1 Reis 12.6-11, 16-20, 25-33
— O saudoso irmão Luiz Soares , que sem dúvida deixou uma grande lacuna entre nós, em 3/1/2003 nos enviou esta inspirada matéria onde o amado irmão revelava o prejuízo que acarreta as más decisões, que podem levar à perda de identidade, como aconteceu com o povo de Deus no passado que, além de despersonalizado, ficou irremediavelmente dividido. Que sejamos despertados para esse risco. Permita Deus que assim seja!
No estudo dos trechos marcados podemos verificar como as decisões erradas, especialmente tratando-se daqueles que exercem a liderança, embora não excluindo os demais, trazem sérios prejuízos aos outros.
Quantos males caíram sobre a nação de Israel como conseqüência da má decisão dos seus líderes! Para um bom entendimento do assunto, não deve o leitor limitar-se à leitura dos trechos acima, mas ler o capítulo inteiro. Para favorecer o estudo, vamos subordiná-lo às seguintes divisões: 1. A decisão insensata e arrogante de Roboão. 2. A decisão ambiciosa e precipitada de Jeroboão. 3. As lições destes incidentes.
I - A DECISÃO INSENSATA E ARROGANTE DE ROBOÃO (1-18)
1. A RECLAMAÇÃO (1-5)
Notemos, primeiramente, o local da reclamação. Foi em Siquém na região montanhosa de Efraim. Por que ali? Porque Roboão, em hábil manobra política, escolhera aquele lugar para as solenidades da coroação, numa visível tentativa de conquistar a simpatia das tribos do norte. A unidade política do reino nos dias de Davi foi muito custosa. Após a morte de Saul houve guerra civil durante muito tempo (2Sm.3.1) e parece que, mesmo no reino unido, a rivalidade nunca cessou de todo, sendo agravada agora com o descontentamento ocasionado pelo governo de Salomão. Parece ter sido principalmente por essa circunstância, que devia ser do conhecimento de Roboão, que ele concordou em ir a Siquém para receber a coroa.
Notemos, em segundo lugar, os reclamantes. Diz o trecho que eram Jeroboão, filho de Nebate, juntamente com toda a congregação de Israel. Jeroboão estivera asilado no Egito, para onde fugira após a sua revolta contra Salomão e de lá o trouxeram para chefiá-los e representá-los perante o rei. Parece que o povo também premeditara o encontro: “Todo o Israel se reuniu lá para o fazer rei”, mas já haviam chamado Jeroboão. Sem dúvida tudo foi com segundas intenções, tanto da parte do rei, quanto da parte do povo. Tudo aquilo era, portanto, uma astuciosa manobra política. Lamentavelmente, muitas manobras deste tipo têm sido aplicadas em nossos dias por líderes (ou pretensos líderes) cristãos, com inegáveis prejuízos para a obra de Deus.
Notemos, em terceiro lugar, os termos da reclamação: “Teu pai fez pesado o nosso jugo”. Era uma queixa contra os pesados impostos que Salomão instituíra como meio para manter o luxo do seu palácio e a construção de vários outros edifícios igualmente luxuosos e outras obras que conferiam glória exterior ao seu reino. Junto com a reclamação temos: 1. Um pedido: “Alivia tu a dura servidão de teu pai e o seu pesado jugo que nos impôs”. 2. Uma ameaça: “… E nós te serviremos”. Está mais que implícita nestas palavras a ameaça de não servirem ao novo rei caso a sua petição não fosse atendida. Seus intentos revolucionários são claramente manifestados nessa proposta.
Notemos, finalmente, a contraproposta de Roboão: “… Ide-vos, e após três dias voltai a mim”. A complexidade da situação exigia que o rei meditasse maduramente e a contraproposta permitiria a procura de uma situação satisfatória. Mas, estaria Roboão procurando sinceramente essa solução?
2. A CONSULTA (6-11)
Roboão foi consultar as pessoas certas – os velhos conselheiros de seu pai, homens de bom senso e experiência da vida e das complicadas tarefas administrativas da nação. Estes deram-lhe o conselho sensato exigido naquela conjuntura: que falasse ao povo com simpatia, mostrando boa disposição de ajudá-lo, para com isto conseguir sem a mínima dúvida a afeição e a lealdade dos seus súditos.
