Cristo Amou A Igreja - 03

07/01/1917 – 25/12/2007
Transcrito por autorização especial da Escola Bíblica Emaús ©

CAPITULO 3
A VERDADE ACERCA DO CORPO MÍSTICO DE CRISTO

A primeira verdade que a igreja local tem a responsabilidade de testemunhar é que há um só corpo. Como podem os crentes dar testemunho deste fato hoje?

1. QUE NOME DEVE SER ADOTADO?

Talvez a maneira mais fácil seja não adotarem nomes que os separem de outros crentes. Na igreja de Corinto, alguns diziam que eram de Paulo, outros de Apolo e outros de Cristo. Ao que Paulo responde com veemência: “Está Cristo dividido?” (1 Coríntios 1:10-17).

Nos nossos dias há cristãos que estão divididos em denominações e adotam nomes de países ou de guias religiosos ou, ainda, formas de governo eclesiástico. Todos os que fazem isso negam a unidade do Corpo de Cristo.

O ensino das Escrituras é claro e revela-nos que os filhos de Deus só devem ser conhecidos pelas nomenclaturas que lhes são dadas na Bíblia: crentes (Atos 5:14); discípulos (Atos 9:1); cristãos (Atos 11:26); santos (Efésios 1:1); e irmãos (Tiago 2:1).

Talvez a coisa mais difícil para a vida do cristão seja a de usar a simples identificação de “crente”. Atualmente a grande maioria sente que deve pertencer a alguma igreja organizada e levar outro nome diferente do que está determinado na Bíblia. Quem recusar ser conhecido por qualquer nome que não seja o de um filho de Deus sofrerá repreensão até de outros cristãos e será sempre um enigma na sociedade. Contudo, como podem os crentes proceder de modo diferente e serem consistentes?

Mas é evidente que não basta ter somente uma identificação segundo as Escrituras. É demais possível ater-se estritamente à linguagem bíblica e ainda ser sectário em espírito. Por exemplo, em Corinto alguns diziam: “Eu sou de Cristo” (1 Coríntios 1:12). Talvez se orgulhassem da correção do nome pelo qual se designavam, mas na realidade queriam dizer que eles eram de Cristo com a exclusão dos outros verdadeiros crentes. Paulo achou-os em falta da mesma maneira como os que se diziam leais a si ou a Apolo.

2. QUE DIREMOS SOBRE AS DENOMINAÇÕES?

Quando se expressam dúvidas sobre o grau de obediência às Escrituras exercido pelas denominações, é comum objetar-se que o Senhor tem ricamente abençoado algumas das grandes divisões ou seitas da igreja. Aceitando essa verdade, não deveríamos esquecer que a bênção do Senhor não indica que todos os detalhes têm a aprovação divina. Ele honra a Sua própria Palavra embora muitas vezes a transmissão seja feita com bastantes falhas e imperfeições. Se Deus só abençoasse o que é feito perfeitamente não haveria bênção. Portanto, o fato de um grupo qualquer ter visto a mão de Deus operar no seu meio, não quer isto dizer que Ele aprove tudo o que esse grupo faz. A mensagem é sempre maior que o mensageiro.

A atitude do Senhor para com as divisões na igreja é claramente revelada em 1 Coríntios 3:4... “Porque, dizendo um: eu sou de Paulo; e outro; eu de Apolo; porventura não sois carnais?”As divisões na igreja acarretam grandes males. Criam barreiras artificiais que prejudicam a comunhão; limitam o movimento dos homens de Deus talentosos cujo ministério deveria estar disponível a toda a igreja (3 João 9-10); confundem as pessoas do mundo, levando-as a perguntar: “Qual é a igreja que está certa?”

Em seu famoso trabalho “A Oração do Senhor para os Crentes”, Marcus Rainsford escreveu: “Creio que as seitas e as denominações são o resultado do esforço do diabo para corromper e impedir, tanto quanto possível, a união visível da Igreja de Deus; todas elas têm a sua raiz no nosso egoísmo e orgulho espiritual, em nossa pseuda-autossuficiência e pecado”.

