"Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus"
(1 João 3:1)
Privilégios e responsabilidades dos filhos de Deus
Em agosto celebra-se o "Dia dos Pais". A paternidade tem singular importância no contexto da realidade humana e nos conduz ao solene propósito de Deus ao instituir a família, a qual se define plena com a presença dos filhos.
Não há "pais" sem "filhos". Não há "filhos" sem "pais"! Leia Gênesis 1:28. Ser "pai" configura o honroso privilégio de participar no projeto familiar de Deus e traz sérias responsabilidades. O mesmo se aplica à condição dos "filhos" nesse contexto natural.
Na esteira dessas considerações sou levado a pensar em outra idêntica relação, mas de nível espiritual, muito mais sublime e de dimensão maior: é a que identifica o nosso Deus como nosso "Pai", e a nós como "Seus filhos".
É de valor inestimável, concedido pela manifestação da Graça de Deus através da Obra Redentora efetuada por Jesus Cristo, Seu Filho unigênito (João1:1-14). A Bíblia ensina a respeito de ser "filho de Deus":
- É privilégio exclusivo dos que nascem de novo (João 1:12);
- Resulta de operação "espiritual", que nada tem a ver com o nascimento natural; os agentes operadores são a Palavra de Deus (semente incorruptível, viva e permanente: 1 Pedro 1:23-25; Isaías 40:6-8 e Tiago 1:10-11) e o Espírito Santo (Romanos 8:16-17, Efésios 5:1);
- É alcançada pela fé (João 1:12);
- Compromete-nos, perante Deus, como "filhos da obediência" (1 Pedro 1:12) à "verdade" (v.22).
Em 1 João 3:1-6 podemos identificar sete aspectos da nossa condição de "filhos de Deus", como seguem:
- É evidência do grande amor de Deus (v.1a) - Nosso Pai celestial nos ama tanto que nos permite ser chamados filhos de Deus. O "amor" é o ingrediente de maior importância e de melhor eficácia na atitude paterna em relação aos seus filhos. Que privilégio sermos usufrutuários do amor de nosso Pai celestial! O amor de Deus para conosco é imensurável. A Bíblia o exalta inúmeras vezes e afirma que a prova desse amor está no fato de Cristo ter morrido por nós sendo nós pecadores (Romanos 5:8). João afirma, no texto, que o sermos "filhos de Deus" evidencia o Seu grande amor.
- Escapa à compreensão do mundo (v.1b) - Visto que tanta gente não conhece a Deus, naturalmente não compreende que somos filhos de Deus. Esse discernimento é espiritual e só os que são espirituais podem compreender o que significa ser "filho de Deus", porque não nascemos do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (João 1:13). Sobre o Espírito, disse o Senhor: "o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, por que não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós" (João 14:17).
- Ainda não se manifestou o que havemos de ser (v.2a) - Já somos filhos de Deus, mas não podemos nem imaginar como tudo vai ser mais tarde. Embora a Bíblia antecipe alguns aspectos peculiares à nossa eternidade com Deus, que já podemos antegozar, muito do que nos espera, como filhos de Deus, Ele reserva para a nossa futura e sublime experiência eterna. Como devemos anelar esse futuro próximo, filhos amados que somos de um Pai tão maravilhoso!
- Seremos semelhantes a Ele (v.2b) - Essa expectativa nos deve fascinar! Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. O pecado nos privou das características dessa privilegiada condição, mas como filhos de Deus seremos semelhantes a Ele. Grande privilégio dos filhos de Deus! Paulo diz, em 1 Coríntios 15:52, que, ao toque da trombeta, os mortos (filhos de Deus) ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados, porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade.
- Haveremos de vê-Lo como Ele é (v.2c) - Outro incomparável privilégio dos filhos de Deus! Não há coisa melhor no relacionamento pai e filho do que a possibilidade da permanente contemplação que este pode ter daquele. Como anelamos poder contemplar, pessoalmente, o nosso Pai celestial! É, sem dúvida, a maior expectativa dos filhos de Deus. Vamos vê-Lo como Ele realmente é! Não é possibilidade remota, é certeza absoluta! E, então, como diz Paulo, estaremos para sempre com o Senhor (1 Tessalonicenses 4:17).
- Viver na pureza como Ele é puro (v.3) - Essa é a séria e inescusável responsabilidade do filho de Deus. E a razão está afirmada expressamente no texto: “assim como Ele é puro”. Nosso Pai é puro. Devemos, pois, manifestar pureza em nosso caráter e em nossos procedimentos cristãos. (2 Coríntios 6:17-7:1 e 1 Pedro 1:14-16).
- Permanecer n'Ele para não viver pecando (v.6) - Permanecer n'Ele significa manter íntima e permanente comunhão com Ele e viver a Ele submisso e obediente. Não há outra maneira de afastarmos o pecado de nossa experiência de vida! (João 15:5).
“Se somos filhos de Deus, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (Romanos 8:17).