“Aborreço, desprezo as vossas festas” (Am 5:21)
“Tornarei as vossas festas em luto e todos os vossos cânticos em lamentações” (Am 8:10)
Junho é o mês das animadas “festas juninas”. Fazem parte, há longo tempo, do calendário religioso da “igreja tradicional”. Sua motivação foi a celebração de três declarados “santos” pela mesma igreja: Santo Antônio (dia 13), São João (dia 24) e São Pedro (dia 29). Cabe lembrar que a “santificação posicional” dos filhos de Deus não se dá por edito papal, mas no ato do exercício da fé salvadora tendo por base a Obra Redentora realizada por Jesus Cristo.
O “sentido religioso” desses eventos já foi, de há muito, ultrapassado, na prática comemorativa, pois passou a ser, apenas, uma excelente oportunidade para se dar vazão à satisfação dos desejos e prazeres da “carne”, tornando-se festas mundanas que em nada contribuem para o benefício espiritual dos participantes, muitas vezes com funestas conseqüências e danos irreversíveis.
Lamentável verificar que não são poucos os que, se declarando “crentes”, delas participam, compactuando com a sua prática licenciosa e pagã, afrontando a Deus.
Pensando nelas fui levado aos textos desta “mensagem do mês”, in Amós 5:21 e 8:10. Não está aí o profeta se referindo às “festas juninas”, que, então, inexistiam, mas às festas solenes, determinadas por Deus, como parte do cerimonial religioso, que expressavam o bom relacionamento que o povo devia ter com Ele, evidenciando a sua espiritualidade. Na sua prática deveria haver séria contrição, sincero louvor e autêntica adoração, dando-Lhe prazer e abençoando o povo.
Nos referidos textos constatamos a contundente reprovação e o repúdio de Deus ao comportamento do povo, que subverteu o sentido espiritual de tais festas, tornando-as instrumentos de orgias, imoralidades, corrupção e satisfação de prazeres carnais (veja o contexto). A mesma coisa lemos em Isaías 1:11-15. Que lástima! Adulteraram aquilo que o Senhor determinara para beneficiá-los espiritualmente, transformando tudo em prática pecaminosa, que a Deus desagrada e ao homem amaldiçoa!
Reporto-me às “festas juninas”, neste Tema do Mês, apenas como ilustração da exposição. Não estou admitindo que foram elas instituídas pelo querer de Deus e para a nossa bênção. Tem a ver com a tradição religiosa. Apenas associo idéias para ilustrar algo deplorável que ocorre em proclamados “ajuntamentos solenes”, onde se vivenciam práticas carentes de espiritualidade, nos seus métodos e programas, e nas suas atitudes e finalidades. Vê-se isso em alguns “ajuntamentos solenes” dos nossos dias, como nos que ocorriam nos dias de Amós. Por essa razão foram reprovados por Deus. As “festas juninas” ilustram com propriedade tal comportamento. Vejamos:
- Os balões coloridos que sobem, mas não chegam ao céu, na sua rota de luminosidade pálida e intermitente. Logo caem, com as suas tochas apagadas, ainda que fumegantes, acabando despedaçados, enegrecidos pelo fumo, nas mãos dos que, furiosamente, os caçam, quando não se tornam a causa de destruidores incêndios, com mortes e enormes prejuízos para a sociedade. Assim são alguns “ajuntamentos solenes” dos nossos dias. Surgem com falsa beleza e formal entusiasmo, mas não chegam aos céus; têm breve curso, com brilho pálido e intermitente, acabando apagados, enegrecidos pelo fumo da motivação falsa e em pedaços nas mãos do inimigo, muitas vezes ocasionando desastres graves na comunidade “religiosa”.
