Esta é uma versão editada de
"PRINCÍPIOS DA IGREJA DO NOVO TESTAMENTO"
por Arthur G Clarke
Editores
JOHN RITCHIE LTD
PUBLICAÇÕES CRISTÃS
40 Beansburn, Kilmarnock, Escócia
Copyright©2012 por John Ritchie Ltd. 40 Beansburn,Kilmarnock, Escócia
Usado com permissão
Novembro 2013
Tradução feita por R David Jones
Conteúdo
Agradecimentos
Prefácio
Capítulo 1: O que é a igreja?
Capítulo 2: A igreja local
Capítulo 3: O Batismo
Capítulo 4: A Ceia do Senhor
Capítulo 5: A Adoração e o Sacerdócio
Capítulo 6: A Comunhão
Capítulo 7: A Liderança e o Governo
Capítulo 8: O Ministério
Capítulo 9: O Serviço das Mulheres
Capítulo 10: A Disciplina na Igreja
Capítulo 11: As Finanças da Igreja
Capítulo 12: O Desenvolvimento e o destino da Igreja
Referências
Agradecimentos:
O autor é grato pela ajuda na produção deste livro, especialmente a provinda de:
- Lord's Work Trust, Kilmarnock por seu incentivo e promoção da revisão;
- os Diretores da John Ritchie Ltd pelo seu interesse e ajuda, e permissão para usar o copyright;
- Stephen Grant e crentes em outras partes do mundo pelo seu estímulo e contribuição;
- Isobel, minha esposa e fiel ajudante, por sua paciência e apoio constante neste e em muitos outros projetos similares.
Citações bíblicas:
Ao longo deste livro, as citações bíblicas foram extraídas da Versão Autorizada (King James) da Bíblia, mas com terminações verbais e algumas palavras obsoletas alteradas para promover a clareza.
Mas na tradução para o português usamos a versão atualizada de João Ferreira de Almeida.
Prefácio
Este livro foi escrito para ajudar aqueles que querem aprender o que a Bíblia ensina sobre a igreja. Baseia-se em um livro anterior chamado Princípios da Igreja do Novo Testamento por Arthur G Clarke.
Clarke foi missionário na China a partir de 1916 até 1941, quando os exércitos japoneses invadiram aquele país. Ele e sua esposa foram então duramente presos em Xangai até 1945. Depois de alguns anos na Inglaterra se recuperando de seu calvário, ele se envolveu em um ministério de ensino nas Bermudas. Em 1955, a primeira edição de seu livro foi publicado, com base em notas de estudos bíblicos semanais desenvolvidos nas Bermudas. O livro passou por uma terceira edição e em 1962, os direitos de publicação foram adquiridos por John Ritchie Ltd. Desde então, ele foi reimpresso muitas vezes e também traduzido em várias línguas.
O interesse contínuo levou a esta nova edição com um vocabulário mais simples e sentenças mais curtas. O objetivo é de torná-lo mais fácil de ler, especialmente por aqueles cuja primeira língua não é o Inglês. Será também mais fácil de traduzir.
A substância e as intenções do livro original não foram alterados. Algum material adicional foi incluído para amplificar certos pontos, enquanto que algumas seções foram encurtadas.Sugestões para um estudo mais aprofundado foram adicionadas para expandir e reforçar o ensino de cada capítulo. No final um resumo é dado dos principais pontos a serem lembrados. Cada capítulo pode ser lido e estudado independentemente. O editor aceita a responsabilidade por todas estas modificações embora reconhecendo plenamente a autoria da obra original.
A Bíblia é a única autoridade para o que cremos. É a única fonte confiável de informações corretas sobre a igreja e tudo relacionado com ela. Assim, neste livro, "Conte-me mais sobre a Igreja", você será direcionado para muitos versículos na Bíblia. Você deve ler estes versículos e observá-los cuidadosamente para descobrir exatamente o que a Bíblia ensina sobre a igreja. À medida que faz isso, poderá descobrir que há muitas idéias erradas e enganosas sobre a igreja que vêm de tradições antigas ou influência humana. Devemos ter a certeza de que o que nós acreditamos e ensinamos é inteiramente baseado na Palavra de Deus.
O Senhor Jesus disse: "Eu edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16.18). Em todo o mundo, a Igreja está sendo atacada hoje por forças satânicas, mas não prevalecerão. A igreja ainda está crescendo. Ela está sendo construída pelo próprio Cristo. Em breve ela estará completa quando então Ele voltará. Até lá, cada um de nós pode ser guiado por Sua Palavra, com fidelidade para fazer a nossa parte nesta grande igreja para a Sua glória.
Bert Cargill
St Monans
Escócia
2011
Capítulo 1
O QUE É A IGREJA?
INTRODUÇÃO - Como podemos saber?
O que é uma igreja? Muitas pessoas vão dizer-lhe que é um edifício onde os cristãos se reúnem para adorar a Deus, semelhante a templos, capelas, sinagogas ou mesquitas para diferentes religiões. Você também vai descobrir que existem muitos tipos de "igrejas cristãs", com grandes diferenças entre elas. Muitas já existem há muito tempo.
Tudo isso pode tornar muito difícil encontrar a resposta à nossa pergunta: "O que é a igreja?" Poderíamos obter respostas diferentes de pessoas diferentes. Mas se quisermos uma resposta correta, vamos ter que ir para a melhor fonte de informação.
A resposta correta será encontrada somente na Bíblia, a Palavra de Deus. A Bíblia é o nosso único guia verdadeiro. Ela é a única autoridade em que podemos confiar. Lemos em 2 Timóteo 3:16 que "toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça". O que acreditamos (nossa doutrina), e o que praticamos, deve ser testado pela Palavra de Deus, guiado pelo Espírito Santo que habita em cada crente (1 João 2.20).
Temos que nos lembrar disso porque muitos que professam ser “igrejas cristãs” têm seguido as tradições há muito estabelecidas em vez de praticar o que a Bíblia ensina. Quando o Senhor Jesus estava aqui na Terra Ele tinha que dizer para alguns líderes religiosos: "Vocês deixam o mandamento de Deus e se apegam firmemente à tradição dos homens”. Ele citou Isaías: "Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens" (Marcos 7:6-8,13). Pessoas diferentes, mesmo pessoas boas e famosas, introduziram tradições diferentes à adoração e ao serviço cristão. Mas Deus, em Sua Palavra, dá uma orientação clara que é muito melhor do que tradições. Suas instruções são muito mais importantes do que os ensinamentos de grandes homens.
Assegure-se de fazer da Palavra de Deus a sua única autoridade e seu guia em aprender sobre a igreja. Através deste livro muitas referências bíblicas serão dadas. Você deve verificá-las e observar cuidadosamente o que elas ensinam. Você vai ter a melhor compreensão sobre a igreja desta forma.
DEFINIÇÃO - O que significa a palavra "igreja"?
No Novo Testamento, a palavra "igreja" nunca se refere propriamente a um edifício usado para os serviços religiosos de uma comunidade cristã. Muitas pessoas ficam surpresas com isso, porque a palavra "igreja" é tão comumente usada para se referir a um edifício. Mas isso não é o que esta palavra significa na Bíblia. Outra surpresa poderia ser a de descobrir que na Bíblia, "igreja" nunca é ligada a algum outro nome ou rótulo para descrever um grupo de cristãos professos controlados por alguma organização.
Portanto, temos de olhar dentro do Novo Testamento para ver como as igrejas são descritas ali. Isso faremos mais adiante neste capítulo. Mas primeiro devemos verificar no idioma original grego do Novo Testamento a palavra que é traduzida como "igreja". Essa palavra é ekklesia, que significa, literalmente, "um chamado para sair".
Esta palavra é usada para descrever a nação de Israel (Atos 7:38), uma multidão em Éfeso (Atos 19:32), e uma assembleia legal regular em Éfeso (Atos 19:39). Ela também descreve a igreja de Deus - um grupo de pessoas "chamadas para sair" do mundo para pertencer ao Senhor Jesus Cristo (Atos 15:14). A primeira ocorrência da palavra neste sentido é em Mateus 16:18, onde o Senhor Jesus disse: "Eu edificarei a minha igreja". É, portanto, mais correto referir-se à "igreja" como uma assembleia ou uma congregação. Para nos ajudar a lembrar disto, vamos muitas vezes usar a palavra "assembleia" neste livro.
COMPOSIÇÃO - O que é "a igreja" e o que é "uma igreja"?
O Novo Testamento distingue dois aspectos da igreja.
1. “A igreja” é universal, mundial e eterna. Alguns de seus membros já estão no Céu, enquanto outros continuam a viver na Terra.
2. “Uma igreja” é local, onde os crentes se reúnem em algum lugar sobre a Terra.
Há apenas uma igreja universal, mas há muitas igrejas locais em muitos lugares. Vejamos isso com mais detalhes.
1. A Igreja Universal se compõe de todos os verdadeiros crentes no Senhor Jesus Cristo. Assim que as pessoas "nascem de novo" (João 3:3) tornam-se participantes da grande igreja. Elas foram chamadas para fora do mundo por obra do Espírito Santo. Todo crente em Cristo através da presente era está incluído neste grupo unido de crentes denominado “Sua igreja”.
Você pode ler em:
- Efésios 3:3-12 e Colossenses 1:24-27 sobre o plano eterno de Deus para a igreja;
- Mateus 16:18 sobre a promessa do Senhor Jesus para construí-la;
- Atos 2 sobre como começou na Terra, com a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes (depois da obra consumada de Cristo na cruz, Sua ressurreição e ascensão ao Céu);
- 1 Tessalonicenses 4:13-18 sobre quando for completada, na vinda do Senhor Jesus nos ares para levar todo o Seu povo ao Céu.
2. Uma Igreja Local é a representação em miniatura da igreja universal. É um grupo de cristãos professos que se reúne regularmente em algum lugar no nome do Senhor Jesus Cristo. Mateus 18:20 nos dá a forma mais simples desse tipo de encontro.
Uma igreja local conforme descrita no Novo Testamento tem o Senhor Jesus como sua Cabeça. Ela é controlada pelo Espírito Santo, e obedece ao ensino da Palavra de Deus. No plano de Deus espera-se que apenas os verdadeiros crentes estejam na igreja local (1 Coríntios 1:2). Os incrédulos podem "se introduzir" (Atos 8:9-13, 18-23, 20:29; 2 Pedro 2:1; Judas v. 4), mas não existe base bíblica para uma mistura de crentes e descrentes ser conhecida como uma igreja.
Em Atos 8:1, 13:1; Apocalipse 2:1,8 etc., são dados exemplos de igrejas locais. Temos referências às igrejas locais em Atos 15:41, 16:5; 1 Coríntios 7:17; Apocalipse 2:1; 22:16. Elas são chamadas de:
- "igrejas de Deus", mostrando sua origem e propriedade (1 Tessalonicenses 2:14);
- "igrejas de Cristo", mostrando a sua redenção e responsabilidade (Romanos 16:16);
- "igrejas dos santos", mostrando sua composição e caráter (1 Coríntios 14:33);
- "igrejas dos gentios", mostrando o seu alcance por todo o mundo (Romanos 16:4).
DESCRIÇÃO – Qual é o seu propósito?
O caráter e as funções da igreja são descritos no Novo Testamento mediante algumas figuras de linguagem interessantes. Novamente devemos fazer distinção entre os aspectos universais e locais da igreja.
1. A Igreja Universal é sempre considerada em sua relação com o próprio Cristo. Ela foi destinada por Deus para a glória do Seu Filho amado. Ela pertence a Cristo: “Ele amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela... para que pudesse apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa" (Efésios 5:25-27). Nunca houve a intenção de fazer dela uma agência para a glorificação do homem ou de procurar obter para ela um poder político no mundo.
Aqui estão as figuras de linguagem usadas no Novo Testamento para descrever a igreja de Cristo:
I. É um corpo do qual Cristo é a Cabeça (Romanos 12:4-5; 1 Coríntios 12:12-13; Efésios 1:22-23, 4:4, 5:30; Colossenses 1:18).
Há uma união vital entre Cristo, que é a Cabeça e os cristãos que são membros do Seu Corpo. Como a Cabeça, Cristo é:
- A origem da vida da igreja (Efésios 1:11-13 - "nele");
- A fonte de alimentação da igreja (4:16 - "do qual");
- O supervisor das atividades da igreja (4:15 - "naquele").
Os membros do corpo que estão na Terra expressam a vontade da Cabeça que está no céu. Eles O representam ao fazer o que Ele manda. Todo o corpo tem uma unidade necessária, mas os membros têm muitas funções diferentes individualmente, como num corpo humano.
II. É um Edifício do qual Cristo é o Construtor, e a principal Pedra da Esquina (Mateus 16:18; Efésios 2:19-22).
A igreja não é um edifício físico ou material, mas é descrita como um edifício espiritual. É um templo sagrado, um santuário projetado por Deus para a Sua “habitação” no Espírito. Deus deseja viver entre o Seu povo.
- O arquiteto deste templo sagrado é o próprio Deus. A planta original era Sua (Efésios 1:4,22; 2 Timóteo 1:9).
- Cristo é o Construtor, e a Rocha em que foi fundada (Mateus 16:18; note 1 Coríntios 3:10-11). A doutrina de Cristo ensinada pelos apóstolos no Novo Testamento está incluída nesta "fundação" (Romanos 15:20).
- Ele é a principal Pedra Angular a partir da qual todo o edifício se alinha (Efésios 2:20-21; 1 Pedro 2:6; Isaías 28:16).
- Ele é a Pedra da Esquina. Originalmente esta era a pedra no topo de uma pirâmide, uma bela pedra culminante no ápice (ver 1 Pedro 2:7; Marcos 12:10-11; Atos 4:10-11). O Salmo 118:22-23 e Zacarias 4:7-9 se referem desta maneira à pedra angular do templo de Salomão.
- Neste templo espiritual os crentes são "pedras vivas" construídas sobre a Pedra Viva que é Cristo (1 Pedro 2:4-5).
III. É a Casa Espiritual ou Casa de Deus onde há responsabilidade e disciplina entre aqueles que nela vivem (1 Pedro 2:4-10, 4:17; 1 Timóteo 3:15; Hebreus 3:6, 10:21; Efésios 2:19; Gálatas 6:10).
A ideia de uma casa espiritual ou família segue a ideia de um edifício espiritual. No Velho Testamento, o tabernáculo com o seu sacerdócio e serviço é um retrato disso.
IV. É uma Noiva que pertence a Cristo e será unida a Ele para sempre (Efésios 5:28-32).
Há devoção mútua e companheirismo amoroso agora e para sempre. A igreja em seu caráter divino e eterno irá partilhar o domínio e governar com o seu Senhor quando Ele vier para reinar (Apocalipse 19:7, 12:2,9). Ela também é chamada de "Cidade”, sugerindo que será o centro da administração do nosso Senhor no futuro reino milenar. Em Sua Igreja glorificada Ele vai governar uma Terra renovada.
V. É um Rebanho do qual o Senhor Jesus é o Pastor (João 10:16; 21:15-17).
Isso é diferente de um "aprisco" (João 10:1,16), onde o povo terreno de Deus, Israel, foi mantido dentro dos muros da lei e da antiga aliança. No novo "rebanho" crentes verdadeiros são mantidos juntos pela atração do Bom Pastor, que tem um grande cuidado por todas as Suas ovelhas.
VI. É um novo homem (Efésios 2:11-18).
Em Cristo, os crentes judeus e crentes gentios agora não estão separados, mas são criados um novo homem. Nesta nova criação não existem distinções raciais ou sociais ou de gênero (1 Coríntios 12:13; Gálatas 3:26-28; Colossenses 3:10-11). A "parede divisória" entre judeus e gentios foi quebrada e a "inimizade" causada pela Lei foi tirada. Por Sua morte na cruz, Cristo reconciliou tanto judeus e gentios com Deus. Todos em toda parte são agora alcançados por meio do Evangelho em igualdade de condições.
2. A Igreja Local é uma expressão da igreja universal em alguma localidade. Vamos, portanto, descobrir que alguns dos termos usados para descrever a igreja universal também são usados para uma igreja ou assembleia local. Esta igreja será composta de crentes em Cristo reunidos em algum lugar numa aldeia, bairro ou cidade.
Cada crente já é um membro da igreja universal. A Bíblia ensina que cada crente deve também tornar-se um membro ativo de uma igreja local. Este é o tema do nosso próximo capítulo.
PARA ESTUDO ADICIONAL
- A igreja é uma "morada" para Deus. Isto significa que Deus vai viver entre o Seu povo. Leia Apocalipse 18:2, o único outro lugar onde a palavra grega traduzida como “morada” é encontrada, e observe o grande contraste.
- A expressão "Noiva de Cristo" não é realmente encontrada nas Escrituras, mas está claramente implícita em Apocalipse 21:2, 9. Leia Efésios 5:28-32 e encontre a conexão com Gênesis 2:21-24. Você pode pensar em outras ilustrações ou tipos assim no Velho Testamento?
- No Velho Testamento a presença de Deus era especialmente conhecida no tabernáculo e no templo, com sacerdotes humanos selecionados para servir de maneiras especiais. Porque a igreja do Novo Testamento é diferente? (Leia Hebreus 9:24-28, 10:19-25).
- Por que não encontramos referência à igreja no Velho Testamento?
PONTOS PARA LEMBRAR
- A Bíblia é a nossa única fonte confiável de informações sobre a igreja.
- A igreja é composta de pessoas que foram salvas pela graça de Deus. Não é um prédio físico, mas uma congregação de pessoas.
- A palavra usada para “igreja”, na língua original do Novo Testamento é ekklesia. Isso significa um povo que foi chamado para fora do mundo para pertencer a Deus. A palavra "assembleia" é melhor e mais precisa.
- Dois aspectos diferentes da igreja devem ser diferenciados - a igreja invisível universal e a igreja local, visível em qualquer lugar.
- A igreja foi projetada por Deus para a glória de Seu Filho, nosso Senhor Jesus. Ele é sua Cabeça. Ela Lhe pertence.
- Cristo amou a igreja e entregou-Se a Si mesmo por ela (Efésios 5:25).
- Na igreja não há distinção de classe ou raça - todos são "um em Cristo Jesus" (Gálatas 3:28).
Capítulo 2
A Igreja Local
No Capítulo 1, observamos que cada crente se torna um membro da igreja universal quando é salvo. Vamos agora considerar por quê cada crente deveria se tornar um membro de uma igreja local e desfrutar da sua comunhão. A igreja local é simplesmente uma parte da igreja que se reúne numa localidade, em algum lugar numa aldeia, bairro ou cidade. Será uma comunidade de crentes reunidos em nome do Senhor Jesus Cristo. O número de crentes pode ser grande ou pequeno, mas todos eles se reuniram para desfrutar a Sua presença ( Mateus 18.20 ), para adorar e servi-Lo.
OS MEMBROS DA IGREJA LOCAL
Ao estudarmos os versículos do Novo Testamento sobre este assunto, vemos como os crentes se tornaram membros de uma igreja local. Eles sempre seguiram uma sequência. Isto é claramente demonstrado na formação da primeira igreja local em Jerusalém, como lemos em Atos 2,41-42 .
- Primeiro, as pessoas foram salvas e em seguida batizadas. A igreja local é composta de crentes batizados, os que creram e confessaram publicamente sua fé em Cristo ao ser batizados. Os incrédulos não têm parte numa igreja local.
- Em seguida, os crentes foram adicionados à igreja local (em Jerusalém). Eles se tornaram parte de um grupo distinto de crentes que se reuniam em comunhão uns com os outros para adorar e servir ao Senhor. Ele quer que seu povo permaneça junto, não isolados uns dos outros.
- Nessa comunhão, os crentes perseveravam na doutrina dos apóstolos. Esta doutrina é o ensinamento dado no Novo Testamento sobre todos os aspectos da vida cristã e serviço para Deus. Este ensinamento não mudou ao longo dos anos. Deve ser obedecido em nossas vidas pessoais e em nossas reuniões da igreja. Uma vez que fazemos parte de uma igreja local espera-se que continuemos a ser sempre leais a ela.
- Os crentes também continuaram no partir do pão e nas orações. O Partir do Pão, ou Ceia do Senhor, deve ser mantido todo primeiro dia da semana como nosso próprio Salvador pediu e ordenou: "Fazei isto em memória de Mim" ( Lucas 22,19-20 ). As orações públicas e unidas também são vitais para o progresso e bem-estar da igreja local.
- No final de Atos 2, descobrimos que em seus lares os crentes também praticavam o que criam. Eles compartilhavam o que tinham com aqueles que nada tinham. Viviam de forma simples e com alegria. Eram unidos no louvor a Deus. Tinham um testemunho eficaz. Outros viam a mudança em suas vidas, e escutavam quando lhes falavam sobre Cristo.
Esta mesma sequência é encontrada em Atos 9, onde lemos sobre a conversão de Saulo, e seu batismo e recepção na igreja em Jerusalém. Nesta ocasião, uma recomendação de Barnabé, que o conhecia bem, foi necessária antes que fosse recebido em comunhão (v.26-28). Da mesma forma quando Febe estava se mudando para Roma para trabalhar, ela foi recomendada à igreja de lá por uma carta que Paulo escreveu (Romanos 16:1-2 ). Ao receber numa igreja alguém que é desconhecido, essas são orientações importantes a seguir.
DESCRIÇÕES DA IGREJA LOCAL
No capítulo 1, vimos que a igreja local é uma expressão da igreja universal. Assim descobrimos que algumas das descrições da igreja universal também se aplicam a uma igreja ou assembleia local.
(1) corpo (1 Coríntios 12:27). Uma igreja individual em um determinado lugar não pode ser todo o "Corpo de Cristo". E não podemos dizer que é "um Corpo de Cristo" pois isto significaria que Cristo teria muitos "corpos". É melhor dizer que é "como o Corpo”. Então, o que é real para toda a Igreja, neste contexto é também aplicável à igreja local. O Senhor Jesus é a cabeça de cada igreja local e todos os membros estão sujeitos a Ele. Os membros estão em unidade de amor uns com os outros, e agem em conjunto para o bem de todo o corpo. Leia especialmente v. 14 -21.
(2) Edifício (1 Coríntios 3:9). A igreja local deve ter o caráter de santuário de Deus, uma habitação sagrada. Santuário significa um lugar sagrado para Deus. A igreja local é santa e seu fundamento é Jesus Cristo (v.11).
(3) Lavoura (1 Coríntios 3:9). Refere-se a um lote de terra que é cultivado, e o fruto que ele produz. Ser frutífera para Deus é um objetivo importante da igreja local ( Colossenses 1:10 ; João 15:8 ).
(4) Virgem (2 Coríntios 11:2). Quando Paulo diz: "Eu vos desposei", ele está se referindo à igreja em Corinto. Ele queria ver mantidas a pureza e lealdade ao Senhor nessa igreja local, bem como nos crentes individuais. 1 Coríntios mostra que essa pureza e lealdade eram especialmente necessárias naquela igreja.
(5) Rebanho (Atos 20:28-29; 1 Pedro 5:2-3). Aqui, a palavra grega para “rebanho” é poimnion, um diminutivo de poimne, mais geral, porque se refere ao grupo local, não a todo o rebanho de Deus. Isso enfatiza o trabalho dos sub-pastores locais, os anciãos, que cuidam da igreja local. O Sumo Pastor nomeia esses sub-pastores em cada igreja local, como veremos mais adiante.
(6) Candelabro (Apocalipse 1 a 3). Cada igreja local individual é uma portadora da luz para o Senhor, cada uma na escuridão espiritual do lugar onde ela se reúne. Elas testemunham por dar a conhecer a Palavra de Deus ( Filipenses 2:16 ).
(7) Epístola (2 Coríntios 3:3). O testemunho da assembleia local é como uma carta para ser "lida" por outras pessoas ao redor. Testemunhamos pela maneira em que vivemos. Toda a igreja local tem uma grande responsabilidade de ser uma clara testemunha de Cristo pela sua conduta e caráter diante do mundo que a observa.
RELACIONAMENTOS DA IGREJA LOCAL
(1) Deve haver sujeição ao Senhor.
Vimos que a igreja como o corpo de Cristo está sujeita a ele. Esta sujeição e obediência ao Senhor é necessária na igreja local. Em Apocalipse 2-3, João teve uma visão do Senhor ressuscitado no meio dos sete candelabros, que eram sete igrejas (1:20). Ele está se movendo entre eles como o Supervisor do seu testemunho por Ele. Eles devem ouvi-lo e obedecê-lo. Cada igreja é responsável por Ele e Ele lida diretamente com cada uma.
O candelabro de ouro no tabernáculo do Antigo Testamento tinha sete ramos, mas estes portadores de luz do Novo Testamento estão separados. Isso nos ensina que as únicas ligações entre as igrejas individuais são o único Senhor e o único Espírito ( Efésios 4:4-5 ) simbolizado pelo óleo em todas as lâmpadas. O Senhor é a Cabeça que controla e o Espírito Santo é o poder nela residente para testemunho.
(2) Deve haver comunhão com outras igrejas.
Deve ser incentivada a comunhão achegada e feliz entre as igrejas. O Novo Testamento mostra que os servos de Cristo constantemente vinham às diferentes igrejas para ensinar e pregar, e os crentes também as visitavam quando em viagem (por exemplo, Romanos 16:1).
