07/01/1917 – 25/12/2007
Transcrito por autorização especial da Escola Bíblica Emaús ©
CAPITULO 12
OS DIÁCONOS
No nosso estudo sobre os bispos, vimos que a sua função é cuidar dos interesses espirituais e da superintendência da Casa de Deus. Notamos que os bispos também são chamados anciãos, e que há vários bispos numa igreja, em vez de um bispo sobre várias igrejas. Agora vamos estudar quem são os diáconos, e quais as suas funções:
1 – Quem são os diáconos?
A palavra “diácono” significa simplesmente “servo” – um homem que exerce algum ministério ou serviço. A palavra é usada frequentemente no Novo Testamento num sentido geral, por exemplo: uma pessoa devidamente nomeada para exercer autoridade civil nos assuntos públicos é chamada de ministro ou diácono de Deus (Romanos 13:4). Febe é chamada de serva (diaconisa) na igreja em Cencreia (Romanos 16:1). Cristo mesmo é chamado ministro (diácono) da circuncisão, por causa da Verdade de Deus (Romanos 15:8).
A palavra foi aplicada aos sete homens que foram escolhidos para fazer a distribuição dos fundos da igreja (Atos 6:1-7). De fato, a palavra “diácono” não se encontra na passagem referida em nossas traduções, nem o uso da palavra se limita àquelas obrigações. Aplica-se a qualquer espécie de serviço não designado de outra forma.
2 – As suas qualificações
Apesar de não se especificar nas Escrituras as funções dos diáconos, contudo as suas qualificações nos são reveladas explicitamente em 1 Timóteo 3. Principiando no versículo 8 lemos: “Da mesma forma os diáconos sejam sérios, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância, guardando o mistério da fé numa consciência pura. E também estes sejam primeiro provados, depois exercitem o diaconato, se forem irrepreensíveis. Da mesma sorte as mulheres sejam sérias, não maldizentes, temperantes, e fiéis em tudo. Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas. Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si um lugar honroso e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.”
- O primeiro requisito é seriedade ou honestidade. O homem inconstante e frívolo não ganha facilmente a confiança daqueles a quem serve.
- O diácono não deve ser de língua dobre, isto é, não deve ser fingido. O que se diz a uns deve-se dizer aos outros, pois a verdade é sempre a mesma. Honestidade e franqueza são qualidades que se impõem. Se a responsabilidade do diácono for financeira, ele deve usar métodos que não levem ninguém a duvidar ou a suspeitar da integridade do seu caráter.
- Não deve ser dado ao vinho. Ninguém pode confiar numa pessoa que abusa do vinho. A experiência prova que a intemperança e o excesso são inimigos da retidão e da confiança. Arruínam o testemunho do homem como filho de Deus e incapacitam-no para o serviço divino.
- Também não deve ser cobiçoso de torpe ganância. Um espírito avarento é um laço. Se o homem tem o coração posto em acumular riquezas, esta sua ambição contribuirá para que todas as outras atividades da sua vida lhe fiquem subordinadas. O Reino de Deus e a Sua Justiça deixam de ter o primeiro lugar na sua vida, e a sua obra para Deus enfraquece e torna-se inaceitável.
- Deve guardar o mistério da fé numa consciência pura. Isto é importante! Não é suficiente conhecer a Verdade, deve praticá-la com uma consciência livre de ofensa para com Deus. Himeneu e Alexandre conheciam a Palavra de Deus, mas deram lugar ao pecado – desviando-se da verdade e divulgando doutrina falsa (2 Timóteo 2:17). Abafaram a voz da consciência e naufragaram na fé (1 Timóteo 1:19-20). Não há nada que possa substituir uma consciência sensível e vigilante, pronta a discernir o que a Deus é desagradável resistindo ao erro e pugnando pela Verdade.
