Deus usa homens para a realização de Seus propósitos. Em Ezequiel 22:30 Ele diz: “Busquei entre eles um homem...”.
O método de Deus é esse. Deus criou o homem para usá-lo na realização de Seus propósitos. O pecado do homem criou embaraços a esse propósito divino, mas Deus tem realizado o Seu plano de redenção do homem, através de Jesus Cristo, para restaurá-lo e capacitá-lo a essa finalidade suprema (Efésios 4:11-12; Atos 1:8).
Como posso saber para qual trabalho Deus me chama?
I. MOTIVAÇÃO CERTA
1. Não se chega à convicção correta da vontade do Senhor para o nosso envolvimento na Sua Obra através de atitudes românticas ou de mero idealismo: simples entusiasmo sentimental não basta para definir a nossa decisão.
2. A motivação certa provém do seguinte:
- Conhecimento profundo do que temos em Cristo e a respeito do que muitos outros ainda não ouviram (1Coríntios 2:1-2).
- Consciência da responsabilidade evangelística. Paulo demonstra esse aspecto na sua própria atitude (1Coríntios 9:16; Romanos 1:14). Essa consciência decorre do valor da alma alheia (Marcos 8:36-38).
- Um propósito firme (Daniel 1:8). O propósito firme precede o sucesso. Temos isso no exemplo de Paulo (Romanos 15:20, 2Corintios 10:15-16).
- Paixão pelas almas perdidas. Temos o claro exemplo de Jesus Cristo (Mateus 9:35).
3. Muitos crentes acham que devem sentir um “toque” especial que defina a chamada do Senhor. Um pouco de reflexão nos mostra que a decisão é algo que acontece naturalmente como decorrência de termos as condições acima enumeradas. Disse Mitchell: “Não posso levar as almas para mais perto de Cristo do que estou”. O cristão se torna missionário como resultado natural de sua relação pessoal com Cristo. O chamado do Senhor a todo o cristão já foi claramente feito pelo Senhor quando nos comissionou antes da Sua ascensão (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Atos 1:8). Um missionário que passou cinqüenta anos trabalhando no Congo e cujo serviço missionário fora rico e frutífero, em vibrante testemunho, afirmou que nunca estivera cônscio de qualquer chamamento missionário íntimo especial. Simplesmente lera a ordem clara de Cristo: “Ide”. Sabia que ao crente cumpre obedecer. Entregou-se a Cristo, preparou-se e foi à África. Seguiu-se uma longa e útil carreira missionária. Ele obedeceu a Deus!
II. O EXEMPLO DE PAULO
Desde a sua conversão Paulo sabia:
- Que fora escolhido para conhecer a vontade de Deus (Atos 22:14).
- Que sua missão era entre os gentios (Atos 22:21; Gálatas 2:8; Atos 26:17-19).
- No fim da sua vida testemunhou a respeito (2Timóteo 4:7).
III. A PROMESSA DO SENHOR
“Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho” (Salmo 32:8). É uma promessa clara do Senhor, na qual devemos descansar para a orientação de nossos passos a serviço do Senhor. O telefone nos dá uma boa orientação a respeito. A voz pode estar clara, mas se a pessoa é surda ou está preocupada e distraída com alguma coisa, não ouvirá a mensagem. Temos que ter o coração preparado para sermos sensíveis à orientação do Senhor.
O Dr. Georges Peters sugere os seguintes pontos de preparação:
- Seu corpo é sacrifício vivo e santo a Deus? (Romanos 12:1-2).
- Há pecado conhecido a toldar a sua visão espiritual? (Efésios 1:18; Colossenses 1:9).
- Há planos seus e preferências pessoais a impedir? (Salmo 25:9).
- Está obedecendo a Deus com boa vontade nas coisas menores da vida cotidiana, obedientes a Deus e às autoridades humanas? (Lucas 19;17; 1Samuel 15:22).
- Está pronto a ir a qualquer lugar e fazer o que Deus manda? (Jó 15:14).
- Fixe o costume de estudo bíblico e meditações e orações diárias (Josué 1:8).
- Fixe o costume de esperar que o Senhor dirija cada passo em sua vida (Provérbios 3:6).
- Sature-se com a Palavra da Deus, especialmente no que diz respeito a Seu propósito para a sua vida e para a Sua Igreja (Salmo 119:104-105).
- Estude as necessidades espirituais do mundo de hoje (João 4:35).
- Trabalhe em intercessão pelo trabalho de Deus em toda a parte (Mateus 9:37-38).
- Ore com regularidade e com fervor para que Deus lhe torne clara a Sua vontade (Salmo 143:8).
- Confie no Senhor, que lhe mostrará a Sua vontade com certeza (Salmo 37:5).
IV. PARA NOS MOSTRAR A SUA VONTADE, DEUS PODE SE SERVIR DE:
- Instrumentalidade humana (Atos 11:25-26; 13:1-3).
- Relatórios missionários e estudos dos diversos campos (Atos 14:27).
- Uma crise espiritual (Isaías 6:1-9).
- Razão e preconceito lógico. Certo servo de Deus, muito experiente, disse: “Mesmo na simples base do bom senso, eu me via chamado a ser missionário. Porque se o reino de Deus é uma seara, então achei razoável ir trabalhar onde havia mais serviço e menos trabalhadores”.
V. A CHAMADA DE PAULO À MACEDÔNIA
Atos 16:6-12 não nos ensina a esperar uma visão específica dos céus, no que diz respeito à chamada para serviço de Deus, mas é exemplo interessante da vocação particular, direcionada, no seu pleno desenvolvimento, pelo Senhor, a uma atitude determinada:
- Paulo já estava em obediência ao mandato de Cristo (estava na primeira viagem missionária).
- Portas foram fechadas diante dele (o Espírito Santo impediu que fosse a Bitínia).
- Indicação de Deus de uma região necessária.
- Conclusão baseada no “raciocínio controlado por Deus” e não apenas no sentimento.
- Obediência imediata.
- Resposta ativa.
VI. INDICAÇÕES QUE PROVAM SE O CHAMAMENTO É DE DEUS
Sugestões do Dr. Georges Peters:
- A chamada de Deus está de acordo com o plano geral de Deus delineado na Bíblia?
- Suas circunstâncias poderão se adaptar a isso que parece ser a direção de Deus?
- O Espírito Santo continua a testemunhar-lhe que esta é a vontade de Deus?
- Você ainda se sente chamado quando não existe o desafio de aventura?
- Se for chamado a um campo insignificante, estará pronto para ir?
- Se nenhum outro atender ao apelo, ainda assim estará pronto para atendê-lo?
- Está pronto a pagar qualquer preço?
- Tem simplesmente a impressão que você deve ir a um certo campo ou já tem a convicção profunda a esse respeito?
- A chamada já teve tempo de ficar amadurecida em sua vida?
VII. A CHAMADA E A IGREJA
O ensino neotestamentário é claro no sentido em que a chamada será, também, sempre sensível à igreja local (Atos 11:22; 14:26-27; 13:1-3). É a convicção da igreja local que legitima o chamado do servo de Deus.