Nunca houve, no entanto, alguma federação de igrejas, seja com um nome distinto ou não. Não houve algum círculo restrito ou exclusivo de igrejas, nenhuma organização humana de qualquer tipo. A Escritura não dá qualquer apoio a uma autoridade central, como uma "igreja-mãe" ou concílio eclesiástico, ou a alguma comissão de controle ou administração. Os líderes e certos anciãos, por vezes, se reuniram para discutir problemas de doutrina e prática, e foram feitas recomendações (por exemplo, Atos 15), mas isso não era uma organização para governar igrejas.
(3) Deve haver separação do mundo.
Vimos que a igreja é um grupo de "chamados para fora". Cada crente é primeiro chamado para fora do mundo como indivíduo (João 17:14-16 ; Romanos 8:30), e depois chamado para se reunir com outros como a igreja de Deus (Atos 20:28; 15:14; Tito 2:14). Como a igreja inteira, a igreja local deve ser um "santuário" (1 Coríntios 3:16-17). "Santuário" significa separada para Deus de todos os sistemas do mundo. Isso inclui o mundo social, o mundo político e o mundo religioso, seja pagão ou nominalmente cristão. Devemos notar e obedecer o comando claro em 2 Coríntios 6:14-18.
A igreja local deve ser uma testemunha para Cristo no lugar onde se encontra e por isso não deve se isolar das pessoas em sua vizinhança). Mas não deve adotar os caminhos do mundo ou associar-se com seus sistemas.
REUNIÕES DA IGREJA LOCAL
A lei e os seus muitos mandamentos controlavam a vida diária de Israel e os detalhes de sua religião. Isso levou a uma grande "servidão" (Gálatas 4,24-25). Os cristãos são diferentes. Eles têm o privilégio e a grande liberdade de servir como filhos (Gálatas 5:1; 4:6-7; 2 Coríntios 3:17). Não nos é dito que observemos quaisquer épocas festivas ou dias de jejum. As horas e locais de reuniões não são determinados (Colossenses 2:16-17; Gálatas 4:8-11; Romanos 14:5-7). Mas obtemos orientação sobre esses assuntos a partir do exemplo dos primeiros cristãos como registrado nas Escrituras.
Lemos no Novo Testamento sobre a reunião da igreja local para as seguintes finalidades:
(1) Partir do pão (Atos 2:42, 20:1-7; 1 Coríntios 11:23-32)
Eles se reuniam no primeiro dia da semana para lembrar o Senhor Jesus como Ele havia solicitado. A adoração é especialmente associada com o partir do pão que nos lembra d'Aquele que morreu por nós. A adoração unida e individual é nosso privilégio, porque todos nós fomos feitos sacerdotes para Deus (João 4:23-24; 1 Pedro 2:5; Hebreus 13:15; 10::19-25 e Atos 2:47). Vamos considerar estas questões mais detalhadamente nos capítulos 3 e 4.
(2) Oração unida ( Atos 2:42; 4:24-31; 12:5,12).
Lemos de muitas reuniões de oração no livro de Atos. Isso mostra a importância de reuniões de oração da igreja, quando todos podemos nos unir para fazer pedidos e dar ações de graças a Deus.
(3) Leitura Bíblica e Ensino (Atos 2:42; 11:26; 15:30-32; 20:7; 1 Timóteo 4:13; Colossenses 4:16).
A leitura pública das Escrituras era mais necessária quando alguns cristãos não eram capazes de ler por si mesmos. Também as cópias manuscritas das Escrituras eram poucas e caras. Mas a leitura pública cuidadosa da Palavra de Deus ainda é importante hoje. Ela sempre deve ser a base de qualquer ensinamento dado pelos servos de Deus (1 Timóteo 4:13; 2 Timóteo 4:2).
(4) Audição de relatórios sobre a obra de Deus (Atos 4.23; 14:26-28; 15:3-4,12 )
Os apóstolos Pedro e João contaram “aos seus tudo o que lhe haviam dito...” após serem questionados pelas autoridades religiosas em Jerusalém (Atos 4:23). Isso afetava a igreja local e estimulou a oração fervorosa e eficaz (vs.24-31). Os relatórios do trabalho missionário eram dados regularmente – veja Atos 14:26-28; 15:3-4,12 .
(5) Disciplina necessária (1 Coríntios 5:4).
Às vezes, a igreja tem que disciplinar aqueles cujo comportamento tem desonrado o testemunho. Este tema é considerado no capítulo 10.
(6) Amizade e companheirismo social ( Atos 2:46; 4:23, 32).
Nos primeiros dias da igreja, os crentes sempre buscaram a comunhão do "seu próprio grupo”. Na separação de um mundo ímpio, e particularmente em tempos de perseguição, os crentes se sentiram reunidos pela sua experiência comum. O "banquete" mencionado em 2 Pedro 2:13 e Judas v.12 era provavelmente uma refeição social em que todos podiam se reunir informalmente, sem distinção de raça ou classe. A comunhão da igreja é reforçada em ocasiões como esta. É de grande proveito quando os crentes abrem seus lares para dar hospitalidade aos crentes solitários ou para jovens convertidos de famílias não simpatizantes. Breves contatos em reuniões da igreja não são suficientes para mostrar a nossa comunhão uns com os outros.
PONTOS DE ENCONTRO PARA A IGREJA LOCAL
No Novo Testamento, vemos que uma igreja local geralmente se reunia na casa de um dos crentes - ver Romanos 16:5 , 1 Coríntios 16:9 , Colossenses 4:15 , Filemon v.2. Não são necessários edifícios especiais e ornamentados para as reuniões da igreja. Essa ideia pertence ao modo de adoração do Velho Testamento e ao serviço no tabernáculo e no templo.
No entanto, nem sempre será possível para os lares serem usados regularmente para as reuniões da igreja, especialmente quando o número de crentes é grande. É conveniente, portanto, que um local adequado seja encontrado para a igreja se reunir. Isso pode ser um foco do testemunho de uma igreja na sua localidade.
Esses locais de reunião não são edifícios sagrados. Podem ser de propriedade da igreja, ou alugados. O edifício não deve ser elaborado e extravagante, que exige grande despesa para construir e manter. A Pessoa em torno de Quem nos reunimos é muito mais importante do que o edifício em que nos reunimos. Se mantivermos nossos lugares de reunião simples e destituídos de enfeites, eles serão mais apropriados para o nosso encontro em nome de Cristo e causarão menos distração do nosso testemunho a outros.
No entanto, é importante que o local de encontro da igreja local seja respeitável, atraente e bem conservado. As pessoas que passarem por ele devem vê-lo como uma espécie de testemunho ao Senhor Jesus Cristo. Deve ser acolhedor para os outros e identificável como um lugar onde os cristãos se reúnem para honrar a Deus. Aqueles que entram deveriam ver que "Deus está verdadeiramente entre vós" (1 Coríntios 14:25).
PARA ESTUDO ADICIONAL
- No Novo Testamento, que descrições são dadas tanto para a igreja local como a igreja universal?
- Quais são usadas para descrever apenas a igreja local (ou assembleia)? O que você acha ser especial a respeito destas?
- Em Mateus, o Senhor Jesus se refere à igreja duas vezes – 16:18 e 18:17. É a igreja universal ou a igreja local? Justifique sua resposta.
- Em alguns versículos do Novo Testamento lemos sobre pessoas que "se introduziram furtivamente”, “intrusos”, e alguns que são "excluídos", alguns que têm de ser "tirados" (Judas v.4; Gálatas 2.4 ; 3 João v.10; 1 Coríntios 5.13 ). Isso acontece na igreja universal? Explique.
- Quantas igrejas locais diferentes são mencionadas em todo o Novo Testamento? Faça uma lista delas com referências de onde leu sobre elas.
- Em uma igreja local, somos todos irmãos em Cristo. Como devemos nos tratar uns aos outros?
PONTOS PARA LEMBRAR
- Uma igreja (ou assembleia) local deve ser uma imagem em miniatura da "igreja que é o Seu corpo".
- A pessoa mais importante na igreja local é o Senhor Jesus. Ele é a Cabeça e o Centro da reunião.
- O objetivo da igreja local é trazer glória e honra ao Senhor Jesus neste mundo que O rejeitou e desonrou.
- A igreja local deve estar sujeita ao Senhor Jesus e separada do mundo.
- Os crentes se reúnem na igreja local para adorar e servir ao Senhor, para apoiar e encorajar uns aos outros, e para promover o testemunho no evangelho.
- Os tipos de reuniões que devem ocorrer em uma igreja local são descritas no Novo Testamento.
- A comunhão entre as diferentes igrejas locais deve ser encorajada e promovida, mas cada igreja é independente e responsável por si só perante o Senhor.
- O lugar da reunião de uma igreja deve ser identificável em sua comunidade e ser acolhedor para outros entrarem.
Capítulo 3
O Batismo
O Novo Testamento nos fala sobre duas ordenanças que devem ser observadas na igreja. Há apenas duas - o Batismo e a Ceia do Senhor. Vamos considerá-las a seguir:
O ENSINO DO NOVO TESTAMENTO SOBRE O BATISMO
O batismo foi ordenado pelo Senhor Jesus.
Na Grande Comissão registrada em Mateus 28:19-20, nosso Senhor enviou os seus servos para ir a todas as nações do mundo para "fazer discípulos, batizando-os e ensinando-lhes ...". Todas essas três ações caminham juntas e são igualmente importantes. Compare o que está escrito em Marcos 16:15-16, onde crer e ser batizado estão ligados entre si.
Os apóstolos praticaram o batismo.
Ao lermos o livro de Atos, descobrimos que estes mandamentos de nosso Senhor são sempre seguidos. Olhe em Atos 2:41; 8:12,36-38; 9:18; 10:34-43; 16:13-15,30-34; 18:8. Sempre aqueles que creram foram batizados. Em todo o Novo Testamento você nunca lê sobre crentes que não foram batizados.
Apenas os crentes eram batizados.
Todos os crentes professos eram batizados logo após a conversão. Nenhum dos incrédulos foi batizado. Mas há sempre a possibilidade de uma falsa profissão de salvação por isso pode ser aconselhável obter evidência de verdadeira conversão antes de batizar alguém. Um batismo muito apressado pode se revelar como um obstáculo ao progresso espiritual de um convertido se não houver certeza disso.
O método de batismo é por imersão.
Os exemplos de batismo registrado nas Escrituras mostram claramente como uma pessoa deve ser batizada - veja Atos 8:38; João 3:23 . Também é mostrado pelo sentido da palavra "batizar". Ela vem do verbo grego baptizo, ou bapto, que significa "mergulhar" ou "imergir" (Lucas 16:24; João 13:26). Estas palavras nunca significam aspergir ou derramar.
O batismo simboliza a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo (Colossenses 2:12). Por isso, deve envolver a imersão na água e re-emergência a partir dela. Aspergir alguns grãos de terra sobre um cadáver ou mesmo despejar uma quantidade de terra sobre ele não pode ser descrito como um enterro! Da mesma forma aspersão ou derramamento de água sobre uma pessoa não pode ser corretamente chamada de batismo. A Palavra de Deus não reconhece diferentes métodos de batismo.
As palavras a serem ditas no batismo são claramente dadas em Mateus 28:19 . São "em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo". Estas instruções devem ser observadas até o "fim dos tempos" (v. 20).
O significado do batismo é simbólico.
Ao ser batizado, um crente é verdadeiramente e publicamente identificado com Cristo.
A posição do crente diante de Deus é "em Cristo", uma nova criação (2 Coríntios 5:17). Deus vê o crente como tendo compartilhado a morte, o sepultamento e a ressurreição de Cristo. O "velho homem" (a natureza Adão que todos nós possuímos) foi julgado, condenado e crucificado com Cristo ( Gálatas 2.20; 5.24). Foi enterrado fora da vista de Deus, e o crente é agora visto como um "novo homem", "ressuscitado com Cristo" (Efésios 2:5-6; Colossenses 3:1). Isto é apropriadamente simbolizado no batismo na água.
Ao ser batizado, o crente confessa publicamente que aceita como Deus o vê, e declara a sua decisão de viver de acordo com isso. Assim, um crente deve estar andando diariamente em "novidade de vida". Nós nos consideramos mortos para o pecado e vivos para Deus, rendendo os membros do nosso corpo como instrumentos de justiça (Romanos 6:3-13).
IDEIAS EQUIVOCADAS SOBRE O BATISMO
A aspersão infantil
Vimos que a aspersão não é verdadeiro batismo. Sua origem é uma prática antiga pagã. A aspersão de crianças (às vezes chamado de batismo) está relacionada com o que é chamado de "regeneração batismal". Esta ensina que através desta cerimônia uma criança (ou adulto) torna-se "um filho de Deus, membro de Cristo e herdeiro do reino dos céus". Isso é perigoso, porque, infelizmente, muitos põem a sua confiança em uma cerimônia em vez de confiar no Senhor Jesus Cristo para obter a salvação.
O batismo da família
Tem sido ensinado que batizar os membros da família quando ainda muito jovens os eleva a uma posição especial de privilégio e bênção. Aqueles que fazem isso o comparam com o rito da circuncisão judaica sob a Antiga Aliança. Mas esta não é uma comparação exata. Era o nascimento natural que determinava a nacionalidade de um judeu. Este então foi acompanhado por esse sinal distintivo de relacionamento. Da mesma forma, é o novo nascimento que traz um crente para família de Deus, e, em seguida, o batismo é o sinal público do mesmo. A circuncisão não faz um judeu (pois é praticado em outros países), e batismo não faz um cristão (Atos 8:13; 1 Coríntios 10:1-6; Romanos 2:28-29).
Exemplos de famílias batizadas são mencionadas ou estão implícitas em Atos 10:44-48; 16:14-15, 29-34; 18:8. Mas não se pode assumir que as crianças foram incluídas nisso. As pessoas nestas famílias tinham idade suficiente para "ouvir a palavra", "crer" e "alegrar-se" na salvação, para que pudessem ter idade suficiente para ser batizados como crentes.
Batismo desnecessário?
Algumas pessoas dizem que o batismo é agora desnecessário, e que o batismo com o Espírito Santo é o único batismo necessário. Eles certamente esquecem que o nosso Senhor o ordenou especificamente para todos os seus seguidores. Atos 10:45-47 registra a conversão de Cornélio e um grupo de seus parentes e amigos. Depois de uma clara evidência de que eles haviam recebido o Espírito Santo, Pedro ordenou que todos eles fossem batizados em água. Era necessário.
Rebatismo desnecessário?
Se uma pessoa foi aspergida ou imersa antes da conversão, é necessário ainda outro batismo depois dela? Atos 19:4-5 mostra que é. As perguntas de Paulo àqueles discípulos de João Batista mostraram que eles não tinham um conhecimento completo e experiência da salvação, embora João os tivesse batizado. O ensino de João não poderia ter incluído todos os fatos e os resultados de morte, sepultura, ressurreição e ascensão de Cristo, seguido do envio do Espírito Santo. Ao ouvir e crer no evangelho completo dos lábios de Paulo, eles foram batizados no (ou ao) nome do Senhor Jesus. Batismo sempre segue conversão.
ALGUNS TEXTOS MAL ENTENDIDOS
João 3.5 : Quando o Senhor se refere a "nascer da água e do Espírito" Ele pode ter se referido a Ezequiel 36:24-27 e 37:1-14 . Ali Ezequiel mostra que a aplicação de "água" e da operação do Espírito Santo eram ambos necessários para o renascimento de Israel como uma nação sob os termos da nova aliança. Nicodemos: "o mestre em Israel" ( João 3.10 ), teria entendido assim. O Senhor lhe explica que a entrada no reino de Deus é feita sobre a mesma base. Água significa a aplicação da Palavra de Deus em seu evangelho a uma alma para a salvação (1 Pedro 1:23, 25; Tito 3:5; Efésios 5:26 ). O batismo não é uma parte do novo nascimento. A água nunca pode lavar os pecados ( Hebreus 9:22 ). Somente o sangue de Cristo pode fazer isso (1 João 1:7). Compare com 1 Coríntios 6:11 .
Atos 2.38 : A partir das palavras deste versículo: “Arrependam-se e sejam batizados ... para remissão dos pecados ", alguns ensinam que o batismo é essencial para a salvação. Eles não levam em conta as muitas passagens bíblicas que ensinam que a salvação é pela fé em Cristo somente, usando Atos 22:16 e Marcos 16:16 equivocadamente para apoiar este erro. Na primeira parte de Marcos 16:16 o batismo está ligado a crer como sendo a confissão pública de fé habitual. Mas, na segunda parte, para escapar do julgamento pelo pecado, o batismo não é mencionado: é necessário apenas "crer".
Em Atos 2:38, o comando é especificamente para os judeus daquela época. Isso pode ser visto pelo que Pedro disse - observe as palavras, "varões israelitas" e "que toda a casa de Israel saiba" (vs. 22, 36). Ele usou palavras semelhantes em 3:12; 4:10; 5:30-31; 7:2,51. Esses judeus foram acusados diretamente pela crucificação de Cristo - observe a repetição frequente de "vós", em 2:23; 3:13-15; 4:10; 5:30 e 7:52. Os gentios não são diretamente responsabilizados pela crucificação de Cristo, pois a palavra "eles" (os judeus) é usada quando chegamos a Atos 10:39 . Esta abordagem para os gentios é seguida em todo o resto de Atos e continua até os dias atuais.
Em Atos 2.38, a ênfase está no arrependimento daquele pecado terrível de rejeitar e crucificar o Messias. Aqueles que se arrependeram e foram batizados, dissociaram-se publicamente daquele grande pecado nacional e mostraram a sua lealdade a Jesus como Messias. De forma semelhante Saulo de Tarso foi chamado a renunciar publicamente sua hostilidade a Cristo e Seus seguidores (22:16).
1 Coríntios 1,13-17: Paulo não batizou os convertidos em Corinto - outros o fizeram. Isto não foi por não ser importante, mas sim para evitar o surgimento de orgulho e de um espírito partidário. É um bom exemplo para ser seguido pelos pregadores quando possível. Os crentes não eram convertidos de Paulo, mas de Cristo. Compare João 4:2 .
1 Coríntios 15.29: O que significa ser " batizado pelos mortos "? Este versículo está num capítulo sobre a ressurreição e dá uma das provas da ressurreição. Ele não se refere a algumas pessoas serem batizadas em nome de outros cristãos que não tinham sido batizados quando morreram. É algo que se refere a convertidos recém-batizados. Eles eram como jovens soldados corajosos prontos para assumir os lugares de guerreiros que tinham caído em batalha, particularmente aqueles que tinham morrido como mártires. Eles foram batizados "no lugar de" ou "em sucessão a" (huper) esses outros. Se não houvesse ressurreição tal coragem seria inútil. Nada poderia ser alcançado por ela, seja nesta vida ou na próxima.
Outra maneira de entender essa frase é que, se não há ressurreição, então o batismo é uma cerimônia sem sentido. Satisfaria apenas os interesses de (huper) um monte de pessoas mortas, agora mortas espiritualmente e que em breve estarão mortas fisicamente, sem esperança de ressurreição.
1 Pedro: 3:20-21: Como é que "o batismo nos salva?" A arca de Noé no Antigo Testamento e o batismo no Novo Testamento são ilustrações paralelas da maneira de Deus salvar pela fé. Noé e sua família se entregaram à arca e foram levados de forma segura através do julgamento. Eles foram separados da velha criação e encontraram uma nova aliança com Deus em um mundo "novo". Quando um crente confia no Salvador, a sua experiência espiritual é semelhante. Ele é salvo das antigas associações. "As coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Coríntios 5:17).
OUTROS BATISMOS
O batismo cristão deve ser cuidadosamente distinguido de outros batismos mencionados no Novo Testamento. Alguns destes envolvem água, mas outros são simbólicos.
a) O batismo de Cristo: (Mateus 3:3-17). Este o marcou como o verdadeiro Messias (João 1:31-34). Ao submeter-se ao batismo Ele se identificou com o povo de Deus, especialmente aqueles que tinham dado ouvidos à palavra de Deus: "Ele cumpriu toda a justiça". Embora o batismo do Senhor Jesus nos dê outra boa razão porque os crentes devem ser batizados, devemos lembrar que o Seu batismo foi por um motivo diferente.
b) O batismo de João foi uma confissão de arrependimento para "remissão dos pecados" (Mateus 3:6, 11), para preparar as pessoas para a vinda do Messias. Através do sangue de Cristo derramado na cruz a "remissão dos pecados" estaria disponível para aqueles que nEle confiam. A missão de João era exclusivamente dele (Malaquias 3:1 ; João 1:33).
c) O batismo dos discípulos: (João 3:22,26 com 4:1-2). Esse batismo significava a confissão que Jesus era o Messias prometido, e um compromisso de segui-Lo. Mas nem todos os que foram batizados continuaram a segui-Lo (João 6:66; 7:31).
d) O batismo do sofrimento: (Marcos 10:38-39; Lucas 12:50). Nosso Senhor se refere aqui à Sua imersão na experiência profunda da cruz, no juízo divino que Ele suportou em nome de Seu povo crente. As mortes posteriores de Tiago e João foram diferentes, mas estes apóstolos sofreram em comunhão com o seu Senhor.
e) O batismo do Espírito Santo: (João 1:33; Marcos 1:8; 1 Coríntios 12:13). A promessa do Senhor registrada em Atos 1:8 foi cumprida no dia de Pentecostes (Atos 2:1-4). Os crentes foram naquela ocasião juntados (batizados) em uma entidade espiritual, uma "corporação" chamada de “corpo de Cristo”, como vimos no capítulo 1.
Quando cada crente individualmente confia no Salvador, ele é selado para Deus pelo Espírito Santo (Efésios 1:13). O Espírito vem habitar nele (Romanos 8:9, 11), sendo isso o penhor (a garantia) da herança que virá no futuro (Efésios 1:14; 2 Coríntios 1:22; 5:5). Ao mesmo tempo esse crente é batizado no único "corpo" pelo Espírito ( 1 Coríntios 12.13 ). Após a experiência inicial de conversão não existe tal coisa como um "segundo" batismo posterior ou do Espírito. No entanto, cada crente pode muitas vezes necessitar de se tornar "cheio do Espírito Santo" (Atos 2:4 com 4:3; 13:5; Efésios 5:18).
f) O Batismo de Fogo (Mateus 3:11; Lucas 3:16). Isto se refere ao julgamento futuro como demonstrado claramente nos textos seguintes (compare com Mateus 13:42; 50:2, 2 Tessalonicenses 1:8). Não se refere a Pentecostes nem à experiência individual do cristão.
PARA ESTUDO ADICIONAL
- Leia Atos 8:26-40 e descreva brevemente como o etíope foi salvo. Agora descreva como ele foi batizado. O que ele confessou antes de ser batizado?
- Em 1 Coríntios 10:1-2, lemos sobre o batismo dos israelitas. O que significa "batizados em Moisés"?
- É possível que alguém que foi batizado na maneira correta não seja nada cristão? Olhe Atos 8:13-24.
PONTOS PARA LEMBRAR
- O batismo é importante para todo crente em Cristo. Batismo leva apenas alguns segundos, mas influencia toda a vida para Deus.
- É obediência à ordem clara do Senhor.
- É uma confissão pública do senhorio de Cristo. É como um soldado vestindo seu uniforme depois de se alistar - o uniforme não faz dele um soldado, mas o torna evidente para todos.
- É a identificação do crente com Cristo, um símbolo da sua morte, sepultamento e ressurreição com Cristo. Assim anuncia o desejo de viver para o Senhor e servi-Lo na terra.
- É uma proclamação do evangelho – o batismo demonstra a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, que é a base do evangelho (1 Coríntios 15:1-3).
Capítulo 4
A Ceia do Senhor
Vimos que o Senhor Jesus deu duas ordenanças para a Igreja - o batismo e a Ceia do Senhor. O batismo é para um crente individual apenas uma vez. A Ceia do Senhor é para uma assembleia de crentes celebrá-la muitas vezes e continuar regularmente.
"A Ceia do Senhor" (1 Coríntios 11:20) também é chamada de "partir do pão" ( Atos 2:42 ). Estas palavras também descrevem a ingestão de uma refeição comum, como em Atos 2:46 ; 20:11 ; 27:35-36 e compare com Marcos 6:41. Na igreja primitiva, no entanto, "o partir do pão" veio a significar participar da Ceia do Senhor. Alguns a têm chamado de "comunhão", tomando a palavra de 1 Coríntios 10:16. Comunhão significa "coparticipação", e envolve a coparticipação com Deus e o Seu povo. Outros a têm chamado de "Eucaristia", que significa "ação de graças", e isso também é uma parte importante dela. Mas os melhores nomes para esta importante ordenança são a Ceia do Senhor ou o Partir do Pão.
A INSTITUIÇÃO DA CEIA DO SENHOR
O próprio Senhor Jesus instituiu esta celebração. Quatro vezes no Novo Testamento lemos sobre isso: Mateus 26:26-30; Marcos 14:22-26; Lucas 22:14-23; 1 Coríntios 11:17-34. Adicionando três outros ( Atos 2:42; 20:7; 1 Coríntios 10:16-17) temos um total de sete referências. O comando de nosso Senhor, "fazei isto", foi dito duas vezes e registrado três vezes.
