“Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão”
1 Coríntios 3:14
O tempo passa com rapidez. Já estamos iniciando o mês de novembro (2009) que, logo no início, aqui no Brasil, nos faz encarar o triste “dia dos mortos”. Multidões se dirigem aos cemitérios derramando sentidas lágrimas e manifestando profundos lamentos pela saudade dos queridos que passaram, atestando a sua tremenda frustração e absoluta impossibilidade de evitar o inexorável acontecimento, sempre certo e surpreendente, embora nunca desejado. Ninguém deseja a morte, mas não pode evitá-la. É a maior inimiga do homem. Deus não criou o homem para morrer. Surgiu a “morte” no cenário da existência humana como consequência do pecado e a todos alcança, porque todos pecaram (Romanos 3:23; 5:12; 6:23a).
Mas a Graça de Deus transforma o fato trágico da morte em indizível bênção, garantindo ao pecador redimido, no momento mesmo de sua morte física, a sua passagem para a eternidade com Deus, para o usufruto da vida eterna, outorgada aos que creem na obra da Redenção, efetuada pelo Senhor Jesus Cristo (“o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” – Romanos 6:23b).
Além do usufruto da vida eterna, Deus favorece os Seus servos fiéis, na eternidade, com “galardões” recompensadores, como ensina Paulo (1 Coríntios 3:14). Uma das mais gloriosas esperanças do servo cristão é a eternidade com Deus, um lugar que Ele lhe tem preparado (João 14:1-2). Um dos aspectos dessa expectativa alvissareira é a promessa do Senhor dos “galardões” aos Seus servos, em recompensa pelos serviços prestados com fidelidade (“se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão” – 1 Coríntios 3:14).
Nesse dia triste de lembranças dos que já foram, consolemo-nos meditando sobre alguns aspectos que o ensino bíblico nos oferece sobre “as recompensas do servo fiel”:
I. O GALARDÃO NA BÍBLIA – Paulo trata desta promessa, em 1 Coríntios 3:10-14, não só falando do galardão eterno, como também indicando alguns outros aspectos específicos:
- A maior parte dos galardões são recebidos no céu e não na terra – Há galardões terrenos, até o mundo oferece honrarias por serviços nobremente prestados (ex: prêmio Nobel), como medalhas, taças, troféus, e muitos outros tipos de recompensas a atletas e outros indivíduos envolvidos em múltiplas atividades humanas. Mas Deus guarda honra especial para o dia em que “manifesta será a obra de cada um” e “esse receberá galardão” (vs. 13-14). A maioria dos galardões dos servos será outorgada após a morte, e não antes.
- Todos os galardões serão baseados na “qualidade” e não na “quantidade” – Ensina Paulo: “e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará” (v. 13b). Os homens se impressionam com os números, volume, barulho e tamanho. Deus vê a intenção e a autenticidade, aquilo que está por trás da fachada e nunca para as ostentações exteriores. Todos terão idêntica oportunidade de receber o galardão, mas terão que fazer por merecê-lo. E a avaliação cabe ao Senhor e não a nós.
- As recompensas a serem recebidas na eternidade não serão esquecidas – No versículo 14, Paulo afirma: “esse receberá galardão”. Nada ficará esquecido por Deus. No tempo certo, na eternidade, Deus fielmente recompensará cada ato do serviço praticado por nós. Deus cumpre o que promete (Josué 21:45).
II. A PROMESSA DE DEUS AOS SEUS SERVOS – Há mais de 7.500 promessas na Bíblia, muitas delas referindo-se aos serviços que prestamos, a se cumprirem tanto na terra como na eternidade. Vejamos algumas:
1. Promessas relacionadas à fidelidade de Deus
- Isaías 41:10, 14-16 – Deus cuida dos Seus servos, amando-os mais fielmente do que uma mãe que amamenta.
- 2 Coríntios 4:16-18 – A tribulação produz para nós “eterno peso de glória”.
- Filipenses 4:19 – Deus nos supre, em Cristo Jesus, cada uma das nossas necessidades.
- 2 Timóteo 1:16-18 – Paulo se refere à Onesíforo, servo fiel, mencionando a certeza da retribuição futura do Senhor.
- Apocalipse 21:1; 22:3-5 – Temos aí a promessa de Deus da nossa gloriosa habitação eterna e da nossa vocação celestial.
- Hebreus 6:10-12 – Deus não esquece. O autor bíblico evidencia aí a sua preocupação com os cristãos do primeiro século que estavam esfriando e se desviando de Deus. Ele os incentiva à firmeza, pois podiam contar com Deus para cuidar deles e recompensá-los de acordo com as suas ações. Deus é fiel, não é instável! Ele tem em lembrança o nosso trabalho, de cada ato praticado e do nosso amor interior que motivou o ato. Nós humanos sempre esquecemos, mas Deus Se lembra. Nós vemos a ação praticada. Deus enxerga a intenção do coração. Por isso é o melhor Juiz que pode haver. Somente Ele é perfeito e sempre justo. Ele deseja incentivar-nos para sermos diligentes e confiarmos nEle, a despeito do que o serviço exige de nós (vs. 11-12).