- Depois lemos: “E também estes sejam, primeiro provados, depois exercitem o diaconato, se forem irrepreensíveis”. Isto é um princípio divino de grande importância. “Estes sejam primeiro provados”. Em outra passagem lemos: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos” (1 Timóteo 5:22). É uma admoestação para todos nós. Somos inclinados a nos deixar impressionar por uma pessoa que vemos pela primeira vez. O resultado é querermos dar-lhe um lugar de responsabilidade imediatamente. Mais tarde reconhecemos que nos precipitamos, pois “nem tudo o que reluz é ouro”; o mal foi tirarmos conclusões a seu respeito cedo demais.
- Em 1 Timóteo 3:11 lemos: “Da mesma sorte as mulheres sejam sérias, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo”. A referência não é necessariamente às esposas dos diáconos, mas aplica-se às diaconisas, isto é, às mulheres que prestam serviço na igreja local. Febe era uma serva (diaconisa) (ver Romanos 16:1).
- Como no caso dos anciãos, o diácono deve ser marido de uma só mulher, e governar bem os seus filhos e a sua casa. Já nos referimos ao fato de que se o homem não impõe respeito e autoridade em sua própria casa, dificilmente o fará na igreja.
3 - A recompensa dos diáconos
Sua recompensa é dupla. Se servir bem como diácono, alcança boa reputação entre os crentes e uma boa perspectiva de recompensa no Tribunal de Cristo.
Em segundo lugar, adquire para si muita confiança e intrepidez na fé que há em Cristo Jesus. É certo que o mundo considera isto de pouco valor; é místico demais, intangível e vago, mas para o filho de Deus é mais valioso do que o ouro ou as pedras preciosas.
Quanto ao sustento deles, a regra é a mesma dos anciãos. Há alguns que fazem trabalho secular, assim suprem as suas próprias necessidades. Porém outros há que dedicam todo o seu tempo à obra do Senhor; para estes, a regra é: “Aos que anunciam o Evangelho, que vivam do Evangelho” (1 Coríntios 9:14). “E, o que está sendo instruído na Palavra, faça participante em todas as boas coisas aquele que o instrui” (Gálatas 6:6).
4 – Conclusão
Ao terminarmos o nosso estudo sobre os diáconos, chamamos a atenção do leitor, mais uma vez, para Filipenses 1:1. Nesta passagem lemos de três tipos de pessoas na Igreja de Deus: santos, bispos e diáconos. É importante salientar que essas são as únicas classes mencionadas.
A falta de referência a uma classe chamada clero é notável, como Barnes nos aponta em seu comentário sobre o Novo Testamento: “Não há três ordens de clero no Novo Testamento. Em 1 Timóteo 3, o apóstolo Paulo revela expressamente as características dos que têm responsabilidade na igreja, mas menciona só duas classes: bispos e diáconos. Os bispos são ministros da Palavra e têm a seu cargo os interesses espirituais da igreja; os demais são diáconos, dos quais não há evidência de que fossem nomeados para pregar, e não há uma terceira ordem. Não há referência nenhuma acerca de qualquer pessoa superior aos bispos e diáconos. Visto o apóstolo Paulo estar a dar expressas instruções acerca da organização da igreja, uma omissão destas seria inconcebível, se tivesse de haver uma ordem de prelados na igreja. Por que será que o apóstolo nem sequer faz referência a eles nem às suas qualificações? Se Timóteo tivesse de ser um prelado, não teria ele que transmitir o seu cargo a outros? Não deviam ser mencionadas as qualificações particulares de tais homens? Não seria, respeitoso, pelo menos, da parte de Paulo fazer menção a tal cargo, se o próprio Timóteo o exercesse?”.
É evidente que se a organização da igreja, segundo o Novo Testamento, tivesse outra ordem além de bispos (anciãos) e diáconos, Paulo o teria dito nas suas Epístolas.
Os enormes sistemas eclesiásticos de nossos dias foram acrescentados pelos homens, sem qualquer autoridade dada para isso na Palavra de Deus.
Nota da Redação: Promovam este excelente curso por correspondência que é editado pela Escola Bíblica Emaús. Entrem em contato com o irmão Warren Brown pela Caixa Postal 464, Franca-SP, 14400-970, telefone (16) 3703-1034 ou e-mail: wjbrown@com4.com.br">wjbrown@com4.com.br