Estas Escrituras indicam claramente como os primeiros discípulos mantiveram a Ceia do Senhor. Outros escritos dos séculos I e II também mostram o quão importante essa ordenança era entre cristãos e quão amplamente foi observada. Infelizmente as igrejas logo deixaram a simplicidade do padrão original e, gradualmente, um ritual muito elaborado foi desenvolvido em certos círculos. Ela ainda chegou a ser combinada com práticas pagãs. Foi chamada de "um meio da graça", indicando que ao participar desta cerimônia, uma pessoa poderia receber a graça de Deus para a salvação. Isto é, naturalmente, totalmente errado - a salvação é pela fé em Cristo somente, e não por qualquer coisa que possamos fazer.
Somente os verdadeiros crentes no Senhor Jesus têm o direito de participar da Ceia do Senhor. Atos 20:7 mostra que eram "os discípulos" que se reuniam para partir o pão. Atos 2:41-42 diz: "foram batizados os que receberam a sua palavra... e perseveravam... no partir do pão". São os crentes que estão firmes na fé e consistentes em sua caminhada que devem participar (1 Coríntios 5:11; 2 João 9-11; Tito 3:10-11; 2 Tessalonicenses 3:6,14). Cada crente deve fazer um verdadeiro exercício pessoal de coração para lembrar o Senhor como Ele ordenou. Um convite geral para que qualquer um participe da Ceia não é apropriado.
O SIGNIFICADO DA CEIA DO SENHOR
A Ceia do Senhor é significativa em pelo menos sete aspectos.
1. É um Encontro de Sua Igreja ( 1 Coríntios 11:17-21 ).
É uma reunião especial da igreja, uma característica central do culto cristão. Isto é visto em Atos 20:7. A palavra aqui traduzida como "reunido" sempre se refere a uma reunião de crentes, que ocorre sete vezes em 1 Coríntios 11 e 14.
Em Trôade os discípulos se reuniram para o fim especial de partir o pão. Eles não se reuniram para ouvir Paulo, o pregador bem conhecido. A lembrança do Senhor era central em seus corações e mentes. O partir do pão não é um encontro menos importante ou uma parte extra de algum outro culto.
A Ceia expressa a unidade do corpo de Cristo, a Igreja. Há uma união espiritual de seus membros individuais com a Cabeça ressuscitada no céu e uns com os outros. Essa comunhão dentro do corpo é demonstrada em um só pão (1 Coríntios 10:16-17), ao mesmo tempo em que é um símbolo claro do próprio corpo precioso de nosso Senhor que foi dado por nós (1 Coríntios 11:24).
2. É um Memorial da Sua Pessoa (1 Coríntios 11:24-25).
O mandamento do Senhor: "fazei isto", mostra que a ocasião não é simplesmente para recordar o passado, mas é um ato de celebração presente. Não estamos só lembrando a Sua morte, estamos nos lembrando d’Ele ("em memória de mim"). Não devemos comparar a Ceia do Senhor com um culto em memória de um herói morto ou de um mártir em alguma grande causa.
Nós nos reunimos no primeiro dia da semana, o dia da ressurreição do Senhor, e não no dia da Sua morte. A nossa é uma alegre celebração de Alguém que, tendo terminado a obra da salvação na cruz, ressurgiu triunfante da tumba e ascendeu à mão direita de Deus. Ele é lembrado, portanto, não como Alguém há longo tempo ausente, mas como Aquele que sempre vive e está presente com o Seu povo, segundo a Sua promessa graciosa (Mateus 18:20).
3. É um Símbolo de seu Amor (1 Coríntios 11:23).
Nosso Senhor instituiu a Ceia na noite em que foi traído. No entanto, Seus pensamentos eram mais sobre os Seus discípulos entristecidos do que sobre Seus próprios sofrimentos - ver João 13:1. O amor se deleita em servir e dar (Mateus 20:28; Lucas 22:19; João 10:11). O amor se mede pela extensão do Seu sacrifício. À medida que participamos da Sua Ceia, podemos perceber novamente as profundezas do Seu amor, e nossa devoção a Ele certamente se tornará mais profunda.
4. É um Sinal da Sua Aliança (1 Coríntios 11:25; Lucas 22:20).
Toda aliança divina na Escritura tem seu sinal distinto. Por exemplo, o sinal da aliança dada a Israel por meio de Moisés foi o sábado semanal (Êxodo 31:13,17; Ezequiel 20:12,20). O sinal da Nova Aliança é o cálice do qual participamos na Ceia. Ele simboliza o sangue derramado pelo Salvador para selar essa aliança (Hebreus 9:15-22). Temos mais ensino sobre a Nova Aliança em Hebreus 7:22; 8:6-13; 10:16-18; 12:24; 13:20 e 2 Coríntios 3:6-18. Ver também a nota no rodapé [1].
5. É participar da Sua Festa (1 Coríntios 11:26 - "comerdes ... beberdes").
Na Ceia podemos expressar a alegria da reconciliação com Deus (Lucas 15:22-24), possível apenas por causa da morte de Seu Filho por nós (Romanos 5:10-11). O próprio Cristo é o anfitrião invisível e o Governador da festa (compare com João 2:9). Cada um de nós, pessoalmente, vai participar tanto do pão como do cálice, como demonstrado pelas quatro palavras: "tomem - comam - bebam - façam" (grego epô lambanô – fagô – pinô an – poieô). Ela pode ser comparada com a oferta pacífica do Velho Testamento (Levítico 3 e 7). A pessoa que a oferecia, sua família e amigos, todos festejavam sobre a sua porção do sacrifício, desfrutando a reconciliação com Deus.
A Ceia do Senhor contrasta com a mesa do Senhor (1 Coríntios 10:21). A "mesa" representa toda a provisão que o Senhor faz para Seu povo redimido. Fala de graça abundante e suprimento generoso (2 Samuel 9:7, 10-11,13). Ela nada nos custa, mas Ele pagou um preço imenso. Nesta "mesa" o crente está sempre "sentado" (compare com Salmo 23:5). Mas só na hora determinada vamos nos assentar na Ceia do Senhor.
1 Coríntios 10 contrasta a "mesa do Senhor", com a "mesa dos demônios". Esta é a provisão que o diabo faz para os seus seguidores. O cristão não deve ter qualquer comunhão com essa mesa. Isso poderia enfraquecer nosso testemunho de Deus perante o mundo ou levar um irmão mais fraco para longe do Senhor (ver vs. 25-33).
6. Ela proclama a Sua Morte (1 Coríntios 11:26).
A Ceia anuncia a todos a mensagem do Evangelho (veja 1 Coríntios 15:3-4). A palavra grega em 11:26 para "anunciar" é usada em 2:1; 9:14 e em outras partes do Novo Testamento. Significa também "pregar ou proclamar". Já vimos que o batismo é uma apresentação visível do Evangelho, com ênfase sobre a ressurreição de Cristo. A Ceia focaliza a atenção sobre a Sua morte. A separação do pão e do cálice, representando o Seu corpo e o Seu sangue, sugere que à medida que comemos e bebemos, podemos anunciar a Sua morte. Tanto o batismo como a Ceia do Senhor dão um vívido testemunho do Evangelho.
7. Ela aponta para Sua Vinda (1 Coríntios 11:26).
Devemos continuar a partir o pão "até que Ele venha". Olhamos para trás e para frente. A gloriosa esperança do crente é a vinda do Senhor. Quando formos para estar com Ele não precisaremos nos lembrar d’Ele na Ceia, mas enquanto esperamos por Ele, não devemos negligenciá-la.
A CELEBRAÇÃO DA CEIA DO SENHOR
Quando mantemos a Ceia do Senhor de acordo com o padrão bíblico, o ponto principal é a simplicidade. Na cristandade, os muitos erros e rituais têm obscurecido o seu significado original e seu propósito. A princípio foi observada pelos cristãos junto com uma refeição social, mais tarde chamada festa de amor (Judas 12; 2 Pedro 2:13). Mas por causa de possíveis abusos da Ceia do Senhor, é melhor que seja realizada à parte das refeições comuns (ver 1 Coríntios 11:34). O verdadeiro caráter da Ceia pode ser prejudicado pela nossa negligência (1 Coríntios 11:20-22).
Para a celebração da Ceia, a Palavra de Deus evita estabelecer leis. Assim existe margem para liberdade cristã dentro dos seguintes princípios:
1. Dia e hora: o primeiro dia da semana
As palavras "todas as vezes" (1 Coríntios 11:25-26) significa que é celebrada com frequência, não só uma ou duas vezes por ano, ou até mesmo uma vez por mês. Atos 20:7 indica uma prática regular de reunião, no primeiro dia da semana, para a finalidade específica de partir o pão. Paulo chegou a Trôade na segunda-feira anterior. Apesar de sua viagem ser urgente (v. 16), ele esperou até o dia do Senhor para partir o pão, depois partiu sem mais demora (vs. 11, 13).
É significativo que nosso Senhor apareceu pela primeira vez aos Seus discípulos no Seu dia da ressurreição e em outros primeiros dias da semana. O primeiro dia é um símbolo de uma nova criação. O sábado judeu (sétimo dia) olhava de volta para a velha criação (Gênesis 1 e 2). A Ceia do Senhor e o dia do Senhor, estão ligados entre si pela palavra grega kuriakos, “pertencente ao Senhor", que ocorre apenas em 1 Coríntios 11:20 e Apocalipse 1:10 . O caráter especial deste primeiro dia da semana é demonstrado também em 1 Coríntios 16:1-2.
A palavra "ceia" não indica a hora do dia. "Ceia" geralmente significa uma refeição, por vezes, uma refeição especial para comemorar um evento importante. A lembrança do Senhor deve ter o primeiro lugar na adoração coletiva de uma igreja.
2. Elementos: pão e cálice
Na refeição da Páscoa, Cristo instituiu a Sua Ceia. Ele tomou um pão e um cálice (presumivelmente de vinho), substâncias prontamente disponíveis. A ênfase do Novo Testamento nunca está na composição do pão e do conteúdo do "cálice", mas sempre no "pão" e no "cálice" como símbolos adequados da morte de Cristo. A composição do pão e o conteúdo do cálice não são importantes (pães de trigo e suco de uva não são encontrados em alguns países), mas o uso de pedacinhos de pão e copinhos individuais destrói o verdadeiro significado da Ceia como sendo uma comunhão do único corpo de Cristo [1].
Se o pão for grande e duro, ele será quebrado antes de ser distribuído. Os crentes "quebram" o pão individualmente no sentido de participar (1 Coríntios 10:16-17). Se o vinho for colocado em um copo, o derramamento não tem nenhum significado especial. Quaisquer rituais, ou o uso de algum tipo especial de palavras, devem ser evitados. Insistir sobre tais detalhes sem importância só traz distração e até mesmo a desunião entre os crentes.
Como em todas as reuniões da Igreja, não há nada secreto sobre a Ceia do Senhor. Na verdade a observação por outros deve ser incentivada, não como as práticas de certas seitas que vieram dos mistérios do paganismo.
3. Distribuição: sem presidentes oficiais
Em 1 Coríntios 11 a 14, onde a ordem de serviço cristão é descrita, percebe-se que não há presidente, líder ancião ou outra pessoa nomeada para "oficiar". Qualquer reivindicação de ter autoridade especial para distribuir o pão e o cálice é contrária à Palavra de Deus. Mesmo os apóstolos não tinham qualquer “status oficial” a esse respeito. Eles simplesmente tomavam o seu lugar com o resto dos santos. Na Ceia todos são iguais perante o Senhor.
4. A participação no culto
Em 1 Coríntios 11 a 14, os regulamentos divinos são dados para o uso dos dons espirituais, incluindo a observância da Ceia do Senhor. As palavras características são "reunir", "dar graças", "toda a igreja". A responsabilidade dos que participam publicamente é enfatizada pelo uso de verbos no imperativo nada menos que vinte e uma vezes no capítulo 14. A participação audível deve ser feita por pessoas espirituais que têm compreensão espiritual (1 Coríntios 14: 14-15, 19-20). O culto deve ser conduzido pelo Espírito Santo. Se não se andar pelo Espírito durante a semana, não se pode esperar ser conduzido pelo Espírito na Ceia. Um irmão não deve dirigir a adoração audível impelido por impulso emocional, zelo pouco inteligente, ou desejo carnal para exibir algum dom. Esses erros foram todos encontrados na igreja de Corinto.
1 Coríntios 14 dá alguns princípios orientadores que se aplicam às reuniões da Igreja, e especialmente à Ceia:
- nem todos devem participar oralmente (v.26 é irônico), especialmente as mulheres (v.34);
- as mensagens devem ser limitadas a duas ou três, e devem ser dadas cada uma por sua vez (v. 27,31);
- deve-se falar em idioma tanto ouvido como compreendido (v.6-11);
- devida consideração deve ser dada a outras pessoas com dons ali presentes (v.30-31);
- o dom deve estar sob auto-controle (v.32-33), e outros devem julgar a adequação do que é dito, não quem tomou a palavra (v.29);
- o objetivo dos que tomam a palavra deve ser sempre a edificação dos santos, um ministério construtivo e não destrutivo (v.12, 26), sempre lembrando que cinco palavras oportunas podem instruir os outros no espírito de adoração (v.19 ), enquanto que o muito falar pode distrair;
- tudo deverá a ser feito decentemente e com ordem (v.40).
5. Como estar preparado para a Ceia
Muitas vezes, podemos não nos sentir dignos de participar da Ceia, mas nosso Senhor já nos equipou para isso. No entanto, é errado participar de forma indigna, como descrito em 1 Coríntios 11:27-32. Um comportamento extremo como esse pode ser raro, mas, infelizmente, a irreverência e a formalidade sem sentido são mais comuns. Uma comunhão dividida, um espírito desagradável, pensamentos que distraem e movimentos perturbadores são todos indignos da presença do Senhor. Uma consciência contaminada também dificulta a lembrança e a adoração. Portanto, devemos examinar a nós mesmos antes de vir (v. 28), isso tira todas as desculpas para ficar longe da Ceia. O pecado consciente deve ser julgado, confessado e purificado (1 João 1:9), caso contrário o Senhor poderá nos castigar. No entanto, o julgamento indicado no v. 29 é passageiro e não eterno [2].
ERROS SOBRE CEIA DO SENHOR
Alguns pecados graves e práticas erradas têm destruído a simplicidade original da Ceia do Senhor. Aqui estão alguns para estarmos cientes.
1. Transubstanciação
Esta é uma doutrina da Igreja Católica Romana. Ela afirma que "no instante da consagração” (pelo sacerdote oficiante) os elementos são transformados naquele corpo que nasceu da virgem; apenas a aparência externa permanece como antes. Para citar ainda, "é oferecido a Deus um sacrifício certo, adequado e propiciatório pelos vivos e os mortos".
Essa é a chamada Missa. Tem um ritual e cerimônia complexos. Quando os elementos são levantados, os que participam dos elementos da missa adoram a Cristo como se estivesse realmente presente neles. Mas como podem pão e vinho normais realmente tornarem-se na carne e no sangue de Cristo, quando algum sacerdote oficial diz algumas palavras especiais? Quando nosso Senhor disse: "Este é o meu corpo", Ele só queria dizer que "isto representa o meu corpo" porque o Seu corpo vivo de verdade estava ali na sala, ao lado deles, naquele momento.
O que era para ser uma recordação da morte do Senhor Jesus pelo pecado se transforma em uma cerimônia que reivindicam prover salvação para aqueles que dela participam. Tudo isso é claramente contrário ao ensino das Escrituras, como vemos em Hebreus 7:27; 9:14; 10:10-14, e é realmente uma blasfêmia. O trabalho de nosso Senhor para aniquilar o pecado foi terminado na cruz. Nenhum outro sacrifício para o pecado é necessário nem pode ser eficaz.
Consubstanciação
Esta é uma doutrina luterana que data da Reforma. Consubstanciação ensina que Cristo está corporalmente presente com os elementos no momento de partilhar. Isto é apenas um pouco diferente da transubstanciação e também é errado. A presença corporal de Cristo hoje está no céu, como um homem glorificado à direita de Deus. Sua presença espiritual está conosco na Igreja sempre que nos reunimos em Seu nome para partir o pão ou para qualquer outra finalidade.
Em relação a isso, algumas Escrituras são muitas vezes aplicadas de forma errada à Ceia do Senhor. Por exemplo, em João 6:48-58 o Senhor Jesus fala de "comer a sua carne e beber seu sangue". Isto não se refere à Ceia – ela não tinha sido instituída na época. O ensino de João 6 é baseado na maneira que Cristo alimentou cinco mil homens com pão e peixe. O "comer" do v. 51 está relacionado com o fato de Cristo ser o "pão da vida". Para obtermos aquela vida eterna devemos "comer" (ou participar) do pão da vida pela fé - isto é, crer n’Ele (v. 54).
1 Coríntios 5:7-8 fala de "celebrar a festa." Isso também não se refere a manter a Ceia do Senhor em um dia do Senhor. A Páscoa é figura do sacrifício de Cristo como o Cordeiro de Deus. A festa de sete dias dos pães ázimos imediatamente se lhe seguiu e representa toda a vida cristã. "Celebrar a festa" significa que toda a nossa vida deve ser mantida livre de todo o “fermento” espiritual, livre de malícia em nossos motivos e maldade em nossa conduta a cada dia. Um só nome, Páscoa ou Pães Ázimos, foi muitas vezes utilizado para se referir a ambas as festas (Lucas 22:1; Marcos 14:12 com Levítico 23:5-6).
Nota de rodapé 1
Em 1 Coríntios 10:16 o cálice é mencionado antes do pão porque esta é a ordem da experiência do crente - aceitando o valor do sangue de expiação de Cristo (o cálice) dá participação no Corpo de Cristo (Efésios 1:22-23). Em 1 Coríntios 11:23-26, temos a ordem em que o pão e o cálice são usados na observância da Ceia.
Nota de rodapé 2
O conhecimento da falha de outra pessoa não altera a nossa obrigação de estar na Ceia. Se estivermos envolvidos pessoalmente, os procedimentos apresentados em Tiago 5:16 e Mateus 18:15, também Mateus 5:23-24, devem ser seguidos. No cenáculo nosso Senhor preparou Seus discípulos para a Ceia, lavando os seus pés, um ato de profundo significado, como demonstrado no contexto (João 13:1-10).
PARA ESTUDO ADICIONAL
- Leia cuidadosamente 1 Coríntios 10:16-21 e 11:20-34, e anote as diferenças entre a mesa do Senhor e a ceia do Senhor.
- Anote alguns contrastes entre o batismo e a Ceia do Senhor.
- Quais são as diferenças entre a Páscoa e a Ceia do Senhor?
- Quem deve participar da Ceia do Senhor? Quem deve liderar a adoração pública? Quem deve distribuir o pão e o cálice? Dar razões bíblicas para suas respostas.
- Explique o que se entende por comer e beber em João 6:51-58? Ao que não se refere? Por quê?
PONTOS PARA LEMBRAR
Na Ceia do Senhor:
- Nossa vontade se submete à autoridade do Senhor.
- Obedecemos à Sua ordem: "Fazei isto"; nosso coração responde ao Seu amor.
- Somos dedicados à Sua pessoa, a nossa fé aprecia a Sua graça.
- Somos verdadeiramente gratos a Ele, nosso espírito responde à Sua divindade.
- Nós lhe prestamos culto e O adoramos, o amor fraternal responde ao Seu parentesco.
- Compartilhamos a verdadeira coparticipação ou comunhão; a esperança responde à Sua promessa.
- Prevemos o Seu breve retorno; a consciência responde a Sua santidade.
- Examinamos a nós próprios e somos restaurados
Capítulo 5
A ADORAÇÃO E O SACERDÓCIO
O QUE É ADORAÇÃO?
Adoração sempre significa demonstrar um grande respeito e homenagem para alguém dela merecedor. No sentido mais elevado, é dar a Deus humildemente a homenagem e a honra que Ele merece.
Podemos aprender mais sobre a adoração através do estudo dos muitos exemplos citados na Bíblia, e as palavras originais usadas para descrever a adoração.
- Uma dessas palavras significa prostrar-se em frente de uma pessoa para prestar-lhe uma homenagem. Isto é o que um leproso fez quando veio para Jesus (Mateus 8:2). Ela descreve a ação exterior, que deve ter uma atitude interior correspondente. A palavra grega é “proskuneo”.
- Outra palavra significa reverenciar por sentir admiração. Isto descreve Lídia em Atos 16:14. É uma atitude interior do coração e da mente. Palavras semelhantes são encontradas em Romanos 1:25 e 17:23. A palavra grega é “sebomai”.
- Uma terceira palavra significa servir. Este é um termo amplo que descreve o serviço oficial dado com reverência a um superior, ou culto religioso prestado a Deus. Veja Filipenses 3:3; Hebreus 10:2, 13:10. A palavra grega é “latreuo”.
Encontramos outros bons exemplos de adoração em Mateus 2:1-12 (os sábios) e João 12:1-3 (Maria). Veja também 1 Crônicas 29:10-22 e Deuteronômio 26:1-11. Nos Salmos, há muitas expressões de adoração que os cristãos podem usar hoje, por exemplo: Salmos 95, 96 e 107.
No culto cristão, o povo de Deus entra em Sua presença para expressar-Lhe sua adoração. É diferente do ministério cristão, que é Deus saindo com bênçãos para atender as necessidades do Seu povo. A adoração é dirigida a Deus e o ministério é prestado ao homem, enquanto o testemunho é dado ao mundo. A adoração é o que trazemos a Deus, não o que recebemos Dele.
1 Timóteo 2:1 nos diz o que podemos fazer quando chegamos à presença de Deus:
- Oração e súplica, pedir a Deus a respeito das nossas próprias necessidades e solicitações;
- Intercessão, pedir a Deus para fazer algo pelos outros.
- Ação de Graças, expressar gratidão pelas bênçãos recebidas.
- Louvor, manifestar apreciação a Deus pelo que Ele fez (cf. Salmo 103), muitas vezes através de canções.
- Adoração; adorar a Deus devido a quem Ele é, e por ser Ele digno dela (cf. Salmo 104).
A EXPRESSÃO DA NOSSA ADORAÇÃO
A adoração é o maior dever e privilégio do povo redimido de Deus. Deve ser algo que fazemos continuamente e não em ocasiões isoladas (Hebreus 13:15; Salmo 34:1-3). Se formos adoradores durante a semana quando estamos sozinhos, vamos adorar melhor na companhia de crentes em um domingo.
A adoração só pode fluir a partir dos corações dos que estão verdadeiramente salvos mediante a fé em Cristo. Ela flui do nosso relacionamento feliz com Deus, baseado na Sua graça que nos alcançou. Devemos ter recebido de Deus o dom do Espírito Santo antes de podermos adorar em espírito e em verdade.
A adoração deve estar de acordo com a natureza de Deus (João 4:20-24). Ele é Espírito, portanto a adoração deve ser espiritual (Atos 17:24-25), nossos espíritos conduzidos e guiados pelo Espírito Santo (Filipenses 3:3). Nosso espírito humano é a parte mais elevada do nosso ser, e através dele somos capazes de desfrutar as coisas divinas (1 Tessalonicenses 5:23; 1 Coríntios 2:11-12). Oferecemos sacrifícios espirituais (1 Pedro 2:4-10). Quem não está salvo não pode realmente adorar a Deus.
Os santos do Velho Testamento adoravam Jeová (Senhor), o Deus que guarda o concerto. Os cristãos adoram a Deus como Pai (João 4:24). A adoração do Pai tem lugar dentro do círculo familiar divino. Seus filhos se aproximam d’Ele com amor reverente. Todos, do mais jovem ao mais velho, têm igualdade de acesso a Ele. Os santos do Velho Testamento nunca tiveram esse privilégio, embora muitos deles conhecessem a Deus intimamente. Na família de Deus, Cristo é o primogênito entre muitos irmãos, Ele dirige nossos louvores (Hebreus 2:10-13).
Hebreus 10:19-25 e 1 Coríntios 14:15-17 referem-se a se reunir com outros crentes para adorar. Reunir-se para o Partir do Pão (1 Coríntios 11:20-34) é uma oportunidade especial para a adoração unida. Toda a igreja local pode se unir para oferecer louvor e gratidão a Deus por meio do Senhor Jesus Cristo na liberdade do Espírito Santo. Arranjos humanos irão dificultar a livre operação do Espírito de Deus.
Na igreja local, a expressão audível da adoração (fora o cantar unido) é para ser feita pelos homens entre os irmãos (1 Coríntios 14:34). Eles tomam a direção, lembrando-se que estão expressando a adoração de toda a igreja e não apenas os seus próprios sentimentos individuais. A adoração é um exercício solene, por isso deve haver sempre uma atitude reverente. A adoração é dificultada por uma consciência culpada, por isso devemos examinar a nós mesmos antes de participar. Enquanto o pecado de Davi permaneceu inconfessado, o seu louvor silenciou. Ele só podia clamar em angústia e tristeza (Salmo 51:3-5 com 32:3-5).
É triste quando os métodos carnais são trazidos para dentro da adoração a Deus. O assim chamado "culto público" ou "serviço divino" é muitas vezes realizado por um grupo misto de crentes e descrentes. Às vezes, liturgias religiosas tradicionais se repetem semana após semana. Há coisas que apelam ao sentido estético do homem, tais como prédios muito ornamentados, cerimônias imponentes, música emocionante e sermões eloquentes sobre questões tópicas. Isto não é a verdadeira adoração. Muitas dessas congregações são como os samaritanos, de quem o Senhor disse: "Vós adorais o que não conheceis" (João 4:22).
SACERDOTES E SACERDÓCIO
O tema da adoração pode ser melhor compreendido, traçando a história do sacerdócio nas Escrituras. A primeira pessoa na Bíblia mencionada como um sacerdote é Melquisedeque (Gênesis 14).
