Prioridades

"Deixa perante o altar a tua oferta, vai PRIMEIRO reconciliar-te com teu irmão; e então, voltando, faze a tua oferta ..."

Mateus 5:24

No capítulo 4 do Evangelho segundo Mateus, vemos Satanás conduzindo o Senhor Jesus a um alto monte e no capítulo 5 o Senhor Jesus levando Seus discípulos a um alto monte. O diabo mostrou todos os reinos do mundo ao Senhor enquanto o Senhor manifestou o reino de Deus aos Seus discípulos. O diabo apresentou muitos reinos, o Senhor apenas um.  No relatório do evangelista Lucas, ele enfatiza que isto aconteceu “num momento” (Lc.4:5). Ele não queria que o Senhor examinasse cuidadosamente os reinos do mundo para contemplar a crueldade, impureza, injustiça, impiedade, depravação, avareza, tristeza, dor e a morte.

O Senhor Jesus, porém, não estava com pressa quando explicou os princípios do reino do céu. Ele apresenta os cidadãos do reino, as leis do reino, os privilégios do reino, as prioridades do reino, os inimigos do reino e a entrada ao reino. Ele queria que Seus discípulos entendessem perfeitamente as implicações destes ensinos. A repetição deste vocábulo PRIMEIRO revela algumas das prioridades do Seu reino

"Deixa perante o altar a tua oferta, vai PRIMEIRO reconciliar-te com teu irmão; e então, voltando, faze a tua oferta" (Mt.5:24). Reconciliação vem antes da adoração. 

"Buscai, pois, em PRIMEIRO lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas" (Mt.6:33). As coisas espirituais são mais importantes que as materiais. 

"Tira, PRIMEIRO, a trave do teu olho e então verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão" (Mt.7:5). Irmãos espirituais são mais sensíveis que os carnais.

Analisando estas palavras iremos concluir que todos os cidadãos do Seu reino são preciosos. Ele quer que tenhamos um verdadeiro amor para com todos (veja João 13:34). Desobediência aos Seus mandamentos é pecado e por isso não podemos desprezar os nossos amados irmãos em Cristo sem sofrer as conseqüências. É claro que ninguém é perfeito, mas se falharmos teremos que resolver o mais rápido possível. O Senhor Jesus está ensinando aos Seus discípulos (Mt.5:1-2) e os discípulos de Cristo terão todo prazer em obedecer Seus ensinos.

Neste trecho o Senhor fala do privilégio mais alto que possa ocupar o filho de Deus na terra, o de adoração. Estes princípios se aplicam aos dias atuais. Deus procura hoje Seus adoradores, que O adorem em espírito e em verdade (Jo.4:24). Quando o Senhor Jesus foi tentado pelo diabo, Ele lhe disse: “Ao Senhor teu Deus adorareis, e só a ele darás culto  (Mt.4:10).

Fomos salvos para sermos Seus adoradores, mas se não estivermos em comunhão com os outros irmãos em Cristo, não teremos condições de apresentar a nossa adoração. “PRIMEIRO reconcilia-te com teu irmão.”

Repare bem que no contexto o Senhor Jesus não está falando dos irmãos inculpáveis (v 23). Estes irmãos, dos quais Ele fala, têm ofendido outros irmãos e por conseguinte eles “têm alguma cousa contra” nós. Por que será que o Senhor tratou deste assunto no contexto de adoração a Deus? Simplesmente porque a realidade é que enquanto estivermos ocupados com as perfeições do nosso amado Salvador e apresentando a nossa adoração, somos mais sensíveis aos pecados os quais têm ofendido o nosso Salvador e afetado os nossos amados irmãos em Cristo.  É necessário que sejamos honestos e sinceros na presença do Senhor. Podemos enganar aos demais irmãos mas jamais ao Senhor. A nossa adoração não vale nada se não estivermos em comunhão com os nossos preciosos irmãos. Este é o princípio fundamental que o Senhor Jesus ensina em Mateus 5.

QUAL SERIA A SOLUÇÃO?

A Palavra de Deus nos orienta em tudo. O apóstolo João revela a necessidade de uma confissão sincera na presença de Deus. Confessar significa dizer a mesma coisa que Deus diz com respeito ao pecado: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo.1:9).

Uma vez perdoados teremos condições de apresentar a nossa adoração como sacerdotes. Aqui é a primeira prioridade do Sermão do Monte. É essencial que amemos os nossos irmãos e os valorizemos na Obra do Senhor. Se houver necessidade de uma reconciliação não perca tempo, irmão. “Deixa perante o altar a tua oferta, vai PRIMEIRO reconciliar-te com TEU IRMÃO”. Se negligenciarmos, não teremos condições de sermos Seus adoradores em espírito e em verdade.