Porém, os anciãos não responderam o que ele desejava, por isso ele desprezou o conselho deles e foi aconselhar-se com os jovens, seus companheiros de infância. Estes aconselharam-lhe o contrário: que ele desse uma demonstração de rigor e autoridade, prometendo ser muito mais rigoroso do que fora seu pai. Um conselho insensato e muito perigoso, sem dúvida alguma. Mas, aos olhos dos jovens parecia muito melhor do que os conselhos dos anciãos.
3. A DECISÃO (12-15)
Infeliz, arrogante, louca sob todos os pontos de vista foi a decisão de Roboão. Ele consultou aos mais velhos, mas recusou-se a aceitar o conselho deles porque seu coração orgulhoso e perverso já tinha decidido o contrário. Sua resposta confirmou a procedência da queixa do povo – “Meu pai fez pesado o vosso jugo”, e trouxe ameaça de aumentar em grande medida a opressão – “eu ainda o agravarei”.
A figura por ele usada, contrastando “açoites” com “escorpiões” era de fato humilhante para o povo. “Açoite” era uma cinta lisa, de couro e não devia ser nada agradável ser espancado com ela. Muito pior, porém, seria ser vergastado com o “escorpião”, que era um chicote com pontas aguçadas, nas quais eram presas lascas de metal. Tal instrumento era geralmente usado para castigar escravos, e talvez recebeu esse nome porque os seus golpes cortantes doíam como picadas de escorpião.
Em suma, Roboão deu a entender que o seu castigo mais brando seria mais duro do que o mais duro castigo que seu pai pudesse ter infligido ao povo. Se antes era um povo oprimido, agora seria um povo escravizado. Salomão começou muito bem, como somos informados pela Palavra. Mas Roboão começou mal, muito mal, e muito caro pagou pela arrogância, tirania e orgulho que o levaram àquela decisão.
4. O RESULTADO (16-18)
Não podia ser outro senão a divisão do reino. É verdade que esta já estava iminente, mas um pouco mais de bom senso e humildade por parte de Roboão teria evitado a cisão. A independência das dez tribos foi proclamada no v. 16, cujas palavras eram como uma sugestão para que partissem em busca de armamentos e munições e, despedindo-se dos familiares, saíssem à batalha.
Assim, o desentendimento que vinha de longos anos, impedindo uma união absoluta entre as doze tribos, chega agora ao seu auge com o cisma provocado pelos revolucionários, separando dez tribos para constituírem um novo reino. Só Judá e Benjamim ficaram fiéis a Roboão.
Roboão, com a mesma insensatez como respondera ao povo, tentou remediar o mal enviando-lhes Adorão para tentar um acordo. Mas, no posto que ocupava, devia ele ser um dos homens mais odiados da nação e mal chegou foi atacado e morto. O próprio rei teve de fugir para não chegar ao mesmo fim. A sua decisão louca dividiu a nação, separando perpetuamente os irmãos, além de causar a morte de um dos seus oficiais.
II – A DECISÃO AMBICIOSA E PRECIPITADA DE JEROBOÃO (20-33).
1. SUA COROAÇÃO (20)
Notemos, em primeiro lugar a causa aparente. Jeroboão chefiou a revolta sob pretexto de defender o direito e as liberdades populares contra o jugo opressor da coroa. Seria um motivo muito nobre, se fosse verdadeiro. Notemos, ainda, a causa real. Por parte do povo, foi a pesada sobrecarga de impostos, taxas e outras obrigações que teve de suportar nos últimos anos do reinado de Salomão, aliada ao antigo antagonismo contra o sul. Por parte de Jeroboão, foi o egoísmo e ambição que o levaram a precipitar os acontecimentos.
Ele era um moço da tribo de Efraim, de origem humilde, mas inteligente, capaz e enérgico. Essas qualidades fizeram com que Salomão o colocasse como chefe dos trabalhadores na construção da fortaleza de Milo (1Rs.11.26-28). Nessa ocasião, por meio do profeta Aias, Deus prometeu-lhe que dez tribos ficariam sob a sua liderança, como castigo pela infidelidade de Salomão. Prometeu-lhe, ainda, um reinado próspero, estável e abençoado, desde que ele permanecesse obediente e fiel, como fora Davi.