No Velho Testamento podemos encontrar quatro tipos diferentes de sacerdotes:
- Os Patriarcas, sacerdotes em suas famílias. São exemplos: Noé (Gênesis 8:20-21); Abraão (Gênesis 12:7-8); Isaque (Gênesis 26:25; 31:54); Jacó (Gênesis 35:1-3,7); Jó (Jó 1:5 e 42:8).
- Melquisedeque, um sacerdote real (Gênesis 14:18-20). Este rei agiu como um sacerdote para Abrão depois de uma batalha difícil. Ele é uma figura especial ou tipo de Cristo agora sentado no céu (Hebreus 7), e como o Rei-Sacerdote sobre o trono de Davi na era milenar vindoura (Zacarias 6:12-13).
- Israel, um sacerdócio nacional (Êxodo 19:5-6). Israel foi escolhida para ser uma nação de sacerdotes para outras nações. Mas, por causa do seu fracasso, ela perdeu este lugar especial (Oséias 4:6). No entanto, o propósito de Deus não foi terminado, mas apenas adiado (Isaías 61:6, Ezequiel 44:15-16). Enquanto isso, o sacerdócio cristão preenche a posição privilegiada (1 Pedro 2:5-9).
- A família de Arão, o sacerdócio levítico (Levítico 8). Em Israel só Arão e sua família eram sacerdotes para se aproximarem de Deus, em nome de toda a nação. Até mesmo seus parentes, os levitas, foram excluídos (Números 16:8-10; compare com 2 Crônicas 26:16-21).
No Novo Testamento, somos ensinados sobre o sacerdócio cristão (1 Pedro 2:5-9; Apocalipse 1:6). Os cristãos são sacerdotes que vão adorar para sempre por causa da criação e da redenção (Apocalipse 4:10-11; 5:8-10).
O sacerdócio cristão consiste de todos os verdadeiros crentes, durante a atual dispensação da graça (1 Pedro 2:5-9). Eles são "nascidos de novo" (1 Pedro 1:23, 2:2) e são "pedras vivas" em uma casa espiritual (1 Pedro 2:5). Ao contrário da velha ordem levítica, agora não há distinção entre homens e mulheres ou entre a juventude e a maturidade – todos podem adorar o Pai. Uma classe sacerdotal ou "clero", distinta da chamada classe dos "leigos", não é conhecida no Novo Testamento. O reconhecimento de tal grupo, vestido especialmente e que reivindica especial categoria e privilégio não faz parte do sacerdócio cristão.
A base da adoração é uma experiência de redenção. Israel não podia adorar no Egito (Êxodo 3:18; 5:1-3). Foi depois que Deus os levou para fora do país que se estabeleceu o sistema de adoração divina. Notamos que esses sacerdotes foram:
- Chamados (Êxodo 28,1; Hebreus 5:1,4; 1 Pedro 2:9);
- Purificados (Levítico 8:6);
- Vestidos (Levítico 8:13; Êxodo 28:40), sendo, as vestes distintas, a evidência da sua vocação especial, mesmo como a conduta do cristão também deve ser;
- Consagrados, separados para o serviço sagrado, primeiro pela aplicação de sangue (Levítico 8:24), depois pela aspersão de óleo com sangue (v. 30). Na língua hebraica, "consagrar" significa literalmente "encher as mãos”. Como pecadores, nada tínhamos para levar a Deus, mas como adoradores nossos corações devem estar cheios de louvor a Ele (Deuteronômio 16:16; 26:1-10; Hebreus 13:15) [1].
SACERDOTES E SUA ADORAÇÃO HOJE
Quando adoramos podemos estar em nossa igreja local, reunidos em um edifício, ou podemos estar sozinhos. Onde quer que estejamos, devemos lembrar que o "lugar de culto" cristão é o santuário celestial (Hebreus 10:19-25 com 8:1-2; 9:11-12). Chama-se "dentro do véu", onde Cristo, nosso Sumo Sacerdote, agora está pessoalmente (Hebreus 4:14; 9:24). Entramos na presença de Deus em espírito e não no corpo, e pela fé e não por uma cerimônia exterior. Hebreus 10:19-22 nos ensina que para isso:
- O sangue de Jesus nos dá acesso;
- O véu rasgado (falando de Sua morte violenta) mostra que o caminho está aberto;
- Nosso Grande Sumo Sacerdote dirige e apresenta a Deus a adoração do Seu povo.
Reverência e santidade são essenciais para todos os que se aproximam de Deus (Levítico 10:9; 21,1; Hebreus: 12:28-29). Deus ordenou que os sacerdotes de Israel lavassem as mãos e os pés porque eles serviam em terra santa (Êxodo 30:17-21). Além disso, eles deveriam abster-se de bebida forte, de luto, e de contato com os mortos. Isso nos ensina que os defeitos morais e pecado não confessado na vida de um crente hoje em dia são obstáculos para a adoração aceitável [2].
Deus também fez provisões de graça para os sacerdotes de há muito tempo. Eles recebiam certas porções dos sacrifícios que os outros traziam para Deus (Levítico 8:31-32; Números 18:8-20). Não deviam comer ou beber certas coisas (Levítico 10:8-11), mas Deus assegurou que nunca lhes faltasse nada. Igualmente hoje, enquanto os sacerdotes servem a Deus eles se beneficiam espiritualmente daquilo que fazem.
O Novo Testamento descreve o sacerdócio cristão de duas maneiras. Leia novamente 1 Pedro 2:5,9.
1. Sacerdotes santos que apresentam suas ofertas a Deus
O privilégio de acesso a Deus, para entrar em Sua presença, está disponível para todos os crentes a qualquer tempo, para a oração (Hebreus 4:16) e para a adoração (Hebreus 10:22; Efésios 2:13,18; 3:12). Em contraste, os sacerdotes de Israel só podiam entrar na parte exterior do tabernáculo e do templo. Somente o sumo sacerdote podia entrar no lugar santíssimo, e isto apenas uma vez por ano, quando devia seguir estritamente certas regras (Levítico 16:1-2; Hebreus 9:6-8).
As ofertas que estes sacerdotes levitas traziam a Deus eram coisas materiais e físicas. Os sacerdotes cristãos oferecem ofertas que são ao mesmo tempo espirituais e materiais:
- Nossos louvores (Hebreus 13:15);
- Nossos corpos (Romanos 12:1-2);
- Nossas posses (Hebreus 13:16; Filipenses 4:18; 2 Coríntios 8:1-5). A doação cristã não é apenas uma coleta caritativa, é uma oferta a Deus.
2. Sacerdotes reais que trazem dons de Deus para os homens
Podemos trazer:
- Um Ministério de Oração – Podemos interceder pelos santos, seguindo o exemplo de nosso Grande Sumo Sacerdote no céu (Hebreus 7:21-24; Romanos 8:34; Tiago 5:16; Hebreus 13:18; 2 Tessalonicenses 3:1). Devemos interceder também por todos os homens, especialmente aqueles com altos cargos na sociedade (1 Timóteo 2:1-2). E não devemos deixar de orar por aqueles que não são salvos (Romanos 10:1).
- Um Ministério de Compadecimento – Nisto também o nosso Grande Sumo Sacerdote é um exemplo. Ele Se compadece de todo o Seu povo sofredor (Hebreus 2:18; 4:15-16; Romanos 12:15). As pessoas que sofrem precisam de nossa ajuda e conforto espiritual, talvez mais frequentemente do que de ajuda material (2 Coríntios 1:4).
- Um Ministério de Instrução (1 Pedro 2:9; Malaquias 2:7) – Podemos dar a conhecer as perfeições de Cristo e da verdade da Sua Palavra. Também podemos ajudar com os problemas e responder às perguntas como os sacerdotes arônicos faziam (Levítico 10:10-11 e capítulos 13 e 14; Deuteronômio 17:8-9).
- Um Ministério do Evangelho (Romanos 15:16). A palavra traduzida como "ministrando" neste versículo (ocorre somente aqui no Novo Testamento) significa servir como sacerdote. A pregação do Evangelho por Paulo aos gentios era um serviço sacerdotal a Deus. Deus é sempre glorificado quando a mensagem do evangelho é dada a conhecer. Isso também é adoração.
Nota de rodapé [1]
Estudar o registro da família de Arão em Levítico e Números pode ser útil. Todos os detalhes têm sua contrapartida espiritual no sacerdócio cristão de hoje. A epístola aos Hebreus nos ensina muito sobre o sumo sacerdócio de Cristo. Sua nomeação foi segundo a ordem de Melquisedeque e Seu serviço segue em muitos aspectos o padrão arônico. Hebreus traz semelhanças e contrastes para estudarmos.
Nota de rodapé [2]
Os sacerdotes de Israel serviram a Deus com os pés descalços como outro sinal de reverência. Tanto Moisés e Josué foram ordenados a tirar os sapatos na presença de Deus (Êxodo 3:5; Josué 5:15; compare com Eclesiastes 5:1). Era costume um visitante tirar as sandálias ao entrar em uma casa e lavar os seus pés, mesmo após uma curta viagem. Em casas de classe melhor um escravo realizava ambas as tarefas para o benefício das pessoas (Lucas 7:44; João 13:3-5).
PARA ESTUDO ADICIONAL
- Anote quantas palavras puder que descrevem algumas formas de expressar a adoração.
- O que podemos dar a Deus como adoração? Quando podemos dar e onde?
- Quais são as principais diferenças entre os sacerdotes do Velho Testamento e do Novo?
- De que forma devemos imitar o ministério de nosso Sumo Sacerdote?
- Lemos em Jó 1:20 que ele adorava. Como acha que fez isso e por quê? Como Jacó adorava, segundo Hebreus 11:21? (Veja Gênesis 48).
- Grande parte da nossa adoração é em uma reunião da igreja local. Leia Salmos 95 e 96, e anote as coisas que podemos fazer para adorar a Deus juntos.
PONTOS PARA LEMBRAR
- Adoração é honrar e adorar a Deus quando reconhecemos o quão grande e glorioso Ele é.
- Adoração pode ser feita individualmente na solidão ou na companhia de outras pessoas em uma igreja local. Ela pode ser em silêncio ou dita em voz alta.
- Adoramos na presença de Deus, entrando no santuário celestial. Nosso Grande Sumo Sacerdote leva a nossa adoração e a apresenta a Deus, Seu Pai.
- Adoramos em espírito e em verdade. Nossos espíritos são guiados pelo Espírito Santo, e somos ensinados pela verdade da Palavra de Deus como expressar nossa adoração.
- Todos os crentes são sacerdotes. Somos sacerdotes santos ao trazer nossos louvores a Deus e sacerdotes reais ao levar as Suas bênçãos aos homens.
Capítulo 6
A Comunhão
O SIGNIFICADO DA COMUNHÃO
A palavra "comunhão" significa a "partilha" entre pessoas que têm um interesse comum em algo. No Novo Testamento, a palavra grega é koinonia, que também é traduzida como "comunhão" ou "comunicação".
A comunhão cristã é baseada no interesse que cada crente tem na pessoa e obra de Cristo. Não é baseada em nacionalidade, condição social, objetivos culturais ou acordos políticos, como pode acontecer no mundo. Comunhão cristã é o privilégio de todos os que são santificados (separados), pela fé em Cristo Jesus (1 Coríntios 1:2; Atos 26:18) e, assim, chamados para a comunhão do Filho de Deus (1 Coríntios 1:9). Compartilhando uma fé comum (Tito 1:4) que desfrutamos uma salvação que é comum a todos nós (Judas v.3).
Por um curto período no início da história da Igreja os crentes compartilhavam as suas posses entre si (Atos 2:44-45; 4:32). Um interesse comum os ajuntava em uma santa comunhão, unidos na adoração, no testemunho e em fazer o bem ( 1 João 3:14, 16-18). [1]
A comunhão estabelecida por Deus é eterna. Como a apreciamos agora depende de nosso estado espiritual. É mostrada mediante servir ativamente o Senhor e encontrar-se com o seu povo (Tiago 2:20; Filemon v. 4,7).
A verdadeira comunhão mantém o povo de Deus juntos (Hebreus 10:24-25; Atos 2:42). Os crentes não devem passar de um grupo de cristãos para outro, talvez para provar um ensino que é mais agradável ao seu gosto. Observe as palavras "os seus" (Atos 4:23), e "um de vós" (Colossenses 4:9,12) - era permanente. Mas é mais do que assistir às reuniões ou apenas compartilhar da Ceia do Senhor. É estar envolvido em todo o trabalho da igreja local.
CARACTERÍSTICAS DA COMUNHÃO CRISTÃ
1. É uma comunhão com Deus (1 João 1:1-7).
Temos o privilégio de comunhão:
- Com o Pai (v.3), que compartilha o Seu Filho amado conosco;
- Com o Filho que compartilha o conhecimento do Pai conosco (v.3 com João 1:18);
- E com o Espírito Santo, que nos permite entrar em comunhão com Deus e uns com os outros (2 Coríntios 13.14).
A condição essencial é andar na luz (v.5-7, compare com Efésios 5,6-14; Romanos 13:12). A comunhão é interrompida pelo pecado, mas o caminho da restauração é descrito em 1 João 1:9-2,2 .
A conseqüência dessa comunhão é descrita em 2 Pedro 1:3-4 - obtemos mais e mais semelhança com Deus, na medida em que acatamos a exortação nos versículos 5-8 que seguem. Veja também 1 Pedro 1:3, 15-16 . Uma criança deve crescer na semelhança dos seus pais.
2. É uma comunhão com os apóstolos (1 João 1:3).
Através de seus escritos compartilhamos com eles do seu conhecimento pessoal de Cristo, Suas palavras e Seus caminhos (vv.1-3). Essas coisas são chamadas a doutrina de Cristo (2 João v.9-11). É a doutrina dos apóstolos a que se refere Atos 2:42 que constitui a base da comunhão cristã.
3. É uma comunhão com os santos .
Filipenses, às vezes chamada de "epístola da comunhão cheia de gozo" diz-nos que isto é:
- A comunhão de salvação (1:7): "participantes...da graça" abrange toda a gama de bênçãos espirituais Ef 1,3 ).
- A comunhão de serviço (1:5): para exemplos, ver 4:3; Filemon v.17; 2 Coríntios 8:23.
- A comunhão de espírito (21): no contexto, "espírito" significa o espírito do cristão. O Espírito Santo proporciona harmonia para essa comunhão. Harmonia de espírito não significa que todos agem da mesma maneira. Os cristãos diferem muito uns dos outros em seu caráter, como também os apóstolos, mas a harmonia é possível.
- A comunhão de sofrimento (3:10; 1:29-30). Compare com Hebreus 10:33 e Apocalipse 1:9; 2 Coríntios 1:5-7; 1 Pedro 5:9. Há muitas provações e dificuldades na vida que os cristãos compartilham.
- A comunhão de posses (4:14; comparar com Hebreus 13:16). Isto inclui as necessidades dos mais pobres entre o povo de Deus (Romanos 12:13; 15:26; 2 Coríntios 8:1-5; 1 Timóteo 6:18), e também os servos de Deus que não têm outra fonte de renda (Filipenses 4:14-16; Gálatas 6:6 ; 1 Timóteo 5:17).
A Ceia do Senhor tem sido chamada de "ponto focal" da comunhão cristã - veja 1 Coríntios 10:16-17. Nem a Ceia nem mesmo o batismo criam a comunhão, mas essas ordenanças expressam a comunhão. E os que estão nessa comunhão têm a responsabilidade de ficar separados de tudo o que é contrário à vontade do Senhor. Isso significa que não podemos participar de outras comunhões, tais como:
(a) A comunhão com os demônios - a idolatria, o espiritismo, o ocultismo, a bruxaria, etc (1 Coríntios 10:18-22; 2 João vs.9-11);
(b) A comunhão com o mundo (1 João 5:19) – todo o sistema organizado do mundo, social, político e religioso: (2 Coríntios 6:14 a 7:1; Efésios 5:10-11; 1 João 2:15; Romanos 12:2; Tiago 4:4);
(c) A comunhão com os pecados (1 Timóteo 5:22; Romanos 13:14; 2 João v.11). Lemos sobre os pecados de uma "igreja prostituta" e suas "filhas" em Apocalipse 18:4, 14:8 e 17:1-6. Estas e outras Escrituras nos ensinam que, mesmo agora onde prevalecem as condições do mal, os cristãos leais devem separar-se.
A COMUNHÃO NA IGREJA LOCAL
A assembléia local não é como uma organização feita pelo homem em que uma pessoa pode ser introduzida e eleita por seus membros. A recepção de um crente em uma igreja local é em nome de Cristo, como de alguém que pertence a Ele, e não em nome da igreja ou com base em qualquer outra coisa (Romanos 15:7). "Receber em comunhão" significa reconhecer a comunhão que já existe entre o indivíduo e Deus. Devemos receber todos a quem Deus já recebeu, com reservas quanto à sã doutrina e prática consistente (Romanos 14:3).
Duas classes de crentes são reconhecidas em Romanos 14-15, os "fortes" e os "fracos" (14:1; 15:1). Os fortes devem apoiar os fracos, não fazê-los tropeçar, pois isso é um assunto sério diante do Senhor (1 Tessalonicenses 5:14; Romanos 14:13-21; 1 Coríntios 8:9-13). Aquele que é fraco na fé deve ser acolhido, mas não para "disputas duvidosas", isto é, não com o propósito de examinar as suas opiniões, ou de julgar as convicções da sua consciência (Romanos 14:1). Os fracos são os crentes que sinceramente possuem escrúpulos sobre assuntos de menor importância. Eles podem ainda não ter entendido a "liberdade para a qual Cristo nos libertou" (Gálatas 5:1). Ou podem até ser legalistas, que colocam restrições desnecessárias sobre si mesmos e aos outros, e muitas vezes se consideram ser os realmente fortes!
Pode ser encontrada fraqueza física naqueles que são muito jovens, ou que têm algum tipo de doença ou deficiência. É o mesmo em assuntos espirituais. A igreja local deve ser um berçário para os bebês em Cristo, uma casa de repouso para os fracos, e um campo de treinamento para todos. Na família de Deus, existem vários estágios de crescimento espiritual - "criancinhas, jovens, pais" (1 João 2:12-14). Todos os Seus filhos devem estar em comunhão feliz, sem nenhum espírito duro e intolerante com ninguém. A comunhão da igreja local deve incluir todos os crentes igualmente.
A fraqueza deve ser distinguida do pecado. Os pecados devem ser tratados, mas as fraquezas devem ser suportadas (Romanos 15:1-3). Fraquezas podem ser encontradas naqueles que foram educados desde a infância em conexão com uma igreja local, verdadeiramente convertidos, mas não totalmente ensinados. Esta fraqueza também pode ter resultado da falha dos anciãos em verificar que um ensino equilibrado é dado, ou em dar atenção a tal ensino. Uma condição similar é encontrada às vezes entre os cristãos criados em igrejas denominacionais. Eles acham difícil abandonar idéias e práticas erradas que lhes foram ensinadas no passado. Quando recebidos em uma igreja local, é necessário um tratamento sábio e compassivo, para que possam ser instruídos mais perfeitamente no caminho do Senhor (Atos 18.25).
Geralmente há dois tipos de cristãos para serem recebidos em uma igreja local.
1. Os novos convertidos (Atos 2.41,47; 5:14; 11:24)
Esses convertidos batizados foram introduzidos para a comunhão dos crentes locais, e foram incluídos em todos os privilégios e responsabilidades relacionados com a comunhão (Atos 2:41-42).
2. Crentes vindos de outros lugares .
Para receber os crentes que não são bem conhecidos, são necessárias certas coisas.
(a) Introdução pessoal por alguém na igreja local que os conhece suficientemente bem. Assim aconteceu com Paulo (Atos 9:27).
(b) Cartas de recomendação de outras igrejas ou de servos de Deus conhecidos (2 Coríntios 3:1-2; Atos 18:27; Romanos 16:1; Colossenses 4:10; Filemon v. 12,17). Este princípio foi integralmente reconhecido por Paulo, embora pessoalmente não precisasse de tal carta. No caso de alguém que é desconhecido, uma carta de recomendação dá confiança no caráter da pessoa por parte de quem já o conhecia. Não devemos esquecer que mesmo nosso Senhor apresentou suas credenciais quando veio entre homens que não O conheciam (João 5:30-37).
(c) Comprovação satisfatória . Nem sempre é possível a produção de uma carta de recomendação. Um filho de Deus pode ser prejudicado se lhe for recusada a admissão apenas por uma questão de manter uma regra local. Os anciãos devem lhe fazer algumas perguntas que nenhum cristão sensato vai ressentir se for feito com cortezia. O nome e a origem da pessoa devem então ser levados ao conhecimento da assembleia de modo que sinceras boas-vindas possam lhe ser dadas pelos membros da igreja. Se cristãos desejarem ligar-se permanentemente com a igreja local, deve se permitir um prazo para a manifestação de alguma possível objeção. Isso, é claro, só pode ocorrer com base em motivos bíblicos válidos. [2]
Para comunhão com a igreja local deve haver evidência de salvação, sanidade de doutrina e consistência de vida. O batismo por si só não é suficiente, embora seja necessário para a obediência aos mandamentos de nosso Senhor. Embora os anciãos assumam a liderança nestas questões, deve-se lembrar que toda a assembléia recebe um crente (ou o afasta 1 Coríntios 5:4). O Diótrefes descrito em 3 João v.9 agiu com arrogância e independência - esta foi uma negação do senhorio de Cristo.
A comunhão em uma igreja local pode ser quebrada por pecado ou perturbada por discórdia. Quando alguma ofensa envolve outros, ela deve ser enfrentada, e em seguida tratada de acordo com o procedimento ensinado na Palavra de Deus (Mateus 18:15-17). Infelizmente muitas discórdias são frequentemente mesquinhas e banais. Quem semeia discórdia é chamado de pessoa vil nas Escrituras. Se essa discórdia for semeada entre os irmãos aquele que perturba a harmonia é fortemente repreendido por Deus ( Provérbios 6.12 , 14 , 16 , 19 ). Filipenses 4.5 mostra o que deve ser encontrado entre o povo de Deus - a moderação ou gentileza, ser bondoso e razoável, cedendo aos outros sem se prender aos seus próprios direitos.
Nota de rodapé 1
Isto não era comunismo como algumas pessoas nos diriam, pois foi um acordo inteiramente voluntário. O comunismo tira à força de um para distribuir aos outros - o Estado toma a propriedade e os poderes do povo, até mesmo toma o domínio sobre as próprias pessoas.
Nota de rodapé 2
Se alguém vem de outra igreja local sem uma carta de recomendação, os anciãos devem perguntar se está sob disciplina. Ninguém nesta situação deve ser recebido, pelo menos até que uma investigação tenha sido feita. Seria melhor primeiro persuadir essa pessoa a buscar a reconciliação com a igreja local de origem. A experiência nos diz que as pessoas com segundas intenções dificilmente se associam com uma igreja conduzida pelas Escrituras. As exceções devem ser tratadas quando necessário, como quando o mal moral ou doutrinário se manifesta (Atos 8:21). Os anciãos são responsáveis em guardar a igreja local de ensino errado e de mal moral, mas não devem ir além disso para impor restrições sobre a liberdade de um cristão de agir como ele crê que a Palavra de Deus permite.
PARA ESTUDO ADICIONAL
- Anote outras palavras que significam "comunhão".
- Em Atos 13:1 somos informados sobre algumas pessoas da igreja em Antioquia. Veja os seus nomes e perceba como eram todos diferentes. O que os unia?
- Observe os diferentes tipos de homens que se tornaram discípulos do Senhor Jesus (Lucas 6:13-16). Por que eles formaram um grupo? Observe como ele se expandiu para incluir outros em Atos 1:13-14.
- Anote as coisas descritas em Filipenses que marcam a comunhão cristã. Além disso, observe os tipos de comunhão que os cristãos devem evitar. Tudo isso é verdade com você?
- Que coisas podem estragar e dividir uma comunhão? Como podemos evitá-las?
- Explicar o que 2 Coríntios 3:1-2 significa.
PONTOS PARA LEMBRAR
- A comunhão cristã é compartilhar com Deus e com o povo de Deus tudo o que é ensinado nas Escrituras.
- Comunhão cristã é um círculo do qual o Senhor Jesus Cristo é o centro.
- O gozo da comunhão depende da nossa própria condição espiritual.
- A comunhão com Cristo e Seu povo exige a separação do mal.
- Em uma igreja local, a comunhão é compartilhada na prática entre todos os seus membros.
- Os crentes são recebidos na comunhão de uma igreja depois de ser salvos e batizados.
- Os visitantes a uma igreja devem trazer com eles uma carta de recomendação de sua própria igreja local.
- A comunhão na igreja é preciosa e deve ser preservada e promovida por todos. Ela demanda compromisso e continuidade
- É muito sério alguém perturbar ou prejudicar a comunhão.
Capítulo 7
A Liderança e o Governo
É essencial ter líderes na igreja. Sem uma liderança adequada uma assembleia logo estaria em confusão, como qualquer comunidade estaria sem um governo. Isso aconteceu muito tempo atrás em Israel e os resultados foram muito graves (Juízes 21:25). Em muitas igrejas, a liderança, os procedimentos e o ministério são muitas vezes designados pelo homem ou por uma organização humana, com base em tradições, em vez das Escrituras do Novo Testamento. Como é escolhida a liderança entre os crentes que se reúnem de acordo com o padrão bíblico?
