Ageu 2:1-9
Antes de analisar o precioso texto acima indicado, no livro de Ageu, sob o tema proposto, gostaria de passar alguns dados importantes sobre o autor e a pequena mas edificante profecia que o mesmo produziu, inspirado pelo Senhor.
Ageu foi um dos profetas menores, que profetizou ao tempo do cativeiro babilônico, contemporâneo de Zacarias. É chamado “o profeta” (1:1; 2:1, 10; Ed.6:14) e “embaixador do Senhor” (1:13), e foi um dos poucos exilados que, ao voltarem para repovoar Jerusalém, ainda se lembravam do templo de Salomão antes que fosse destruído pelos exércitos de Nabucodonozor em 586 AC (2:3). Devia, pois, ter perto de 80 anos de idade ao profetizar.
O livro tem como data de composição o segundo ano do rei Dario da Pérsia (520 AC -1:1). O tema do livro é sobre aRESTAURAÇÃO DO TEMPLO. O contexto histórico do livro é importante para compreendermos a sua mensagem. Em 538 AC, Ciro, rei da Pérsia, promulgara um decreto, permitindo aos judeus exilados voltarem à pátria para reconstruir Jerusalém e o templo, cumprindo, assim, as profecias de Isaías e Jeremias (Is.45:1-3; Jr.25:11-12; 29:10-14), e a intercessão de Daniel (Dn.9).
O primeiro grupo de judeus a voltar para Jerusalém havia colocado os alicerces do novo templo em 536 AC, em meio a muita emoção e expectativa (Ed.3:8-10). No entanto, os samaritanos e outros vizinhos opuseram-se fisicamente ao empreendimento, desanimando os trabalhadores de tal maneira que a obra acabou por ser interrompida em 534 AC.
Aletargia espiritualgeneralizou-se, induzindo o povo a voltar à reconstrução de suas próprias casas. Em 520 AC Ageu, acompanhado por um profeta mais jovem, Zacarias, conclamou Zorobabel (o governador), Josué (o sumo sacerdote) e o povo a retomarem à construção da Casa de Deus. Quatro anos mais tarde, o templo foi completado e dedicado ao Senhor (Ed. 4 a 6).
Oconteúdo do livrooferece, da parte de Deus, palavras de repreensão e de encorajamento aos exilados que agiam com indolência na necessária restauração do templo, ordenada pelo Senhor, mais preocupados com os seus interesses pessoais. Ele contém: duas mensagem de repreensão: 1:1-11: 2:10-19 e três mensagens de encorajamento: 1:12-15; 2:1-9; 2:20-23. Essas mensagens estavam voltadas para quatro falhas notórias no seu comportamento de vida, a saber:
Dormindo (1:1-15) - O sono é útil à recuperação física e à capacitação do ser humano para realizar os seus misteres, mas quando implica, simbolicamente, em indolência e até inércia na maneira de viver como cristão, em relação às responsabilidades estabelecidas pelo Senhor na Sua Palavra, causa sérios transtornos no progresso da vida espiritual, podendo, até, inviabiliza-la. Em Mt.25:5 lemos: “e, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram”. O resultado desse sono, nessa parábola contada pelo Senhor, foi trágico para as dorminhocas! Perderam o privilégio das bodas. Ficaram de fora.
Desanimados (2:1-9)- O desânimo é uma séria anomalia do comportamento humano que, normalmente, prejudica os resultados desejados. O desânimo deixa muitos pelo caminho da vida, na experiência melancólica das frustrações! Em Hb.12:1-3 lemos: “corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, ... para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma (ânimo)”.
Distraídos (2:10-19)- Há muitos estímulos à distração quando nos empenhamos em algum empreendimento. Se nos deixarmos levar pelas distrações afetamos, seriamente, a regularidade da nossa atuação, quebrando o ritmo que conduz ao alvo no tempo certo. Paulo adverte em 2Tm.2:6: “nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou”.
