As ofertas do povo de Deus (3) e o sustento dos que se dedic

Leitura: Filipenses 4:6

 

Dentro do tema proposto, quero agora abordar sobre a administração de nossos projetos na obra de Deus.

Ao assistirmos qualquer reunião missionária de relatórios vemos que quase todos os relatores apresentam seus muitos projetos, sendo alguns, bastante ousados.

Acontece que o problema não está nos projetos anunciados, mas no fato de que a maioria nunca sai do papel ou às vezes se arrastam por longos anos sem que haja uma conclusão.

Segundo os dicionários, “projeto” é uma palavra que pode ser empregada com diversas acepções, mas todas ligadas de uma maneira ou outra com um plano para realizar alguma coisa. Nesse sentido, projeto pode ser sinônimo de plano, intenção, intento, ideia, esboço e desígnio. Qualquer coisa que se pretenda fazer pode ser considerada um projeto.
 
Quando se trata de projetos elaborados por pessoas do mundo, obviamente envolvem interesses pessoais, projeção própria e no quanto podem lucrar em cima de seus projetos. A gente pode ver claramente isso em projetos que nunca foram acabados, em especial nas obras do governo como é comum vermos nas reportagens, um verdadeiro desperdício do dinheiro público aplicado em coisas sem proveito algum.
 
Muito mais poderia se acrescentar neste assunto, mas agora vamos ao que mais interessa que são os “projetos na esfera espiritual”. Quase desnecessário dizer que existe uma diferença grande nos interesses entre os projetos do mundo e os projetos espirituais que envolvem o povo e a obra de Deus. Os projetos do mundo são planejados e executados por homens que não têm o temor de Deus e fazem, em muitos dos casos, pensando em status e lucros, porém, quando se tratam de projetos espirituais que envolvem os servos e a obra de Deus, o dinheiro ofertado que os irmãos e irmãs fazem a Deus é diferente, pois se deve curvar perante Ele em busca de Sua sabedoria e direção no planejamento e execução dos projetos para uma aplicação fiel do dinheiro das ofertas.
 
Contudo, temos de confessar que, em alguns momentos, tomamos certas decisões semelhantes às pessoas do mundo, ou seja, projetamos ousadamente sem a devida orientação e aprovação de Deus. Às vezes até oramos, mas nossa ansiedade é tão grande que não permite que aguardemos o tempo suficiente para termos a certeza da resposta de Deus quanto à realização ou não de tal projeto, isto porque achamos que o "nosso" projeto é o melhor e extremamente necessário para o desenvolvimento do trabalho local, estadual, nacional e até mesmo além-fronteiras.
 
Quando, porém, Deus não derrama Suas bênçãos como queríamos (porque tal projeto nunca fez parte de Seu plano), aí corremos o risco de desanimarmos e até questionarmos a Deus perguntando por que não está dando certo? A resposta é que tal projeto que estamos investindo é coisa particular nossa sem a devida aprovação de Deus. Vejam o que escreveu Hudson Taylor: “A obra do Senhor feita segundo a orientação do Senhor, não faltarão os recursos do Senhor”. Sugiro aos irmãos, em especial aos obreiros e presbíteros, a leitura do livro “O Segredo Espiritual”, de Hudson Taylor.
 
Ao analisar este assunto dos projetos e sua administração, percebo o quanto ele é vasto que não me atreverei expandi-lo, mas me limitar superficialmente a apenas três exemplos que envolvem obreiros de tempo integral, presbíteros e a obra de Deus de um modo geral:
 
  • Projetos de construções civis,
  • Projetos filantrópicos,
  • Projetos missionários.

Antes de considerarmos cada tema deste assunto gostaria que cada irmão(ã), antes de publicar e iniciar qualquer projeto, veja primeiro se de fato há para aquele momento a necessidade e se é da vontade de Deus, isto porque, amados e sinceros irmãos obreiros e líderes das igrejas locais, com suas boas e sinceras intenções muitas vezes exageram no planejamento de seus projetos e na maioria dos casos agem fora da vontade de Deus, vão além da necessidade atual e das possibilidades financeiras, perdendo completamente o controle, que acabam levando estes irmãos ao desespero, e aí começam as divulgações das necessidades pelas redes sociais e outros, para a conclusão daquele projeto.

Aí surgem as campanhas! Para término da obra; para conserto ou compra de veículo novo para obreiros; para arrecadar alimentos para o exercício da filantropia etc., chegando, muitas vezes, ao ponto de envolver, nestas causas, pessoas descrentes e até políticos, fugindo assim de todo e qualquer princípio bíblico de contribuição financeira como já estudamos no artigo anterior.

Que fique claro que não estou me posicionando contra qualquer dos projetos dos irmãos, mas sim a forma como isto está sendo propagado e o modo antidoutrinário usado para angariar fundos para custear tais projetos.

Vamos considerar nosso primeiro tema:

Projetos de construções civis

Como a pouco escrevi, amados e sinceros irmãos obreiros, presbíteros etc., com suas boas e sinceras intenções, muitas vezes exageram no planejamento de seus projetos, e aí se incluem também as construções.