Sabedor deste fato, ao invés de esperar que Deus, no devido tempo cumprisse a Sua promessa, Jeroboão deixou-se dominar pela ambição e tentou armar um movimento de revolta contra o rei, o que lhe custou o desterro no Egito até a morte do monarca (1Rs.11.40). Seu egoísmo e incredulidade levaram-no a tentar conseguir com as próprias mãos aquilo que devia esperar pacientemente até recebê-lo das mãos do Senhor.
É bom que pensemos também no papel do Egito em todos esses acontecimentos. Aquele país concedia asilo a quantos pretendessem os tronos dos países vizinhos, numa tentativa óbvia de tirar partido da situação de desordem que neles pudessem ocorrer em conseqüência de quaisquer revoluções. Por isso acolheu Jeroboão, apoiando-o na sua tentativa golpista.
Com a morte de Salomão, o moço de Efraim vê chegada a oportunidade de concretizar o golpe há tempo premeditado e aproveita-se da situação de desespero do povo para levar a efeito o seu plano. Assim acontece a sua coroação, dando início a uma história de apostasia, violência e vergonha do reino que se chama Israel.
2. SUA REFLEXÃO (25-27)
Ele revelou muita incredulidade ao imaginar que se o povo fosse adorar a Jeová em Jerusalém, acabaria por abandoná-lo e voltar a seguir ao rei de Judá. Jeroboão era um homem absolutamente destituído de espiritualidade, pois do contrário havia de se lembrar que Deus prometera ajudá-lo e protegê-lo se ele permanecesse fiel. Nada havia a temer se ele Lhe obedecesse. Mas não vivendo em comunhão com o Senhor, não podia confiar nEle.
3. SUA DECISÃO (28-33)
Triste, desastrosa decisão! Mandou fazer dois bezerros de ouro, e repetindo textualmente as palavras proferidas no deserto, nos dias de Moisés e Arão, convidou o povo a adorar aquilo e deixar de ir a Jerusalém. Para favorecer o povo, colocou um dos bezerros em Betel e outro em Dã.
Mas o pecado é uma doença que se reproduz em larga escala. Por isso, Jeroboão continuou os seus desatinos, criando um sistema de culto que tivesse alguma semelhança com o culto de Jeová. Assim, construiu santuários, constituiu sacerdotes do povo e não da tribo sacerdotal, marcou dias de festa “a seu bel-prazer”, tudo para consolidar a separação. A divisão religiosa tornaria desnecessária a ida do povo a Jerusalém e garantiria a divisão política.
O resultado de sua decisão arrastou o povo inteiro à apostasia, que foi-se degenerando em idolatria e imoralidade até chegar o juízo severo de Deus que levou Israel ao cativeiro (2Rs.17).
III – AS LIÇÕES DESTES INCIDENTES
1. PARA OS JOVENS
Notemos, primeiramente, o perigo da autoconfiança. Esta é uma tendência humana que não está ausente nos mais velhos, mas é muito mais acentuada nos jovens. Estes, por excesso de confiança em si mesmos, tendem a desprezar os mais velhos por julgá-los desatualizados e incapazes. Foi esse sentimento que levou Roboão a procurar o conselho dos seus amigos mais jovens, e estes a dar-lhe o conselho oposto ao que havia recebido dos mais velhos.
Se Roboão tivesse acatado a decisão dos anciãos, teria evitado a tragédia da divisão do povo. Para todos nós, jovens ou não, é importante basearmos as nossas decisões em Provérbios 3.5-7 … “Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal”; e Romanos 12.16 … “Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos”.
Notemos, a seguir, o perigo das más companhias. Maus companheiros são maus conselheiros. Roboão não escolheu, por certo, companheiros sensatos, espirituais, que pudessem, em momentos críticos como aquele, dar-lhe conselhos sábios. Eles “haviam crescido com ele”; eram portanto, seus companheiros desde a infância, tendo exercido grande influência na formação do seu caráter. Cuidado, jovens, com as más companhias, pois elas, conscientes ou inconscientemente, exercem grande influência em suas decisões.
Para jovens ou maduros, a melhor companhia é a daqueles “que, de coração puro, invocam o Senhor” (2Tm.2.22).