Duvidosos (2:20-23)- A dúvida é um terrível problema para o sucesso das realizações! Ela é incompatível com a Fé. E é a Fé que apropria os recursos que o Senhor oferece para fazermos o que Ele quer. É a ferramenta indispensável para que Deus realize os Seus propósitos através de nós. Lemos em Hb.11:8: “Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança, e partiu sem saber para onde ia”. Abraão não duvidou, antes obedeceu. por isso alcançou. Quando duvidamos, perdemos a convicção do que estamos fazendo e da maneira como estamos fazendo, anulando, conseqüentemente, a eficácia necessária para a concretização das idéias válidas.
Sem dúvida, podemos ver o cristianismo dos nossos dias bem retratado nessa quádrupla condição negativa do povo de Deus, ao tempo de Ageu. São, pois, bem atuais as mensagens que Deus nos deixou através de Ageu! Que a lição nos sirva!
É a profecia de Ageu das mais precisas na consignação dos momentos históricos, especificando o ano, o mês e o dia em cada caso (1:1, 15; 2:1, 10, 20). As expressões “assim diz o Senhor” e “veio a palavra do Senhor” e suas variações, ocorrem 29 vezes, ressaltando a urgência de sua mensagem aos repatriados.
Passemos, agora, ao tema proposto, em 2:1-9. Fixemo-nos na segunda MENSAGEM DE ENCORAJAMENTO, cujo tema pode ser: COMO ALCANÇAR SUCESSO. Destacamos, nesse trecho, três condições essenciais para que o SUCESSO SEJA ALCANÇADO:
I - ATITUDE HONESTA (vv.1-3)
Para sermos honestos em nosso comportamento realizador é necessário que tenhamos uma perspectiva correta sobre a nossa própria realidade. Quando não o fazemos estamos agindo desonestamente, pois passamos a sustentar o nosso comportamento em bases falsas e irreais, que afetarão, inegavelmente, os resultados a serem obtidos. Na verdade, assim agindo, estaremos nos enganando a nós mesmos e fracassando por culpa própria, afastando qualquer possibilidade de obtenção de sucesso. Ageu chama a atenção para três aspectos da realidade histórica e pessoal do povo, exortando-os a que nunca deixassem de levá-los em conta, para serem bem sucedidos:
a) Não viver em razão de situações já passadas: “a sua primeira glória”. É erro crasso e, conseqüentemente, atitude desonesta, pretender sustentar-se, apenas, nas conquistas anteriormente alcançadas ou privilégios já usufruídos, como se isso, só por si, fosse a garantia do sucesso futuro. Quedar-se na mera contemplação da glória do passado e na sua contínua e orgulhosa exaltação impedem novas conquistas. O que passou não garante o sucesso do que está por vir! Não devemos ter a desonesta pretensão de viver, somente, das glórias do passado. Cada dia é uma nova oportunidade que Deus nos dá de novas e benéficas realizações na experiência da vida. Embora possamos ter presentes as experiências do passado, devemos construir o presente independentemente do que já alcançamos no passado. O sucesso é sempre uma realidade nova no curso das nossas realizações, na vontade do Senhor. A vida cristã é dinâmica, assim como deve ser a nossa Fé, que a constrói a cada dia. Veja o ensino de Paulo, em Fp.3:12-14, de onde destaco: “esquecendo-me das coisas que para trás ficam... prossigo...”. Paulo não está aí a referir-se, apenas, a derrotas passadas, mas também às glórias e vitórias conquistadas. Salomão ensina, em Ec.11:4: “quem somente observa o vento nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará”.