No caso de uma construção para o uso da igreja local ou qualquer outro fim, é preciso haver plena certeza da vontade de Deus e também da necessidade, muita oração e planejamento e até fazer algumas perguntas básicas como por exemplo: Temos, no momento a necessidade de construir? Qual é o tamanho suficiente para este momento? Aproximadamente quanto tempo durará esta construção? Vamos construir de uma só vez ou por etapas? A igreja local tem as condições financeiras, mesmo que por etapas, de concluir esta obra? O valor que temos em caixa será o suficiente para chegarmos até que ponto na construção?

Respondendo a estas e outras perguntas e agindo de forma consciente, planejada e sob oração e direção de Deus, se evitará que mais tarde se entre em clima de desespero por causa da falta de recursos e consequentemente uma demora não calculada. A partir daí começam as apelações em busca de ofertas dos irmãos para se comprometerem com certa quantia mensal, que, como já escrevi, foge de todo e qualquer princípio bíblico de recolhimento de ofertas.

Como provavelmente será uma minoria que irá se deixar persuadir por tais apelações, por não serem atendidos serão tentados a olhar para as igrejas coirmãs e irmãos com melhor condição financeira, e pensarem e até comentarem: "essas igrejas e esses irmãos não têm visão missionária, porque se tivessem estariam ofertando para nossa construção”, continuam: “vejam que outras “igrejas” (denominações) começaram depois de nós e já alcançaram seus objetivos, e nós estamos aqui parados por falta de dinheiro”. “Isso é que é povo animado, que tem visão missionária, que tem o coração e interesse na obra, não são como nós”. E assim por diante vão difamando os irmãos. É preciso muito cuidado nesse tipo de julgamento.

Vamos considerar nosso segundo tema:

Projetos filantrópicos

Define-se filantropia da seguinte forma: “Filantropia é um conceito muito antigo que significa, basicamente, ajudar o próximo. O termo foi criado pelo imperador romano, Flávio Cláudio Juliano (332-363), no ano de 363 (século IV), com o intuito de restaurar o paganismo, ao invés do catolicismo”.

No que se refere aos trabalhos sociais na assistência às crianças em creches, abrigos de idosos ou de dependentes químicos, certamente quando começam esses valiosos trabalhos estão totalmente confiados no Senhor para todo e qualquer suprimento, mas o tempo vai passando e as coisas não acontecem como planejado. Os recursos às vezes são poucos e aí vem o desespero por parte da diretoria daquela instituição, que antes foi iniciada na presença do Senhor em Sua total dependência, agora, porém, precisam lançar mão de certos mecanismos humanos para obterem recursos para o suprimento e, com alguma exceção, quando se dão conta já estão envolvidos em apelos pelas redes sociais e outros meios de comunicação.

Como se isso não bastasse, acabam buscando apoio de políticos que segundo as suas pretensões eleitoreiras dão suporte a estas causas visando no futuro apoio e votos. Além desses, recorrem a algo mais comum e aceito na sociedade religiosa que são os bazares, almoço, churrasco beneficentes etc., sendo que, este modo de agir, não tem respaldo bíblico e, portanto, não se pode contar com a aprovação de Deus por excluir a fé e a dependência total d’Ele.

Filantropia versus propaganda é culto ao próprio homem – além do mais, para alguns, o trabalho filantrópico e de ajuda humanitária tem servido de trampolim na Internet para a promoção pessoal e arrecadação de fundos. Há poucos dias vi numa rede social (é comum ver) a exposição de cerca de 47 fotos de propaganda de um trabalho de ajuda realizado.

Infelizmente, as propagandas não se restringem apenas às obras de ajuda ao próximo, mas também em torno de muitos outros eventos. Se as reuniões forem bem frequentadas ou sendo realizadas debaixo de árvores ou trabalho com crianças etc., tornam-se motivos para ampla divulgação nas redes sociais, com fotos e vídeos, como se estivessem dizendo: “Povo de Deus, veja o meu trabalho”! Neste assunto, sugiro a leitura do artigo do irmão Adonias B. Gonçalves publicado na revista IDE 2018 sob o tema: Obras e Galardões: Recompensa no Céu ou na Terra (pag. 60).

Vamos considerar nosso terceiro e último tema:

Projetos missionários

Gostei e achei muito oportuno o comunicado do irmão Dr. Jayro Gonçalves através do Boletim dos Obreiros do dia 3/2/2019, quando, entre outras coisas, ele diz que no passado do total de ofertas recebidas de seus membros, 60% eram destinados para a obra missionária.Acredito que tal exemplo devia contagiar todas as igrejas locais para que cada uma, seja pequena, média ou grande, a ter um projeto missionário, ou seja, ter visão da necessidade da obra de Deus e assumir um compromisso perante Ele de mensalmente separar uma porcentagem de suas entradas, fazendo, sob oração e direção de Deus, as ofertas para a obra missionária.

Finalmente gostaria de fazer um apelo a todos os obreiros, presbíteros e demais lideranças a colocarmos o propósito no coração em que, aconteça o que acontecer, não fazermos (em causa pessoal ou da obra) nenhum tipo de insinuação, solicitação ou reclamação financeira pelas redes sociais, Boletim dos Obreiros ou outro veículo informativo que entre nós circulam, mas fazer isto conhecido somente a Deus, conforme Filipenses 4:6... “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças”.

Meu sincero desejo e oração é para que este artigo seja de despertamento e bênçãos a todos os leitores.