O Senhor estabeleceu duas formas de liderança em sua igreja. Estes são os anciãos (ou "bispos") e os ministros (ou "diáconos"). Os anciãos lideram a igreja local, os ministros servem. Quando Paulo escreveu para a igreja em Filipos, ele se dirigiu a "todos os santos", com os "bispos" e "diáconos" (1:1). Observe que há sempre mais do que um de cada.
Cristo é a Cabeça única de Seu Corpo, a Igreja, e o Espírito Santo é o seu único Representante na terra. Uma cabeça visível poderia parecer capaz de fazer tudo correr bem, mas a ordem de Deus e não o arranjo do homem é que deve ser o nosso verdadeiro guia. Se reconhecemos o Senhorio de Cristo, vamos alegremente nos submeter ao tipo de governo que Ele estabelece.
NOMEAÇÃO DE ANCIÃOS
No Novo Testamento, "presbíteros", "bispos" e "anciãos" são nomes diferentes para as mesmas pessoas. Quando chamados “anciãos” isso aponta para a sua maturidade espiritual. Mas nem todos os homens mais idosos são anciãos (ver Tito 2:2-3, compare com Jó 32:9 ). Quando são chamados “presbíteros”, (às vezes "bispos"), isso aponta para o tipo de trabalho que fazem (Atos 20:17 com v.28; Tito 1:5 com v.7).
O princípio de governo pelos anciãos é encontrado no Velho Testamento (Êxodo 3:16; 24:1; Números 11:16, 24-25). Nos primeiros dias da igreja havia semelhantemente uma liderança de anciãos. Eles são mencionados pela primeira vez na igreja em Jerusalém trabalhando junto com os apóstolos (Atos 11:30; 15:4,6).
É o Espírito Santo que constitui bispos na igreja local (Atos 20:28). Na terra Ele é o único Representante divino de Cristo, que é a Cabeça da igreja no céu. A Palavra de Deus silencia sobre a nomeação de anciãos por autoridades eclesiásticas, ou sobre eleições e votos feitos por congregações, ou pelos anciãos existentes. No entanto, os anciãos existentes notarão outros irmãos, talvez mais jovens, que estão cuidando e são capazes, e têm as qualificações necessárias para serem anciãos. Esses outros irmãos devem ser encorajados a se juntar a eles em suas orações e consultas.
As primeiras igrejas recém-plantadas funcionaram por um curto período de tempo sem anciãos. Os missionários, como Paulo, em uma visita posterior, então escolheram aqueles que tinham as qualificações morais e espirituais para serem anciãos (Atos 14:23). Da mesma forma Paulo instruiu Tito para nomear anciãos nas igrejas em Creta (Tito 1:5). Este procedimento foi para proporcionar liderança para estas novas igrejas, e às vezes pode ser aplicado por evangelistas e missionários em novas áreas.
A nomeação de um "bispo" ou um "arcebispo", com uma responsabilidade mais ampla sobre as outras igrejas é um grave desvio do ensino do Novo Testamento. Um sistema de ordenação e nomeação pelo governo civil, por alguma faculdade ou corporação, ou por proprietários de terras, não é o caminho de Deus, mas a maneira do mundo.
O TRABALHO DOS ANCIÃOS
O trabalho de um ancião e sua posição são estritamente locais. Um ancião não tem autoridade para governar outra igreja local. Também deve-se notar que os anciãos não são uma diretoria estabelecida sobre uma igreja, mas são os que trabalham entre os santos (Atos 20:28; 1 Pedro 5:1-2; Lucas 22:24-26; Mateus 20:25-28). Eles dirigem e governam mediante a manifestação de um bom exemplo para todos. Eles não legislam, mas administram o bem-estar da igreja. Os assuntos administrativos de uma igreja podem ser cuidados por irmãos mais velhos, mas isso é mais o trabalho dos diáconos (ver o próximo capítulo).
Na Palavra de Deus, o trabalho dos anciãos é descrito em sete maneiras diferentes, que todos os anciãos devem observar com cuidado.
1. Pastoreio ( poimaino ). O próprio Cristo é o Sumo Pastor do Seu rebanho (1 Pedro 5:4; João 10:16). Os anciãos são sub-pastores. Em 1 Pedro 5:2 e Atos 20:28, "apascentar” significa "cuidar como um pastor de ovelhas". A palavra "pastor" significa "pastor de ovelhas". Pedro cita-se a si próprio como exemplo (1 Pedro 5:1, comparar com João 21:15-17). Paulo e Pedro eram apóstolos, mas também eram pastores e mestres, cujo trabalho abrangia toda a igreja ( Efésios 4:11). Além disso, eram evangelistas. "Pastor" indica o trabalho de cuidar de almas, muitas vezes fazendo visitas particulares aos crentes. "Mestre", indica o trabalho de explicar as Escrituras para edificar os crentes em sua fé, instruindo-os publicamente.
Os deveres dos pastores das ovelhas são de supervisionar, cuidar e alimentar o rebanho. Eles instruem os ignorantes, visitam os doentes, confortam os moribundos, mostram compaixão para os enlutados, alertam os desordeiros, encorajam os desanimados, amparam os fracos e restauram o caído. Eles sempre devem ser longânimos para com todos (Tiago 5:14; 1 Tessalonicenses 5:14; Gálatas 6:1). Se for necessária ajuda material ou financeira, os anciãos ajudam com o seu próprio dinheiro ou com os fundos da igreja, se houver acordo neste sentido (Atos 20:34-35).
Um verdadeiro pastor sempre presta especial atenção aos cordeiros. Em Seus comandos para Pedro (João 21), nosso Senhor usa uma palavra que significa alimentar, ou fornecer pasto para os cordeiros (v.15) e para as ovelhas em crescimento (v.17). Mas no v.16 Ele usou uma palavra que significa cuidar delas, providenciando tudo o que as ovelhas possam necessitar. Os pastores falsos se preocupam mais em tosquiar as ovelhas do que em cuidar delas. Os mercenários são motivados por salários e não por amor, por isso não estão dispostos a assumir riscos pessoais (João 10:12-13). O ensino assalariado faz parte do clericalismo, onde o dinheiro muitas vezes determina o que deve ser ensinado ou omitido (Judas v.11; 2 Pedro 2.15). É essencial que haja pastores nas igrejas; mas ser o pastor de uma igreja é anti-bíblico.
2. Velando (agrupneo) no interesse das almas (Hebreus 13:17). Isto é freqüentemente associado com a oração, como em Efésios 6:18 . Os inimigos dos crentes são poderosos e persistentes (1 Pedro 5:8; Atos 20:29-31; João 10:12; 2 Coríntios 11:13-15; Mateus 7:15-20). Então os pastores devem guardar o rebanho, bem como orientá-lo (1 Samuel 17:34-36). As ovelhas que ficam para trás e estão na borda do rebanho estão em maior perigo de serem atacadas por seus inimigos, também os doentes e débeis (Deuteronômio 25:18). Tais crentes precisam de cuidados especiais e atenção dos pastores.
3. Presidindo ( proistemi ). Esta palavra significa literalmente "ficar em pé na frente." Significa liderar dando um bom exemplo. Esse é o significado em 1 Tessalonicenses 5:12, "trabalham entre vós e tomam a liderança na vossa frente”, também em 1 Timóteo 5:17, "anciãos que tomam a liderança, trabalhando na palavra e na doutrina". Este trabalho importante deve ser feito com zelo (Romanos 12.8). Nos países orientais os pastores não impelem as ovelhas, mas vão à frente.
4. Administrando (hegeomai). Isso significa governar, presidir, como em Hebreus 13:7, 17, 24. Os anciãos não devem governar como ditadores ou dominadores (1 Pedro 5:3; Marcos 10:42-45), mas como exemplos. Eles devem ser os padrões não os príncipes! Sua autoridade é delegada pelo Senhor.
5. Sendo timoneiros (kubernetes). Um timoneiro dirige um navio em águas perigosas (Atos 27:11). Há muitas "pedras" perigosas neste mundo que poderiam arruinar o testemunho de uma igreja. Os anciãos têm que ser capazes de guiá-la para longe delas.
6. Labutando (kopiao). Isso significa trabalho árduo ou labuta como em Lucas 5:5. A tarefa dos anciãos é muitas vezes assim, como vimos em 1 Tessalonicenses 5:12 e 1 Timóteo 5:17. Em Atos 20:35, o trabalho braçal de Paulo é enfatizado. Um ancião não se limita a participar ou organizar reuniões para discutir assuntos da igreja, mas labuta entre os santos para o seu bem espiritual (Tito 1:9; Judas v.22-23). Este deve ser sempre feito em um espírito de humildade (1 Pedro 5:5).
7. Sendo mordomos (oikonomos). Esta palavra "mordomo" ( Lucas 12:42 ), também descreve um ancião da igreja. O Senhor confiou aos anciãos uma responsabilidade ou encargo em Sua casa. Por cuidarem das coisas do Senhor, eles devem um dia prestar contas a Ele do seu desempenho ( Hebreus 13.17).
Todas estas palavras mostram que os deveres dos anciãos são principalmente relacionados com o bem-estar espiritual da igreja, não tanto com as coisas materiais. Os anciãos devem agir em plena comunhão com o resto dos crentes. É essencial que cada um tenha plena confiança no outro.
Os anciãos precisam se unir para oração e consideração dos assuntos da igreja. As reuniões dos anciãos devem seguir o padrão bíblico como em Atos 15:6; 21:8. Unidade de julgamento é sempre desejável. Não é prudente discutir todos os assuntos com toda a igreja, com os crentes mais jovens presentes. Por exemplo, as questões sobre o caráter de uma pessoa, ou possível disciplina, são para os anciãos investigarem primeiro e em particular. Eles podem depois aconselhar a igreja sem publicar todos os detalhes. Os anciãos devem tomar cuidado de si mesmos em primeiro lugar, em seguida de todo o rebanho (Atos 20:28).
QUALIFICAÇÕES DOS ANCIÃOS
1 Timóteo 3:1-7 e Tito 1:5-9 descrevem claramente as qualificações dos anciãos. Um irmão não se torna um ancião por causa da sua habilidade natural, experiência em negócios, prosperidade financeira, ou posição social. Ele deve possuir qualidades morais e capacidade espiritual para o trabalho. Ele deve ser um homem da Palavra, um homem de fé, e um homem de oração. Ele deve ser sadio na doutrina e ter um estilo de vida que lhe corresponde (Hebreus 13:7; 2 Timóteo 2:2). Sua vida privada deve apoiar seu serviço público na igreja.
Dezoito palavras diferentes nestes versículos indicam o caráter necessário a um ancião. Três frases descrevem o que ele é e duas descrevem o que é capaz de fazer.
O que um ancião é:
- Ele deve ser experiente, "não neófito", ou seja, um recentemente convertido para a fé ( 1 Timóteo 3:6 - observe o motivo para isso).
- Ele deve ser marido de uma mulher (1 Timóteo 3.2; Tito 1:6). Isto significa que a fidelidade do presbítero à sua esposa nunca está em dúvida.
- O ancião também deve possuir um bom testemunho no mundo (1 Timóteo 3.7). Um desacreditado em seus negócios, por exemplo, seria desclassificado: veja novamente a razão dada.
O que um ancião é capaz de fazer:
- Ele deve estar no controle eficaz da sua própria casa (1 Timóteo 3:4; Tito 1:6 – note outra vez a razão óbvia).
- Ele deve ser "apto para ensinar" (1 Timóteo 3:2). Isso não é necessariamente a pregação pública, mas sim a capacidade de dar instrução, talvez em particular para os crentes mais jovens.
Devemos notar que um alto padrão é exigido nesta área importante da liderança da igreja. Em resumo pode-se dizer que um presbítero deve ser:
irrepreensível em sua conduta,
sensato e imparcial em seu julgamento,
auto-controlado em palavra e ação,
razoável em sua atitude (não teimoso ou obstinado),
livre de qualquer tipo de ganância,
disposto a ser hospitaleiro.
RECONHECIMENTO DOS ANCIÃOS
Os crentes na igreja podem reconhecer os anciãos entre eles por serem (1) os que possuem as qualificações necessárias, e (2) os que fazem o trabalho. Os crentes são então incumbidos de fazer sete coisas distintas.
1. "Conhecê-los" (1 Tessalonicenses 5:12). Isso significa saber por observação. Não é um reconhecimento formal ou oficial (para o qual uma palavra diferente é usada em 1 Coríntios 16:18, com v.16). Os anciãos vão obter reconhecimento se servirem bem os santos. As ovelhas de Cristo, instintivamente e de bom grado, vão seguir alguém que vieram a conhecer e em quem aprenderam a confiar.
2. "Estima-los" ( 1 Tessalonicenses 5:13 ). Valorizam muito esses irmãos e os apreciam em amor por causa de seu trabalho, não por alguma atração pessoal.
3. "Honra-los" (1 Timóteo 5.17). Aqui "dupla honra" significa que, além de respeitá-los, pode ser necessário dar-lhes algum apoio financeiro, como é o caso de alguns que dedicam seu tempo integral a este trabalho (v.18). No entanto o próprio exemplo de Paulo dado em Atos 20:34-35 também deve ser levado em conta.
4. "Confiar neles" (1 Timóteo 5.19 com v.1). Nenhuma acusação deve ser aceita contra um ancião, salvo mediante o depoimento de duas ou três testemunhas. Este é um princípio baseado nas palavras de Deuteronômio 19.15. Os anciãos podem ser expostos a críticas por causa do tipo de trabalho que, por vezes, têm que fazer, por exemplo, em questões de disciplina. Se houver qualquer motivo para questionamento, um ancião deve ser respeitado como um pai (v.1). Mas se algum pecado é provado deve haver uma censura pública (v.20). Os anciãos não devem deixar de levar em conta ou esconder uma falha em um de seus companheiros.
5. "Obedecê-los" (Hebreus 13:17). A lealdade para com os líderes é requerida por causa da sua solene responsabilidade diante do Senhor. Devemos obedecer as suas instruções declaradas no Senhor, e nos submeter aos seus conhecidos desejos (1 Pedro 5:5; 1 Coríntios 16:15-16).
6. "Lembrar deles" (Hebreus 13:7). Isto se refere aos líderes que tinham morrido, talvez tivessem sido martirizados. Devemos considerar o resultado de sua vida, seu término triunfante, e imitar seu exemplo fiel. O versículo seguinte nos lembra que embora os líderes se vão, Cristo permanece sempre o mesmo, a grande Pessoa em quem todos nós confiamos e servimos. Os sub-pastores adormecem, mas o Grande Pastor sempre supervisiona o Seu rebanho e levanta outros (v.20; comparar 1 Pedro 2:25 ).
7. "Saudai-os" ( Hebreus 13.24 ). Cumprimente-os com benevolência para que possam ser incentivados em seu trabalho. Eles são muitas vezes criticados! Mesmo quando os crentes não concordam com as suas decisões, não deve haver nenhum ressentimento. Devemos sim orar frequentemente por eles (v.18; 1 Tessalonicenses 5:25; 2 Tessalonicenses 3:1).
O próprio Senhor reconhece os anciãos e o seu trabalho. A promessa maravilhosa é dada a eles em 1 Pedro 5.4, a ser cumprida no dia em que Lhe darão conta do seu desempenho (Hebreus 13:17). Esta imarcescível "coroa de glória" certamente será suficiente recompensa para as muitas tarefas difíceis de um verdadeiro supervisor na igreja.
PARA ESTUDO ADICIONAL
- Qual é a principal diferença entre os bispos e os diáconos (entre os anciãos da igreja e os servos da igreja)?
- Os bispos são descritos com maior precisão por três outras palavras. Quais são essas palavras, e o que elas nos dizem sobre o trabalho que fazem?
- Por que os anciãos não devem ser novatos? Por que devem ter um bom testemunho em sua comunidade?
- Como é que o Espírito Santo faria de um homem um ancião em uma igreja? (Atos 20:28).
- Leia as instruções dadas aos anciãos em Atos 20,28-35 . Quais são as principais coisas que se lhes mandou fazer? Que perigos iriam enfrentar? Como foi que Paulo os preparou para o seu trabalho?
PONTOS PARA LEMBRAR
- O Novo Testamento mostra que cada igreja local deve ser liderada e governada pelos seus anciãos.
- Os anciãos são homens com experiência e caráter irrepreensível que cuidam de todos os crentes na igreja local.
- Os anciãos são como pastores de ovelhas que alimentam, cuidam e lideram toda a igreja local.
- Os anciãos devem liderar por exemplo, capazes de dizer: "Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo." (1 Coríntios 11:1).
- Os anciãos têm responsabilidades apenas em sua própria igreja local.
- Os anciãos cuidam do povo do Senhor e dos interesses do Senhor e terão de prestar contas a Ele pelo que fizeram.
- Os diáconos são servos da igreja que têm um ministério diferente, concernente às coisas materiais ou ensino espiritual.
Capítulo 8
O Ministério
É importante notar o que as Escrituras dizem sobre o "ministério", e quem é um "ministro". Examinando as palavras usadas e o seu contexto vemos que:
- "Ministério" é qualquer tipo de serviço prestado ao Senhor, ou para os outros;
- Um "ministro" é qualquer pessoa que verdadeiramente serve a Deus e aos homens.
DIÁCONOS E O SEU SERVIÇO
Esta palavra "diácono" vem diretamente da palavra grega diakonos que significa simplesmente "servo". Focaliza na obra que o servo faz. O serviço pode ser temporário ou permanente. Outra palavra usada frequentemente para um servo é doulos. Isso significa um escravo, ou alguém preso à servidão. Focaliza na relação entre servo e o seu mestre.
No Novo Testamento, diakonos pode se referir a um servo doméstico ( João 2:5-9 ), ou a um governante como um servo do Estado (Romanos 13:4). A palavra é aplicada a Cristo como Servo de Deus (Romanos 15:8) e a Paulo, Apolo e Timóteo também como servos de Deus (2 Coríntios 3:6; 6:4; 1 Coríntios 3:5; 1 Tessalonicenses 3:2). Havia também homens mais jovens que serviram o apóstolo Paulo e outros líderes (Atos 19:22; Colossenses 4:7; Filemon v.13), e alguns que realizaram este tipo de serviço em nome de uma igreja local (Atos 6:1; 11:29-30 com 12:25; 1 Timóteo 3:8-12), incluindo uma senhora cristã chamada Febe (Romanos 16:1). Mesmo Satanás tem ministros como estes (2 Coríntios 11:14-15). Um verbo relacionado com essa palavra é aplicada a anjos (Marcos 1:13), mulheres (Marcos 1:31; 15:41; Lucas 8:3), e ao próprio Cristo (Marcos 10:45; Lucas 22:27). Todos estes podem ser chamados de diáconos.
Todas estas referências mostram que diakonos, frequentemente traduzida “ministro”, não indica um clérigo com um título especial. É comum considerar o "ministro" cristão como sendo a pessoa que ocupa um cargo de liderança em uma igreja, após uma formação teológica especial e ordenação das mãos de superiores, e talvez recebendo um salário. Mas essa noção de um "ministro" ou "pastor" em uma igreja não é encontrada nas Escrituras. Filipenses 1:1 mostra que havia "diáconos" (ou servidores) na igreja em Filipos. Como servos da igreja eles trabalhavam ao lado dos anciãos (ou "bispos").
O Novo Testamento não dá exemplos da nomeação humana de ministros. Todos os servos são nomeados diretamente pelo seu próprio mestre (1 Pedro 4:11). Os homens não podem transmitir dons naturais ou dons espirituais aos outros. A habilidade ou educação natural não é uma qualificação para o ministério cristão, embora Deus possa usá-la em Seu serviço. Os líderes judeus perceberam que Pedro e João não tinham sido treinados nas escolas teológicas reconhecidas naquela época, mas não eram iletrados (Atos 4:13). Por outro lado, Saulo de Tarso tinha capacidade excepcional, formação teológica e altas realizações (Atos 22:3; Filipenses 3:4-6). No entanto, antes da sua conversão, ele tinha a ideia equivocada que estava servindo a Deus, quando, na verdade, estava agindo em violenta oposição contra Ele (Atos 23:1; 26:9; 1 Timóteo 1:13). [1]
DUAS FORMAS DE MINISTÉRIO
Na Igreja, há duas formas principais de ministério ou serviço. Primeiro, há o serviço em que se usam os dons espirituais concedidos pelo Chefe da Igreja. Depois, há serviço concernente às questões temporais e os interesses materiais do cotidiano dos crentes. Distinguem-se em Atos 6:2-4 como o "ministério da Palavra" e o "ministério das mesas".
1. Serviço na esfera espiritual
Quatro escrituras principais devem ser estudadas aqui:
- Efésios 4:7-16 para aplicação na igreja universal;
- 1 Coríntios 12 e 14 para a aplicação na igreja local;
- Romanos 12:3-13 com 1 Pedro 4:7-11 para a aplicação pessoal.
Efésios 4:7-16: aqui nosso Senhor é visto como um grande conquistador regressando de uma guerra vitoriosa contra os seus inimigos, proclamando a grande vitória mediante a distribuição de brindes. Os brindes, ou dons de Cristo são aqueles que irão se prestar para o bem-estar e enriquecimento da Sua igreja. Existem quatro principais dons da graça. Dois seriam provisórios porque pertenciam, de modo especial, ao início da igreja. Dois permanecem ainda como dons permanentes para toda a era da igreja.
Os dois dons provisórios foram os apóstolos e os profetas . Ambos tinham autoridade única e poderes milagrosos. Eram homens por meio de quem o Senhor revelou a verdade do Novo Testamento. Os apóstolos revelaram a verdade mediante o seu ensino pessoal (João 14:26; 16:13-14; Gálatas11-12). Eles tinham as qualificações especiais de ter visto o Senhor (1 Coríntios 9:1; Atos 1:21-22), e de ter sido especialmente escolhidos para serem testemunhas da sua ressurreição (Atos 3:15; 5:32; 10:41). Os profetas comunicaram a mente do Senhor mediante uma revelação específica por meio do Espírito Santo (1 Coríntios 14:30). Depois que o Novo Testamento foi concluído, a necessidade desses dois grandes dons passou, porque essas escrituras agora revelam plenamente toda a vontade do Senhor para o seu povo.
Os dons permanentes são os evangelistas, que trabalham no mundo exterior em comunhão com a igreja e os pastores e mestres (um dom duplo em uma pessoa) que trabalham dentro da igreja.
- O evangelista concentra-se em pregar o evangelho para ganhar almas para Cristo, plantando novas igrejas ou trazendo convertidos para se associarem com as já existentes. Ele está envolvido na expansão da igreja.
- O pastor e mestre está concentrado no cuidado dos santos. Como um pastor ele cuida de almas. Como mestre, ele traz a Palavra de Deus para os outros. O trabalho de pastor é principalmente desempenhado em particular, o de mestre é mais público, para o benefício da igreja. Os profetas obtinham revelação direta de Deus ao passo que os mestres obtêm as suas mensagens das Escrituras. Ambos dão a conhecer a mente de Deus. Todos os profetas e mestres devem ter o alvo de edificar os ouvintes (1 Coríntios 14:26). A edificação constroi, a exortação estimula e a consolação ata (14:3). Todo o verdadeiro ministério edifica os crentes e não quebra ou destroi.
1 Coríntios 12:28: este versículo nos dá uma lista de dons em uma igreja local. O “evangelista" é omitido aqui porque, como já vimos, esse trabalho se faz fora do círculo imediato de crentes embora em plena comunhão com eles. Aqui, também, os dons temporários e os permanentes são distinguidos. Profecias, línguas e ciência eram temporários no início da igreja (1 Coríntios 13:8-10). Note-se que em Efésios 4 esses dons de sinais são omitidos.
Uma verdade muito importante enfatizada em 1 Coríntios 12 é que cada crente individual participa do ministério cristão como um membro do Corpo de Cristo. Cada crente recebe um ou mais dons para serem utilizados na construção da igreja (v.12-27; 1 Tessalonicenses 5:11; Romanos 15:14), assim como cada membro do nosso corpo físico tem uma função importante. As irmãs cristãs têm um serviço para fazer em sua própria esfera (ver o próximo capítulo).
Todo ministério divinamente estabelecido é em primeiro lugar para a glória de Deus através de Jesus Cristo (1 Pedro 4:10-11). Um verdadeiro servo não busca popularidade, mas trabalha para agradar a Deus (Gálatas 1:10; 1 Coríntios 7:23; Mateus 6:1-8). A aprovação do Senhor é muito melhor do que o louvor dos homens. O principal objetivo dos grandes dons é preparar todos os membros do Corpo de Cristo para exercer seus vários ministérios próprios, de modo que toda a igreja desenvolva para seu pleno crescimento e maturidade (Efésios 4:11-16). O ministério também é uma mordomia (1 Pedro 4:10; 1 Coríntios 4:1-2; 9:7). Conta terá que se dar no Tribunal de Cristo ( 2 Coríntios 5:10).
Todos os servos de Cristo devem mostrar diligência, amor, paciência e vigilância em oração (Romanos 12:3; 1 Pedro 4:7-11). O dom não deve ser negligenciado (1 Timóteo 4:14), mas estimulado ou reanimado se a sua chama não estiver queimando brilhantemente (2 Timóteo 1:6). [2].
