Há, ainda, homens santos de Deus?

 

 

“Eliseu tinha prevenido a mãe do menino que ele havia ressuscitado: Saia do país com sua família e vá morar onde puder, pois o Senhor determinou uma fome nesta terra, que durará sete anos. A mulher seguiu o conselho do homem de Deus, partiu com sua família e passou sete anos na terra dos filisteus”

2 Reis 8:1-2

 

Vivemos uma crise de “homens de Deus” em nossos dias. Há títulos para todos os cargos eclesiásticos, mas em nenhum deles encontramos “homem de Deus”. Se por um lado é bastante desalentador, por outro é tranquilizador, pois o que seria dos cristãos compromissados com Deus, se a grande maioria que povoa as igrejas assim se intitulasse! Claro que muitos “homens de Deus” já pisaram nesta terra depois de Eliseu, e há os que ainda vivem espalhados em nossos dias.

Uma das características do “homem de Deus” é a sua mensagem. Ela deve ser bebida diretamente na fonte que é Deus e como tal, uma nascente pura.

Quando a mensagem é transmitida dentro desta perspectiva, uma vez recebida e crida pelo ouvinte, ela terá seu pleno cumprimento transformando-se em bênçãos. Assim foi a mensagem de Eliseu inserida neste texto, e que serviu de alavanca no coração da mulher. Vale a pena recordar sua história:

A mulher, cujo nome não foi registrado, conhecida apenas por Sunamita devido a sua origem, vivia com seu marido, sem filhos, hospedeira do profeta Eliseu quando de passagem por Suném, sua cidade. Viu nele o “santo homem de Deus” (2 Reis 4:9), e para oferecer-lhe melhor acolhida, sugeriu ao marido a construção de um aposento provido de uma cama, mesa, cadeira e lamparina. Que boa apreciação para com o profeta, quanto carinho! Sem dúvida, Eliseu ficou impactado por tamanho cuidado, e colocou-se à sua disposição para suprir suas necessidades. Sua pronta resposta foi de que “estava bem entre sua própria gente”. Em outras palavras disse que de nada tinha falta. Entretanto, o servo de Eliseu atentou para o detalhe que ela não era mãe, e prontamente o profeta disse-lhe que daria a luz um filho, o que de fato ocorreu. Mais tarde, quando a criança já crescera, veio a adoecer e morrer, sendo ressuscitada pelo profeta. E no versículo que encabeça o nosso comentário, ela volta para sua cidade depois de sete anos, quando a fome deixou de existir, para reaver suas terras.

O “homem de Deus” deve ter uma palavra confiável. O exemplo desta mulher é deveras surpreendente, pois ao ouvir o conselho para ausentar-se de sua cidade devido à fome que viria, não pensou duas vezes:“Eliseu tinha prevenido a mãe do menino que ressuscitara: Saia do país com sua família e vá morar onde puder, pois o Senhor determinou uma fome nesta terra, que durará sete anos. A mulher seguiu o conselho do homem de Deus, partiu com sua família e passou sete anos na terra dos filisteus” (2 Reis 8:1-2).

A carência de “homens de Deus” em nossos dias tem produzido uma quantidade enorme de pessoas que não dão valor, quando os poucos que ainda restam lhes advertem com base nas Escrituras. Muitas vezes viram as costas, zombam de suas palavras, e pagam um alto preço em desobedecê-las.

A Sunamita prontamente deu crédito às palavras do “homem santo de Deus” que a aconselhou a mudar-se com sua família. Não apresentou argumentos, ou suas dificuldades em deixar a propriedade que lhe pertencia, o conforto de seu lar, e não duvidou de que a fome viria, pois a informação vinha de fonte confiável.

O que ganhou em obedecer de imediato? Após sete anos voltou para requerer do rei sua propriedade, que por certo a confiscou pelo abandono, ou ainda, reivindicar de terceiros que se apoderaram dela. E a resposta do rei veio sem demora, ordenando ao seu oficial: “Devolva tudo o que lhe pertencia, inclusive toda a renda das colheitas, desde que ela saiu do país até hoje" (2 Reis 8:6). Quando se obedecem às instruções ordenadas por Deus através de Sua palavra, não há o que perder. As bênçãos são inumeráveis.

Quantas lágrimas seriam evitadas e a enormidade de sofrimento deixaria de existir, se muitos dessem ouvidos à voz de Deus que nos vem por Sua Palavra, ou pelos Seus servos, os “homens de Deus”.

Ainda há esperança. É possível revertermos este quadro tão desalentador no meio do povo cristão. Para os que estão na liderança das igrejas, busquem subsídios na Palavra e se esforcem para serem “homens santos de Deus”. Há nela recursos inesgotáveis. O exemplo de Timóteo vem à tona nestas linhas: Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino.Não negligencie o dom que lhe foi dado por mensagem profética com imposição de mãos dos presbíteros.Seja diligente nestas coisas; dedique-se inteiramente a elas, para que todos vejam o seu progresso.Atente bem para a sua própria vida e para a doutrina, perseverando nesses deveres, pois, fazendo isso, você salvará tanto a si mesmo quanto aos que o ouvem” (1 Timóteo 4:13-16). Quer modelo ideal de um “homem santo de Deus”?

As qualidades de Timóteo não são extraterrestres, mas de homens de carne e osso, e que tem problemas estomacais, muitas vezes! Elas são possíveis, sim, em nossos dias tão tumultuosos, com setas apontando para todas as direções, menos direcionadas à Palavra de Deus. Quantos deixaram o “seu primeiro amor”, e os anos de júbilo de uma nova vida em Cristo ficaram distantes, tão distantes, que ninguém mais vê “um homem santo de Deus”. Eis a razão porque igrejas estão morrendo, e vidas estão distantes, com sede de uma palavra confiável vindas dos lábios de “um homem santo de Deus”.

Que nossos olhos vejam “homens santos de Deus”, pois a carência é tremenda, tocando o coração dos crentes, restaurando-lhes a confiança e pautando todos por um viver de obediência à Palavra, para pleno sucesso na vida cristã.

Que assim seja!

autor: Orlando Arraz Maz.