Mais adiante, exclama: “Que Deus nos perdoe pelas nossas divisões e as corrija! Nada dá mais oportunidade ao mundo de fora para nos atacar do que as diferenças entre os que se declaram ser cristãos. As disputas e as contendas entre homens e mulheres de diferentes seitas e denominações da igreja visível de Deus têm sido sempre um dos maiores obstáculos do mundo. Em vez do mundo, ao ver isso, ser compelido a confessar: “Vejam como estes cristãos se amam mutuamente!”, o mundo tem frequentemente tido razão ao dizer: “Vejam como acham defeitos entre si, vejam como se julgam entre si, vejam como se espinafram entre si”!

3. A VERDADEIRA UNIDADE

Os crentes que resolvem testemunhar sobre a unidade do corpo de Cristo encontram grande dificuldade em apartar-se de todas as divisões existentes na igreja e, ao mesmo tempo, cultivar um espírito amável para com todo o povo de Deus.

C. H. Mackintosh, o apreciado autor das “Notas sobre o Pentateuco”, escreveu: “A grande dificuldade é combinar um espírito de intensa separação com um espírito de boa vontade, nobreza e autodomínio, ou como alguém disse: “manter um círculo fechado com um coração aberto”. Isto é realmente difícil. Como a manutenção da verdade de forma rígida e intransigente tende a reduzir o círculo em nossa volta, todos nós precisamos da força expansiva da boa vontade para manter o coração aberto e as afeições calorosas. Se contendermos pela verdade sem boa vontade, daremos apenas um testemunho unilateral e nada atraente. Se, por outro lado, procurarmos mostrar boa vontade em prejuízo da verdade, isso ao fim provará ser apenas a manifestação de uma familiaridade popular à custa de Deus – algo sem valor algum”.

W. H. Griffith Thomas expressou o mesmo pensamento no seu livro “Vida e Obra Ministerial”: Que os princípios sejam firmemente estabelecidos na rocha inconfundível da verdade divina, mas permitindo que a compreensão seja exercida tão largamente quanto possível a todos os que procuram viver e trabalhar para Cristo. Jamais esquecerei as palavras do grande e virtuoso bispo Whipple, de Minnesota, o chamado ‘apóstolo dos índios’, como as ouvi numa ocasião memorável em Londres: ‘Por trinta anos tenho procurado ver o rosto de Cristo naqueles que diferem de mim’.

A mostra visível da unidade do corpo de Cristo não se realiza por meio dos vários concílios ecumênicos sobre os quais tanto se ouve em nossos dias. Tais uniões, concílios ou federações somente têm sucesso quando comprometem as grandes verdades das Escrituras, as congregações cristãs negam o Senhor quando se unem aos que repudiam o nascimento de Cristo de uma virgem, a Sua natureza humana sem pecado, a Sua morte substitutiva, a ressurreição de Seu corpo, a Sua ascensão e exaltação, e o Seu regresso.

A verdadeira base da unidade cristã é a devoção comum a Cristo e à Sua Palavra. Quando a Sua glória é o maior desejo dos nossos corações, então também nos sentiremos atraídos uns para os outros e assim será atendida a Sua oração: “Para que sejam um como nós somos um” (João 17:22).

Como Griffith Thomas disse: “Tem sido observado frequentemente que quando a maré está baixa ficam na praia pequenas poças d’água aqui e ali, separadas por grandes intervalos de areia, e é só quando a maré enche e a todos submerge em seu grande abraço é que aquelas poças se juntam e tornam-se uma só unidade. Assim terá que ser, assim acontecerá com as infelizes separações de coração, ‘nossas infelizes divisões’; a grande maré do amor de Deus fluirá cada vez mais funda e mais cheia em cada uma e em todas as nossas vidas, e no oceano daquele amor se realizará o ideal divino de amor, gozo e paz para todo o sempre”.

Enquanto isso, a responsabilidade das igrejas locais é procurar manter o testemunho da unidade do corpo de Cristo nesta época em que a maior parte da cristandade só serve para negar tal unidade. Elas podem fazer isto mediante a admissão dos seus companheiros crentes em espírito, princípio e prática.

Nota da Redação: Promovam este excelente curso por correspondência que é editado pela Escola Bíblica Emaús. Entrem em contato com o irmão Warren Brown pela Caixa Postal 464, Franca-SP, 14400-970, telefone (16) 3703-1034 ou e-mail: wjbrown@com4.com.br">wjbrown@com4.com.br

autor: Warren Brown.