Filipenses 4.1-20
Quando vivemos a vida cristã com seriedade, o Senhor, na Sua incomparável graça, demonstra-nos a inefável suficiência da Sua presença, trazendo-nos conforto, alegria e tranqüilidade em todas as circunstâncias.
O capítulo 4 de Filipenses é bem uma eloqüente demonstração deste fato. Paulo, o fiel servo do Senhor Jesus Cristo, exorta os seus irmãos a colocarem o Senhor no centro de suas vidas, e apresenta o seu exemplo pessoal de como essa experiência era real em sua vida e pode ser na vida de cada cristão. Meditemos por um pouco neste excelente passo bíblico:
1. UMA SÉRIE DE EXORTAÇÕES IMPORTANTES (1-9).
a) Exortação à unanimidade no Senhor (1-3). Nas palavras introdutórias há um toque de ternura: “Meus irmãos amados e mui saudosos, minha alegria e coroa”. A resposta dos filipenses à fé cristã fez com que eles se tornassem motivo de alegria para o coração do apóstolo e um prêmio pelos seus hercúleos esforços entre eles. Em vista da expectativa gloriosa do cristão, é muito cabível a exortação “permanecei firmes no Senhor”. Se nos submetermos inteiramente a Cristo, reconhecendo a primazia que Lhe pertence, Ele é suficiente para proporcionar e manter a nossa estabilidade espiritual (v 1). Evódia e Síntique, duas irmãs operosas e fiéis, tinham alguma divergência entre si e foram especialmente exortadas a pensarem “concordemente no Senhor”. Unanimidade é algo muito desejável, desde que seja no Senhor. Pode haver divergência entre irmãos pessoalmente, como também em certas decisões concernentes à Assembléia, mas se o alvo de todos for honrar o Senhor, jamais haverá dificuldade para que se chegue a um consenso. A unanimidade não deve ser em torno de interesses de pessoas ou de grupos, mas dos interesses do Senhor. Ele é a suficiência para o nosso bom relacionamento (v. 2). Um outro irmão, um “fiel companheiro de jugo”, é exortado a ajudar aquelas dedicadas irmãs que tanto se esforçaram no serviço de Cristo. Clemente e outros cooperadores são lembrados também. Todos têm seus nomes no “livro da vida” e a certeza de que há recompensa do Senhor para o serviço fiel. O Senhor é a nossa suficiência para um serviço aprovado (v. 3).
b) Exortação à alegria no Senhor (4-5). Como sempre, Paulo, mais uma vez, destaca que é só no Senhor que há verdadeira alegria. Há decepção quando alguém vai procurá-la em outras fontes. É o Senhor Quem deve controlar as nossas emoções e reações, a fim de não nos tornarmos desequilibrados ou exagerados, o que pode ocasionar problemas para a Assembléia. E para isto, podemos contar com Ele, pois Ele “está perto”.
- i. Contamos com a Sua presença a cada momento e, conseqüentemente, contamos com o Seu supremo poder.
- ii. Se quisermos considerar a expressão por outro ângulo, podemos pensar na Sua vinda, que pode ocorrer a qualquer momento, conforme a Sua promessa: “Eis que cedo venho” (Ap.22.12).
Em ambos os casos, podemos nos alegrar e também vigiar e andar em santo temor. Ele é asuficiência para o equilíbrio das nossas ações.
c) Exortação à confiança no Senhor (6-7). Como precisamos desta exortação! E como ela é real, quando vivemos em plena comunhão com o Senhor! Notemos o que nos sugerem estes versículos:
- i. Nada de ansiedade. Pelo contrário, toda a carga deve ser entregue a Ele, pois Ele nos ama e tem cuidado de nós. (Sl.55.22; 1Pe.5.7). A ansiedade é própria dos que não conhecem a Deus, mas é vergonhosa para o cristão (Mt.6.25-33).
- ii. Plena confiança. Tudo deve ser apresentado com fervor a Deus, nunca esquecendo-nos de que deve ser feito com profundo espírito de gratidão e o resultado será a Sua paz perene e inefável inundando as nossas vidas.
O Senhor é a suficiência para todas as nossas necessidades nesta vida.
d) Exortação à correta ocupação da mente (8). O que deve ocupar o nosso pensamento é exatamente aquilo que caracteriza a santa Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Para viver uma vida cristã mais real é aconselhável olhar mais para Ele e menos para a televisão. Se ocuparmos as nossas mentes com Ele o Seu caráter será formado em nós e seremos sempre inspirados em motivos justos, puros e santos. Cristo é a suficiência para a purificação das nossas mentes.
e) Exortação à obediência ao Senhor (9). Paulo exorta à prática da fé. O que aprenderam não devia ser guardado como mera teoria, mas posto em prática no dia-a-dia. E ele, ousadamente, invoca o seu próprio exemplo: “O que aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai”. Paulo pregou, ensinou e praticou. Todos quantos ensinam têm o dever de viver, eles mesmos, o seu ensino, pois do contrário perdem toda a sua autoridade. Não basta conhecer, é preciso obedecer (Jo.13.17). Somente assim poderemos conhecer em nossas vidas a presença do “Deus da paz”.
