquer preocupação de projeção ou destaque pessoal, fazendo o trabalho sem orgulho ou vaidade, mas com humildade e total dependência do Senhor.
Infelizmente, hoje se promove, às vezes, o ajuntamento de pessoas para uma programada atuação evangelística, com objetivos que nada têm a ver com esse alvo, mas sim, a satisfação de alvos promocionais pessoais na área pessoal, política, comercial, de lazer etc. É um pecaminoso desvirtuamento do papel da Igreja, tão em moda nos dias atuais.
Os resultados deverão ser buscados na atuação fiel do programa de Deus para a Igreja nessa área evangelística, tendo por base única a mensagem autêntica da Palavra de Deus, com paixão pelas almas perdidas e dependência total da atuação do poder de Deus, para a glória exclusiva do Senhor. Não deve servir essa privilegiada oportunidade da atuação evangelística da Igreja ao pecaminoso desígnio, muitas vezes adotado, de exibição de sabedoria pessoal, exposições filosóficas e filigranas teológicas, sem consistência espiritual.
3 – O EVANGELISMO ATRAVÉS DA EXPANSÃO MISSIONÁRIA (Responsabilidade missionária da Igreja)
É essa uma área que infelizmente está sendo negligenciada em nossos dias e que representa, inquestionavelmente, importante atuação da Igreja no cumprimento do seu papel no século 21.
a) A motivação certa – Não se chega à convicção correta da vontade do Senhor para o nosso envolvimento na Sua Obra através de atitudes românticas ou de mero idealismo. Simples entusiasmo sentimental ou espírito de mera aventura não bastam para definir a decisão quanto ao nosso envolvimento missionário.
A motivação certa proveem do conhecimento profundo do que temos em Cristo e a respeito do que muitos outros ainda não ouviram (1 Coríntios 2:1-2); da consciência da responsabilidade evangelística (1 Coríntio 9:16; Romanos 1:14), essa atitude decorre do valor que a alma alheia tem para Deus (Marcos 8:36-38); de um propósito firme (Daniel 1:8); o propósito firme precede o sucesso (Romanos 15:20; 2 Coríntios 19:15-16); da paixão pelas almas perdidas (Mateus 9:35).
Muitos acham que devem sentir um “toque” especial que defina a chamada do Senhor. Não é bem assim, pois a decisão decorre de termos as condições supramencionadas. Disse Mitchell: “não posso levar as almas para mais perto de Cristo do que eu estou”. O cristão torna-se missionário como resultado natural de sua relação pessoal com Cristo.
O chamado do Senhor a todo cristão já foi claramente por Ele feito quando nos comissionou antes da Sua ascensão (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Atos 1:8). Um missionário que passou cinquenta anos trabalhando no Congo e cujo serviço missionário foi rico e frutífero, em vibrante testemunho afirmou que nunca estivera cônscio de qualquer chamamento missionário íntimo especial. Simplesmente lera a ordem clara de Cristo: “ide". Sabia que ao crente cumpre obedecer. Entregou-se a Cristo, preparou-se e foi à África. Seguiu-se uma longa e útil carreira missionária. Ele simplesmente obedeceu a Deus!
b) A visão perdida – A recomendação básica do Senhor está em João 4:35. O que tem feito a Igreja perder a visão: o nacionalismo; o materialismo; as religiões falsas e as seitas que se multiplicam; a ênfase errada ao intelectualismo e à educação; o abandono do método paulino (2 Timóteo 2:2 conforme Mateus 28:19). Sua eficácia no início da Igreja (Atos 19:8-10; 14:21); a preocupação exclusivamente doméstica da Igreja (ilustração de Marcos 6:37 – não esquecer as filas de trás); a falta de obediência ao pedido do Senhor quanto à necessidade de obreiros para a seara (Mateus 9:37-38); a falta de compreensão de sua responsabilidade quanto ao Plano de Deus (Marcos 13:10; Mateus 24:14); a falta de paixão pelas almas perdidas (Marcos 8:36-38; Romanos 1:14-16); esquecemos de que os homens estão perdidos (Efésios 2:1,3,12) e de que Jesus Cristo é o único meio de salvação (Atos 4:12; João 14:6).
c) A necessidade do sustento – Em 2 Coríntios 8:1-6, Paulo dá ênfase ao princípio da participação da Igreja na área do sustento, que chama de exercício da “Graça”, a qual é uma disposição criada pelo Espírito a ser manifestada com abundância de alegria, voluntariamente, e além das próprias posses, como manifestação de amor. O dinheiro é sempre um “problema”, para quem tem e para quem não tem, mas para Deus não é problema. Há dois aspectos a serem considerados:
- A atitude de quem vai para a obra deve ser de dependência total do Senhor – Filipenses 4:10-13, e deve levar em conta as prioridades do Senhor – Mateus 6:24
- A atitude de quem fica deve ser a de contribuir para sustentar os que vão. Disse Peter Marshall: “contribui com a tua renda para que Deus não torne a tua renda de acordo com a tua contribuição”.