2. Promessas relacionadas à nossa fidelidade
Há muitas passagens que contemplam as promessas de Deus para o “servo fiel”:
- 1 Coríntios 15:58 – A Bíblia Viva afirma na parte fina desse texto: “nada do que fazem para o Senhor é desperdiçado como aconteceria se não houvesse ressurreição”. “Desperdiçado” é o mesmo que “trabalho em vão” na outra versão.
- Gálatas 6:9-10 – Garante a Palavra de Deus que “ceifaremos” se persistirmos na prática do bem.
- Efésios 6:7-8 – Paulo afirma que o que serve de boa vontade, fazendo coisas boas, “receberá” isso outra vez do Senhor.
a) Quando fazemos o que precisa ser feito, mesmo sendo ignorados, não compreendidos ou esquecidos, podemos estar certos de que aquilo não foi em vão, isto é, nada será desperdiçado.
b) Quando fazemos o que é certo, com a intenção certa, mesmo que não recebamos crédito por isso, nem reconhecimento, nem agradecimento, a promessa que Deus nos faz é que ceifaremos.
c) Quando um servo presta um serviço e se dá em sacrifício e depois se coloca de lado para que Deus receba toda a glória, a promessa de Deus é que receberá isso de volta. Deus organizou um sistema de recompensas, tanto temporais como eternas.
3. Recompensas temporais
As promessas do Senhor aos servos, mencionadas para o nosso tempo (terreno), são abundantes e incontestes. Paulo as expõe em 2 Coríntios 4:7-11. Nos versículos 7-9 vemos o lado doloroso do serviço, mas nos versículos 10-11 encontramos a afirmação da tranquila certeza de que a vida de Cristo está sendo modelada em nós (“para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo”). No versículo 15 o Senhor revela abertamente que, quando assumimos o papel de servo, temos a satisfação de ver que um espírito de “gratidão” está sendo estimulado e Deus recebe a glória.
4. Recompensas eternas
Além das recompensas temporais associadas ao serviço, temos, também, as eternas:
- Mateus 10:41-42 – O Senhor promete recompensa eterna aos discípulos, ao instruí-los a uma vida de serviço, mesmo sendo o simples ato de dar um copo de água fria a outrem. O aprimoramento do serviço começa com pequenas coisas que possamos fazer. Deus observa atentamente tudo o que fazemos.
- Mateus 25:31-40 – Esta cena passa-se na outra vida. O Juiz está distribuindo as recompensas. Os servos que as recebem foram tão altruístas que haviam esquecido os atos praticados. Mas o Senhor não os esquece!
- As coroas citadas no Novo Testamento:
A coroa incorruptível – 1 Coríntios 9:24-27 – Prometida aos que vencerem a corrida da vida. Nos versículos 26-27 verificamos que esta recompensa será dada aos que sempre conseguem dominar a carne, colocando-a debaixo do controle do Espírito Santo, não se deixando dominar pela sua natureza pecaminosa.
A coroa de exultação – Filipenses 4:1-3 – É a coroa dos ganhadores de almas. Por ela estes se regozijam e se gloriam. O Senhor a dará aos que forem fiéis na pregação do Evangelho, que ganharem almas para Cristo e as edificarem nEle.
A coroa de justiça – 2 Timóteo 4:8 – Será dada aos que vivem cada dia na expectativa da iminente volta de Cristo, que vivem os valores eternos, aguardando ansiosamente todos os dias a volta do Senhor.
A Coroa da vida – Tiago 1:12 – Esse galardão está à espera daqueles que sofrerem nobremente durante a vida terrena. Note as duas expressões a qual o galardão está ligado: “suporta com perseverança a provação” e “aos que O amam”. Essa coroa não é prometida apenas aos que passam por provação, mas àqueles que, apesar disso, amam ao Senhor. O amor ao Senhor e o desejo de que Ele seja glorificado nessas provações constituem um duplo motivo para que o crente suporte o sofrimento.
A coroa de glória – 1 Pedro 5:1-4 – É prometida aos que fielmente pastoreiam o rebanho de Deus, de acordo com as exigências expressas nos versículos 2 e 3. Os pastores que cumprem essas exigências espontaneamente, com dedicação sacrifical, humildade e vida exemplar, receberão essa coroa de glória.
Conclusão – Apocalipse 4:9-11 – Depois de recebidas as recompensas, os servos todos se inclinam em adoração, depositando suas Coroas perante o Senhor, num ato de adoração e louvor, atribuindo-Lhe a HONRA e a GLÓRIA!
NOTA: este artigo foi revisto e publicado outra vez sob o título "Galardoados pelo Senhor" em 1.4.2015.