Nós que constituímos a igreja do Deus vivo na terra, estamos vivendo dias difíceis, porém significativos. Por mais de dois mil anos a igreja tem sido uma força poderosa nas mãos de Deus para a salvação das muitas almas perdidas. Todavia, a igreja, no final do século 20, parece ter-se esquecido da grande ordem de evangelização do Senhor Jesus aos Seus discípulos: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc.16:15).
A Bíblia está repleta de declarações que incentivam o povo de Deus para assumir esta responsabilidade. Gostaria de estabelecer alguns princípios fundamentais que a Palavra de Deus ensina, tais como:
- Deveríamos desenvolver a nossa fé no propósito de Deus. ·
- Deveríamos cultivar um amor fervoroso e sincero para com o povo de Deus. ·
- Deveríamos aceitar todos os ensinos da Palavra de Deus. ·
- Deveríamos colocar em prática as verdades que aprendemos.
Obedecendo assim a Palavra descobriremos que os impossíveis dos homens são possíveis para Deus. Estas verdades são suficientes para revitalizar a igreja nesta dispensação da graça e retornar ao vibrante modelo do primeiro século.
DEVERÍAMOS DESENVOLVER A NOSSA FÉ NO PROPÓSITO DE DEUS
Nós estamos vivendo alguns dos anos mais significativos da história do cristianismo. Ninguém pode negar que em breve o nosso amado Salvador voltará para buscar a Sua igreja e que em muitos lugares o cristianismo está crescendo. Contudo, estranhamente muitos membros da igreja de hoje parecem ter perdido a visão do Senhor Jesus que incentivava os Seus discípulos dizendo “vamos a outros lugares ... a fim de que eu pregue também ali” (Mc.1:38).
Alguns dos nossos amados irmãos estão ensinando que estes são os últimos dias, a situação da humanidade é irreversível, o Evangelho não vai avançar mais, então cabe ao povo de Deus preservar o que temos alcançado e esperar a Sua vinda. Tal atitude é inapropriada para um cristão verdadeiro cujo desejo é glorificar seu Salvador. Se os apóstolos que levaram o Evangelho aos confins da terra voltassem após um intervalo prolongado e vissem o apuro no qual entramos, eles ficariam incrédulos. Deus é soberano! Não há limites ao Seu amor e compaixão. Ele salva independentemente dos nossos méritos e esforços. As promessas dEle são infalíveis e dignas de confiança. Veja alguns exemplos da Sua Palavra“
- Aquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém” (Ef.3:20-21)
- “Deus, nosso Salvador ... deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm.2:3-4).
- “O Senhor .. é longânimo, para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2Pd.3:9).
Deus quer que estejamos engrandecendo, elevando e refletindo a glória do nosso amado Salvador através da pregação do Evangelho. Portanto, o que significa para a igreja exaltar o nome de Deus hoje? Significa exaltar, elevar e glorificar o Senhor nosso Deus, crendo unicamente nas Suas promessas com uma confiança inabalável. Que haja em nós a fé que caracterizava o nosso Pai Abraão: “esperando contra a esperança, creu ... e sem enfraquecer na fé ... não duvidou da promessa de Deus, por incredulidade; mas pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que Ele é poderoso para cumprir o que prometera” (Rm.4:18-21).
Que tenhamos a mesma fé da mulher Cananéia cuja atitude impressionou tanto o Senhor Jesus que exclamou: “Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres” (Mt.15:28).
DEVERÍAMOS CULTIVAR UM AMOR FERVOROSO E SINCERO
PARA COM O POVO DE DEUS
Hoje, mais do que nunca, há uma necessidade entre o povo de Deus de um amor verdadeiro e incansável. Como alguém escreveu: “A igreja é uma comunidade de fiéis que demonstram interesse genuíno uns pelos outros” Os cristãos primitivos tinham uma intimidade de comunhão raramente encontrada hoje. Eles “perseveravam unânimes” nela; não apenas na doutrina, não apenas na Ceia do Senhor e na oração, mas também na comunhão. Nós não deveríamos criticar outros irmãos que são membros do corpo de Cristo. Ouçam as palavras dos discípulos privilegiados do Senhor Jesus:
- “Tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos de coração uns aos outros, ardentemente ...” (1Pd.1:22).
- “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus ... aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1Jo.4:7-8).
- “... e também faço esta oração ... que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção” (Fp.1:9).
Irmãos, quanto mais fé tivermos no Senhor Jesus, mais amor teremos para com o Seu povo. O cristão que anda julgando e criticando desnecessariamente outros cristãos desonra o Seu amado Salvador e um dia haverá uma prestação de contas (Rm.14:10). Que haja uma fé inabalável e um amor incansável e sem dúvida teremos as bênçãos que tanto queremos experimentar. Que assim seja!
