07/01/1917 – 25/12/2007
Transcrito por autorização especial da Escola Bíblica Emaús ©
CAPITULO 8
O SACERDÓCIO DE TODOS OS CRENTES
No princípio indicamos sete grandes verdades a respeito da igreja. A sétima e última grande verdade é que todos os crentes são sacerdotes de Deus. Cada igreja local deveria testemunhar esta verdade recusando o reconhecimento de qualquer outro sacerdócio, e animando todos os crentes a exercerem os privilégios e responsabilidades deste cargo sagrado, tanto individual como coletivamente.
UM CONTRASTE
No Velho Testamento lemos que a Lei de Moisés separou a tribo de Levi e a família de Arão para serem os sacerdotes da nação (Êxodo 29:9). Estes homens usavam vestes diferentes, tinham privilégios especiais e constituíam uma casta à parte entre Deus e a congregação de Israel. Só eles podiam entrar no lugar santo e oferecer os sacrifícios prescritos pela Lei.
No cristianismo é tudo diferente. Todos os crentes são sacerdotes segundo o ensino do Novo Testamento:
- “Vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pedro 2:5);
- “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9);
- “Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos fez reino, sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele seja glória e domínio pelos séculos dos séculos. Amém” (Apocalipse 1:5-6).
Martinho Lutero seriamente lutava pela verdade de que o sacerdócio é privilégio de todos os crentes. Ele escreveu: “Todos os crentes são, indistintamente, sacerdotes, e que seja anátema assegurar que há outro sacerdote senão o que é cristão; porque será dito sem base na Palavra de Deus, sem nenhuma autoridade salvo as afirmações humanas ou na antiguidade das tradições ou na multidão dos que assim pensam”.
NOSSOS SACRIFÍCIOS
Entre as importantes funções de um sacerdote está a de oferecer sacrifícios. No Velho Testamento os sacrifícios normalmente consistiam em imolar animais. Em contraste, hoje as ofertas do crente são:
- O sacrifício do seu corpo (Romanos 12:1); não um sacrifício morto, mas “vivo, santo e agradável”, oferecido exclusivamente a Deus;
- O sacrifício de bens materiais: “Mas não vos esqueçais de fazer o bem e de repartir com outros, porque com tais sacrifícios Deus se agrada” (Hebreus 13:16);
- O sacrifício de louvor: “Por ele, pois, ofereçamos sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hebreus 13:15). Este sacrifício de louvor deve ser tanto individual como coletivo. Este último, o louvor coletivo em que os crentes gozam de liberdade para tomar parte na adoração pública, foi praticamente eliminado e substituído pelos cultos estereotipados e controlados dos nossos dias. Disto resulta uma geração de sacerdotes mudos – um estado de coisas nunca contemplado nas Escrituras.
OUTROS DEVERES SACERDOTAIS
Entre os outros deveres dos sacerdotes se incluem a oração, o testemunho para glória de Deus e o cuidado do Seu povo. Portanto, os crentes deviam estar praticando continuadamente este serviço sagrado. Eric Sauer diz: “O ensino de todas as Escrituras sobre este assunto (Romanos 8:14, Gálatas 5:18; João 16:13), revela que deve ser praticado em toda a nossa vida, de manhã até a noite, e em todo dia da semana, não só no domingo. Certamente não se limitam ao princípio e ao fim das reuniões da igreja, como os cultos de adoração, de estudo bíblico ou de oração, mas abrangem toda a vida do crente, tanto dentro como fora dos lugares das reuniões, sejam eles salas, salões, capelas ou edifícios. Neste sentido pleno da palavra, todo o povo de Deus do Novo Testamento é “um sacerdócio real e uma nação santa” (Êxodo 19:6; 1 Pedro 2:5-9)”.
NOSSO GRANDE SUMO SACERDOTE
Embora seja verdade que todos os crentes são sacerdotes, também é certo que cada crente precisa de um Sacerdote. Esta necessidade lhe é suprida plenamente no Senhor Jesus Cristo. A Epístola aos Hebreus apresenta Aquele abençoado como o nosso Grande Sumo Sacerdote, Um que pode se compadecer das nossas fraquezas, porque, como nós, “em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hebreus 4:15).
