Cristo Amou A Igreja - 06

07/01/1917 – 25/12/2007
Transcrito por autorização especial da Escola Bíblica Emaús ©

CAPITULO 6
A DISCIPLINA NA IGREJA

Se for para a igreja local ser uma réplica precisa da igreja de Deus, ela tem que testemunhar uma quinta verdade vital. A Igreja de Deus é santa. Mas como pode demonstrar isto na prática?

A PREVENÇÃO É MELHOR QUE A CURA

Em primeiro lugar, deverá ser feito pelas vidas piedosas dos que estão a ela associados. Isto é fundamental, pois Deus deseja santificação prática (1 Tessalonicenses 4:3). É por isto que as verdades da igreja não recebem um delineamento isolado e distinto em qualquer seção do Novo Testamento. Ao invés disso, são achadas em muitos lugares diferentes e são entremeadas com instruções práticas sobre o modo santo de viver do cristão. O Senhor não quer pessoas que são apenas corretas externamente em sua vida na igreja, mas aquelas cujas vidas são testemunho da verdade.

Com essa finalidade a igreja local deveria prover um abundante ensino da Bíblia. Esta instrução não deveria consistir em meros apanhados daqui e dali, mas de ensino consecutivo e sistemático da Palavra de Deus. Só assim os santos vão receber toda a Palavra na forma equilibrada que Deus a deu. Embora o ensino sadio e sistemático tenha um bem definido efeito preventivo no que diz respeito ao pecado em uma igreja, inevitavelmente toda igreja local terá a responsabilidade de tomar ações disciplinadoras. Sempre que o pecado entra para afetar a paz da igreja ou o seu testemunho dentro da comunidade, deve-se entrar em ação. O julgamento deve “começar pela casa de Deus” (1 Pedro 4:17).

RAZÕES PARA AGIR

A ação disciplinar tem dois principais propósitos: (1) expor e expelir da comunhão os que se dizem cristãos, mas na realidade não foram regenerados – tais pessoas são como é descrito em 1 João 2:19; (2) punir um crente que comete erros de tal modo que provoque a sua restauração ao Senhor e à igreja local. A disciplina de cristãos nunca é uma finalidade em si mesma, mas sempre um meio de efetuar a recuperação espiritual.

GRAUS DE DISCIPLINA

O Novo Testamento descreve vários graus de disciplina. No caso de um irmão que peca contra outro, tal pessoa deveria ser primeiro tratada em particular. Se ele não der ouvidos, então uma ou duas outras pessoas deveriam ir ter com ele. O fracasso em ouvir este testemunho coletivo resulta em ser trazido diante da igreja. Se esta última ação falhar, ele deverá ser considerado como gentio e publicano (Mateus 18:15-17).

Outra forma de disciplina é a admoestação (1 Tessalonicenses 5:14). Deve ser empregada no caso de um irmão insubordinado, isto é, um que recusa a se submeter aos que estão sobre ele no Senhor. Lemos que duas classes de pessoas deverão ser evitadas: um homem que anda desordenadamente (2 Tessalonicenses 3:11,14-15), e os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina (Romanos 16:17).

O que anda desordenadamente é alguém que se recusa a trabalhar, e há outros que criam divisões entre o povo de Deus a fim de atrair partidários e obter lucro material. Um herege deve ser rejeitado depois da primeira e segunda admoestação (Tito 3:10). Existe a forma extrema de disciplina: a excomunhão da igreja (1 Coríntios 5:11, 13). Esta é reservada para quem é sexualmente imoral, cobiçoso, idólatra, injuriador, alcoólatra ou extorsivo.

A IMPORTÂNCIA DA EVIDÊNCIA APROPRIADA

Na questão de disciplina uma importante consideração é verificar com certeza que o caso é tratado corretamente com base em evidência segura. Os princípios gerais que se aplicam nesta consideração estão claramente definidos no seguinte resumo.

“... Nunca deveríamos nos permitir formar, muito menos expressar e agir num julgamento sem o testemunho de duas ou três testemunhas. Não importa quão confiável e moralmente segura alguma testemunha venha a ser, isso não constitui base suficiente para uma conclusão. Podemos estar convencidos em nossas mentes que a coisa é verdadeira porque foi afirmada por alguém em quem temos confiança, mas Deus é mais sábio que nós. Pode ser que a única testemunha seja completamente justa e verdadeira, que ela nunca iria dizer uma mentira ou dar falso testemunho contra qualquer um, tudo isso pode ser verdade, mas temos que nos ater à regra divina: “Da boca de duas ou três testemunhas será estabelecida toda palavra”.

Tomara que isto fosse atendido mais diligentemente na igreja de Deus! Seu valor em todos os casos de disciplina, e em todos os casos que afetam o caráter ou reputação de qualquer um, é incalculável. Antes que uma igreja chegue a uma conclusão ou aja em conformidade com o julgamento em qualquer caso determinado, deveria insistir em receber a evidência apropriada. Se ela não aparece, todos devem esperar em Deus – esperar com paciência e confiança que Ele certamente vai suprir o que for necessário.