b) Constatação correta da atual situação: “como a vedes agora?”. Temos aí solene exortação de Ageu ao povo quanto à necessidade de confrontação da sua realidade religiosa com o padrão que, anteriormente, fora estabelecido pelo Senhor. Não agia o povo honestamente quando omitia, no seu comportamento, uma constatação constante e correta da sua real situação espiritual. Ageu referia-se à deplorável situação do templo. O povo se acostumara com a mesma. Não se tocava com a realidade da sua miserabilidade e da desgraça presente! Mostrava-se completamente insensível. Quantas vezes agimos sem a perspectiva exata do que realmente somos e de como estamos atuando, sem percebermos que fugimos, totalmente, do padrão de Deus. Falhamos omitindo-nos na constatação necessária da nossa realidade espiritual e tornamo-nos inúteis no ministério! O mundo vive, em geral, um processo terrível de corrupção moral e espiritual sem se dar conta do rumo desastroso que segue. Lamentavelmente, nós cristãos, muitas vezes, assumimos a atitude pecaminosa da indiferença e da indulgência para com tudo isso que ocorre ao nosso redor, admitindo uma promiscuidade tremendamente danosa ao nosso caráter e às práticas do nosso comportamento cristão nas áreas pessoais, familiares, sociais e, até, eclesiásticas. É impressionante como, no curso do tempo, aos poucos, sem o percebermos, vamo-nos afastando dos padrões que Deus estabelece para a nossa realidade espiritual! Paulo faz-nos forte exortação a respeito, referindo-se a nós como santuário (templo de Deus), quando diz: “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo...glorificai a Deus no vosso corpo” (1Co.6:19-20). As sete cartas que o Senhor mandou que fossem escritas por João, no Apocalipse, são, igualmente, exortações firmes no mesmo sentido (Ap.2 e 3). Mal se iniciara o cristianismo e já os desvios doutrinários e as práticas dos cristãos na sua vida diária pessoal, social, familiar e até eclesiástica foram se distanciando dos padrões divinos! Veja quantos aspectos negativos, nessas cartas apocalípticas, são denunciados e censurados pelo Senhor na vida das igrejas locais. Essas cartas não têm destino histórico apenas para aqueles dias, mas, profeticamente, projetam a triste realidade da Igreja no curso dos tempos, até a volta de nosso Senhor. Creio que o Senhor, mais do que nunca, está a dizer, com voz forte e solene, para a Igreja dos nossos dias: “COMO A VEDES AGORA?”. Que solene exortação! É pena que não estejamos a ouvi-Lo como devíamos. Essa correta constatação serve bem para nos conduzir ao sucesso verdadeiro, se estivermos dispostos a atender a recomendação do Senhor, em II Cr 7:14: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei o seu pecado e sararei a sua terra.”
c) Sensibilidade espiritual quanto à nossa inutilidade (humildade): “não é ela como nada aos nossos olhos”. Outra falha lamentável que o povo revelava no seu comportamento, fadado ao fracasso, era o orgulho pessoal que os cegava, pois diziam que os seus olhos nada viam de errado. Triste é errar! Mais triste é não querer reconhecer o erro. É pretender sustentar-se, teimosamente, no orgulho pecaminoso, o que impede o sucesso que o Senhor tanto deseja que alcancemos. Pior, ainda, quando essa atitude orgulhosa é, reiteradamente, mantida, apesar das sérias advertências do Senhor, através da Sua Palavra e dos seus servos fiéis, os quais, muitas vezes, são repelidos com falsas acusações, e suas mensagens de exortação e de ensino repudiadas com maldosa maledicência. Tudo isso representa FALTA DE HUMILDADE, indispensável ao sucesso desejado pelo Senhor na nossa vida cristã. Reveste-se de desonestidade comportamental. Veja a exortação de Pedro, em 1Pd.5:5-6: “outrossim, no trato de uns para com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a sua graça. Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte”. E o ensino exemplar de Paulo, em Fp 2:3-4: “Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros”. É muito oportuna a lição dada pelo Senhor Jesus Cristo em Mt 7:5: “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás claramente para tirar o argueiro do teu irmão”. Ageu enfatiza essa deficiência comportamental do povo, que lhe era tão prejudicial, vivendo na cegueira que impedia uma verificação do pecado do orgulho pessoal e nacional. Faltava-lhes sensibilidade quanto à sua triste condição material e espiritual. Não tinham a humildade necessária para perceber a tremenda trave que tinham nos seus olhos. Por isso diziam: “não é ela como cousa de nada aos nossos olhos”. É como se dissessem: “está tudo bem. Não vemos nada de mais na situação em que nos encontramos!” Não é assim que agimos muitas vezes em relação à nossa condição, não consentânea com o padrão do Senhor, e em relação ao estado da igreja local, tantas vezes comprometida com o mundanismo? Abramos os nossos olhos para a realidade e não fiquemos a dizer, equivocadamente, “está tudo bem”, ou, sarcasticamente, como diziam os judeus àquela época: “não é ela (a triste condição espiritual em que nos encontramos) como cousa de nada aos nossos olhos?” Tenhamos sensibilidade e humildade para reconhecer os nossos erros, confessá-los e deixá-los, como nos exorta a Palavra de Deus, em Pv.28:13: “O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”.
