“Grandemente se alegrará o pai do justo e quem gerar a um sábio nele se alegrará”
Provérbios 23:24
Uma das datas bem destacada e festejada no calendário anual é o “dia dos pais”. No Brasil isso acontece no segundo domingo de agosto, em outros países a data fixada é outra, mas o evento não perde a importância.
A celebração nos faz pensar, seriamente, na importância da “paternidade” no contexto da família e da sociedade.
Como diz o texto que encima esta crônica, haverá sempre grande “alegria” quando o exercício da “paternidade” resultar no filho “justo” e “sábio”.
Vivemos época de deplorável comportamento social, como se constata pelas constantes e alarmantes reportagens dos meios de comunicação, em razão das famílias desorganizadas e dos desentendimentos graves no relacionamento familiar dos cônjuges e dos pais com os filhos.
Estamos todos assustados com o grande número de crianças abandonadas, com a notória indisciplina, com o desrespeito generalizado, com a violência e com a delinqüência manifesta. Isso se constata no comportamento da criança, do adolescente e do jovem, no lar, na escola e até nas igrejas.
Os educadores perderam o controle da situação, e se confessam impotentes para cumprir o seu árduo e importante papel no processo da educação e da formação dos mesmos.
Crimes hediondos estão sendo por eles friamente praticados diariamente, inclusive pelos da chamada classe média-alta.
Que lástima! Buscam todos a solução para o problema. Políticos, educadores, religiosos, psicólogos, sociólogos, etc. falam muito e escrevem sem parar, sugerindo soluções que para nada aproveitam, porque estão fora do verdadeiro foco do problema.
Onde está o problema? Sem dúvida na família. O quadro desesperador que se nos depara nessa área tem como origem a falência da família, que, muitas vezes, já começa de modo errado, constituindo-se totalmente fora das condições estabelecidas por Deus.
Tenho a convicção de que a única solução é colocar a família no padrão de Deus, com a irrecusável adoção dos princípios bíblicos na formação da vida familiar.
A família é a base da sociedade e a estrutura da nacionalidade.
A derrocada familiar implica, inevitavelmente, na desgraça da sociedade e da nacionalidade. A alienação de Deus na família, que é o mais importante e solene projeto do Senhor para a sua criatura, anula qualquer esforço humano para pôr as coisas no lugar certo.
Só pela presença de Deus e da Sua poderosa atuação através da correta aplicação da Sua Palavra, a reversão do quadro será alcançada.
E quando se avalia a importância da família na sociedade, temos que encarar a figura do “pai” como o componente de maior importância no seu contexto.
A ele Deus atribui o papel fundamental na boa formação e educação dos filhos. Por isso, vale considerar, quando se festeja o “dia dos pais”, esse aspecto no complexo familiar.
Para Deus ser “pai” é algo sumamente sério e importante. A expressão “Pai”, referindo-se a Deus, aparece 261 vezes no Novo Testamento. Somente no Evangelho de João a encontramos 131 vezes. Contemplamos nesse Evangelho preciosa exposição da amorosa manifestação do amor do Pai, através da fiel atuação do Filho, submisso à Sua soberana vontade.
A Bíblia salienta as responsabilidades que Deus atribui especificamente ao “pai”. Somente pelo cumprimento fiel dos ditames divinos é que o pai exercerá eficientemente o seu papel na boa formação dos filhos, que são a herança do Senhor e o Seu galardão (Salmo 127:3).
Vejamos algumas dessas responsabilidades:
Cumprir o papel de fiel provedor no cuidado e na assistência à família
Efésios 5:29
À semelhança do nosso Pai celestial, que é o nosso cuidadoso e fiel Provedor, cabe ao pai a responsabilidade intransferível de cuidar e prover o lar nas áreas material, moral, social e espiritual. Sempre na dependência indispensável de Deus, deve priorizar o cumprimento dessa responsabilidade, com toda a diligência e dedicação, para que os filhos se tornem uma benção no contexto da sociedade.