Por exemplo, se há algo amoral ou erro doutrinário em uma igreja de cristãos, mas só é conhecido a uma pessoa, ela tem toda a certeza e está perfeitamente convencida do fato, profundamente e completamente, o que fazer? Espere em Deus para um testemunho adicional. Agir sem isto é infringir um princípio divino colocado vez após vez com toda a clareza possível na Palavra de Deus.

A única testemunha deve se sentir entristecida ou insultada porque não foi tomada alguma ação com base no testemunho dela? Seguramente não! Na verdade ela não deve esperar tal coisa, aliás, ela não devia se adiantar como testemunha até poder confirmar o seu testemunho pela evidência de uma outra testemunha ou mais. A igreja deve ser considerada indiferente porque recusa a agir tendo testemunho de uma só testemunha? Não, ela estaria agindo claramente em desobediência tendo em vista o comando divino para que assim o fizesse.

Que se tenha em lembrança que este grande princípio prático não é limitado em sua aplicação a casos de disciplina ou questões concernentes somente a uma igreja local, pois é de aplicação universal. Nunca nos devemos permitir formar um julgamento ou chegar a uma conclusão sem a medida de evidência divinamente designada; se não surgir, e for necessário julgarmos o caso, Deus vai, no devido tempo, fornecer a evidência requerida. Conhecemos o caso de um homem que foi acusado falsamente porque o acusador baseou sua declaração na evidência de um dos seus sentidos; caso tivesse se dado ao trabalho de obter a evidência de mais um ou dois dos seus sentidos, ele não teria feito a declaração ...”.

COMO ADMINISTRAR A DISCIPLINA

Outro aspecto deste assunto que merece consideração cuidadosa é a maneira pela qual a disciplina é levada a cabo. Por exemplo, deveria ser realizada com espírito de mansidão, “e olha por ti mesmo, para que também tu não sejas tentado” (Gálatas 6:1). Também, deveria ser estritamente imparcial. O fato que um malfeitor está ligado a nós por laços de parentesco, por exemplo, nunca deveria influenciar a nossa decisão do assunto. Não se deve fazer acepção de pessoas (Deuteronômio 1:17; Tiago 2:1).

No caso de excomunhão, ela deverá ser uma ação da igreja e não de qualquer indivíduo (2 Coríntios 2:6). Recorremos novamente a C.H. Mackintosh a respeito do espírito no qual esta forma de disciplina deveria ser efetuada: “... Nada pode ser mais solene ou comovente do que o ato de afastar uma pessoa da Mesa do Senhor. É o último ato triste e inevitável da igreja inteira e deveria ser executado com corações quebrantados e olhos chorosos. Ah, com que frequência acontece o contrário! Com que frequência este dever mais solene e sagrado toma a forma de um simples anúncio que tal pessoa está fora de comunhão. Não é de se admirar que essa disciplina, executada assim, não tem força sobre a pessoa envolvida, nem à igreja. Como então deve ser executada a disciplina? Exatamente como mandado em 1 Coríntios 5. Quando o caso é tão patente, tão claro, que toda a discussão e toda a deliberação se esgotaram, a igreja inteira deveria ser convocada solenemente com o propósito especial, pois, seguramente, é de gravidade e importância suficiente para merecer uma reunião especial.

Todos deveriam, se possível, comparecer e buscar a graça para si, curvar-se diante de Deus em verdadeiro julgamento próprio e comer a oferta pelo pecado. Não se convoca a assembléia para deliberar ou discutir. O caso deveria ser investigado completamente e todos os fatos ajuntados por aqueles que cuidam dos interesses de Cristo e da Sua igreja; quando for completamente estabelecido e a evidência perfeitamente concluída, então a igreja inteira é chamada para executar, em profunda tristeza e humilhação, o ato triste de afastar de entre eles aquele fez o mal. É um ato de obediência santa ao mandado do Senhor ...”

Finalmente, não deveria ser necessário enfatizar que os cristãos não devem difundir o pecado dos seus irmãos aos de fora, mas sim cobri-los com uma capa bondosa de segredo quanto ao pecado e à sua disciplina.

CONCLUSÃO

Somente na medida em que a igreja toma ação resoluta quando for achado pecado em seu meio, pode ela esperar manter seu verdadeiro caráter como a miniatura do santo templo de Deus. Talvez se deva acrescentar aqui que o Novo Testamento assume que cada crente está vinculado a uma igreja local: do contrário ele estaria livre da disciplina de qualquer igreja, e tal liberdade poderia estar cercada com os mais graves perigos para o indivíduo.

Nota da Redação: Promovam este excelente curso por correspondência que é editado pela Escola Bíblica Emaús. Entrem em contato com o irmão Warren Brown pela Caixa Postal 464, Franca-SP, 14400-970, telefone (16) 3703-1034 ou e-mail: wjbrown@com4.com.br">wjbrown@com4.com.br

autor: Warren Brown.