- As fogueiras ardentes, com altas labaredas, alimentadas por lenha seca e galhos inúteis, aquecendo o ambiente, onde há euforia carnal, e estimulando a agitação das danças sensuais, das atitudes imorais, das orgias e da depravação generalizada. Aquecem as comidas e as bebidas que levam à embriaguez e à violência, desagregando e destruindo famílias, infelicitando jovens, estabelecendo inimizades profundas e irreconciliáveis e anulando valores preciosos. Logo a fogueira acaba, ficando, apenas, a imprestável cinza, o cansaço e a frustração do fim da festa, a desgraça e a larga mancha preta no solo, a lembrar que o melancólico final não passa de trevas. Assim são alguns “ajuntamentos solenes”, que mais parecem as fogueiras ardentes das “festas juninas”, lembrando o fogo consumidor do inferno. São alimentadas por ações que se parecem com “lenha seca e galhos inúteis”, rapidamente consumidos. Como se diz por aí: apenas “fogo de palha”! Agita-se o questionado “evento religioso” com múltiplas manifestações de vã euforia, à guisa de religiosidade, com muito barulho instrumental, agitação corporal, tudo nos moldes dos shows mundanos, muitas canções sem conteúdo espiritual, com a assistência “artística” das danças sensuais, produzindo muita emoção e nenhuma espiritualidade. Ao final ficam, apenas, as cinzas do engodo que representaram o tal “ajuntamento solene”, cansaço e grande frustração, na contemplação da funesta marca preta da fogueira extinta, lembrando as trevas em que todos ficaram mergulhados.
- O espetáculo pirotécnico tão ao gosto dos festeiros. Projeta-se no espaço aéreo uma múltipla seqüência de foguetório estridente e colorido, que enche os olhos por alguns instantes, com o seu brilho e cores reluzentes, formando exóticas figuras. É bom de se ver! Mas logo que termina o tal foguetório, fica, apenas, a grossa e incômoda fumaça a encher o espaço, que antes estivera tão bonito, sufocando-nos, irritando os olhos e apagando de vez tudo o que de belo se contemplou. Assim são alguns “ajuntamentos solenes” de nossos dias. São como espetáculos pirotécnicos. Muito ruidosos e até bonitos de serem vistos. Mas servem apenas para os olhos, não para alimentar a alma, enlevar o espírito e suavizar o coração. Tão logo terminam deixam, somente, a fumaça da sua inutilidade, que nos sufoca e nos irrita profundamente. Saímos do “ajuntamento solene” espiritualmente vazios. Foi, simplesmente, um aturdido “espetáculo pirotécnico”, embora, às vezes, bonito de se ver. Mexeu, apenas, com a nossa emoção resultando, afinal, num sentimento de melancólica frustração.
Voltemos ao texto. Há “ajuntamentos solenes” que se assemelham às “festas juninas”. Tem, pois, na hipótese, total e atual aplicação da Palavra do Senhor, dita por Amós: “Aborreço, desprezo vossas festas” (5:21); “Tornarei as vossas festas em luto e todas os vossos cânticos em lamentações” (8:10). Que as “festas juninas” nos façam refletir sobre essas verdades!
Nota esclarecedora: Não estamos, neste “Tema do mês”, a nos referir aos “ajuntamentos solenes” ou “festas espirituais”, que são feitos no temor do Senhor e com respeito ao padrão bíblico, visando, exclusivamente, a Sua Glória e a edificação espiritual do Seu povo. Há talentos e habilidades pessoais que Deus pode usar como instrumentos adequados e úteis no Seu serviço. Afinal, as “festas” e os “ajuntamentos solenes” que o Senhor reprovou e recusou, por Ele foram estabelecidos. Tal recusa se deveu ao desvirtuamento na maneira como foram realizados, na postura não espiritual adotada e nas finalidades desviadas do Seu solene propósito. Há de prevalecer, acima de tudo, nesses eventos, a espiritualidade dos participantes, a edificação do povo de Deus, a santificação no comportamento e nos propósitos, visando a Glória do Senhor e não a dos participantes. Tudo tem que ser praticado, com humildade, não na carne, mas no Espírito, não como espetáculo humano, para ser aplaudido, não exaltando a pessoa humana, mas a Deus, que deve ser cultuado através do correto louvor e da autêntica adoração. Nessas condições que haja “ajuntamentos solenes” e “festas espirituais”. Tais eventos espirituais nada têm a ver as “festas juninas”.
(Substituído em 01/06/2016 por "Celebrações juninas sem significado espiritual")