 


 

 

Portanto, não vos inquietais, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas, pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em PRIMEIRO lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”

(Mateus 6:31-33).

Uma advertência que precisa ser enfatizada é a de que os cuidados deste mundo, a ilusão do conforto, acrescida da cobiça por mais coisas, sufocarão tudo o que Deus puser em nós. Quando o problema não é com alimento, sustento e vestuário, vem sob a forma de dinheiro ou da falta dele; de companheiros ou de falta deles; ou de circunstâncias desagradáveis e difíceis. É uma constante preocupação o tempo todo e, a menos que deixemos que o Espírito de Deus fortaleça os nossos corações contra essas coisas, elas virão como uma inundação.

O Senhor Jesus estava conversando com os discípulos recém-designados quando disse as palavras citadas acima. Eles tinham deixado suas famílias e seus empregos para seguirem ao Senhor Jesus e uma das primeiras lições que aprenderam foi esta: “Eu sou o Pão da Vida; o que vem a mim jamais terá fome; o que crê em mim, jamais terá sede” (João 6:31).

Se tivermos talentos, dons e saúde razoável teremos que usar as nossas capacidades no nosso serviço reconhecendo que Ele tem providenciado tudo. “Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gn.8:22). Ele conhece as nossas necessidades. Mesmo assim Ele quer que as apresentemos como Ele ensinou na Sua oração dominical. “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mt.6:11). Após apresentarmos as nossas petições e súplicas a vontade dEle é inconfundível: “Não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? ... vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas.” (v. 31).
■“Observai”, diz o Salvador, “as aves do céu”. O principal objetivo das aves é obedecer ao princípio de vida que está nelas, e o Criador cuida delas. O que o Senhor Jesus quer dizer é que, se estivermos num relacionamento íntimo com Ele e obedecermos ao Seu Espírito, que está em nós, Deus cuidará das nossas necessidades.
■“Considerai ... os lírios do campo”. O que chama a nossa atenção é o crescimento deles. Muitos se recusam a crescer, conseqüentemente acabam por não lançarem raízes em parte alguma. O Salvador diz que, se vivermos de acordo com a vida que Deus nos deu, Ele cuidará de todas as outras coisas. Quanto tempo levamos aborrecendo Deus com perguntas, quando deveríamos estar completamente livres para nos concentrarmos em Seu trabalho? Consagrar-se significa estar continuamente se separando para determinada coisa. Será que estamos continuamente nos consagrando a buscar a Deus todos os dias da nossa vida?
■“Buscai ... em primeiro lugar, o seu reino ...”. Preocupa-se apenas com uma coisa, diz o Senhor, com o Seu relacionamento conosco. Esta palavra “buscar” tem um significado importantíssimo na Bíblia, como os trechos seguintes revelarão: Mateus 28:5 – “o anjo, dirigindo-se às mulheres, disse: Não temais: porque sei que buscais a Jesus, que foi crucificado”. Marcos 1:37 – “Tendo-o encontrado, lhe disseram: Todos te buscam”. Lucas 15:8: “Ou qual é a mulher que tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la?” Estas pessoas tinham algo em comum. Estavam buscando incansavelmente o objeto desejado e não iriam desistir até encontrá-lo. O “bom senso” hoje grita alto e diz: “Eu tenho que pensar em como vou viver, tenho que pensar no que vou comer e beber”. Mas o Senhor Jesus diz que não, porque somos cidadãos de um outro reino.

ONDE ESTÁ O SEU REINO?

Este mundo tenebroso é governado hoje pelo “príncipe do mundo” (João 14:30), uma referência a Satanás. Mas logo no começo deste Evangelho, Mateus, anunciando o Salvador, disse: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt.3:2). Este é o domínio do céu sobre a terra. João estava preparando o caminho do Senhor, o Rei.

Em Lucas, capítulo 10, o Senhor Jesus envia Seus servos com algumas instruções específicas, dizendo: “Quando entrardes numa cidade e ali vos receberem, comei do que vos for oferecido. Curai os enfermos que nela houver, e anunciai-lhes: A vós outros está próximo o reino de Deus” (Lc.10:8-9). O Senhor Jesus na presença do governador Pilatos, enfatizou a importância da Sua posição, dizendo: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” (Jo.18:36).

Buscar o Seu reino é buscar o Rei. Procurar o Seu reino significa fazer a Sua vontade e glorificá-Lo através da nossa vida, pois Ele é o único que é digno de ser obedecido. O Senhor Jesus queria que Seus discípulos O colocassem em primeiro lugar em suas vidas. Que individualmente saibamos dizer: “convém que Ele cresça e que eu diminua”.

 


 

“Hipócrita, tira PRIMEIRO a trave do teu olho e então verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão ...”