O QUE FEZ A CRISTANDADE
Cada igreja local deveria então reconhecer o Senhor Jesus como seu Grande Sumo Sacerdote, e cada crente como um sacerdote santo e real. Será isto que encontramos na cristandade hoje em dia? Ao contrário, descobrimos que a igreja voltou ao sistema sacerdotal do judaísmo. Enquanto professam que creem no sacerdócio de todos os crentes, muitas igrejas montaram um sacerdócio próprio distinto, em grande parte baseado no sistema mosaico. Assim vemos uma classe de homens separada para o culto divino, uma hierarquia de funcionários da igreja com títulos grandiosos que os distingue dos leigos, e vestes especiais para separar estes homens como se fossem de uma ordem diferente.
Além disso, a igreja emprestou do judaísmo conceitos como edifícios consagrados com os seus altares elaborados, adornos eclesiásticos, objetos materiais para ajudar o culto, um ritualismo impressionante que apela para os sentidos naturais e um calendário religioso com os seus dias santos e épocas.
Acerca desta mistura atroz de judaísmo e cristianismo, o Dr. C. I. Scofield escreve: “Podemos afirmar seguramente que a adoção de costumes e práticas do judaísmo têm feito mais para impedir o seu progresso, perverter a sua missão e destruir a sua espiritualidade do que todas as outras causas juntas. Em vez de prosseguir no seu caminho da separação do mundo que lhe é indicado, e seguir o Senhor segundo a sua vocação celestial, a igreja tem usado passagens das Escrituras que só dizem respeito aos judeus, para justificar o rebaixamento deste seu propósito para uma civilização mundana, aquisição de fortuna, construção de igrejas magníficas, invocação da bênção de Deus sobre os conflitos de exércitos, e divisão da fraternidade cristã em clérigos e leigos”.
O QUE DEVE SER FEITO
Será que Deus não chama o Seu povo hoje para separar-se desta religião de símbolos e tipos, para achar a sua suficiência no Nome do Senhor Jesus? Somente uma igreja assim estará preenchendo completamente a sua parte no sacerdócio geral do Novo Testamento que é, segundo Erich Sauer:
- Uma igreja local com reuniões de oração bem assistidas, cheias do Espírito Santo;
- Uma igreja local com membros que auxiliam praticamente e cooperam com os servos do Senhor na seara mundial;
- Uma igreja local com atividade enérgica e perseverante na disseminação do Evangelho, mediante a distribuição de folhetos, testemunho pessoal e, sempre que possível, reuniões ao ar livre;
- Uma igreja local com um ambiente espiritual de amor cordial onde cada crente procura ajudar os outros com cuidados mútuos e caridade num espírito de oração, considerando-se uns aos outros para se estimularem em amor e boas obras.
- Em uma igreja assim as reuniões e cultos também estarão sob a direção do Espírito Santo, e os dons do Espírito Santo, como distribuídos pelo próprio Senhor, serão desenvolvidos na variedade escolhida por Deus, em comunhão fraternal, na dependência de Cristo, portanto na liberdade santa do Espírito (1 Coríntios 12:4-11; 14:26). E quando a igreja se reúne em volta da mesa do Senhor louvando o sacrifício sacerdotal no Gólgota, a adoração sacerdotal subirá até ao Santuário celestial assim coroando o privilégio do sacerdócio geral da igreja”.
CONCLUSÃO
Com este capítulo, concluímos o assunto do sacerdócio e dos sete pontos vitais acerca da igreja universal que cada igreja local devia retratar e praticar. Desnecessário é dizer que outras verdades poderiam ser mencionadas, mas estas são suficientes para mostrar que a igreja local deve ser a réplica ou miniatura de tudo o que diz respeito ao corpo místico de Cristo no seu todo.
Nota da Redação: Promovam este excelente curso por correspondência que é editado pela Escola Bíblica Emaús. Entrem em contato com o irmão Warren Brown pela Caixa Postal 464, Franca-SP, 14400-970, telefone (16) 3703-1034 ou e-mail: wjbrown@com4.com.br">wjbrown@com4.com.br