DEVERÍAMOS ACEITAR TODOS OS ENSINOS DA PALAVRA DE DEUS
Se nós procuramos obter um conhecimento da Bíblia como um fim em si mesmo, isso só nos irá prejudicar. Isso se conforma às palavras de Paulo aos Coríntios: “Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito não aprendeu ainda como convém saber” (1Co.8:1-2). Estar preocupado em adquirir conhecimento como um fim em si mesmo é o caminho direto para um estado de auto-engano complacente. O que eu pretendo fazer com o conhecimento de Deus que vou adquirir?
Há três princípios fundamentais que serão incluídos em todas as mensagens evangelísticas: a condição do pecador, a cruz de Cristo, e o amor de Deus.
■A CONDIÇÃO DO PECADOR - Deus não pode mentir! Ele nunca enganou ninguém. A verdade apresentada na Bíblia não podia ser pior. Os homens se encontram, em face da santa lei de Deus, condenados, desamparados e sem esperança. Por isso cantamos: “eis os milhões em trevas tão medonhas, jazem perdidos sem a salvação”. Leiam as palavras registradas no último livro da Bíblia: “Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles haviam. E foram julgados, um por um, segunda as suas obras. Então a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo”. (Ap.20:13-14).
Se o conhecimento desta verdade não tiver um efeito bem prático em nossas vidas, irmãos, algo está profundamente errado conosco. O seu vizinho, colega, pai, filho ou amigo não são salvos ainda? Até que ponto você se preocupa com a situação deles? A única esperança deles é a gloriosa mensagem do Evangelho.
■A CRUZ DE CRISTO - Que gloriosa e rica verdade! Apesar de toda a nossa depravação e ingratidão, Ele deu uma prova incontestável da nossa necessidade humilhante. Leiam as palavras do Senhor Jesus citadas pelos evangelistas Mateus e Marcos, no lugar chamado Calvário, e medite nelas: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”.
Que nós saibamos e não esqueçamos esta verdade. Para nos salvar e tirar do lamaçal do pecado o Salvador foi ao máximo. Ele foi crucificado e abandonado para que fôssemos salvos. Quase todos os livros da Bíblia apontam para a cruz como sendo essencial na propagação destas boas notícias.
■O AMOR DE DEUS - É quase inacreditável! Alguém tentando expressar esta verdade escreveu: “sublime graça que alcançou um pobre como eu”. Há esperança para os ímpios, injustos, ingratos e insaciáveis. Por motivos incrivelmente difíceis de entender, somos amados incansavelmente por um Deus misericordioso. Na parábola do filho pródigo, o Filho de Deus se regozija de apresentar a prontidão de Seu Pai para receber e abençoar. Não poderia ser mais claro: “E, levantando-se foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou e compadecido dele, correndo, o abraçou e beijou”. (Lc.15: 20).
Concluímos que Deus está ardentemente desejando a salvação dos seus filhos, pais, amigos, vizinhos e colegas. Há festas no céu por um pecador que se arrepende. Veja só! A conversão de um pobre pecador já é motivo de alegria e satisfação nos céus. Que nós tenhamos o mesmo desejo hoje em dia.
DEVERÍAMOS COLOCAR EM PRÁTICA OS ENSINOS QUE APRENDEMOS
Vamos estabelecer uma verdade que a Palavra de Deus ensina nitidamente tanto no Velho quanto no Novo Testamento. É responsabilidade e privilégio de cada cristão verdadeiro de orar para a salvação dos perdidos. Talvez você não tenha o dom de ensinar, evangelizar ou ministrar. Mesmo assim pode e deve orar! Não depende das nossas capacidades, eloqüência, ousadia, experiência ou conhecimento. Exige simplesmente um amor constrangedor ao pecador e muita disposição.
Ouçam as palavras do Salmista: “Os que com lágrimas semeiam, com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes”. (Sl.126:5-6).
O nosso amado Salvador derramou lágrimas quando se aproximou da Sua cidade indo ao lugar chamado Calvário: “Vendo a cidade, chorou, e dizia: Ah! Se conheceras por ti mesmo ainda hoje o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos”. (Lc.19:41-42).
Mas não está oculto aos nossos olhos. Nós conhecemos a Verdade. Sabemos para onde vai o incrédulo. Que haja em nossos corações uma íntima e incansável compaixão por eles. Que assim seja!
(Traduzido por André Renshaw)