2. Serviço na esfera material
Para este tipo de serviço aos outros, uma igreja pode escolher qualquer um que esteja disposto e for competente para realizá-lo. Por exemplo, em Atos 6:1-6, sete homens foram escolhidos para distribuir alimentos às viúvas carentes na igreja de Jerusalém. Esses irmãos já eram servos aprovados do Senhor. Eles não são chamados "diáconos" diretamente, mas o seu serviço é descrito por palavras que o indicam. Pelo menos alguns dos sete escolhidos eram capazes de ministrar de outras formas. Sabe-se que Felipe era um evangelista (Atos 21:8 - comparar suas atividades descritas em Atos 8:5-8, 26-40). Observe também o que é dito de Estevão em Atos 6:6,8,10.
Outros exemplos de "serviço de diácono " são encontrados em Romanos 16:1 e 2 Coríntios 8:18-24. Se uma igreja contribui fundos para alguma finalidade, seus membros devem ser capazes de selecionar aqueles que irão administrar ou distribuir o dinheiro ou dádivas.
QUALIFICAÇÕES PARA O SERVIÇO
Os requisitos para os diáconos/servos são dados em 1 Timóteo 3:8-13 - quatro são positivos e três negativos. Como no caso dos supervisores em v.1-7, nota-se que é definido um padrão alto (compare com Atos 6:3). As irmãs cristãs que servem também devem ter as qualidades indicadas no v.11, sejam elas esposas de servos ou não. Serviço e espiritualidade devem sempre andar juntos (2 Coríntios 6:3-10; 1 Tessalonicenses 2:1-12).
Aqueles que afirmam que Deus os chamou para servi-Lo devem ser sadios em doutrina, consistentes na vida que levam, e capazes para o serviço. Se forem provados "irrepreensíveis" (isto é, não dando razão para queixa), eles estarão livres para servir entre os santos, usando o dom que Deus lhes deu (1 Timóteo 3:10; Mateus 7:15-20). A igreja é responsável por reconhecê-los e capacitá-los para trabalhar (1 Coríntios 16:15-18). Mas uma igreja não pode conceder nem controlar qualquer dom da graça. Não pode contratar ou reter nenhum servo de Cristo apenas para o seu próprio benefício. Nem mesmo um apóstolo tinha autoridade para dirigir um companheiro servo do Senhor (1 Coríntios 16:12). Além disso, um servo de Cristo não deve ser julgado por outras pessoas a respeito de onde e por que eles servem. Todos servem em vista do Tribunal de Cristo (Romanos 14:4,10; 1 Coríntios 3:5-15; 4:1-5).
Os anciãos, como líderes responsáveis em uma igreja, devem sempre estar atentos aos sinais de dons em pessoas mais jovens e incentivá-los. Devem fornecer oportunidade para que os seus dons sejam utilizados, e incentivar o desenvolvimento para a maturidade (2 Timóteo 2:2 ). Por outro lado, os anciãos devem assegurar que aqueles que pregam e ensinam estão a fazê-lo de forma proveitosa e não são cansativos de ouvir. Se forem, então seu dom deve estar em outro lugar.
O Mestre supre as necessidades de Seus servos ( Lucas 22.35 ). Suas promessas dão segurança a qualquer um que Ele chamou para algum ministério. No entanto, sempre que necessário, os crentes lhe darão apoio financeiro - veja 1 Coríntios 9:7, 13-14; 3 João v.5-8 (evangelistas); Gálatas 6:6 (mestres); 1 Timóteo 5:17-18 (anciãos que labutam na Palavra). Embora Paulo merecesse o apoio financeiro de outros, em circunstâncias especiais e por boas razões ele trabalhou para se sustentar (Atos 20:33-35; 1 Coríntios 9:18; 2 Coríntios 11:7-12).
O Senhor prometeu grande recompensa para todo o serviço fiel (Mateus 25:21-23). Tal serviço também dá ao servo uma boa posição na igreja (1 Timóteo 3:13). O teste de um bom serviço não é o seu aparente sucesso, mas o seu grau de fidelidade (1 Coríntios 3:8; Apocalipse 22:12).
Às vezes se faz a pergunta: "Como posso reconhecer o meu dom?" Aqui estão algumas orientações:
- Tenho entusiasmo por este tipo de serviço?
- Tenho uma determinada capacidade para ele?
- Existe aprovação divina para esse tipo de serviço?
- O Senhor tem abençoado o meu serviço até agora?
- Posso contar com o apoio dos meus irmãos nisto?
Em 1 Coríntios 12:31; 14:1,39, somos encorajados a buscar maiores ou melhores dons. 'Maior' significa uma maior utilidade, não maior destaque ou reputação. Ninguém deve buscar uma posição que não tem habilidade para ocupar. Se usarmos fielmente o dom que já temos, o Senhor poderá agradar-se em acrescentar outro.
Nota de rodapé 1
A fonte dos dons espirituais é Cristo ressuscitado (Efésios 4:11-12). O poder de exercer esses dons é o Espírito Santo (1 Coríntios 12:4-11; Lucas 24:49; Atos 1:8). A atividade carnal nas coisas de Deus é inaceitável para Ele. A prática de "ordenação" oficial para o ministério usurpa a autoridade de Cristo, o Chefe ressuscitado da Igreja. Também substitui o trabalho do Espírito Santo (1 Coríntios 12:28; Efésios 4:11; 1 Coríntios 12:7-11). Paulo dá instruções a Tito quanto à escolha de anciãos, mas em nenhum lugar lemos de nomeações humanas para cargos na igreja.
Nota de rodapé 2
Note-se que os principais dons da graça não são dados apenas aos que estão no que é chamado "serviço de tempo integral." Muitos ensinos e pregações são feitos com proveito por irmãos que estão em atividades remunerativas seculares. A chamada para o serviço em tempo integral requer orientação distinta de Deus e não deve ser assumida levianamente (Atos 13:2; 1 Coríntios 7:20).
PARA ESTUDO ADICIONAL
- Anote quantos exemplos puder de serviço de "diácono". Quais você seria capaz e estaria disposto a fazer?
- Quais são as duas principais formas de serviço cristão? Dê exemplos de cada um de alguns capítulos de Atos.
- Quais são as qualificações mais importantes para o serviço cristão na igreja?
- O que vai acontecer no Tribunal de Cristo? O que não vai ser julgado lá?
- Deus se refere a Jó como "meu servo" (Jó 1:8). Como Jó servia a Deus melhor?
PONTOS PARA LEMBRAR
- Um ministro não é um oficial da igreja, mas qualquer um que verdadeiramente serve a Deus.
- Deus dá dons a todos os crentes para ser usados em Seu serviço.
- Diferentes dons são dados a pessoas diferentes na igreja para que toda a igreja pode se beneficiar.
- O ministério ou o serviço como "diáconos" pode ser em questões espirituais ou assuntos materiais/físicos.
- Os servos do Senhor devem ter vidas honestas e boas para apoiar o seu ministério.
- O serviço de todos vai ser revisto e recompensado no Tribunal de Cristo.
Capítulo 9
O Serviço das Mulheres
É importante compreender o lugar e o serviço das mulheres na igreja. Tanto homens como mulheres são necessários para trabalhar para Deus na igreja e no mundo.
A Palavra de Deus mostra claramente que as mulheres não devem ocupar um lugar de serviço público e de liderança na igreja. Mas isso não significa que as mulheres são de qualquer maneira sem importância ou sub valorizadas. Na verdade, veremos que Deus tem um trabalho especial para as irmãs fazerem na igreja, em suas casas, e na comunidade.
Devemos começar nosso estudo sobre este assunto voltando para o início, a própria criação em Gênesis 1-2, lendo particularmente 1:27-28 e 2:18-25. Em tudo o que Deus fez, Ele sempre tinha em vista a glória de Seu Filho amado. Isto incluiu a prestação de uma noiva que estaria com ele para sempre. Sua graça divina e eterna sabedoria realizaria isso (Efésios 3:10-11; 2:7). O que Deus fez na criação do homem e da mulher deve ser considerado à luz desta união planejada de Cristo à Igreja (Efésios 3:10-11; 5:32; Colossenses 1:26-27).
A CRIAÇÃO
Em Gênesis 1:27, lemos que Deus "criou" a mulher. Depois, em 2:22, lemos como Ele o fez - Eva foi "feita" ou "construída" a partir do lado de Adão. Deus iria mostrar a Adão que uma companheira adequada para ele só poderia vir de seu próprio corpo, assim ela seria "osso dos seus ossos, carne da sua carne". Podemos ver nisso uma imagem maravilhosa de Cristo e a Igreja ( Efésios 5:25-32).
Assim, entendemos que Deus nunca intencionou que a mulher fosse independente do homem. Mas igualmente vemos que a sua posição não é de inferioridade, mas de dignidade exclusiva de representar a relação da Igreja com Cristo. O homem está incompleto sem a mulher e o propósito de Deus para ele seria frustrado sem a mulher (1 Coríntios 11:3; Provérbios 31:10-31). Lemos em Gênesis 2:20 sobre Adão nomeando animais e pássaros, mas nenhuma contrapartida verdadeira "correspondendo" a ele foi encontrada lá. Adão era totalmente diferente de todas as criaturas a quem deu nomes. O propósito mais profundo de Deus estava sendo cumprido quando Ele deu a Adão sua companheira especial, uma "ajudante" adequada para ele.
A Queda registrada em Gênesis 3 não alterou as posições relativas de homem e mulher. Antes a liderança tinha sido dada ao homem, mas agora é para ele "dominar sobre" a mulher (v.16). Grande parte da confusão na sociedade de hoje é resultado de ignorar a ordem de Deus descrita aqui.
O CASAMENTO
O casamento foi ordenado pelo próprio Criador (Gênesis 2:24), e foi totalmente confirmado por nosso Senhor Jesus (Mateus 19:3-6; João 2:1-2). As Epístolas também deixam isso claro, por exemplo, Hebreus 13:4, e aqueles que o proíbem foram claramente repreendidos (1 Timóteo 4:3). Deus nunca intencionou que houvesse divórcio, e a moderna prática disso é outra causa do triste estado de nossa sociedade. Os ensinamentos das Escrituras sobre este assunto podem ser encontrados em Mateus 5:31-32; 19:7-12, Marcos 10:2-12, Lucas 16:18, Romanos 7:1-3, 1 Coríntios 7. [1]
O casamento envolve compromissos definitivos. O Novo Testamento dá instruções claras para os maridos e as esposas, que cada um deve por em prática (1 Coríntios 7, Efésios 5:22-23; Colossenses 3:18-19; 1 Pedro 3:1-7). Na sujeição ao marido a mulher cristã deve ser um exemplo para as outras.
O lar é a esfera especial de atividade da mulher. 1 Timóteo 5:14 fala dela como aquela que dirige a casa. Isso não quer dizer que é chefe da família, mas seu objetivo é fazer da sua casa um lar. Isso só pode ser feito quando o amor prevalece. Ela deve amar o seu marido e os seus filhos, ser discreta, casta, boa (isto é, ter um “belo” caráter) e trabalhadora em casa (Tito 2:4-5). A receita será principalmente os ganhos do marido, mas grande parte da responsabilidade para a despesa será da esposa. Muitas vezes ela terá que decidir entre necessidades e luxos. A formação das crianças, especialmente na infância, é especialmente tarefa e privilégio da mãe, um dever solene que não pode ser negligenciado.
O VESTUÁRIO E A APARÊNCIA
A queda do homem trouxe uma mudança da inocência do Éden (Gênesis 2:25). Adão e Eva sentiram sua culpa e tentaram em vão cobrir seu pecado e vergonha (Gênesis 3:7-8). Eles perceberam isso quando ouviram a voz de Deus, a Sua presença no jardim. A cobertura adequada de que precisavam foi fornecida pelo próprio Criador, que lhes deu "casacos de pele". Alguns animais teriam que ser mortos por isto (v.21), talvez fossem sacrificados pelo próprio casal culpado. Desta forma, a verdade declarada em Levítico 17:11 e Hebreus 9:22 ficaria gravada em suas consciências. Ela também aponta para a obra salvadora de Cristo dando as "vestes de salvação" aos pecadores (Isaías 61:10). [2]
No Novo Testamento, as mulheres cristãs são instruídas a usar o que é modesto e adequado, não o que é vistoso ou extravagante ( 1 Timóteo 2:9-10; 1 Pedro 3:3-4). Diferentes estilos de vestido serão apropriados para os diferentes climas e culturas, mas os crentes, homens e mulheres, devem ser notados por suas boas ações e não pelo vestido glamoroso. Deus olha para o coração e não para a aparência externa (1 Samuel 16:7). O "espírito manso e tranqüilo" é precioso aos olhos de Deus e devia ser muito valorizado entre os cristãos. Os homens e as mulheres do mundo podem ser atraídos pelas últimas modas, mas estas são corruptíveis e logo passarão (1 João 2:15-17; Romanos 12:2). Os cristãos não devem se apressar em seguir a moda, mas por outro lado não devem tentar deliberadamente ser antiquados. Uma roupa descuidada e desleixada não vai recomendar o evangelho.
Quanto ao uso de maquilagem e "produtos de beleza", Jezabel, a esposa depravada de Acabe é a única mulher citada na Bíblia que os usava - certamente não era alguém para ser imitada pelas mulheres cristãs! (2 Reis 9:30). Os estilos de cabelo também foram destinados por Deus para fazer uma distinção entre os sexos (1 Coríntios 11:14-15). O cabelo longo é a glória de uma mulher, e a mulher que quer agradar o Senhor não irá copiar os caminhos do mundo (1 Coríntios 10:31). Deus quer que as mulheres sejam verdadeiramente femininas e não imitem os homens. Ele também reprova os homens por imitar as mulheres. Muitas modas e práticas atuais são outro sinal de revolta contra o Criador e os Seus decretos.
NA IGREJA
Em primeiro lugar, devemos lembrar que na redenção e na salvação não existem distinções de qualquer espécie em tudo – de gênero, nação ou raça, status ou posição (Gálatas 3:28). Todos os crentes são iguais em Cristo Jesus, uma "nova criação" em Cristo (2 Coríntios 5:17). Todos participam da vocação celestial (Hebreus 3:1), e todos têm igual participação nos privilégios do sacerdócio cristão (1 Pedro 2:5,9). Na igreja universal que é o Seu Corpo não se conhecem distinções. Mas na igreja local é diferente.
A igreja local deve ser um testemunho para Deus diante dos anjos e dos homens (1 Coríntios 11:10; 14:23-25 ; Efésios 3:10-11). Portanto, na igreja cristã se aplica a ordem da criação dos homens e das mulheres (1 Coríntios 14:34-35; 1 Timóteo 2:11-15). As razões para isso são dadas:
(a) o homem foi criado primeiro (compare 1 Coríntios 11:2, 8-9), e
(b) a mulher caiu em transgressão, agindo independentemente de Adão quando foi tentada por Satanás.
Estas escrituras ensinam que em todas as reuniões da igreja a autoridade, liderança, ensino público e oração são para os homens fazerem, não as mulheres. Isto é claramente indicado em 1 Timóteo 2:8, 12 - "os homens (literalmente os do sexo masculino) orem em todo lugar", e 1 Coríntios 14.34 - "As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas". A Palavra de Deus é clara, e não pode ser alterada por meio de argumentos inteligentes e práticas modernas em certas igrejas. No entanto, as irmãs não são proibidas de falar e orar em reuniões de mulheres ou crianças, desde que tenham a cabeça coberta como ensinado em 1 Coríntios 11:2-16.
Há lugar para o ministério de mulheres cristãs em uma ampla gama de atividades para as quais são particularmente adequadas. Como membro do Corpo de Cristo, cada uma tem sua parte na edificação do conjunto (1 Coríntios 12,7,12 ). A maioria das esposas e mães vão encontrar o seu tempo ocupado principalmente nos deveres de casa. Um lar cristão bem ordenado é uma testemunha poderosa para Deus em qualquer lugar. As mulheres mais idosas, viúvas e irmãs solteiras podem ter mais oportunidade de trabalhar fora, como no ensino de uma classe da Escola Dominical, visitando os entristecidos e doentes, distribuindo panfletos, apoiando no testemunho ao ar livre, participando de encontros de mulheres, e no trabalho pessoal entre vizinhos. As irmãs mais idosas são exortadas a ensinar as mais jovens (Tito 2:3-4 ). A esposa cristã pode ajudar o marido em ensinar alguém que precisa de saber mais sobre o caminho de Deus (como em Atos 18:26 ). As esposas dos anciãos deviam ser capazes de ajudar entre as mulheres, em nome da igreja, desde que elas também estejam qualificadas como determinado em 1 Timóteo 3:11 e Tito 2:3 .
A esposa obviamente tem maior participação no fornecimento de hospitalidade aos servos de Cristo e outros crentes visitantes, especialmente os solitários e os mais jovens de lares ímpios (1 Timóteo 3:2; 5:10; Tito 1:8, Romanos 12:13; Hebreus 13:2; 1 Pedro 4:9; cp. Atos 16:15,40). As mulheres cristãs em certas profissões encontrarão oportunidades para testemunhar e trabalhar para o Senhor. Na prática, as mulheres têm muitas vezes provado ser doadores mais generosos. Encontram-se exemplos de outras formas de serviço para as mulheres em Mateus 27:55; Marcos 12:41-44; 15:41; Lucas 8:3; Romanos 16:1; Atos 9:36-39.
A Palavra de Deus registra muitos exemplos de mulheres, dando seus nomes ou não, que manifestaram grande fé e prestaram serviço devotado a Deus, como em Hebreus 11. Muitas, pouco notadas no mundo, vão ouvir num dia futuro a aprovação do seu Senhor: "Ela fez o que podia" ( Marcos 14:8).
TEXTOS MAL ENTENDIDOS
Aqueles que desejam promover o ministério público das mulheres cristãs às vezes se referem às seguintes Escrituras que devemos examinar.
(a) 1 Coríntios 14:34-35. Às vezes se diz que "falar" aqui é "tagarelice" em reuniões da igreja. Mas esta palavra grega usada freqüentemente no Novo Testamento nunca significa "tagarelar". Neste mesmo capítulo ela aparece vinte e quatro vezes, das quais vinte e duas se referem claramente ao ministério público. Se se tentar substituir a palavra "tagalerice" em qualquer um desses versículos, claramente se vê que não dá certo. Tome o versículo 29, por exemplo! Além disso, não seria igualmente errado para os homens tagarelar? Por que só as mulheres?
(b) Atos 21:9-10. Estes versículos nos falam sobre as quatro filhas de Felipe, o evangelista, que tinham o dom da profecia. Mas não nos é dito que as filhas de Felipe usaram o seu dom profético em público. Além disso, observamos no v.10 que quando Deus tinha uma mensagem profética para Paulo, Ele enviou Seu servo Ágabo todo o caminho desde a Judéia, em vez de dá-lo por meio das filhas de Felipe que já estavam lá. O ministério público das mulheres nas reuniões da igreja não é compatível com este incidente. Em qualquer caso, não há mais verdadeiros profetas hoje em dia que falam por Deus. Nos últimos tempos, a maioria das mulheres que têm reivindicado ter um dom profético eram ligadas a seitas e doutrinas erradas (por exemplo, a Sra. Baker Eddy da "Christian Science", e a Sra. Ellen White do "Adventismo do Sétimo Dia").
(c) Filipenses 4,2-3 . Evódia e Síntique trabalharam com Paulo no evangelho. Mas não se pode presumir que elas pregaram em público, ou mesmo pregado de qualquer forma. Como vimos, há muitas maneiras em que as mulheres cristãs podem ajudar na obra do Senhor sem falar em público.
(d) João 4:28-30,42. Esta mulher samaritana foi até a cidade para dizer aos homens o que tinha acontecido com ela. Ela deu seu testemunho simples, provavelmente para aqueles que ela já conhecia (v.39). Ela lançou um convite, talvez para cada um individualmente, dizendo: "Vinde e vede ...". Convidar as pessoas é uma forma admirável de serviço para irmãs cristãs, bem como irmãos.
(e) Atos 1:14. Este versículo simplesmente significa que as mulheres estiveram presentes, juntamente com os homens, na reunião de oração, e não está implícito que oravam em voz alta.
(f) Juízes 4:4-9. Mesmo nesta passagem do Velho Testamento, não há inconsistência com o padrão. É, antes, um aviso. Israel não tinha mais governantes (5:7) demostrando que havia fracasso e confusão na nação em vez da ordem divina. Débora assumiu responsabilidades no governo civil, porque não havia um homem capaz e disposto a fazê-lo. Baraque era um líder militar, mas ele era tão fraco e medroso que quando surgiu uma emergência ele chamou Débora para compartilhar o perigo com ele, apesar da advertência que ela lhe deu (4:9). Em Hebreus 11:32, o nome de Baraque e não o de Débora é mencionado. Assim podemos ver que mesmo na fraqueza onde os homens e as mulheres estão juntos, a liderança pertence aos homens.
Nota de rodapé 1
Durante os períodos de angústia, como na perseguição aberta da Igreja, abster-se do casamento ou adiá-lo poderia minimizar perigos e dificuldades (1 Coríntios 7:26-31). Também é possível que alguns servos do Senhor sofrerão menos distração permanecendo livres de laços familiares como, por exemplo, aqueles que fazem o trabalho missionário pioneiro (1 Coríntios 7:32-35; Mateus 19:12). O apóstolo Paulo foi provavelmente um exemplo disso ( 1 Coríntios 9:5 com 7:8).
Nota de rodapé 2
O uso de roupas, até mesmo a pouca roupa das tribos primitivas, é um testemunho do fato da Queda. Os animais não têm essa auto-consciência. (O culto da nudez é um dos muitos esforços do homem para negar a Queda!). A lei exigia uma distinção entre a vestimenta dos homens e das mulheres (Deuteronômio 22:5), e era a intenção de Deus que isso fosse um princípio permanente.
PARA ESTUDO ADICIONAL
- Leia 1 Coríntios 12:14-27, onde a igreja local é comparada com o corpo humano. Que membros do corpo poderiam ser como as mulheres na igreja, e quais como os homens? Quais são os mais importantes? O que aconteceria se alguns membros tentassem fazer o que os outros foram designados a fazer?
- Em 1 Coríntios 11:3 lemos sobre liderança. Como mostra esse versículo que uma chefia diferente não significa desigualdade ou inferioridade?
- Em 1 Coríntios 11:4-11 é descrita uma maneira importante de distinguir homens e mulheres na igreja local. Qual é e por que é importante?
- Que razões são dadas nas Escrituras para as mulheres ficarem silêncio na igreja? Quem mais deverá manter-se em silêncio? (Veja 1 Coríntios 14:28,30).
- Quais as maneiras em que as mulheres podem servir ao Senhor na igreja local onde você está?
PONTOS PARA LEMBRAR
O Novo Testamento ensina claramente que a liderança na igreja local é para homens e não mulheres. Falar em público, dar ensino e elevar oração compete aos homens.
- As mulheres não são inferiores aos homens na igreja ou de qualquer outra maneira. Elas têm diferentes tipos de trabalho para fazer como Deus designou.
- Deus fez os homens e as mulheres diferentes. Esta diferença deve ser claramente vista entre o povo cristão na igreja local e na sociedade.
- O casamento é o padrão de Deus para os homens e as mulheres, no qual podem encontrar realização e apoio mútuo.
- A esfera de serviço mais eficaz de uma mulher está em seu lar.
Capítulo 10
A Disciplina da Igreja
O Novo Testamento nos ensina que a disciplina é importante na igreja local. Disciplina significa treinamento mediante instrução e correção. Às vezes significa apenas correção. Disciplina e governo são necessários em qualquer comunidade organizada, por exemplo, em escolas, cidades e nações. Uma comunidade indisciplinada não é de benefício para ninguém.
Na Bíblia, lemos sobre dois tipos de disciplina:
(1) O próprio Senhor pode, por vezes, agir diretamente para disciplinar os indivíduos ou igrejas para trazê-los para mais perto de Si ( Hebreus 12:5-13; Apocalipse 3:19). Este é um sinal especial da filiação e prova de amor do Pai dentro de sua própria família, a esfera de relacionamento. Esta "correção" de seus próprios filhos é bem diferente dos juízos de Deus em justa ira sobre o mundo ímpio. Também difere do julgamento que Deus pode passar sobre os indivíduos pela transgressão dos Seus mandamentos como em 1 Coríntios 11:29-32 ou em Atos 5:1-11 .
(2) Requer-se de uma igreja local a manutenção de disciplina para manter a ordem na "casa de Deus", a sua esfera de responsabilidade. Este tipo de disciplina é o assunto deste capítulo. É necessário porque a ilegalidade da presente era entrou em muitas igrejas através da carnalidade de muitos cristãos professos. Este espírito anárquico marcou Israel nos dias dos juízes (Juízes 21:25).
A igreja de Corinto foi repreendida pela falta de ação no caso de um homem cujo pecado vergonhoso era bem conhecido entre eles (1 Coríntios 5:1-7). Os crentes tinham se tornado tolerantes com o mal e estavam mais interessados na promoção dos seus muitos "dons" espirituais. A negligência no exercício da disciplina desonra o Senhor, dificulta o trabalho do Espírito Santo, e estraga o testemunho da igreja para o mundo ao redor. Um igreja não deve negligenciar uma questão de disciplina, simplesmente por ser um dever desagradável (ver vs.12-13).
A disciplina é necessária para lidar com as pessoas que perturbam a ordem divina em uma igreja. No exercício da disciplina, deve ser lembrado que a disciplina não é um teste de fé, mas de conduta. Não é para se decidir se uma pessoa é crente ou não (2 Timóteo 2:19). Também não deve ser uma forma conveniente de se livrar de um crente perturbador, que em vez disso requer muita paciência e oração.
