Merece confiança o Novo Testamento (2)

LIVROS EXTRABÍBLICOS

Será que outros livros ou escritos dos primeiros séculos da nossa era confirmam o que o NT diz?

A) Escritos de autores gentios

1) Thallus – Na História da Grécia ele faz referência à escuridão que aconteceu nos primeiros anos de nossa era e que corresponde a Mateus 27:45 e a Lucas 23:44;

2) Atas de Pôncio Pilatos – Apesar destes escritos não existirem mais, Justino Mártir, dirigindose ao Imperador romano Antonio Pio, pede-lhe para verificar as atas de Pilatos, informando dos milagres feitos pelo Senhor Jesus;

3) Mara Bar-Serapião – Este sírio, escrevendo a seu filho, diz que a queda de Jerusalém (em 70 d.C.) era um castigo aos judeus porque tinham rejeitado e crucificado a Jesus Cristo;

4) Suetônio – Em sua Vida de Cláudio, fez menção às más colheitas no reinado deste Imperador, o que a Bíblia menciona em Atos 11:28;

5) Tácito – Este historiador fala do incêndio ocorrido em Roma, provocado por Nero, que culpou os cristãos, submetendo-os a castigos cruéis, sendo eles inocentes, e fala também da execução de Jesus Cristo pelo procurador Pôncio Pilatos, em dias do Imperador Tibério;

6) Plínio, o Jovem – Este governador da Bitínia escreveu ao Imperador Trajano, pedindo o conselho ao rei sobre como deveria tratar os cristãos que proliferavam em sua província. Faz referência aos seus costumes, cultos e doutrinas, afirmando a Divindade de Jesus Cristo.

B) Escritores judeus

1) Mishnah e Talmud – Os rabinos, com a destruição de Jerusalém, decidiram que, para não serem esquecidas ou deturpadas as tradições orais e suas interpretações, deviam ser coligidas. Resultou na Mishnah.

O Talmud é composto pela Mishnah com escritos dos rabinos de Jerusalém e da Babilônia. A Mishnah é um código de leis. O Talmud contém os comentários a respeito.

Fazem referência à destruição de Jerusalém, à crucificação de Cristo (considerado um herege), aos milagres feitos pelo Senhor Jesus e dizem que Ele não tinha vindo para destruir a lei, mas para ampliá-la.

2) Josefo – Este historiador, no seu livro “As Antiguidades dos Judeus”, confirma muitos escritos bíblicos:

a) A dramática família de Herodes;

b) Pilatos, Félix e Festo, procuradores da Palestina;

c) A família dos sumos sacerdotes Anás, Caifás e Ananias;

d) A sublevação de Judas, o Galileu, citada em Atos 5.37;

e) A morte de João Batista e de Herodes (Atos 12.19-23);

f) Fala de Cristo, um homem sábio, de Seus ensinos e daqueles que O seguiam, de Sua crucificação e de Sua ressurreição.

C) Escritores cristãos não bíblicos

1) Papiros de Oxyrhynchos – Escritos antes de 170 d.C., contêm textos paralelos aos do NT e outros não;

2) Papiros de Bell e Skeat – Foram escritos antes de 150 d.C. e contêm fragmentos de um evangelho;

3) Epístola de Barnabé – Escrita aproximadamente em 100 d.C.;

4) A Didaquê – Resume os escritos dos doze apóstolos, escrita em 100 d.C.;

5) A Epístola de Clemente – Escrita em 96 d.C. e dedicada aos coríntios. Além de fazer referência à vida do Senhor Jesus, faz citação de vários livros do NT, comprovando que foram escritos no primeiro século;

6) A Epístola de Ignácio – Escrita em 115 d.C., fazendo menção a vários livros do NT;

7) A Epístola de Policarpo – Escrita em 120 d.C., dedicada aos filipenses e fazendo menção a vários livros do NT.

A DATA DOS LIVROS DO NOVO TESTAMENTO

É impossível determinar a data exata de cada livro, mas, quanto mais antigos eles sejam, mais podemos crer em sua autenticidade e no que nos dizem.

a) Se o livro foi escrito a um grupo de pessoas em determinadas circunstâncias, estas mesmas circunstâncias são aproximação à data.