2. Uma Gloriosa Experiência Da Suficiência De Cristo (10-20)
a) A alegria do apóstolo (10). A contribuição dos filipenses foi recebida por Paulo com muita alegria, principalmente porque ele sabia de quanto eles sempre desejaram contribuir e quantas dificuldades tiveram para consegui-lo. Mas, ainda uma vez, embora grato aos doadores, a sua alegria estava “no Senhor”, não na dádiva. Os contribuintes são canais abençoados pelos quais o obreiro recebe o seu suprimento, mas o verdadeiro Provedor dos Seus servos é o Senhor mesmo.
b) Sua absoluta dependência do Senhor (11-13). Paulo aprendera a viver satisfeito em toda e qualquer circunstância. Não tinha pretensões, nem fazia exigências. Seu contentamento não estava nas coisas, nem nas circunstâncias, mas no SENHOR, em Quem ele tinha tudo. Cristo era a sua INESGOTÁVEL SUFICIÊNCIA.
c) Sua gratidão (14-16). Ele agradece a expressão prática do amor dos filipenses, “associando-se” com ele em sua necessidade. Eles mostraram-se bons despenseiros e demonstraram verdadeira comunhão. Esta não era a primeira vez que cooperavam com o apóstolo. Já o haviam feito em ocasiões quando outros haviam-no esquecido. E sua cooperação não era esporádica, pois eles faziam isto desde o início do ministério do apóstolo entre eles. Era a justa gratidão de Paulo e nisto ele foi um exemplo a todos os obreiros que até hoje são beneficiados com as generosas contribuições do povo de Deus. Nunca deviam eles ignorar os seus benfeitores. Afinal, nunca é demais uma palavra de gratidão.
d) Suas convicções (17-19). Nas declarações de Paulo nestes versículos ele demonstra algumas convicções que não podemos perder de vista. Vejamo-las, a seguir: i. Aquelas contribuições eram um verdadeiro investimento a crédito dos contribuintes. E é interessante que, ao fazer menção disto, ele alegra-se mais por eles do que por ele próprio (v. 17). ii.Aqueles donativos eram verdadeiros e sagrados sacrifícios de louvor e adoração a Deus e, portanto, preciosos aos Seus olhos e ao Seu coração (compare o v. 18 com Ef.5.2). iii Os contribuintes seriam sempre abundantemente supridos pelo Senhor (v. 19).
3. Uma Gloriosa Visão Da Suficiência Divina (19)
É tão grande a preciosidade deste versículo, que merece uma consideração à parte, embora já tenha sido considerado em um dos seus aspectos anteriormente. Ele trata do glorioso suprimento divino.
a) A fonte excelsa do suprimento – “o meu Deus”. Nosso Deus é um Deus que relaciona-Se pessoalmente e intimamente com os Seus servos. Seu Nome é EL ELYON, “o Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra” (Gn.14.27; Sl.24.1). Portanto, Ele é riquíssimo! Seu nome é, também, EL SHADDAÍ, o “Todo Suficiente”, é JEOVÁ JIRE, “o Senhor Proverá”. Portanto, Ele é generosíssimo! Que fonte inesgotável!
b) A maneira sublime do suprimento – “segundo a Sua riqueza em glória”. Portanto, na proporção das Suas inesgotáveis possessões e generosidade. Ele tem prazer em dar aos Seus “toda boa dádiva e todo dom perfeito” (Tg.1.17).
c) O bendito Canal do suprimento – “em Cristo Jesus”. Por Ele somos salvos, aceitos e supridos em todas as nossas necessidades. Ele cuida de nós e intercede ininterruptamente por nós. Por Ele Deus Se revela a nós e por Ele temos acesso ao Pai.
d) O alcance do suprimento – “cada uma de vossas necessidades”. Isto não é mera teoria, mas a bendita experiência de quem confia plenamente no Senhor. Ele é real, misericordioso e infalível. Quem aqui escreve tem provado esta sublime experiência nos 55 anos em que está seguindo e servindo ao Senhor. Tem passado, desde o início até hoje (abril de 2002), momentos extremamente difíceis de provações, perseguições e incertezas, mas tem aprendido que, uma vez que confiamos ao Senhor as nossas vidas, podemos dizer sem receio: “Nada me faltará”, pois ele de fato supre cada uma das nossas necessidades. Ele é ainesgotável suficiência dos Seus.
É pois, com justa razão que nos prostramos perante o Senhor em reverente adoração, a fim de darmos-Lhe todo o louvor, toda a glória e toda a honra que merece pela Sua natureza, pelos Seus atributos e por tudo quanto, em graça e misericórdia, Ele faz a favor dos Seus. “A nosso Deus e Pai seja a glória pelos séculos dos séculos. AMÉM”