Viver a vida comum do lar
1 Pedro 3:7
A ausência do pai na vida comum do lar é grave falha praticada com muita freqüência. Acontece por razões egoístas e de satisfação de interesses pessoais dos pais, em detrimento dos prioritários interesses dos filhos. Traz funestas conseqüências na formação dos filhos. Estes se sentem desamparados, sem segurança e confiança nas suas atitudes e decisões. Acabam por se desorientar no seu comportamento, buscando caminhos próprios que os levam à desgraça, muitas vezes irreversíveis.
Não tratar a esposa com amargura, mas com consideração e dignidade
Colossenses 3:19; 1 Pedro 3:7
Temos aí importantes recomendações de Paulo e de Pedro, que afetam profundamente a boa formação dos filhos. A atitude truculenta do pai em relação à mãe de seus filhos, cria neles sérias barreiras no relacionamento com ele. Perdem toda confiabilidade no pai, vendo nele um carrasco, um déspota, e não o indispensável arrimo para a correta orientação da vida. O resultado é deplorável: a criação de filhos embrutecidos, reproduzindo em sua atitude a violência e o desrespeito à pessoa humana, que aprenderam na reprovável atitude do pai. É o caminho para a fatal delinqüência.
Exercitar corretamente o amor
Efésios 5:25-28,33; Hebreus 12:5-6
Amar não é mera manifestação sentimental, mas imperiosa e constante atitude na sua inescusável condição de chefe da família. Deus é amor. O amor procede de Deus e só os que nascem de Deus e conhecem a Deus têm capacidade de exercitar o amor autêntico (1 João 4:7-8). Por isso, amar é evidenciar Deus através de nossas ações. Esse amor deve ser despido de interesse próprio, espontâneo, sacrificial e pleno. Deve atuar em duas dimensões, no contexto do lar: a) em relação à esposa (Efésios 5:25-28,33); b) em relação aos filhos, sem o descuido do necessário exercício da disciplina que é, acima de tudo, prova de amor (Provérbios 3:12; Hebreus 12:5-6).
Não irritar os filhos, para que não fiquem desanimados
Colossenses 3:21; Efésios 6:4
Infelizmente isso acontece muito e é fator ponderável da deformação do caráter dos filhos, conduzindo-os ao envolvimento inevitável no processo da prática da rebeldia, indisciplina e violência. Quando os pais, levianamente, agem com desconsideração, desprezo, indiferença, injustiça, incoerência de comportamento e outras atitudes como tais, em relação aos seus filhos, os estarão irritando, comprometendo o seu bom futuro e conduzindo-os, inexoravelmente, ao desânimo, favorecendo, afinal, o seu desvirtuamento e anulando-lhes os valores de que naturalmente são possuídos.
Instruir os filhos sistemática, correta e sabiamente, ensinando-os com o próprio exemplo Provérbios 22:6; Deuteronômio 11:18-21
O dever da sistemática, da correta e da sábia instrução que aos pais cabe para a boa formação intelectual, moral e espiritual dos filhos está amplamente definido na Palavra de Deus. O sucesso da vida nacional do povo de Israel se alicerçava nesse procedimento necessário no seio de cada família, que compunha a sociedade israelita. Mas deve-se levar em conta que não se pode ensinar sem antes aprender e praticar o que se ensina. Isso é fundamental para a eficácia da instrução. O exemplo é o meio mais eficaz para a instrução eficiente. Vejam 2 Timóteo 3:14-17.
Preocupar-se com os seus filhos
Salmo 78:3-8
Isso significa que o pai deve sempre estar atento às situações boas, difíceis e embaraçosas dos filhos, pronto a aconselhá-los, aprová-los naquilo que fazem bem, orientá-los naquilo que fazem mal e animá-los. Tal atitude contribuirá, fortemente, para deixá-los prontos a enfrentar as vicissitudes da vida, sem fracassos e desvios de conduta. Como diz o salmista: “para que pusessem em Deus a sua confiança e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos; não fossem... geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante e cujo espírito não foi fiel a Deus” (Salmo 78:7-8).
Conclusão:
Não fiquemos, apenas, a lamentar o quadro medonho e desastroso da sociedade atual. Exercitemos com firmeza e fidelidade o papel que nos incumbe, como pais cristãos, para mudá-lo. Estão com os pais os recursos necessários para que a família possa compor uma sociedade sadia e escoimada das mazelas e das desgraças contundentes que tanto lamentamos. Que não se omitam!