Consideremos o caso de Paulo, ele estava no cárcere e envia saudações a determinadas pessoas e podemos cotejar as tais experiências com a vida de Paulo narrada em Atos dos Apóstolos.

Atualmente, aceita-se que Paulo escreveu desde 48 d.C. até 60 d.C., isto é, de 18 a 30 anos após o ministério do Senhor Jesus. Ainda viviam muitas das pessoas a quem Paulo se refere e, se seus escritos fossem falsos, estas pessoas reclamariam, mas trata-se de testemunhas oculares;

b) Temos ainda o testemunho do apóstolo Pedro acerca dos escritos de Paulo. Leia-se 2 Pedro 3.15-16;

c) Ainda nos escritos de Paulo vemos a descrição da vida moral e espiritual do Senhor Jesus Cristo contada em traços mais detalhados nos evangelhos. Paulo cita as próprias palavras de Cristo, embora ele não tivesse andado com o Senhor Jesus; isto é sinal de uma tradição oral que circulava nas igrejas ou já na existência de algum evangelho;

d) Se um livro na sua narrativa termina de uma forma abrupta, supõe-se que o escritor terminou ali porque estava escrevendo no mesmo instante que o fato estava acontecendo. Por exemplo, Lucas deixa a narração de Atos abruptamente, estando Paulo no cárcere em Roma.

OS MANUSCRITOS

Existem cerca de 5.400 manuscritos antigos do NT. Alguns são apenas fragmentos e outros, textos completos. Catalogar e classificar estes manuscritos têm sido uma obra fantástica à qual se têm dedicado alguns cristãos.

Mas podemos afirmar que todo este material constitui uma evidência da autenticidade do NT e é aproximadamente cem vezes maior do que a autenticidade que pode ser provada de qualquer obra literária da antiguidade.

Os mais completos e mais antigos datam do século quarto. São o Código do Vaticano e o Código Sinaitico (conservado no Museu Britânico).

Mas existem livros ou fragmentos que foram escritos no terceiro século. Existe um fragmento de João 18:31-32 que foi descoberto no Egito e data de 30 a 35 anos de sua redação original, além dos manuscritos encontrados nas cavernas de Qumram, cuja datação feita por vários papirólogos é de 50 a 75 d.C. e um deles refere-se a Marcos 6:52-53.

O CÂNON E SUA FORMAÇÃO

Nosso NT é composto de 27 livros escritos por 7 ou 8 pessoas a quem Deus lhes deu esta responsabilidade, muitos dos quais foram “testemunhas oculares” do que estavam escrevendo. Por que estes livros fazem parte do Cânon Neotestamentário? E por que outros, escritos provavelmente antes, não fazem parte dele?

Lucas, na introdução de seu evangelho deixa bem claro que outros cristãos tinham feito relatos do início do cristianismo (Lucas 1:1).

O que fez com que as igrejas aceitassem uns para fazer parte do Cânon e rejeitassem outros para não fazerem parte dele? Alguns destes livros foram aceitos imediatamente, enquanto que outros demoraram a serem aceitos.

Houve muito rigor na escolha destes 27 livros. Não foi uma “igreja” que resolveu adotá-los, mas as igrejas espalhadas pelo mundo é que, dirigidas pelo Espírito Santo, os aceitaram concordemente.

Estes livros contêm informações históricas sobre a vida e obra do Senhor Jesus e de Seus apóstolos; cartas escritas pelos servos do Senhor e que, sendo convertidos, tinham crido em Cristo Jesus como seu Salvador; por fim, o Apocalipse é uma Revelação que nos fala dos juízos de Deus sobre a cristandade, sobre Israel e sobre o mundo inteiro, mostrando-nos, no fim, a introdução ao Estado Eterno.

Os manuscritos originais não chegaram até nós, pois estavam escritos em papiro muito fino e não puderam resistir à ação do tempo. Apesar disto, possuímos mais de 1.400 manuscritos do NT; deste, completo, 40; dos evangelhos, mais de 60; dos Atos e das epístolas, mais de 200; das epístolas de Paulo, 300; do Apocalipse, perto de 100.