II - ENVOLVIMENTO ATIVO (vv.4-5)
Para o verdadeiro sucesso há necessidade de envolvimento ativo e não mero entusiasmo. Nos vs. 4-5 Ageu sugere três idéias válidas e de necessária aplicação:
a) Para termos esse ENVOLVIMENTO ATIVO, devemos dispor perante o Senhor todas as nossas energias e recursos próprios, permitindo-Lhe a realização dos Seus alvos para a nossa vida. Nada lhe recusar. Colocar tudo que somos e dispomos disponíveis ao Seu pleno uso. Veja, no texto, as expressões “sê forte” (três vezes) e “trabalhai”. Não apenas “ser”, mas “fazer”. Nota-se, nessa maneira de Ageu exortar, a imperiosidade do envolvimento ativo e não do mero entusiasmo. Da mesma maneira Paulo, em Rm.12:1-2, nos exorta, com rigor, quanto à necessidade do nosso envolvimento ativo na obra do Senhor: “Rogo-vos, pois, irmãos ... que apresenteis os vossos corpos em sacrifício... para que experimenteis qual seja a boa perfeita e agradável vontade de Deus.” Aí destacamos alguns aspectos importantes do envolvimento ativo:
1 – O verbo “apresentar”, aí tem um duplo sentido: em primeiro lugar, de “dispor-se”, isto é vontade própria de disponibilidade total do nosso corpo para o Senhor poder usá-lo; e, em segundo lugar, de “submeter-se, isto é uma vontade própria de aceitar o comando total do Senhor em tudo. Está claro, no texto, que tal apresentação do corpo implica em duas coisas fundamentais: primeiro, a não conformação com o mundo (“não vos conformeis com este século”); segundo, dimensão espiritual da mente, só possível na plenitude do Espírito – Ef.5:18 - (“transformai-vos pela renovação da vossa mente”).
2 – O verbo “experimenteis” descreve o resultado daquele tipo de apresentação do nosso corpo perante o Senhor. Trata-se da experiência gloriosa “da boa, agradável e perfeita vontade do Senhor”. Não da nossa vontade. O verbo “experimentar” tem, também, duplo sentido: primeiro, capacitação espiritual para realizar a obra de Deus; segundo, efetiva utilização pelo Senhor.
b) Esse ENVOLVIMENTO ATIVO não se demonstra, apenas, pela “presunção pessoal” de nossa “auto-suficiência”. A presunção pessoal é comportamento que anula a obra do Senhor, pois O aliena das realizações. Conduz-nos à falta de solidariedade, ao trabalho isolado e personalista, sem dúvida indesejável ao bom sucesso da obra do Senhor. Quando pensamos que podemos tudo não estamos exercitando o envolvimento ativo, mas exercendo a nossa pecaminosa “auto-suficiência”, que nos levará, inevitavelmente, ao fracasso. Devemos, sempre, ter presente a preciosa lição do Senhor Jesus, em Jo.15:5: “sem mim nada podeis fazer”. Vale ler o ensino de Paulo a respeito da igreja como o corpo de Cristo em 1Co.12:1-31. O seu exemplo, também, nos é muito útil e está bem definido em Fp.4:13: “tudo posso naquele que fortalece”. Em 1Co.3:3-7 vemos, ainda Paulo, reprovando, firmemente, essa manifestação personalista pecaminosa, no ministério da igreja em Corinto, que levava a divisões, partidos e facções internos, tão prejudiciais à obra do Senhor. Que a lição nos sirva!
