“Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança"
Salmo 40:4
Um dos grandes problemas do contexto humano atual é a falta de CONFIAR nos diversos relacionamentos pessoais. A confiança é o fundamento importante da prosperidade e do sucesso das realizações humanas nas diversas áreas de suas atuações. Os projetos da vida são essencialmente comunitários. É na associação das pessoas que eles, em geral, se viabilizam. Deus não nos criou para vivermos isolados uns dos outros, mas para realizarmos os Seus propósitos de forma colegiada. Provam isso as instituições divinas da “família” e da “Igreja”. O Senhor nos supre com toda a instrumentação e os recursos necessários para que o Seu Soberano alvo seja alcançado. Mas, sem confiança em Deus (plano vertical), e sem confiança recíproca na relação humana (plano horizontal), tudo se esboroa. Está aí a explicação do maior desastre da história ocorrido no Éden. Sem confiabilidade em Deus não há bênção!
Na primeira parte do Salmo 40 (vs. 1-10), Davi descreve as suas venturosas e múltiplas experiências, resultantes de sua confiança em Deus. Como um homem que confiava em Deus, foi ricamente abençoado e foi, também, uma bênção para outros.
Vejamo-las:
Experiência de livramento
“... tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama” (v.2a)
Davi usa duas expressões fortes para descrever o que se passava com ele. Do fundo de um poço ninguém sai, sem a dedicada intervenção de terceiros. Quem cai num poço está realmente perdido. Igualmente, situar-se num tremedal de lama (pantanal) é ficar em condição de total incapacidade, dependente de auxílio eficiente para se livrar. Somente quando pôs no Senhor a sua confiança Davi pôde alcançar a abençoada experiência de livramento. A nossa confiança no Senhor resultará na experiência de livramento, por Ele prometida (João 8:31,32,36). Não importam as circunstâncias angustiantes em que possamos nos encontrar, se pusermos no Senhor a nossa confiança experimentaremos o Seu livramento.
Experiência de restauração
“... colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos” (v. 2b)
O pecado anula os nossos “valores espirituais e morais”, desviando-nos dos “propósitos corretos” e impedindo-nos de alcançar os “resultados propostos pelo Senhor”, tornando a nossa vida infrutífera e inútil. Isso porque o pecado nos afasta de Deus, rompendo o vínculo essencial da bênção, que é a confiança no Senhor. A experiência de restauração depende da nossa confiabilidade no Senhor. Foi essa a notável experiência de Davi. Ele usa duas expressões ilustrativas dessa restauração: “colocou-me os pés sobre uma rocha” e “firmou os passos”. Que experiência maravilhosa a da restauração! Deus a opera em nós na medida em que O buscarmos humildemente e n’Ele colocarmos a nossa confiança. Sentir-nos-emos seguros, com os nossos pés colocados sobre a Rocha, direcionando, com firmeza, os nossos passos no rumo da Sua vontade.
Experiência de louvor e adoração
“Pôs-me nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus” (v. 3)
Essa experiência é a vocação celestial para os remidos e é a que Deus mais deseja ver na atitude dos mesmos (João 4:23; Efésios 5:19-20; Colossenses 3:16). O cântico produzido em nossa alma é “novo”, pois é motivado pelo Espírito do Senhor, que atuará na medida do exercício de nossa confiabilidade em Deus, movendo os nossos lábios em sublime manifestação de louvor e adoração, que nada têm a ver com o exercício da nossa vã religiosidade, que é pura manifestação carnal. Deus não quer religiosos, mas quer espirituais!
Experiência do poder de Deus
“São muitas, Senhor, as maravilhas que tens operado” (v. 5)
A expressão “maravilhas” aparece muitas vezes na Bíblia para descrever um dos atributos divinos: o Seu Poder. Deus é Onipotente! O Senhor dos Exércitos! O Seu Poder é infinito e escapa à nossa compressão finita. Quando pomos no Senhor a nossa confiança, alcançamos a experiência do Seu Poder em nossas vidas. Isso é “maravilhoso”! Não há limites na nossa experiência do Poder de Deus em nós, porque Quem opera as maravilhas em nossas vidas, quando n’Ele confiamos, é Ele e não nós. Tudo é possível ao que crê (Marcos 9:23). Essa foi a experiência de Davi ao pôr a sua confiança no Senhor (Veja Efésios 3:16,20).
Experiência da sabedoria de Deus
“... e também os teus desígnios para conosco” (v. 5)
A expressão que Davi usa para definir outra notável experiência dos que confiam no Senhor é: “os seus desígnios”. Essa expressão diz respeito aos sábios “pensamentos” do Senhor, que não são os nossos pensamentos (Isaías 55:8) e às suas sábias determinações. Podemos, assim, entender os “desígnios” do Senhor, como a manifestação da Sua “Sabedoria”. Quando pomos no Senhor a nossa confiança, temos a experiência da “sabedoria” de Deus em nossa vida. Tiago nos ensina: “se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tiago 1:5).
Experiência da realização da vontade de Deus
“Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu” (v. 8)
Realizar na vida a vontade de Deus é uma experiência indizível e altamente gratificante. Davi declara esse prazer ao afirmar que o agradava fazer a vontade de Deus. Essa declaração é uma profecia da atuação redentora de Cristo, totalmente submisso à vontade de Seu Pai. Interessante notar no texto a expressão complementar “dentro do meu coração, está a tua lei”. Conclui-se daí que, para se ter a experiência da realização da vontade de Deus, é mister que tenhamos a Palavra de Deus dentro de nós. Uma das maneiras de pormos a nossa confiança no Senhor é buscarmos, diligentemente a Palavra de Deus, porque é ela que nos revela a Sua Vontade. Desse procedimento de confiabilidade resultará, sem dúvida, a prazerosa experiência da realização da vontade de Deus.
Experiência de testemunho eficaz
“Proclamei as boas novas... jamais cerrei os lábios... não ocultei no coração a tua justiça; proclamei a tua fidelidade e a tua salvação; não escondi... a tua graça e a tua verdade” (vs. 9-10)
Davi descreve, afinal, a sua maravilhosa experiência como testemunha eficaz do Senhor. A linguagem que usa, para informar sobre essa experiência, é múltipla e expressiva: “proclamei”; jamais cerrei os lábios; não ocultei no coração; “proclamei”; não escondi. Essa reiterada e enfática afirmação de comportamento nos leva a pensar na importância que Davi dava à sua experiência de testemunho eficaz. Ele sabia que era isso que o Senhor mais queria dele e, por isso, dá realce ao fato. Note, ainda, qual era o conteúdo do seu testemunho: “as boas novas... a tua justiça... a tua fidelidade... a tua salvação... a tua graça... a tua verdade”. É notável verificar isso! A exemplo de Davi, devemos manifestar a nossa confiança no Senhor, sendo fiéis testemunhas dessas gloriosas verdades. É o que Deus espera de nós (Lucas 24:48; Atos 1:8).
Conclusão: As abençoadas experiências de Davi resultaram da sua confiabilidade no Senhor e lhe conferiram o usufruto da Sua bem-aventurança. Como ele, participemos da mesma bênção da confiabilidade no Senhor.