Trata-se de cópias que foram feitas a partir dos originais, enquanto estes existiam.

E, quando houve as perseguições contra os cristãos, Decio e Deocleciano, imperadores romanos, tinham o cuidado de destruir todos os exemplares que caíam em suas mãos. Inclusive, Deocleciano mandou fazer uma medalha comemorativa com a seguinte inscrição: “Extincto nome Christianorum”, isto é “Extinguiu-se o nome dos cristãos”.

O fato de termos o NT é um milagre. Outro milagre é a sua difusão.

Cumprindo a ordem do Senhor Jesus de Mateus 28:18-20, evangelistas saíram por todo canto anunciando a mensagem do Evangelho. Inicialmente, espalhavam a Palavra através de interpretações orais; quando começaram as primeiras cópias, houve encarregados, chamados leitores, nas igrejas, para ler e explicar as Escrituras aos crentes reunidos.

No século III, Crisóstomo escreveu que o evangelho de João já estava traduzido para o aramaico, o siríaco, o egípcio, o hindu; na mesma época foi traduzido para a língua gótica. No século V, a Bíblia foi traduzida para o armênio; no século VI, para o georgiano; no século VII, para o persa, hindu e chinês; no século IX, para o eslavo, de onde saíram o russo, o polaco e outras línguas da região; no século X, para o árabe e para o anglo-saxão; no século XII, para o provençal.

Em 1284, para o espanhol; em 1380, John Wycliffe a traduziu para o inglês; em 1455, deu-se a maior difusão da Bíblia, pois ela foi impressa pela primeira vez por Johannes Gutenberg em alemão; em 1471, em italiano; em 1475, em flamengo; em 1477, em holandês; em 1847, em francês.

No século XV a Bíblia já tinha sido traduzida para 24 idiomas e 8 dialetos. No princípio do século XIX, havia 64 versões da Bíblia. A partir daí a atividade missionária aumentou muito e as Sociedades Bíblicas traduziram a Bíblia para muitas outras línguas.

No início do século XX, havia 116 versões da Bíblia, além de outras porções bíblicas, num total de 458 línguas.

Em 1810, imprimiram-se 64.000 exemplares da Bíblia; em 1830, 434.000 exemplares; em 1830, um milhão; em 1875, dois milhões; em 1900, quatro milhões; em 1952, 23 milhões; no ano de 2000, dois bilhões.

Nenhum dos grandes escritores clássicos ou regionais teve suas obras traduzidas para tantas línguas; quem teve mais, não chegou a 40 idiomas e nenhum teve esta tremenda quantidade de exemplares sendo impressos.

Atualmente, segundo informações recebidas da Sociedade Bíblica do Brasil, que tem a Gráfica da Bíblia, ela imprimiu 6.500.000 Bíblias; no Brasil foram vendidas 11.000.000 Bíblias; a China, um país ateu e comunista, imprimiu 12.000.000 de Bíblias; a Bíblia está atualmente traduzida para 2.544 línguas e dialetos, sendo que conhecem-se 7.000 línguas e dialetos espalhados pelo mundo. Portanto, ainda há muita tarefa a se fazer para atingir a ordem de Mateus 28:1920.

E assim formou-se o Cânon Neotestamentário, isto é, a relação dos 27 livros considerados como a segunda parte da Palavra de Deus.

CONCLUSÃO

Uma das razões pelas quais nos foi concedido o Dom do Espírito Santo está relacionado com a Palavra de Deus.

O Espírito Santo levou os escritores a escreverem-na. O Senhor Jesus Cristo disse: “O Espírito Santo, a Quem o Pai enviará em Meu Nome, Esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (João 14:26).

Assim, pois, podemos confiar no Cânon Neotestamentário porque é a “Escritura que não pode falhar” (João 10.35), é a Palavra do “Deus que não pode mentir” (Tito 1:2).

Toda a Escritura é inspirada por Deus” (2 Timóteo 3.16), isto é, todo o conteúdo tanto do AT quanto do NT, saiu da boca de Deus, é o hálito de Deus.

Livros consultados: The New Testament Documents, are they reliable?, de F. F. Bruce, La Biblia: Un milagro, Autor Desconhecido

autor: Ramón Jané Amill.