“Julgai todas as coisas, retende o que é bom”
1 Tessalonicenses 5:21
Possuímos uma natureza tendenciosa a julgamentos. Gostamos de julgar o que vemos e ouvimos. O caráter das pessoas, o seu temperamento, a sua personalidade e as suas atitudes passam constantemente pelo nosso tribunal. Julgamos grupos e pessoas à distância pelo que ouvimos dos outros, julgamos um movimento, seja ele religioso, político ou social, pela sua aparência; julgamos as intenções de uma pessoa quando diz alguma coisa, quando profere um discurso, dá uma opinião ou escreve um artigo. E assim, continuamos nossos julgamentos diários durante a nossa vida.
Esquecemo-nos, quase que frequentemente, de julgar aquilo que realmente precisa ser examinado e julgado constantemente: O “eu”. “Examine-se, pois, o homem a si mesmo... Porque se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” (1Coríntios 11:28,31). “Examinai-vos a vós mesmos... provai-vos a vós mesmos” (2 Coríntios 13:5).
No entanto, a Bíblia nos ensina a analisar todas as coisas. Isto fala de um exame cauteloso e criterioso de tudo o que vemos e ouvimos para que tenhamos o cuidado de reter apenas aquilo que é bom. Não devemos ser negativistas, julgando tudo e a todos sempre com a intenção de desprezar, rejeitar e condenar. Precisamos ser equilibrados, avaliando com a intenção de descobrir, valorizar e manter o que for verdadeiramente bom.
Quais os critérios que temos usado para julgar? Todo julgamento, ou avaliação, para ser correto e proveitoso precisa obedecer a certos critérios.
Quando, por exemplo, julgamos uma igreja local, afirmando que ela tem se desviado dos “nossos princípios”, qual critério usamos para tal afirmação? Que queremos dizer com “nossos princípios”? Referimo-nos às tradições e costumes que praticamos há muitas décadas, ou aos princípios espirituais ensinados pelos apóstolos para a vida das igrejas, claramente encontrados nas cartas apostólicas?
Quando julgamos uma igreja local como fiel e firme, isto quer dizer que os membros daquela igreja são sadios na sã-doutrina, firmes na obediência aos mandamentos e orientações do Senhor, pessoas que demonstram, no seu dia-a-dia, santidade, pureza, comprometimento, humildade e controle do Espírito Santo? Ou nos referimos às muitas programações departamentais, organograma arrojado, muitos congressos, muitas campanhas e projetos, tudo isso acompanhado de muitas atrações musicais ou peças teatrais?
Ao sermos solicitados a avaliar o ministério de um irmão, que critério usamos? Julgamos pelos resultados imediatos e visíveis, sua simpatia, sua eloquência, sua capacidade intelectual natural de comunicação, sua bela voz, sua demonstração de valentia e coragem no púlpito? Ou o avaliamos pela sua conduta fiel aos ensinos da Palavra, caráter irrepreensível, zelo doutrinário equilibrado com amor fraternal, fidelidade no ensino, na exortação, na pureza moral, testemunho exemplar junto à sociedade, à família, à igreja, perseverança ante as pressões, demonstração de fé ante as suas necessidades financeiras, emocionais e espirituais? Julgamos um “obreiro” pela sua agenda cheia de compromissos, muitas e constantes viagens? Ou pela sua utilidade onde quer que ele se encontre?
Como temos encarado e examinado as coisas novas que estão surgindo em nosso meio ultimamente? Que critério usamos? O critério do gosto pessoal? Isto é, apoio porque gosto, porque me faz bem, sempre gostei, é bonito e as pessoas gostam. O critério do vínculo familiar? Isto é, meu filho está envolvido, ele ou ela faz parte do grupo, minha esposa gosta, participa, tenho que apoiar, não posso ser contra. O critério do ibope? Isto é, vai chamar atenção, despertar interesse, atrair pessoas, vamos ficar conhecidos, isto é bom para o Evangelho.
Irmãos, já é tempo de voltarmos verdadeiramente à Palavra escrita, de usarmos os critérios bíblicos para examinarmos todas as coisas. Muito se fala ultimamente do valor da Palavra escrita para nos guiar, mas esse discurso muitas vezes não desce dos púlpitos para a vida prática individual e da igreja. Já é hora de nos atentarmos com mais diligência às Escrituras Sagradas e a considerarmos como na verdade ela é a PALAVRA DE DEUS.