Notemos, finalmente, o perigo da irreverência. A sociedade moderna é muito irreverente para com os mais velhos, e o jovem crente deve lembrar-se de que lhe cumpre evitar essa atitude desrespeitosa para com os seus pais, os anciãos da igreja e as pessoas mais velhas de modo geral. Nosso exemplo neste sentido não deve ser o de Absalão, Adonias, Roboão e outros de quem a Bíblia nos fala, mas o próprio Senhor Jesus, que foi sempre submisso e obediente (Lc.2.48-52 com 1Pe.5.5). Uma decisão nobre que todo jovem deve tomar, é a de seguir fielmente estes conselhos.
2. PARA OS MAIS VELHOS
É dever destes aproximar-se dos jovens, dialogar com eles, mostrar interesse na solução dos seus problemas, estimular as suas iniciativas quando são dignas. Antes de criticá-los com azedume devem lembrar-se de que também já passaram por aquela idade e tiveram as mesmas tendências.
Devem demonstrar sempre um espírito pacífico e amorável no trato com os mesmos e também reconhecer a necessidade e utilidade do elemento jovem no trabalho de Deus, procurando aliar a sua maturidade, experiência e prudência ao entusiasmo e dinamismo dos jovens. Devem cultivar uma comunhão cada vez mais íntima com Deus a fim de que possam influir para que eles tomem as suas decisões no temor do Senhor.
Sou um servo idoso e, no pleno temor de Deus, sem receio de ferir suscetibilidades, posso dizer que os servos idosos têm o dever de examinar-se a si mesmos e verificar se não há por detrás de tudo algum sentimento negativo quando surgem problemas no trato com os jovens. É possível que, até imperceptivelmente, uma raiz de ciúme ou inveja nos mova a agir em defesa própria.
Lembremo-nos de que somos humanos e, portanto, falíveis, e não nos deixemos dominar pelo espírito de Faraó e Herodes, quando quiseram, cada um no seu tempo, eliminar os meninos que viessem a nascer, para com isto sentirem-se mais seguros em seus tronos. Que Deus nos guarde a todos nós disso!
3. PARA A IGREJA
A arrogância e o espírito frívolo de Roboão, e o egoísmo, a ambição incontrolável e o oportunismo incrédulo de Jeroboão tornaram-nos responsáveis pela vergonhosa divisão do povo de Deus. Foram decisões tremendamente desastrosas. Não vamos abordar as divisões denominacionais, sem dúvida lamentáveis, mas as vergonhosas divisões que, visíveis ou veladas, acontecem entre certos obreiros e certas igrejas locais que se ufanam em “seguir os princípios bíblicos”.
A divisão é sempre um fator de enfraquecimento e derrota e devemos fazer todo o esforço possível para evitá-la. Quantas igrejas perdem o seu testemunho e se arrastam em longos anos de inatividade, ou de atividade absolutamente estéril por causa do espírito individualista, prepotente e separatista de um, alguns, ou muitos dos seus membros! Mas a igreja não pertence a um indivíduo nem a um grupo, nem a uma família. E não devemos permitir que haja política de indivíduos, de grupos ou de famílias perturbando a paz e a harmonia da igreja de Deus. Por detrás de cada divisão está Satanás, o maior interessado nelas.
Fato muito triste, mas muito real em alguns lugares é a existência de uma igreja de jovens outra de velhos reunindo-se no mesmo lugar. Que direito temos nós, de assim dividir a Igreja de Deus? O tão decantado “choque de gerações” existe no mundo, mas não deve de forma alguma existir na Igreja! Nesta, devem estas diferenças desaparecer, predominando o fato de que jovens ou velhos crentes constituem-se na “Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade” (1Tm.3.15), e devem todos, como membros do corpo de Cristo, unir os seus esforços cada um na capacidade conferida por Deus para o bem desse corpo (1Co.12.12-13 como Rm.12.3-8).
Cuidado com as “conveniências”! O ímpio Jeroboão, sob pretexto de proporcionar conforto e conveniência para o povo praticar a sua religião, afastou-o de Deus. Muitas igrejas estão indo a Betel e a Dã. Estão, por exclusiva conveniência, elaborando os seus próprios sistemas à revelia da Palavra de Deus. A sã doutrina é a única coisa que convém à Igreja. A verdade de Deus não tem sucedâneos, e nós não devemos, a título de comodidade ou conveniência, deixar-nos comprometer com as imitações baratas que nos rodeiam em número cada vez maior.
