"Vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para adorá-lo"
Mateus 2:2
Dezembro rapidamente chega, envolvendo-nos com as múltiplas manifestações ruidosas e festivas da época chamada natalina. Decorações luzidias e coloridas por toda parte, intensa publicidade comercial em todos os meios de comunicação, festas, programações de viagens, comidas especiais, muita bebida, e é assim que se comemora o Natal.
A rotina do ano muda radicalmente em todos os setores da vida humana, com flagrante extravagância nas atitudes comportamentais nas áreas social, empresarial, familiar e até religiosa, nem sempre dentro dos padrões morais e espirituais adequados.
O que motiva tudo isso no contexto humano? Um fato ocorrido há dois milênios, que ultrapassou em importância todos os acontecimentos da história! O nascimento do Senhor Jesus Cristo. Foi o momento glorioso do cumprimento das inúmeras profecias a respeito do projeto eterno de Deus para a restauração espiritual do homem.
Que momento auspicioso esse! O Verbo, que era Deus, Se faz carne para habitar entre nós e vivenciar todos os lances benéficos da manifestação da Graça de Deus, através da Sua vida, ministério, morte e ressurreição. Pena que todo o turbilhão das comemorações do evento passe tão longe do seu verdadeiro e correto sentido. O mundo celebra um Natal sem Cristo!
O texto bíblico consigna alguns detalhes diferenciados, sublimes e invulgares, pertinentes ao nascimento do Senhor Jesus, que nos conduzem à apreciação de lições preciosas sobre como nos devemos portar perante o fato. São as lições da humildade da manjedoura; das plagas de Belém onde os pastores, à vista da comunicação angelical e o cenário indescritível de glória que emoldurou o firmamento, com a participação do coro angelical a glorificar a Deus, foram vê-Lo para adorá-Lo.
Mas temos, também, as lições dos magos (sábios) do Oriente conforme o relato em Mateus 2:1-12. Provavelmente astrólogos, talvez da Pérsia ou do sul da Arábia. A atitude dos magos está registrada com detalhes impressionantes que se traduzem em preciosas lições para nós. Vejamos:
- .A LIÇÃO DA SENSIBILIDADE E DA CONVICÇÃO ESPIRITUAIS: "vimos a sua estrela no Oriente" (v.2a) - Ninguém vê estrela se não olhar para o céu. O que os magos mais faziam era olhar para os céus. Muitos olham para o céu, mas não vêem nada. Os magos puderam distinguir, na verificação celestial, a "estrela do Senhor" ("a sua estrela"). Que sensibilidade espiritual! Foi isso que os comoveu e os moveu à longa e difícil peregrinação para encontrarem o Senhor. Tiveram a convicção de que era um recado de Deus. Isso os levou a buscar o Senhor, certos de que o Messias chegara. Discute-se muito sobre as características que a estrela especial teria. Isso não importa. Importa que eles perceberam que o Senhor colocou no firmamento uma estrela especial que lhes falava de algo transcendental e de grande valor espiritual. Aquela estrela era uma alusão a Números 24:17 - "uma estrela procederá de Jacó", que alguns textos judaicos antigos interpretavam como símbolo do Messias. Como estudiosos teriam conhecimento de tais textos e, por isso, logo tiveram a sensibilidade do maravilhoso recado do Senhor. A sua sensibilidade espiritual se demonstra, de forma clara, na convicção manifesta quando falaram ao rei Herodes: "onde está o recém-nascido rei dos Judeus". Que extraordinária convicção da revelação divina! Faltam-nos muito essa sensibilidade espiritual e a convicção das verdades por Deus reveladas. Temos que olhar mais para o alto! Há estrelas que o Senhor quer nos exibir com mensagens extraordinárias! Talvez olhamos, mas não vemos nada! A convicção das verdades preciosas, que traz bênçãos indizíveis, depende de um bom conhecimento da Palavra de Deus!.
- A LIÇÃO DA ADORAÇÃO DEVIDA AO SENHOR: "viemos para adorá-lo" (v.2b); "prostrando-se, o adoraram" (v.11a) - Os magos nos dão uma das mais lindas lições que a Bíblia nos fornece sobre o maior privilégio do ser humano, que é a sua própria vocação celestial: adorar corretamente o Senhor. O Senhor deixou claro que o Pai deseja adoradores que O adorem em Espírito e em verdade (João 4:23). Para isso fomos criados. Se o pecado anulou em nós o usufruto desse privilégio, em Cristo ele nos é restaurado. Infelizmente perdemos a visão dessa sublime vocação celestial e exercitamos um cristianismo às avessas, longe das delícias espirituais que a adoração autêntica nos reserva, limitando-nos à vã religiosidade que passa longe da espiritualidade.
- A LIÇÃO DA CONSAGRAÇÃO TOTAL AO SENHOR: "abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra" (v.11b) - É impressionante constatar que os magos vieram supridos, na sua longa viagem, com ofertas valiosas para oferecerem ao Senhor! Abriram os seus tesouros e ofereceram o melhor. Isso nos lembra outra sublime e idêntica lição deixada por Maria, ao ungir os pés de Jesus (João 12:3). Honraram o Senhor, não só através da adoração, mas, também, na disponibilidade de valores excepcionais, como demonstração da total consagração do que possuíam de mais valioso! O ouro simbolizava a "realeza", o incenso a "divindade" e a mirra o "sacrifício". Manifestaram os magos sua completa consagração ao Rei dos Reis, Deus e Redentor! Bom seria que manifestássemos assim a nossa consagração total.
Não há Natal sem Cristo! Não ajamos como o mundo! Celebremo-lo com discernimento espiritual das verdades que a Palavra de Deus nos revela a Seu respeito, nelas firmando a nossa convicção irremovível; devotando-Lhe solene e correta adoração; oferecendo-Lhe total consagração dos tesouros de nossa vida.
Se adotarmos as lições dos magos, a comemoração do Natal terá sentido e glorificará a Deus!