Ageu 2:1-9
Passemos, agora, ao tema proposto, em 2:1-9. Fixemo-nos na segunda MENSAGEM DE ENCORAJAMENTO, cujo tema pode ser: COMO ALCANÇAR SUCESSO. Destacamos, nesse trecho, três condições essenciais para que o SUCESSO SEJA ALCANÇADO:
I - ATITUDE HONESTA (vv.1-3)
Para sermos honestos em nosso comportamento realizador é necessário que tenhamos uma perspectiva correta sobre a nossa própria realidade. Quando não o fazemos estamos agindo desonestamente, pois passamos a sustentar o nosso comportamento em bases falsas e irreais, que afetarão, inegavelmente, os resultados a serem obtidos. Na verdade, assim agindo, estaremos nos enganando a nós mesmos e fracassando por culpa própria, afastando qualquer possibilidade de obtenção de sucesso. Ageu chama a atenção para três aspectos da realidade histórica e pessoal do povo, exortando-os a que nunca deixassem de levá-los em conta, para serem bem sucedidos:
a) Não viver em razão de situações já passadas: “a sua primeira glória”. É erro crasso e, conseqüentemente, atitude desonesta, pretender sustentar-se, apenas, nas conquistas anteriormente alcançadas ou privilégios já usufruídos, como se isso, só por si, fosse a garantia do sucesso futuro. Quedar-se na mera contemplação da glória do passado e na sua contínua e orgulhosa exaltação impedem novas conquistas. O que passou não garante o sucesso do que está por vir! Não devemos ter a desonesta pretensão de viver, somente, das glórias do passado. Cada dia é uma nova oportunidade que Deus nos dá de novas e benéficas realizações na experiência da vida. Embora possamos ter presentes as experiências do passado, devemos construir o presente independentemente do que já alcançamos no passado. O sucesso é sempre uma realidade nova no curso das nossas realizações, na vontade do Senhor. A vida cristã é dinâmica, assim como deve ser a nossa Fé, que a constrói a cada dia. Veja o ensino de Paulo, em Fp.3:12-14, de onde destaco: “esquecendo-me das coisas que para trás ficam... prossigo...”. Paulo não está aí a referir-se, apenas, a derrotas passadas, mas também às glórias e vitórias conquistadas. Salomão ensina, em Ec.11:4: “quem somente observa o vento nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará”.
b) Constatação correta da atual situação: “como a vedes agora?”. Temos aí solene exortação de Ageu ao povo quanto à necessidade de confrontação da sua realidade religiosa com o padrão que, anteriormente, fora estabelecido pelo Senhor. Não agia o povo honestamente quando omitia, no seu comportamento, uma constatação constante e correta da sua real situação espiritual. Ageu referia-se à deplorável situação do templo. O povo se acostumara com a mesma. Não se tocava com a realidade da sua miserabilidade e da desgraça presente! Mostrava-se completamente insensível. Quantas vezes agimos sem a perspectiva exata do que realmente somos e de como estamos atuando, sem percebermos que fugimos, totalmente, do padrão de Deus. Falhamos omitindo-nos na constatação necessária da nossa realidade espiritual e tornamo-nos inúteis no ministério! O mundo vive, em geral, um processo terrível de corrupção moral e espiritual sem se dar conta do rumo desastroso que segue. Lamentavelmente, nós cristãos, muitas vezes, assumimos a atitude pecaminosa da indiferença e da indulgência para com tudo isso que ocorre ao nosso redor, admitindo uma promiscuidade tremendamente danosa ao nosso caráter e às práticas do nosso comportamento cristão nas áreas pessoais, familiares, sociais e, até, eclesiásticas. É impressionante como, no curso do tempo, aos poucos, sem o percebermos, vamo-nos afastando dos padrões que Deus estabelece para a nossa realidade espiritual! Paulo faz-nos forte exortação a respeito, referindo-se a nós como santuário (templo de Deus), quando diz: “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo...glorificai a Deus no vosso corpo” (1Co.6:19-20). As sete cartas que o Senhor mandou que fossem escritas por João, no Apocalipse, são, igualmente, exortações firmes no mesmo sentido (Ap.2 e 3). Mal se iniciara o cristianismo e já os desvios doutrinários e as práticas dos cristãos na sua vida diária pessoal, social, familiar e até eclesiástica foram se distanciando dos padrões divinos! Veja quantos aspectos negativos, nessas cartas apocalípticas, são denunciados e censurados pelo Senhor na vida das igrejas locais. Essas cartas não têm destino histórico apenas para aqueles dias, mas, profeticamente, projetam a triste realidade da Igreja no curso dos tempos, até a volta de nosso Senhor. Creio que o Senhor, mais do que nunca, está a dizer, com voz forte e solene, para a Igreja dos nossos dias: “COMO A VEDES AGORA?”. Que solene exortação! É pena que não estejamos a ouvi-Lo como devíamos. Essa correta constatação serve bem para nos conduzir ao sucesso verdadeiro, se estivermos dispostos a atender a recomendação do Senhor, em II Cr 7:14: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei o seu pecado e sararei a sua terra.”
c) Sensibilidade espiritual quanto à nossa inutilidade (humildade): “não é ela como nada aos nossos olhos”. Outra falha lamentável que o povo revelava no seu comportamento, fadado ao fracasso, era o orgulho pessoal que os cegava, pois diziam que os seus olhos nada viam de errado. Triste é errar! Mais triste é não querer reconhecer o erro. É pretender sustentar-se, teimosamente, no orgulho pecaminoso, o que impede o sucesso que o Senhor tanto deseja que alcancemos. Pior, ainda, quando essa atitude orgulhosa é, reiteradamente, mantida, apesar das sérias advertências do Senhor, através da Sua Palavra e dos seus servos fiéis, os quais, muitas vezes, são repelidos com falsas acusações, e suas mensagens de exortação e de ensino repudiadas com maldosa maledicência. Tudo isso representa FALTA DE HUMILDADE, indispensável ao sucesso desejado pelo Senhor na nossa vida cristã. Reveste-se de desonestidade comportamental. Veja a exortação de Pedro, em 1Pd.5:5-6: “outrossim, no trato de uns para com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a sua graça. Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte”. E o ensino exemplar de Paulo, em Fp 2:3-4: “Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros”. É muito oportuna a lição dada pelo Senhor Jesus Cristo em Mt 7:5: “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás claramente para tirar o argueiro do teu irmão”. Ageu enfatiza essa deficiência comportamental do povo, que lhe era tão prejudicial, vivendo na cegueira que impedia uma verificação do pecado do orgulho pessoal e nacional. Faltava-lhes sensibilidade quanto à sua triste condição material e espiritual. Não tinham a humildade necessária para perceber a tremenda trave que tinham nos seus olhos. Por isso diziam: “não é ela como cousa de nada aos nossos olhos”. É como se dissessem: “está tudo bem. Não vemos nada de mais na situação em que nos encontramos!” Não é assim que agimos muitas vezes em relação à nossa condição, não consentânea com o padrão do Senhor, e em relação ao estado da igreja local, tantas vezes comprometida com o mundanismo? Abramos os nossos olhos para a realidade e não fiquemos a dizer, equivocadamente, “está tudo bem”, ou, sarcasticamente, como diziam os judeus àquela época: “não é ela (a triste condição espiritual em que nos encontramos) como cousa de nada aos nossos olhos?” Tenhamos sensibilidade e humildade para reconhecer os nossos erros, confessá-los e deixá-los, como nos exorta a Palavra de Deus, em Pv.28:13: “O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”.