Aos anciãos das igrejas cabe vigiar para evitar a entrada desses males e ensinar a praticar as verdades da Palavra com piedosa dedicação e genuíno amor. Se assim não tomarem as suas decisões na liderança do rebanho do Senhor, ficarão responsáveis pelos fracassos do Rebanho perante o Sumo Pastor (1Pe.5.1-4).
E aos membros das Igrejas cabe receber docilmente essa orientação, lembrando-se de que os seus guias são responsáveis diante do Senhor pela execução da árdua tarefa que lhes foi confiada (Hb.13.7,17).
4. PARA OS CRENTES
As decisões de Roboão e Jeroboão devem alertar-nos contra o perigo da insinceridade de motivos. O primeiro podia justificar a sua ação alegando zelo pelo princípio de autoridade, coisa tão necessária para a manutenção da ordem nacional, enquanto o outro podia justificar-se com a alegação de estar defendendo os direitos de um povo humilhado e oprimido.
A verdade, porém, é que ambos eram egoístas, arrogantes, prepotentes e ambiciosos. Como se vê, pretextos muito bons podem esconder motivos muito maus. Contra esta tendência muito humana devemos exercer severa vigilância. Não devemos tomar as nossas decisões motivadas por ambição, egoísmo ou vaidade, e muito menos tentar esconder esses motivos com pretextos exteriormente justificáveis. Sinceridade e pureza de motivos devem caracterizar as nossas decisões.
Por outro lado, devemos nos precaver contra o perigo da conformidade com o mundo. Roboão ouviu o conselho da gente moderna e levou a nação à ruína. Tomemos cuidado para que as nossas decisões não sejam influenciadas pelas concepções sociais vigentes que, embora largamente aceitas, são condenáveis à luz da Palavra de Deus.
Os “quebradores de tabus” continuam muito ativos. Cuidado com eles! Nem tudo o que é considerado normal no mundo deve ser assim considerado pelo crente. Nem tudo o que é antigo é necessariamente mau, e nem tudo o que é moderno é necessariamente bom. Os eternos padrões divinos de santidade, pureza e justiça são insubstituíveis e não há sistema social ou religioso que possa superá-los.
Finalmente, pensemos na necessidade de uma consciência esclarecida. Nunca nos esqueçamos de que somos responsáveis pelos resultados das nossas decisões, e que elas têm, muitas vezes, repercussão muito maior do que possamos imaginar. Anos atrás Deus avisara o povo do que lhe aconteceria se O abandonassem, trocando-O por um rei humano, mas eles insistiram na sua decisão (1Sm.8.8-20) e a previsão do Senhor foi inapelavelmente cumprida, ficando sobre eles toda a culpa.
O fato de ter o texto sagrado afirmado que “este acontecimento vinha do Senhor” (vv. 15, 24) não exime nem a Roboão, nem a Jeroboão de suas culpas. A soberania de Deus não destrói de forma alguma a responsabilidade humana. Deus havia decidido, como medida disciplinar contra Salomão, a tirar dez reinos de Roboão e entregá-los a Jeroboão, e a este havia dado ciência disto. Porém, Ele não mandou que Jeroboão agisse por conta própria para conseguir o reino, nem ainda que fizesse o povo pecar adorando o bezerro e participando de uma religião elaborada à revelia do Senhor. Tampouco ordenou Ele a Roboão que rejeitasse o conselho dos anciãos e desse ao povo uma resposta tão insolente. A eles coube a responsabilidade pelos acontecimentos trágicos ocasionados pelas suas insensatas decisões. A responsabilidade pelas nossas decisões é nossa, e de mais ninguém.
Procuremos, portanto, tomar decisões sábias, que possam trazer bênção e edificação espiritual. Evitemos aquele espírito de animosidade que perturba a paz e a harmonia da igreja. Fortaleçamo-nos “no Senhor e na força do Seu poder” (Ef.6.10) a fim de que o inimigo não se prevaleça de certas situações para impedir o progresso do trabalho de Deus. O Egito sempre acolhia os dissidentes porque aguardava oportunidade para tirar proveito das lutas internas que enfraqueciam a nação. Satanás usa a mesma técnica. Vigiemos, pois, para que ele não alcance sobre nós essa vantagem.
Sejamos todos suficientemente humildes para reconhecer as nossas falhas e buscar, na graça do Senhor os recursos para colocarmos as coisas em ordem.