O exercício da disciplina deve sempre ter os seguintes objetivos:
- a plena restauração do ofensor (2 Coríntios 2:5-11; Gálatas 6:1);
- a manutenção da integridade da igreja diante de Deus como um lugar santo, adequado para a Sua presença em seu meio;
- um aviso para todos que o descuido pode ser muito perigoso;
- vindicar o nome do Senhor perante o mundo mediante a remoção do opróbrio vindo sobre ela.
Se não for tratado imediatamente, o mal se espalha como fermento (1 Coríntios 5:6; Gálatas 5:9). Isto é ensinado na lei sobre pedras "leprosas" numa casa (Levítico 14:40-41), e também em Josué 7, onde se vê que o pecado de Acã teve consequências para toda a congregação de Israel.
FORMAS DE DISCIPLINA
A igreja local tem a responsabilidade de receber os verdadeiros crentes em comunhão, de remover da comunhão os infratores sérios, e de restaurar à comunhão os que estão verdadeiramente arrependidos. No entanto a remoção da comunhão da igreja (excomunhão) não é a única forma de disciplina. Encontramos sete tipos de delitos listados no Novo Testamento, alguns mais graves do que outros, e cada um deve ser tratado de uma maneira diferente.
1. O infrator pessoal (Mateus 18:15-20; Lucas 17:3-4)
O Delito: é algo que só se comete entre indivíduos, por exemplo, maledicência ou quebra de confiança.
Procedimento: Primeiro, o infrator deve ser alertado pessoalmente da sua falta. Se ele se arrepender, pedir perdão e corrigir seu comportamento, ele deverá ser perdoado. Note que é necessária muita paciência (Mateus 18:21-22,35; Lucas 17:4; Efésios 4:32; Colossenses 3:13). A segunda etapa ainda se faz privativamente (Mateus 18:16). Após a terceira etapa (Mateus 18:17), se os esforços para resolver o problema não forem bem sucedidos, o infrator deve ser tratado por aquele que foi prejudicado (não por toda a igreja) como um extranho. Até que o assunto seja resolvido, não pode haver comunhão entre os dois. Mateus 5,22-24 considera este tipo de ofensa do ponto de vista de quem sabe que deu motivo de queixa, e ele deve agir. [1]
2. O irmão surpreendido em algum delito (Gálatas 6,1-3 )
O Delito: É um lapso ou erro temporário, não em consequência de deliberadamente seguir o mal. O irmão é sobrepujado por uma tentação e falha num momento de descuido.
Procedimento: A palavra "restaurar" basicamente significa reajustar. É usada em cirurgia para descrever a reparação de uma junta deslocada, e na pesca para descrever o remendar de redes abertas (Marcos 1:19, etc). 1 Timóteo 5:20 refere-se principalmente a um ancião, mas afirma um princípio geral. A regra é - ofensa particular, repreensão particular; ofensa pública, repreensão pública.
3 O que está ocioso e é intrometido (2 Tessalonicenses 3:6-15, 1 Tessalonicenses 4,11-12).
O Delito: Está "andando desordenadamente", em desobediência à Palavra de Deus (2 Tessalonicenses 3:14). "Desordenadamente" indica "fora de sintonia", havendo falta de cooperação até mesmo ao ponto de insubordinação. A desordem especificada aqui é ser "intrometido", isto é, andar bisbilhotando, maldizendo, ou atrás de algum interesse egoísta.
Procedimento: Uma pessoa como esta deve ser admoestada pelos anciãos (1 Tessalonicenses 5:14). Se isso não der certo, os crentes são instruídos a se afastarem dele (2 Tessalonicenses 3:6,14). Isto não é o mesmo que excomungar, mas sim restringir a comunhão com ele (v.15). Se isso for realizado fielmente, o infrator logo deverá perceber a sua culpa.
4 O pregador sem proveito (Tito 1:9-14; 1 Coríntios 14:26,29)
O Delito: aquele que persistentemente desperdiça o tempo dos santos falando sem proveito o que chama de "ministério" (Tito 1.10; comparar com Jó 15:2-3).
Procedimento: É necessária advertência e forte reprovação (Tito 1:13) para silenciar esses homens (v.10-11). É da responsabilidade dos anciãos evitar esse abuso de liberdade na igreja. Se for negligenciado, o problema pode se espalhar (Tito 3:9-11). Aqui, um "faccioso" não significa alguém que nega a fé, mas um que tenta obter apoio para suas opiniões (especialmente em matéria de interpretação da Escritura e outras coisas sem importância vital). Se não for contido, isso pode levar à abertura de uma divisão na igreja.
5 O promotor de divisão (Romanos 16:17-20; Tito 3:9-11; Atos 20:30).
O Delito: É um mal sério promover divisão em uma igreja, causando outros a tropeçar e se desanimarem. Algumas pessoas podem se concentrar em algum elemento de verdade e mesmo distorcer o seu significado, persuadindo outros crentes a pensar que não há outro caminho. Um espírito partidário pode se desenvolver, que perturba a unidade da igreja, levando a divisões. Nunca se deveria permitir que diferenças de opinião ou de julgamento cheguem a este ponto. Deus quer que seu povo viva em união (Salmo 133:1).
Procedimento: Em primeiro lugar, o infrator deverá ser advertido e repreendido (Gálatas 2:11-14; 1 Timóteo 5:20). Se isso não der certo, em seguida, de acordo com as escrituras acima, os crentes na igreja devem "marcar", "evitar" e "afastar-se" dessas pessoas. Se este procedimento for seguido por todos, não podem ocorrer divisões. Em Corinto, embora os cristãos professassem estar unidos, existia o perigo de divisão em partidos rivais (1 Coríntios 1:10-15). Essa situação era evidência da sua carnalidade. É o diabo que instiga esse mal e a carne está sempre pronta a atender (Romanos 14:18,20). Atos 20:28-31 dá um aviso duplo e aponta uma dupla responsabilidade dos anciãos nesta grave questão.
6. O malfeitor grave (1 Coríntios 5:1-13; 6:9-10)
O Delito: A pessoa é culpada de algum pecado moral sério. Tais casos são relacionados em 1 Coríntios 5:11 da seguinte forma:
- “Devasso" significa todos os casos de relações sexuais ilícitas.
- "Avarento" significa todas as manifestações de desejo mau para o ganho, como nos jogos de azar, ou em astúcia nos negócios - comparar Efésios 5:5; 2 Pedro 2:14; 1 Timóteo 6:9-10.
- "Idólatra" inclui qualquer envolvimento com feitiçaria, espiritismo, ou algum falso sistema de adoração (embora possa apresentar um rótulo de "cristão").
- "Maldizente" significa aquele que acusa ou difama o caráter de outro, ou faz falsas acusações de maneira ruidosa e persistente.
- "Beberrão" é uma pessoa viciada em beber álcool e ficar embriagada.
- “Roubador” (extorcionário) inclui todos os casos evidentes de desonestidade e trapaça, como apropriação indevida de propriedades e fundos financeiros, fraude e exploração, especialmente o roubo dos pobres (Tiago 5:1-6).
Procedimento: "Não vos comuniqueis" significa uma rejeição formal da comunhão da igreja (às vezes chamada excomunhão), para ser seguida pela ausência de qualquer contato social (1 Coríntios 5:11-13). Não se trata simplesmente de se recusar-lhe o privilégio de tomar parte na Ceia do Senhor, mas de colocar o ofensor na esfera do mundo onde Satanás governa, um lugar perigoso e inseguro para estar (1 Coríntios 5:5; 1 Timóteo 1:20; 2 Timóteo 2:25-26). Nesta medida extrema de disciplina, é necessária uma investigação cuidadosa de todas as circunstâncias. Em Corinto o pecado era conhecido tão abertamente que não foi necessário fazer nenhuma investigação adicional. É bom notar como as medidas tomadas pela igreja em Corinto foram eficazes em trazer o irmão culpado ao arrependimento, fazendo possível a restauração - veja 2 Coríntios 2:1-11; 7:9-12.
- 7. O ensinador de doutrina falsa (2 Pedro 2:1-3; 2 João vs.9-11; 1 Timóteo 4:1; 2 Coríntios 11:13-15)
- O Delito É ensinar o erro. É o erro fundamental, não apenas diferenças de interpretação de algumas escrituras. A falsa doutrina pode ser mais destrutiva do que a imoralidade, que é mais facilmente reconhecida pela maioria dos cristãos.
- Procedimento. A ação é a mesma que a dos casos de mal moral. É o fermento que deve ser eliminado (Gálatas 5:9; 1 Coríntios 5:6-7). O ensinamento do apóstolo é semelhante para ambos os tipos de mal (1 Coríntios 5:5 com 2 Timóteo 2:18; 1 Timóteo 1:20). Assim, o professor de doutrina errada deve ser colocado longe da comunhão, e nenhum contato social deve ser permitido (2 João vs.9-11).
PRINCÍPIOS DA DISCIPLINA
1. O julgamento deve ser sempre justo.
O padrão cristão é mais alto do que o dos tribunais do mundo (1 Coríntios 6:2-3). Os anciãos piedosos devem investigar cuidadosamente, rejeitando qualquer testemunho isolado sem apoio (Mateus 18:16; 1 Timóteo 5:19). Não são os anciãos, mas a igreja que age em "colocar fora de comunhão" quando necessário. Um breve relatório somente do que for essencial deve ser dado à igreja.
Não deve haver parcialidade (1 Timóteo 5:21; Tiago 3:17; 2:1-4). O julgamento não deve ser influenciado por relações naturais ou amizades (Atos 15:36-39). Devem ser evitados os extremismos. Severidade exagerada pode dividir a igreja e muita indulgência pode aumentar o mal. A ação desequilibrada destrói a confiança dos santos em seus líderes e desonra o Senhor. A severidade em questões menores, negligenciando princípios divinos seria um grave erro ( Mateus 15:1-20; 23:23-24; Lucas 11:42; Romanos 14:1-3; 15:7). Essa falta de equilíbrio foi encontrada em Israel, nos dias dos juízes, ver caps. 17-20. Houve reação unânime e violenta contra a imoralidade, mas grande indiferença na questão de idolatria.
2. As decisões da igreja devem ser sempre apoiadas.
Uma compaixão indigna para com um infrator pode incentivar mais delitos e dificultar o arrependimento e a restauração. O simpatizante poderia ser visto como um cúmplice do mal e assim estar sujeito à disciplina também (1 Timóteo 5:22, 2 João v.11). Um crente sob disciplina em uma igreja não deve ser prontamente recebido em outra. Se os anciãos dessa outra igreja julgam que a primeira igreja foi muito precipitada ou muito severa, seria melhor primeiro abordar os anciãos dessa igreja para buscar a reconciliação. Caso contrário a comunhão entre estas igrejas será prejudicada.
3. A retirada não substitui disciplina.
Se um infrator deixa de participar das reuniões da igreja, talvez para evitar a desgraça da repreensão pública, a igreja ainda deve tomar uma atitude. No entanto, a ausência de um crente por frieza de coração exige pastoreio. Isto é diferente da ausência para escapar da disciplina.
4. Devem haver provas suficientes de arrependimento.
A restauração ao Senhor deve preceder a restauração à comunhão da igreja. O verdadeiro arrependimento é demonstrado pelo afastamento total do mal e da restituição quando possível. A Escritura não defende uma demora muito prolongada antes da restauração (2 Coríntios 2:5-11). Tanto sabedoria como amor fraternal são necessários (1 Coríntios 13:4-8; Gálatas 6:2). Ao que for restaurado seria melhor abster-se por algum tempo de serviço público, para provar a sua sinceridade mediante um espírito humilde e um andar consistente. A restauração de Pedro depois do seu triste lapso no pecado aconteceu apenas alguns dias mais tarde, mas devemos lembrar que o Senhor conhecia o coração de Pedro, enquanto o nosso conhecimento dos homens é muito limitado.
5. Cada igreja é por si só responsável perante o Senhor.
A rejeição de uma igreja ou grupo de igrejas por outras igrejas é completamente desconhecida na Palavra de Deus. Embora a igreja de Corinto estivesse em uma condição tão carnal, não foi rejeitada ou cortada por outras igrejas. Em Apocalipse 2-3 vemos que o Senhor tem que repreender várias das igrejas pelos seus fracassos, mas Ele nunca sugere que outras possam julgá-las ou cortá-las. É só o Senhor que está autorizado a "remover o candelabro" se Ele assim entender (2:5; 3:16). Onde o mal moral ou doutrinário sério é de alguma forma tolerado em uma igreja, os crentes tementes a Deus podem ter que considerar afastar-se dela como se fosse “desordeira”, mas só depois que protestos adequados foram feitos e falharam. Antes de tomar um passo sério e final como este, deve haver muita oração e deve-se evitar agir apressadamente. A ordem bíblica deve ser sempre observada.
Nota de rodapé 1
Às vezes, surgem situações embaraçosas em que os irmãos ofendidos não querem se reconciliar e ambos continuam a assistir e até mesmo participar das reuniões de igreja. O que pode ser feito? Se o ofendido está observando o princípio de Lucas 17:3-4, então os anciãos devem lembrar o infrator de Mateus 5:23-24, e avisá-lo que está exposto à acusação de “andar desordenadamente” que o tornará susceptível à disciplina de acordo com 1 Tessalonicenses 5:14-15 e 2 Tessalonicenses 3:6. Enquanto isso, a igreja deve continuar em oração privada e pública para que o Senhor cure a brecha que está estragando a unidade da igreja.
PARA ESTUDO ADICIONAL
- Qual é a diferença entre a disciplina do Pai aos Seus filhos e a disciplina em uma igreja local? Encontre uma referência bíblica que descreva cada uma delas.
- Por que é necessária disciplina na família de Deus e na igreja local?
- Que outras palavras podem descrever a disciplina em seu sentido mais amplo?
- Disciplina é o mesmo que castigo? Por que?
- Quais são os princípios bíblicos que devem governar todos os tipos de disciplina da igreja?
- Faça uma lista de tipos diferentes de irregularidade em uma igreja local, que exigem disciplina.
- Quais são os objetivos da disciplina da igreja? Anote versículos da Bíblia para apoiar o que você diz.
PONTOS PARA LEMBRAR
- Disciplina é necessária na igreja local para manter os padrões divinos e beneficiar seus usuários.
- Os anciãos em uma igreja local são responsáveis pelo exercício da disciplina de acordo com o ensinamento do Novo Testamento.
- Várias formas de disciplina são possíveis, a mais grave das quais é a excomunhão de um infrator.
- A disciplina deve ter sempre em vista a eventual restauração do infrator.
- Todas as formas de disciplina devem ser consideradas justas e imparciais.
- As igrejas locais são autônomas - elas não têm nenhuma responsabilidade ou direito de interferir nos assuntos de outra igreja.
Capítulo 11
As finanças da Igreja
Tudo o que um crente possui realmente pertence ao Senhor. Na verdade 1 Coríntios 6:19-20 nos lembra que nós mesmos pertencemos a Ele. Não somos donos de nós mesmos - fomos comprados por um preço. Devemos usar nossas posses como bons administradores da graça de Deus (Romanos 12:1; Lucas 16:9-13; 2 Coríntios 8:5 ). Quando o rei Davi deu o ouro e a prata para a construção do grande templo de Deus em Jerusalém, ele disse: "tudo vem de Ti, e do que é Teu to damos” ( 1 Crônicas 29.14 ). Cinco vezes no Novo Testamento, dando aos outros é chamado de "graça". Dar é a resposta de um cristão à graça de Deus recebida na salvação.
No Velho Testamento, Deus pediu que os israelitas lhe dessem uma certa porção de suas posses por um motivo similar. Ele afirmou que os primogênitos de homens e animais, (Êxodo 13:1-2, 11:15), e os primeiros frutos da terra (Êxodo 22:29-30) eram Seus. O dízimo (o décimo de sua receita) era para ser dado a Ele, utilizado para o sustento da tribo de Levi, que tinha deveres especiais para fazer. Além de tudo isso, eram obrigados a dar certos sacrifícios e ofertas, enquanto outros poderiam ser dados de seu próprio "livre-arbítrio". Foi assim que os materiais e o trabalho para o tabernáculo do Senhor foram fornecidos (Êxodo 35-36).
Naqueles dias, tudo era exigido e os detalhes foram cuidadosamente controlados. Podemos tomar alguns princípios de contribuição daqueles dias do Velho Testamento, mas em nosso dia da graça a doação deve ser sempre livre e espontânea. Nosso padrão não pode ser inferior, já que nossos privilégios como cristãos são muito maiores.
A PROVISÃO FINANCEIRA DA IGREJA
Dar ao Senhor envolverá contribuir para os fundos da igreja local. Cada crente tem o dever de fazer isso. As instruções são encontradas em 1 Coríntios 16:1-3 e 2 Coríntios 8, 9. Lendo com atenção, você vai encontrar os seguintes pontos-chave.
1. Todos devem contribuir
Espera-se que todos na igreja local contribuam ("cada um de vós" - 1 Coríntios 16:2 ). Aqueles que têm mais dinheiro podem ser capazes de dar com mais facilidade, mas todos devem dar alguma coisa. As igrejas da Macedônia deram da sua profunda pobreza ( 2 Coríntios 8:2-4), porque tinham primeiro dado a si mesmos ao Senhor (v.5). As mulheres que estavam com os discípulos do Senhor serviam com os seus bens e o Senhor ficou satisfeito em aceitá-los (Lucas 8:3). Aqueles que estão totalmente engajados na obra do Senhor não são excluídos da doação. Eles são como os levitas, que tanto recebiam dízimos como davam o seu próprio dízimo (Números 18:25-32). [
2. Todos não dão o mesmo.
A contribuição deve corresponder à capacidade de cada um (2 Coríntios 8:11-12; Atos 11:29) - "conforme tiverem prosperado" (1 Coríntios 16:2). Não existem leis sobre quanto. Mas Deus dá tão livremente e ricamente que Seus filhos devem ser liberais como Ele (Tiago 1:5; João 3:16; Romanos 8:32). Nosso Senhor se fez pobre para nos fazer ricos (2 Coríntios 8:9). Sua grande graça é um exemplo para todos nós ( Romanos 12:8, 2 Coríntios 8:2; 9:11,13). Observe como o Senhor avalia o que é dado (Lucas 21:1-4), e como Ele promete recompensa (Lucas 6:38; 2 Coríntios 9:6).
3. Não se deve contribuir para impressionar os outros.
Nossa motivação deve ser o amor a Deus e ao homem (1 Coríntios 13:3; 2 Coríntios 8:8; 1 João 3:17-18; Gálatas 6:10). Devemos dar para a glória de Deus (1 Coríntios 10:31). No mundo, as listas de doações beneficentes são muitas vezes publicadas, começando com os nomes das pessoas que mais contribuiram! Não devemos contribuir a fim sermos admirados pelos outros. Isso deve ser feito em segredo (Mateus 6:1-4).
4. Deve-se dar com "boa vontade" e "alegria".
Devemos dar "sem má vontade" (2 Coríntios 8:3; 9:7) É muito importante que as nossas próprias dívidas sejam pagas e nossas famílias providas. Mas não devemos esquecer de dar a Deus o que Ele requer (2 Coríntios 8:20-21). Se temos ressentimento contra um irmão, devemos procurar a reconciliação antes de dar nossa oferta ao Senhor (Mateus 5:23-24).
5. A contribuição deve ser planejada.
O dinheiro deve ser posto de lado para dar ao Senhor, não dado sem consideração ou cuidado ( 1 Coríntios 16,1-2 ). Alguns crentes mantêm um fundo em casa para oferecimento ao Senhor. As doações podem ser feitas a partir deste fundo, sempre que o Senhor conduzir ou quando uma necessidade se torna conhecida. É melhor não se ver constrangido por um pedido de ajuda repentino. (2 Coríntios 9:5). A contribuição normal para a coleta no primeiro dia da semana (1 Coríntios 16:2) está ligada à adoração na Ceia do Senhor. É interessante notar que, em Israel, o molho das primícias da cega era trazido ao sacerdote e no primeiro dia da semana era movido perante o Senhor junto com o holocausto de um cordeiro sem defeito (Levítico 23:9-21).
A ADMINISTRAÇÃO DAS FINANÇAS DA IGREJA
Os fundos recolhidos pela igreja local podem ser usados para prever as necessidades dos outros, como mostrado em Atos 11:29-30; Romanos 15:25-26; 1 Coríntios 16:1; Filipenses 4:15-16. A contribuição individual é indicada em 3 João v.5-7; Gálatas 6:6; Hebreus 13:16; 1 Timóteo 6:18; Atos 4:36-37.
As despesas normais do local de reunião da igreja precisam ser pagas. A Iluminação, o aquecimento ou refrigeração, os móveis e talvez aluguel e zelador devem ser compartilhados pelos crentes locais que deles se beneficiam. Este é um dever, ao invés de uma "oferta voluntária". Dar ao Senhor vai além desse dever.
O cuidado dos fundos da igreja deve estar nas mãos de mais de uma pessoa (Atos 6:3-6; 1 Coríntios 16:3-4; 2 Coríntios 8:18-21; 9:3-5). Isto espalha o peso da responsabilidade, elimina qualquer possibilidade de suspeitas cruéis, e aumenta a confiança dos santos. Esses irmãos, muitas vezes chamados de tesoureiros da igreja, servem nas coisas materiais, mas requerem qualificações morais e espirituais elevadas (Atos 6:3; 1 Timóteo 3:8-13). Também devem ser capazes de manejar e administrar questões de dinheiro. As Escrituras mostram que aqueles que contribuem devem estar habilitados para selecionar irmãos para cuidar das ofertas. Um relatório apropriado do que for recebido e distribuído deve ser fornecido a toda a igreja local em intervalos regulares, em relação a 1 Coríntios 14:40; 2 Coríntios 8:20-21.
A DISTRIBUIÇÃO DOS FUNDOS
No Novo Testamento, há exemplos de como os fundos da igreja podem ser utilizados, além de cobrir as despesas locais.
1. Auxílio aos crentes necessitados:
Leia textos como Romanos 12:13; 15:23-27; Gálatas 2:9-10; Atos 2:44-45; 11:29-30; 24:17; 1 Coríntios 16:1-3; 2 Coríntios 8 e 9; Provérbios 19:17. Sempre haverá oportunidade para dar aos pobres (Marcos 14:7). Compare as antigas instruções para Israel (Deuteronômio 15,7-11). Mas os que são preguiçosos ou descuidados não se qualificam para a ajuda (2 Tessalonicenses 3:10-11).
2. Sustento das viúvas carentes:
Atos 6:1-6 e 1 Timóteo 5:4-16 dão orientações nesse sentido. Nem todas as viúvas na igreja devem ser consideradas – elas devem ser carentes, não ter parentes capazes de sustentá-las, e ter pelo menos 60 anos de idade. Seriam mulheres de oração, confiando em Deus, e bem conhecidas por terem um viver piedoso e exercendo uma atividade útil.
3. Apoio aos servos de Deus
Paulo dedicou sua vida para servir a Deus. Ele se beneficiou com dádivas a partir da igreja em Filipos (Filipenses 4:15-19) e escreveu com gratidão sobre isso. Este tipo de apoio inclui os evangelistas (1 Coríntios 9:4-14), os mestres (Gálatas 6:6) e os anciãos que dão o seu tempo integral para pastorear e ensinar, se não tiverem fonte particular de renda (1 Timóteo 5:17-18). Mas Paulo também frequentemente trabalhou com suas próprias mãos para ganhar seu próprio sustento, enquanto servia a Deus. Ele fazia tendas (Atos 18:3). Muitas vezes ele fez isso para evitar que alguém o acusasse de motivos errados (2 Coríntios 11:7-12). Para a igreja de Éfeso, ele mostrou que era um exemplo de tal doação cristã (Atos 20:33-35). Em Tessalônica também ele trabalhou para evitar ser um fardo para os crentes, que eram pobres e que sofriam perseguição (1 Tessalonicenses 2:9; 2 Tessalonicenses 3:7-9). [2]
4. Outras causas nobres
Não devemos pensar que não devemos contribuir para outras causas dignas na sociedade que nos rodeia. Devemos "fazer o bem a todos" e recomendar o evangelho. Mas a "família da fé" sempre tem o primeiro lugar nas boas obras do povo de Deus (Gálatas 6:10; 1 Tessalonicenses 5:15). Além disso, em muitos casos, é preciso ter cuidado para não reagir exageradamente aos apelos emocionais por dinheiro.
Há vários resultados ao dar e recompensas por fazê-lo:
- É bem agradável ao Senhor (1 Coríntios 9:7; Hebreus 13:16; Filipenses 4:18).
- Traz alívio aos santos necessitados (2 Coríntios 9:12).
- Estimula os outros a fazerem esforços similares (2 Coríntios 8:1-2; 9:2).
- Promove ações de graças naqueles que recebem (2 Coríntios 9:11-14).
- Promove a oração para os doadores de bom coração (2 Coríntios 9:14).
- Aumenta a capacidade para dar mais (2 Coríntios 9:8-10; Provérbios 11:24; Lucas 19:24-26).
- Produz "fruto" para adicionar na conta do doador no céu (Filipenses 4:17; 2 Coríntios 9:10).