c) O ENVOLVIMENTO ATIVO será alcançado na dimensão ilimitada da manifestação da atuação de Deus através de nós, usando-nos apesar da limitação dos nossos recursos. Veja no v. 4: “porque EU SOU convosco”. No v. 5: “o meu Espírito habita no meio de vós; não temais”. Que recursos preciosos o Senhor nos oferece! Em Mt.28:20 fez Ele a promessa áurea do cristianismo ativo: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”. Essa gloriosa promessa tem destinatários certos: os que efetivamente assumem o serviço do Senhor com responsabilidade, sinceridade e fidelidade. Em Jo.14:15-18 o Senhor Jesus refere-se a outro suprimento indispensável ao testemunho cristão fiel: O Espírito Santo. Somos gratos ao Senhor por esse recurso notável! Esse recurso que o mundo “não pode receber, porque não no vê, nem o conhece”, nós conhecemos, porque ele habita conosco e está em nós. Não somos nem estamos órfãos! O ENVOLVIMENTO ATIVO implica na permissibilidade, de nossa parte, da participação ampla do Senhor no que fazemos. Demos abrir-Lhe espaço amplo em nós, para que a Sua possibilidade de atuação através de nós também seja ampla. Em que pese os recursos pessoais que dispomos serem precários e limitados, quando Lhe abrimos espaço para atuar, em nós e através de nós, o sucesso será, sem dúvida alguma, alcançado! Veja mais, o oportuno ensino apostólico a respeito, em Ef.3:14-21 (destaco aí a expressão: “sejais tomados de toda a plenitude de Deus” – v. 19); Ef.6:10; Fp.4:13.
III - CONFIANÇA NO SENHOR (vv. 4-9)
A terceira condição para se alcançar o sucesso, à luz do texto que examinamos, é a CONFIANÇA NO SENHOR. A confiança só é viável porque os recursos do Senhor são claramente prometidos e especificados por Deus, mas ela só se concretiza quando exercitamos a nossa convicção na validade inquestionável do que Deus oferece e nos colocamos incondicional e totalmente na dependência do Senhor e da Sua Palavra. Essa “confiança no Senhor” é essencial para termos o suprimento dos recursos da Graça do Senhor. Tais recursos só serão alcançados quando a nossa confiança nEle é plena. A “auto confiança” anula essa maravilhosa possibilidade. Quão preciosos são os recursos que o Senhor nos oferece! Examinando o texto que estamos estudando constatamos, claramente, os seguintes recursos oferecidos pelo Senhor, dignos de nossa confiabilidade:
1. A SUA PRESENÇA (v. 4): “Eu sou convosco”. Não temos um Deus distante, mas um Deus real e que promete estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt.28:20). A presença de Deus em nós garante o sucesso do que alcançamos, porque o mesmo resulta do que Ele faz através de nós! A presença do Senhor dá autenticidade espiritual àquilo que realizamos.
2. A SUA PALAVRA (v. 5): “Segundo a palavra da aliança que fiz convosco”. A Palavra de Deus é eficaz recurso para o êxito das nossas realizações. Garante os resultados. Ela é a orientação segura para os programas da vida, principalmente, para a vida espiritual. É a bússola dos nossos passos. É a luz para os nossos caminhos (Sl. 119:105). Como afirma Paulo em 2Tm. 3:16-17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. A Palavra do Senhor norteia-nos quanto ao que devemos fazer, orienta-nos sobre a maneira como devemos fazer e não permite, uma vez cumprida fielmente em nossa atitude, que ultrapassemos os limites da soberana vontade do Senhor.