(Mateus 7:5)


Neste trecho em foco vemos a importância de uma auto-análise das nossas vidas individuais. No capítulo 5 o Senhor Jesus analisa a possibilidade de ofender um outro irmão. Aqui no capítulo 7 Ele considera uma outra atitude completamente diferente e mostra como eu posso ajudar em vez de criticar.

O capítulo começa com este aviso solene: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt.7:1). Esta expressão não é uma proibição absoluta e irrestrita ao julgamento ou avaliação de outros. Vários trechos do Novo Testamento mostram que em algumas circunstâncias é necessário e essencial analisar e, se for necessário, condenar o comportamento de uma outra pessoa. Mas o trecho em foco condena a atitude injusta de alguém criticando uma outra pessoa desnecessariamente.

O apóstolo Paulo no tratamento clássico do Novo Testamento apresenta o perigo de tal atitude e a condena dizendo: “Portanto és INDESCULPÁVEL quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque, no que julgas o outro, a ti mesmo te condenas, pois praticas as próprias cousas que condenas. Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade, contra os que praticam tais cousas” (Rm.2:1-2). Escrevendo sua primeira carta aos Coríntios ele explica: “Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por tribunal humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo ... pois quem me julga é o Senhor” (1Co.4:3-4). Ele está afirmando que tinha consciência limpa, mas que o juízo definitivo ficava por conta do Senhor.

O Senhor usa uma ilustração para explicar. Ele apresenta dois irmãos (veja v 3). A visão de um está impedida por um “argueiro”, algo muito pequeno, uma partícula, enquanto a do outro está afetada por uma “trave”. Em ambos os casos estão sendo prejudicados e não conseguem enxergar adequadamente. O argueiro pode ser despercebido, mas não a trave. A pessoa com o argueiro no olho percebe a presença dele e quer que seja removido o mais rápido possível. Portanto, o irmão que tem a trave não a percebe e nem sabe como tirá-la. O Senhor está dizendo que o irmão espiritual que tiver um defeitinho quer que seja resolvido rapidamente enquanto o irmão carnal cujo comportamento é realmente censurável não mostra a mínima preocupação.

“POR QUE? E COMO?”

Ao irmão que tem a trave o Senhor faz duas perguntas, “Por que?” (v 3), e “Como?” (v 4). Analisando os versículos, fica perfeitamente claro o que o Senhor queria saber: 1) Por que você se preocupa com o argueiro dele e não percebe a sua trave? 2) Como ajudaria o teu irmão quando está numa situação pior do que a dele?

A trave representa esta atitude lamentável de querer criticar e julgar outros. No que diz respeito a julgar, o Senhor está dizendo: “Não o faça”. A crítica faz parte das faculdades comuns do homem, mas no campo espiritual, nada se consegue através da crítica. A crítica sempre provoca a destruição dos potenciais daquele que é criticado. O Senhor é o único que está em condições de avaliar e só Ele é capaz de mostrar o que está errado sem magoar ou machucar. Não é possível estar em comunhão com o Senhor quando não estiver em comunhão com os demais irmãos. O espírito crítico nos torna vingativos e duros e nos deixa com a impressão de que somos superiores.

Estes ensinos do Senhor Jesus tocam profundamente em nossos corações. Se eu estiver vendo o argueiro em seu olho, significa que provavelmente algo está errado comigo. Tudo o que vejo de errado em meu irmão, o Senhor o encontra em mim. Todas as vezes que julgo alguém, condeno-me a mim mesmo.

Chega de criticarmos a vida dos outros irmãos. Sempre existe na vida dos outros algumas circunstâncias que não conhecemos. Se você tem tido muita facilidade em descobrir os defeitos dos outros, lembre-se de que essa será exatamente a medida que se aplicará a você.

Romanos 2 aplica esse princípio de uma forma clara e inconfundível, e afirma que aquele que critica o outro é culpado da mesma coisa: “... és indesculpável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas, pois praticas as próprias coisas que condenas. Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade, contra os que praticam tais cousas...” (Rm.2:1-2). Deus não olha apenas para o ato, Ele examina os motivos também e considera as possibilidades.

A grande característica do servo de Deus é a humildade. Que sejamos sinceros e humildes. O Senhor Jesus diz: “Não julgueis, para que não sejais julgados”. Quem dentre nós ousaria apresentar-se diante de Deus, dizendo: “julga-me como tenho julgado os meus irmãos”? Se o Senhor tivesse nos julgado desse modo, estaríamos numa situação realmente difícil.

Temos considerado três prioridades dos ensinos do nosso Amado Salvador. Se obedecermos a primeira estaremos em condições de preservarmos a nossa comunhão com Deus. Colocando em prática, as duas últimas nos darão capacidade para apreciarmos os demais irmãos que são membros do corpo de Cristo e preciosíssimo aos olhos do Senhor. Que o Senhor nos ajude.

 

 

autor: André David Renshaw.