Além disso, há muita alegria em fazer a vontade do Senhor e em ajudar aqueles em necessidade. Temos promessas preciosas, como em Provérbios 11:24-25; Lucas 6:38. Podemos antecipar a aprovação do Senhor por uma mordomia fiel num dia vindouro, "Muito bem, servo bom e fiel" (Mateus 6:19-21; 25:24-30; Lucas 16:9-13; 19:11-26; 2 Coríntios 9:6).
Nota de rodapé 1
Somente as ofertas dos povos do Senhor, espirituais e materiais, são aceitáveis para Ele. Quanto às pessoas não salvas, Deus apela para elas no Evangelho para receber Seus dons gratuitos, não para contribuir (Romanos 6:23). A salvação é obtida "sem dinheiro e sem preço" (Isaías 55:1). Não é apropriado fazer coleta de dinheiro em reuniões de pregação do Evangelho. Nem sequer é necessário anunciar: "Não tiramos coletas!" e chamar a atenção para isto. Ao enviar os Seus pregadores o Senhor lhes disse: "De graça recebestes, de graça dai." ( Mateus 10:8 ).
A provisão financeira muitas vezes apresenta problemas para as igrejas da cristandade. Tais problemas não surgiriam se o padrão bíblico fosse seguido. Tudo será fornecido para a obra do Senhor se os cristãos reconhecerem o seu privilégio e aceitarem as suas responsabilidades conforme descrito acima.
Apelar ao mundo para angariar fundos a fim de sustentar a igreja desonra a Deus. Os métodos mundanos e as organizações financeiras elaboradas não são necessárias. Não deve ser dado ao mundo qualquer motivo para acusar a igreja de ser um negócio para fazer dinheiro.
Nota de rodapé 2
Os servos do Senhor não devem anunciar as suas necessidades pessoais. Pode ser fornecida informação, mas sem deixar pedidos de fundos implícitos. Os servos de Cristo esperam sustento só dEle. Ele irá mover os corações de Seu povo para atender às suas necessidades. Paulo e os outros apóstolos nunca solicitaram fundos para si mesmos, embora fizessem conhecer o sofrimento dos crentes carentes. O recebimento de contribuições deve ser devidamente reconhecido, de preferência por escrito. Se os fundos forem enviados para o benefício de outros, deve-se dar conta completa aos doadores. Isso é prestar conta de mordomia.
PARA ESTUDO ADICIONAL
- O que é o dízimo? Você pode obter a resposta exata, comparando Gênesis 14:20 com Hebreus 7:1-8 . Por que os dízimos não são mencionados em nenhum outro lugar do Novo Testamento?
- Encontre alguns dos lugares no Novo Testamento onde a doação é chamada de graça. Por que é chamada uma "graça"?
- Faça uma lista daquilo em que o dinheiro arrecadado em sua igreja local é utilizado.
- Encontrar em 2 Coríntios 8-9 os principais princípios que devem nos orientar em contribuição.
- Que diferença existe entre dar como indivíduo e contribuir para os fundos da igreja?
- O que você pensa que as palavras do Senhor Jesus significam como estão escritas em Atos 20:35 ?
PONTOS PARA LEMBRAR
- Os cristãos devem estar dispostos e prontos a dar aos outros.
- Devemos em primeiro lugar entregar-nos a Deus, depois dar aos outros que precisam de nossa ajuda.
- A contribuição deve ser confidencial e não feita para impressionar outras pessoas.
- Contribuir para o sustento da igreja local onde se reune é um dever e um privilégio para cada um de seus membros.
- Todos devem planejar para contribuir, mas todos não devem necessariamente dar o mesmo.
- Em cada primeiro dia da semana, o dinheiro deve ser recolhido dos crentes que se reúnem na igreja local. Não se deve obter a contribuição de incrédulos.
- Os fundos recolhidos de uma igreja local devem ser cuidados por pelo menos duas pessoas.
- Os fundos devem ser distribuídos para as pessoas carentes apropriadas, sob a direção dos anciãos. Toda a igreja local deve ser informada regularmente sobre suas receitas e despesas.
Capítulo 12
O desenvolvimento e o destino da Igreja
O Senhor Jesus disse: “Eu edificarei a minha igreja” (Mateus 16:18). Ele é o fundamento sobre o qual este grande edifício iria crescer e se desenvolver. Em Atos 2:47 lemos sobre pessoas sendo “acrescentadas à igreja”. Seu crescimento e desenvolvimento continuaram a partir de então até agora.
Ao considerar o desenvolvimento da igreja, devemos primeiro distingui-la de outras três coisas.
1. A Igreja e a cristandade são diferentes.
Vimos no capítulo 1 que a igreja é composta só de crentes nascidos de novo. A cristandade, no entanto, é composta por todos aqueles que professam o nome de Cristo, de alguma forma religiosa, e se chamam de cristãos. Muitos deles podem não se ter arrependido e confiado em Cristo para a salvação pessoal. No mundo, a palavra “cristão” tem um significado muito mais amplo do que o que a Bíblia ensina.
2. A Igreja de Deus e o Reino de Deus são diferentes.
A Igreja está incluída no Reino mas não coincide com ele. A Igreja começou no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu, e será concluída quando nosso Senhor Jesus retornar no arrebatamento.
O Reino de Deus vai além da igreja. Ele tem três fases ou períodos:
1. A fase da introdução começou com a pregação de João Batista (Mateus 3:2) e a apresentação do Rei (4:17). Ela terminou com a rejeição do Rei pelo judeu (Mateus 12:14). Esta rejeição foi declarada claramente a Pilatos (João 19:15).
2 A fase de escondido ou mistério então começou (Mateus 13:11). Nosso Senhor delineou sua história nas parábolas que contou em Mateus 13. Continua ao longo da presente época da graça até o retorno do Rei em glória (Mateus 25:31). Esta fase corresponde de perto com a cristandade, cujo progresso é definido nessas parábolas em Mateus 13:24-33.
3. A fase da manifestação futura começará quando o Rei retornar para assumir Seu reino pessoal em terra. Este período é conhecido como o milênio (porque vai durar na terra por mil anos, Apocalipse 20:1-10). O reino foi predito pelos profetas do Velho Testamento, mas a igreja era um mistério ou segredo que estava escondido nos conselhos de Deus até que a Sua hora marcada chegou para ser revelado (Efésios 3:3-11; Colossenses 1:24-29).
3. A Igreja e Israel são diferentes.
Israel era a nação escolhida por Deus na terra. Deus lhe prometeu bênçãos terrenas em sua própria terra, e essas promessas serão cumpridas no futuro. Israel rejeitou o seu Messias e Rei prometido quando Ele veio ao mundo, e Deus colocou essa nação provisoriamente de lado. Agora Deus está chamando a Sua igreja de todas as nações do mundo. Todas aquelas promessas de bênçãos terrenas dadas à nação de Israel não podem ser aplicadas à igreja hoje. As bênçãos da igreja são celestiais e espirituais (Efésios 1:3).
DESENVOLVIMENTO E PROGRESSO
O desenvolvimento da verdadeira igreja ocorre de duas maneiras, externo e interno. Tudo é trabalho do Espírito Santo.
- O desenvolvimento externo é principalmente pelo trabalho de evangelismo. Todos os crentes devem buscar alcançar outros com o evangelho. Isto é o crescimento por expansão até se completar, descrito sob a figura de uma edificação com adicionamento de pedras (ver o Capítulo 1, e refira-se a 1 Pedro 2:4-5).
- O desenvolvimento interno é principalmente através do trabalho de pastores e mestres na igreja. Cada crente deve também contribuir para isso usando os dons que lhe foram dados pelo Senhor. Este é o crescimento por consolidação até a maturidade, descrito sob a figura de um corpo (veja novamente os capítulos 1 e 8, e Efésios 4:15-16 ).
O progresso por evangelismo
Nosso Senhor Jesus Cristo é o Salvador de toda a humanidade (Lucas 2:29-32; 3:6; João 4:42; Romanos 1:5; 1 Timóteo 2:6-7). Ele encarregou os Seus discípulos a levar a mensagem do evangelho a todo o mundo (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Lucas 24:47). O plano divino é que todos os crentes sejam testemunhas (Atos 1:8).
Uma testemunha é alguém que declara o que viu ou ouviu pessoalmente, o que é da sua própria experiência e portanto sabe. Os primeiros discípulos foram especialmente escolhidos para serem testemunhas da morte e ressurreição de Cristo (Atos 1:22; 2:32; 3:15; 4:33; 5:32; 10:39-41; 13:30-31). Paulo também poderia testemunhar desses fatos (Atos 22:14-15; 26:16-18; 1 Coríntios 9:1). Hoje em dia os crentes são testemunhas em um sentido mais geral. Somos luzes neste mundo escuro, retendo a Palavra da Vida (Filipenses 2:15-16). As igrejas locais são também testemunhas como um todo. Os sete candelabros a que se refere Apocalipse 1:12, 20 mostram esse aspecto de testemunho.
Paulo escreveu para a igreja em Filipos e anotou três coisas que são essenciais para o seu testemunho (Filipenses 1:27-28). Elas são:
- consistência - o que os nossos lábios dizem deve ser confirmado pelo modo como vivemos;
- cooperação - devemos estar unidos em nossos esforços;
- coragem para enfrentar o perigo - temos que enfrentar a oposição.
A igreja em Tessalônica tinha um testemunho assim. Foi um testemunho para o mundo e um exemplo para outros santos (1 Tessalonicenses 1:6-10).
O evangelismo não deve ser considerado como a responsabilidade apenas dos evangelistas talentosos. Nos Atos, “evangelizar” era o trabalho de homens e mulheres crentes que estavam dispersos, devido à perseguição em Jerusalém (8:4). A palavra traduzida como “anunciando” aqui é euaggelizo. Em 11:20 a mesma palavra ocorre, descrevendo um relato informal fora do evangelho, como no versículo anterior. [1]
O propósito de Deus na presente época não é a conversão do mundo, como muitas pessoas imaginam. Ao invés disso, é como se encontra afirmado em Atos 15:14: Deus visita os gentios para tomar dentre eles um povo para o seu Nome. Ele está chamando a igreja de Cristo dentre as nações. Romanos 10:14-15 faz um grande desafio nesta matéria.
Nas Escrituras não lemos sobre qualquer organização elaborada de esforços de evangelização. Isso não é necessário (Atos 5:42). Simplicidade é a tônica da ordem divina para todas as atividades da igreja. Através do testemunho dos primeiros discípulos, houve progresso por adição e multiplicação (Atos 2:41-47; 5:14; 6:1,7; 9:31; 11:24).
Os Evangelistas
Um evangelista não é apenas um pregador da Palavra, mas alguém que é especialmente dotada por Cristo para ganhar almas por meio do evangelho. Ele se concentra no trabalho do evangelho, no plantio de novas igrejas ou em trazer convertidos às já existentes (1 Coríntios 3:5-9). Ele não estabelece novos “grupos de convertidos” ou “círculos de igrejas”.
O verdadeiro evangelista deve ter um zelo pelo Senhor, uma paixão pelas almas e uma clara compreensão do evangelho. Embora identificado com uma igreja local e recomendado por ela (Atos 13:3), ele sai pelo mundo com a “palavra da reconciliação” (2 Coríntios 5:18-20). Como Felipe em Atos 8, ele está disposto a pregar a multidões ou a um único indivíduo, visitar uma cidade movimentada ou encontrar uma estrada deserta. Felipe é a única pessoa na Bíblia chamado especificamente de evangelista (Atos 21:8), mas é evidente que Paulo era um ( Romanos1:15; 15:18-21) e Timóteo também ( 2 Timóteo 4:5).
O objetivo do evangelista é levar homens e mulheres a um relacionamento correto com Deus mediante a convicção do pecado e a conversão a Cristo. Seu objetivo principal é o de glorificar a Deus. Seu verdadeiro poder vem do Espírito Santo, que usa a Palavra de Deus para trazer a salvação (1 Pedro 1:23-25 ). Os apóstolos pregaram “a palavra”, “Jesus e a ressurreição”, “o reino de Deus”, “Cristo e este crucificado”, “o evangelho” (boas notícias). Apresentavam com clareza e simplicidade os fatos da morte e ressurreição de Cristo, com as razões para isso. São apresentadas em 1 Coríntios 15:3-4. Precisamos assegurar que a nossa pregação seja assim.
Dentro dos limites das Escrituras, as formas de apresentar o evangelho devem ser adaptadas às condições variadas da sociedade. Em muitos lugares, as pessoas não salvas já não frequentam mais as “reuniões de pregação do Evangelho” semanais. Mas a Palavra de Deus não exige esta prática. Na verdade os mensageiros do Senhor nos primeiros dias seguiam Seu mandado de “ir” ao invés de esperar que as pessoas “venham” até eles. No livro de Atos, vamos encontrá-los visitando casas particulares, bem como edifícios públicos, sinagogas judaicas, até mercados gregos. Pregavam à beira da estrada e do rio, nas escolas e nos alojamentos, nas prisões e nos palácios, onde quer que pudessem obter uma audiência para as boas notícias.
Nosso Senhor usou a ilustração da pesca para descrever o trabalho evangelístico. Alguns de Seus discípulos tinham sido especialistas neste tipo de trabalho antes (Marcos 1:16-20; Lucas 5:1-11). Usando um anzol ou uma rede, um pescador de sucesso tem que conhecer os hábitos dos peixes, os efeitos do tempo e das estações, e a isca apropriada para usar. Acima de tudo, ele deve ir para o lugar onde os peixes estão!
Alguns métodos modernos de evangelismo introduzem coisas que apelam ao desejo de novidade e emoção das pessoas. Os servos de Deus não devem copiar métodos mundanos que podem prejudicar gravemente a dignidade e a solenidade da mensagem do evangelho. A emoção pode produzir “decisões”, mas estas nem sempre são verdadeiras conversões.
Também parece errado para pregadores passarem a maior parte de seu tempo entre as igrejas bem estabelecidas pregando o evangelho quando há partes do país sem o testemunho de Deus, e muitos não ouviram o evangelho. Isto poderia ser porque os irmãos locais não estão evangelizando a sua própria área e preferem que outros o façam em seu lugar. As igrejas devem incentivar o dom local e especialmente proporcionar oportunidade para os homens mais jovens se envolverem. O Senhor proverá amplos dons a uma igreja local para suas próprias necessidades - devemos desejar e suplicar por estes (1 Coríntios 12:31). Timóteo foi advertido a não negligenciar o dom que havia nele (1 Timóteo 4:14). Para um ministério local eficaz é necessário esperar em Deus e estudar a Sua Palavra. No entanto, é importante para as igrejas se lembrarem do apoio financeiro aos que fazem o trabalho em partes carentes de uma cidade ou em áreas remotas do país, bem como os missionários que trabalham no exterior.
Os missionários
A palavra “missionário” não ocorre em nossa Bíblia traduzida para o português, mas a ideia está lá. A palavra vem de “apóstolo”, que significa “aquele que é enviado”. Um missionário é aquele que tem uma missão de Deus e possui um dom que Deus pode usar em outra cultura ou país. Ele pode ser um evangelista, ou um professor da Palavra de Deus.
Não devemos fazer uma distinção artificial entre os servos do Senhor em diferentes locais, em nosso país ou no exterior. “O campo é o mundo” (Mateus 13:38) e cada trabalhador serve seu Mestre com o seu próprio dom e na sua própria esfera. O povo de Deus deve tentar cultivar uma visão mundial do testemunho cristão e não se tornar insular ou restrito - ver João 4:35; Mateus 9:37-38.
O Progresso por Edificação
O crescimento da igreja pela edificação (construção) de si mesma em amor é o tema de Efésios 4:1-16. Em Colossenses 2:19 o aspecto universal da igreja está em vista, e em 1 Coríntios 1214 é o aspecto local.
Para realizar esta edificação Deus providenciou um ministério que já descrevemos nos capítulos 7 e 8. Trata-se de anciãos e mestres, em particular e de uma forma pública. Mas se lermos outra vez em Efésios 4:11-13, iremos notar que os dons devem ser usados para o aperfeiçoamento de todos os santos para fazer o serviço de Deus. Isto significa que todos os crentes como membros do Corpo de Cristo devem ser equipados dessa maneira, e também incentivados a cumprir a sua própria função para o crescimento do Corpo, até alcançar a plena maturidade.
O DESTINO DA IGREJA
A igreja tem um futuro maravilhoso e um destino eterno. Comparativamente poucos detalhes desse destino eterno foram revelados nas Escrituras, talvez porque a nossa capacidade de entender todos é tão limitada. O que a Palavra de Deus faz conhecido, no entanto, vai incentivar o povo de Deus durante as muitas provações da vida, e nos ajuda a ser fiéis em nosso serviço para o nosso ausente Senhor.
A verdadeira esperança da igreja é estar sempre com o Senhor como Ele próprio desejou (João 17:24). Isso acontecerá no Seu retorno pessoal nos ares (1 Tessalonicenses 4:17), como Ele prometeu (João 14:3). A igreja será sua companheira em Sua glória milenar e eterna (Romanos 8:17-18, 21; Apocalipse 19:7; 21:9; 22:5). O grande custo para o Senhor da nossa redenção (Atos 20:28) nos assegura a grande bem-aventurança do nosso futuro.
No plano divino, a igreja existe para a glória de Cristo (Efésios 1:9-10, 22-23). Como um todo ela tinha estado nos eternos conselhos da Divindade (Efésios 1:4; 3:1-13). Sua unidade completa não é visível na presente época, porque a igreja ainda não está completa. Essa associação visível com Cristo acontecerá no dia da Sua glória manifesta. Agora, no entanto, a unidade deve ser conhecida entre os crentes, tanto quanto a fidelidade à Palavra de Deus permitir (Efésios 4:3; João 17:21-23).
A igreja que foi concebida na eternidade foi criada na Terra na época atual. Através dela a sabedoria de Deus está sendo exibida aos anjos (Efésios 3:10; 1 Coríntios 11:10), e o testemunho de Deus é trazido aos homens como uma luz nas trevas do mundo (Apocalipse 1-3). Em última análise, a igreja irá mostrar a todos a grandeza da graça de Deus (Efésios 1:6; 2:7) e a grandeza da glória de Deus (Efésios 1:12,14; 3:21; 2 Tessalonicenses 1:10).
EVENTOS FUTUROS
A esperança imediata da igreja é a vinda do Senhor novamente. Poderia acontecer a qualquer momento - até mesmo hoje! Isso vai marcar a conclusão da igreja e terminar o seu período de testemunho na terra. Leia Apocalipse 22:7,12,20.
Quando lemos sobre a vinda do Senhor, devemos notar que a palavra traduzida “vinda” é parousia, o que significa mais precisamente “presença”. No Novo Testamento, ela descreve um período de tempo, em vez de um único evento. (Veja isso em Filipenses 2:12, onde é contrastada com um período de ausência.) O período de “presença” de Cristo começa com a sua descida nos ares (1 Tessalonicenses 4:15-17) e leva à manifestação da Sua glória brilhante quando destrói Seus inimigos e estabelece o Seu reino na terra (2 Tessalonicenses 2:8).
Para a igreja os seguintes acontecimentos virão, nesta ordem:
- A ressurreição dos “mortos em Cristo” - eles “ressuscitarão primeiro” de seus túmulos (1 Tessalonicenses 4:16).
- A transformação dos santos vivos que estão na terra - “nós seremos transformados” (1 Coríntios 15:52; Filipenses 3:20-21).
- O arrebatamentode toda a igreja a partir da terra para encontrar o Senhor nos ares e entrar no céu (1 Tessalonicenses 4:17). Talvez os santos do Velho Testamento também irão compartilhar essa experiência abençoada, embora não façam parte da igreja, pois eles também pertencem a Cristo (1 Coríntios 15:23; Hebreus 11:40).
- O exame de cada crente no “tribunal” de Cristo (1 Coríntios 4:4-5; 3:13-15; 2 Coríntios 5:10; Romanos 14:10). Nossas vidas e serviço para Cristo serão revistos e recompensados. Ele vai decidir sobre o lugar de cada um em Seu reino futuro, e não o futuro destino no céu ou no inferno.
- A apresentação da igreja de Cristo glorificada (Efésios 5:25-27; Judas vs.24-25). Compare o que aconteceu com Eva (Gênesis 2:22-23). Os ajustes finais feitos no tribunal são uma preparação essencial para isso.
- A celebração das bodas do Cordeiro (Apocalipse 19:6-9; Efésios 5:32). Um “segredo” agora plenamente revelado é a relação que Cristo estabeleceu entre Ele e Sua igreja. O céu é a verdadeira esfera da igreja. Como o Corpo de Cristo, de todas as famílias no céu e na terra que derivam sua existência de Deus, ela é a que está mais próxima dEle. Como Noiva de Cristo, é a mais querida dEle (Efésios 5:25). Ela foi preparada de duas maneiras para a sua casa eterna: primeiro a graça divina equipou-a para isso (Colossenses 1:12) e depois sua ambição foi sua conformidade pessoal com Cristo (Apocalipse 19:8). A justiça divina é um dom para a igreja (Romanos 3:21-22). A retidão pessoal (literalmente “justiças”) foi adquirida pelas suas obras (Apocalipse 19:8). A Noiva de Cristo prepara parte do seu vestido de noiva ela própria!
- A manifestação com Cristo, na Sua vinda na glória (Colossenses 3:4; Romanos 8:19-23; 2 Tessalonicenses 1:10). Esta é a exposição pública para o mundo daquela relação entre Cristo e a Sua igreja. Tendo compartilhado a Sua reprovação e rejeição na terra, ela será então vista compartilhando a Sua glória e o Seu reinado como Filho do homem no reino milenar (2 Timóteo 2:12).
- A glória milenial se seguirá. A igreja estará associada com Cristo em seu reino mundial (Apocalipse 20:4-6). Compare Atos 17:31; 1 Coríntios 6:2; Apocalipse 2:26-27; 5:10. A igreja recebe e reflete a glória divina, com a sua beleza imarcescível e brilho inimaginável durante o reino milenar (Apocalipse 21:11, 23-24).
- Então será Glória Eterna . A igreja ainda aparece em eterna juventude e esplendor nupcial, inalterada após mil anos - Apocalipse 21:2 a mostra em seu estado eterno e a partir do v.9 no estado milenar. Para aprender mais sobre o estado eterno, Apocalipse 21:1-8 deve ser estudado juntamente com 1 Coríntios 15:24-28, Efésios 3:21 e 2 Pedro 3:13.
A glória do céu para todos os crentes, como indivíduos e como a igreja, pode ser resumida em quatro frases.
- Nós O veremos (1 João 3:2).
- Vamos estar com Ele (1 Tessalonicenses 4:17; John 14:3; 17:24).
- Seremos semelhantes a Ele (1 João 3:2).
- Vamos servi-Lo (Apocalipse 22:3).
Nota de rodapé 1
As principais palavras traduzidas “pregar” são (a) euaggelizo, o que significa anunciar boas novas, enfatizando a natureza da mensagem, (b) kerusso, proclamar como um arauto, enfatizando a autoridade da mensagem, e (c) kataggello proclamar, que enfatiza como a verdade é apresentado aos ouvintes.
PARA ESTUDO ADICIONAL
- Distinga entre a igreja e o cristianismo, o Reino, e Israel.
- Quais são as duas maneiras em que a Igreja desenvolve e cresce?
- Na igreja local, o crescimento numérico e o crescimento espiritual são ambos desejáveis. Como surgiu cada um?
- Em Apocalipse 22, há três versículos diferentes em que o Senhor diz: “Venho sem demora!” Encontre-os e note como cada um deve nos afetar agora.
- Escreva os diferentes eventos que se seguirão à vinda do Senhor para a Sua Igreja.
- Descreva o estado eterno da igreja, o mais detalhadamente possível.
PONTOS PARA LEMBRAR
- A igreja está sendo edificada sobre o fundamento do Senhor Jesus Cristo.
- A igreja cresce continuamente ao longo desta época de graça até que esteja completa.
- Quando as pessoas são salvas elas se tornam parte da igreja que é o corpo de Cristo. Elas são como pedras adicionadas a um edifício.
- O desenvolvimento e crescimento da igreja local são importantes, numericamente e espiritualmente. São necessários o evangelismo ativo e a sã doutrina para obter sucesso.
- Quando o Senhor Jesus voltar, a igreja estará completa e será arrebatada para o céu.
- A futura esperança da igreja nos anima a sermos fieis agora.
Referências
Assunto Capítulo
Arrebatamento 12
Autoridade das Escrituras 1
Batismo da família 3
Batismo do Espírito Santo 3
Batismo infantil 3
Batismo pelos mortos 3
Bispos 7
Casamento 9
Circuncisão 3
Clero 5
Comunhão 6
Contribuição 11
Criação 4
Cristo a Fundação 1
Diácono 8
Disciplina 10
Divisão 10
Divórcio 9
Dízimo 11
Dons de sinais 8
Ekklesia 9
Evangelismo 12
Excomunhão 10
Finanças 11
Governo 7
Igreja - seu destino 12
Igreja universal 1
Jerusalém, a igreja local em 2 , 8
Lar 9
Liderança 7
Local de reunião da igreja 2 , 11
Louvor 5
Mesa do Senhor 4
Milênio 12
Ministério 8
Ministro 8
Missionários 12
Páscoa 4
Prédios de igrejas 1
Professores 8
Recepção 6
Regeneração batismal 3
Reino de Deus 12
Ressurreição 12
Sábado 4
Sacerdócio 5
Sacrifícios 5
Serviço das mulheres 9
Tesoureiros 11
Transubstanciação 4
Vestuário 9