3. O SEU PODER (vv. 5-7): “O meu Espírito habita no meio de vós; não temais”; “assim diz o Senhor do Exércitos.... farei abalar... farei abalar...”. É recurso incomparável no exercício de nossa correta vida cristã. O poder do Senhor permite a realização do impossível na medida em que agimos sustentados pela fé ativa, apesar das contrariedades, pressões e oposições supervenientes. Jesus Cristo censurou a leviana religiosidade dos saduceus da sua época, porque agiam sem a experiência do poder de Deus. Veja Mt.22:29: “errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”. O segredo da vida vitoriosa de Paulo resultava da atuação do poder de Deus nele; por isso afirma que podia tudo nAquele que o fortalecia (Fp. 4:13). Fazemos muito e alcançamos nada porque o fazemos à margem do poder de Deus!
4. A SUA PROVISÃO (v. 8): “Minha é a prata, meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos”. Quão extraordinária é essa afirmação de Ageu! Mas não era uma provisão circunstancial, destinada, apenas, para o povo naquela época de carência e pobreza. É uma disponibilidade permanente que o Senhor nos oferece, quando O buscamos prioritariamente, com fidelidade e sinceridade de coração, para nos provermos daquilo que precisamos para fazermos o que Ele quer. Não tem conotação, apenas, “material” mas, implica muito mais, com a necessidade “espiritual”. Quem nEle crê jamais terá fome e nunca terá sede, porque Ele é o Pão da Vida (Jo. 6:35). Por isso o Senhor Jesus ensina em Mt. 6:33: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Como diz Davi, o Senhor é o nosso Pastor e nada nos faltará (Sl. 23:1). Ele é o Criador de tudo, dono de tudo, tudo tem em Suas poderosas mãos e quer nos suprir com tudo o que nos é necessário para uma vida abençoada. Não significa isso que podemos ter tudo o que queiramos, mas sem dúvida teremos tudo o que precisamos para realizarmos os Seus propósitos, na gestão Soberana e benéfica da Sua vontade. Veja Tg. 4:3: “pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres”. Vivamos, sempre, nessa convicção abençoada da provisão do Senhor!
5. A SUA PAZ (v. 9): “E neste lugar darei paz, diz o Senhor dos Exércitos”. O ultimo recurso que Ageu menciona na sua oportuna mensagem de encorajamento ao povo, para alcançar uma experiência de sucesso verdadeiro, é a Paz do Senhor. A Paz é, sem dúvida, um dos recursos mais necessários do ser humano, vivendo longe de Deus, por causa da sua pecaminosidade. O pecado faz separação entre nós e o nosso Deus (Is .59:2), o que significa conflito com Deus. Quem está em conflito não experimenta a Paz. O pecado nos pôs em conflito com Deus e, conseqüentemente, em conflito com o nosso semelhante e conosco mesmo. Na Bíblia a expressão “paz” tem o sentido de “harmonia”. Perdemos a harmonia com Deus, com os outros e dentro de nós próprios por causa do pecado. E sempre, quando estamos em pecado, estremecemos essa harmonia necessária. Por isso a experiência de paz só se alcança quando temos a presença de Deus em nós. Paz é Deus em nós! Jo. 14:27: “Deixo-vos a paz a minha paz vou dou, não vo-la dou como o mundo a dá”. Rm. 5:1: “justificados, pois, mediante a Fé, temos paz com Deus, por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Fp. 4:7: “e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus”. Saibamos usufruir desse precioso recurso da Graça de Deus, procurando viver em total transparência perante a face do Senhor.
Pudemos verificar que A MENSAGEM DE ENCORAJAMENTO, de Ageu, em 2:1-9, nos oferece as condições essenciais que definem o tema COMO ALCANÇAR O SUCESSO. De nada valem todos os recursos que consideramos acima se não estivermos dispostos ao exercício de uma FÉ ATIVA, indispensável para a apropriação de cada um deles. Veja como São João destaca a importância da FÉ, em 1Jo. 5:4: “esta é a vitória que vence o mundo: a nossa Fé”. Vamos exercitá-la, cada dia, e SEREMOS MAIS DO VENCEDORES POR MEIO DAQUELE QUE NOS AMOU (Rm. 8:37).
Esperamos que esta oportuna lição, tirada da profecia de Ageu, possa nos ajudar a alcançar o SUCESSO AUTÊNTICO, de nível espiritual, na Soberana vontade do Senhor.