07/01/1917 – 25/12/2007
Transcrito por autorização especial da Escola Bíblica Emaús ©
CAPITULO 15
A RESPONSABILIDADE DO CRENTE PERANTE A VERDADE
Nos capítulos anteriores tratamos da igreja, tanto no seu aspecto universal como local. Procuramos descobrir os princípios que devem reger a igreja tal como são ensinados no Novo Testamento, e compreender a simplicidade, o zelo e a espiritualidade da igreja nos tempos apostólicos. Agora trataremos da pergunta: Como se pode aplicar isso aos crentes nos dias atuais?
1 - A IGREJA HOJE
Para podermos responder a pergunta formulada, é necessário olharmos, primeiramente, para o estado da igreja nos nossos dias. Por todos os lados constatamos apostasia, falha e ruína.
Existem vastas organizações eclesiásticas reunindo riquezas materiais e influência política, mas geralmente destituídas de poder espiritual. Encontramos o denominacionalismo e o sectarismo reclamando a lealdade e o apoio dos seus adeptos, contudo apresentando um aspecto falso e pervertido da igreja. Notamos que a igreja nas suas reuniões ocupa-se com uma liturgia sem vida e um ritualismo que amortece a alma, oferecendo ao povo sombras em vez de Cristo.
Vemos um sistema clerical que reduziu o leigo médio em um sacerdote mudo, se não em uma simples máquina automática operada com dinheiro. Encontramos igrejas arrolando salvos e perdidos, uns verdadeiros crentes e outros sem qualquer união vital com o Salvador vivo. Finalmente encontramos igrejas que se deixam corromper pelo fermento do modernismo substituindo a mensagem da Graça Redentora por um evangelho social.
2 – A NECESSIDADE DE SEPARAÇÃO
Se perguntarem o que deve fazer o verdadeiro crente que se acha nessa situação, só há uma resposta: Separe-se dela! Siga avante até Ele fora do arraial! A Palavra de Deus é intransigente, sem dó nem piedade, em sua insistência que os crentes se afastem de qualquer forma de mal – eclesiástica, doutrinária ou moral: “Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? ou que comunhão tem a luz com as trevas? Que harmonia há entre Cristo e Belial? ou que parte tem o crente com o incrédulo? E que consenso tem o santuário de Deus com ídolos? Pois nós somos santuário de Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo Poderoso” (2 Coríntios 6:14-18).
É em vão argumentar que o verdadeiro crente deve permanecer numa igreja corrompida para ser porta-voz de Deus lá dentro. Meyer comenta: “Não há um único herói ou santo, cujo nome brilha nas páginas inspiradas, que tenha corrigido o sistema corrupto em seu tempo a partir de dentro: todos, sem exceção alguma, têm levantado o grito: “Saiamos do arraial”!”. O homem que entra no mundo para levantar o seu nível logo estará abaixo do seu nível anterior. A posição mais segura e forte é fora do arraial. Arquimedes disse que podia mover o mundo, se apenas lhe fosse dado um ponto de apoio fora dele. Do mesmo modo um pequeno número de servos de Deus também pode influenciar o sistema no seu tempo, se apenas se assemelharem a Elias, cuja vida foi gasta completamente fora da jurisdição da corte e do mundo nos seus dias.
Macintosh declara: “Para todos os que argumentam a favor de continuarem numa posição eclesiástica que sabem ser errada, o profeta Samuel responde enfática e poderosamente: “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros” (1 Samuel 15:22)”.
3 – E AGORA?
Mas falta responder a pergunta: Que há de fazer a pessoa depois de ter obedecido à injunção bíblica: “Saí do meio deles”? Em resposta, podemos sugerir o seguinte plano bíblico:
- Reunir-se em simplicidade cristã com um grupo de crentes que pensam da mesma forma.
- Reunir-se a Cristo somente; fazer que Ele seja a única atração. Conquanto deste plano não resulte o ajuntamento de multidões, pelo menos fornecerá um núcleo de crentes fiéis, que não se deixará facilmente levar por provações ou desânimos.
- Quanto ao lugar das reuniões, uma casa serve muito bem para esse fim, e as Escrituras fornecem-nos muitos exemplos disso (Romanos 16:5; 1 Coríntios 16:19; Colossenses 4:15; Filemon 2). Os que exigem um edifício esplêndido com ferramentas religiosas nunca descobriram a autossuficiência da Pessoa do Senhor Jesus Cristo, em Nome de Quem o Seu povo se reúne.
- Não adotar nenhum nome ou norma que poderia excluir qualquer verdadeiro cristão da comunhão.
- Não adotar qualquer filiação denominacional, e firmemente recusar qualquer controle ou interferência exterior que venha desrespeitar a soberania da igreja local.
- Resistir à tendência constante de permitir que o ministério flua para as mãos de um só homem, mas fazer com que o Espírito Santo possa usar os diferentes dons que Cristo deu à igreja, e possibilite a manifestação ativa do sacerdócio de todos os crentes.
- Reunir-se regularmente com os demais para oração, estudo da Palavra, partir do pão (Ceia do Senhor) e comunhão. Depois, empenhar-se num esforço ativo de evangelização, tanto individual como coletivamente.
- Em suma, procurar reunir-se com os demais crentes como faziam as igrejas do Novo Testamento, no verdadeiro sentido da palavra, representando fielmente o Corpo de Cristo e obedecendo aos mandamentos do Senhor.
4 – OS QUE SAÍRAM
É interessante notar que isto está sendo feito por cristãos em todo o mundo hoje. Sem qualquer outro livro de orientação senão a Bíblia, tem se verificado que estes princípios são de origem divina, e os têm seguido, apesar do opróbrio e das calúnias. Não aceitam outra autoridade, senão a de Cristo; nenhuma comunhão senão a do Seu corpo; nenhuma sede senão a do Seu trono. Procuram humildemente testemunhar da unidade do Corpo de Cristo.
Na sua comunhão, procuram suprir um santuário para os verdadeiros cristãos que se encontram oprimidos pelo modernismo e males relacionados com ele. Não há um manual na Terra que forneça uma lista destas igrejas; não há nada de natureza terrena que as una. A sua unidade é unicamente aquela que é formada e mantida pelo Espírito Santo, e lhes satisfaz que assim seja.
Não há razão por que centenas de congregações semelhantes não sejam formadas pela grande Cabeça da igreja através da atuação sacrificial e com oração do Seu povo. Onde os cristãos alcançam esta visão e estão dispostos a sofrer por ela, o Senhor recompensará a sua atuação e esforços, e preencherá os seus almejos pela Sua glória.
Será possível que mesmo nas vésperas da volta do Senhor, estamos prestes a ver uma grande revolta dirigida pelo Espírito Santo contra o cristianismo apóstata, e um novo e refrescante movimento da Sua graça, formando pequenas congregações independentes de cristãos que amam a Bíblia?
Que Aquele que amou a Igreja e Se entregou a Si mesmo por ela, realize esta Obra para a Sua própria glória!
Nota da Redação: Promovam este excelente curso por correspondência que é editado pela Escola Bíblica Emaús. Entrem em contato com o irmão Warren Brown pela Caixa Postal 464, Franca-SP, 14400-970, telefone (16) 3703-1034 ou e-mail: wjbrown@com4.com.br">wjbrown@com4.com.br