UM DIÁLOGO ENTRE IRMÃOS
Meu querido irmão, não peça desculpas! É sempre muito bom poder dialogar com você, mesmo naqueles pontos onde temos uma visão diferente do ensino bíblico. Sabemos que ambos somos nascidos de novo, feitos filhos de Deus e viveremos eternamente, tudo pela graça e amor manifestados por Deus, na pessoa do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e isto é o que há de mais importante em nosso relacionamento, isto é o essencial. De resto, onde por ventura discordamos, manteremos o respeito mútuo, sabendo que nenhum dos dois tem o monopólio da verdade.
Reli os dois trechos mencionados por você (Is.53:1-6 e Mt.8:14-17). Creio que podemos concordar que Isaías profeticamente está apontando para a pessoa do Messias que viria ao mundo para SALVAR (vv. 5-6): "traspassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades... fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos", ou seja, o Messias pagaria o preço pelas nossas "transgressões e iniquidades" (nossos pecados), esta seria a Sua MISSÃO, nada tendo a ver com a cura de uma enfermidade.
Nos versículos anteriores de Isaías, vemos a descrição que identificaria o Messias vivo e, no versículo 4, citado por você, sinais que provariam que Ele era o Messias, aliás, o que está reforçado pelo início do versículo 17 de Mateus 8: "Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías...". As curas (e os outros milagres, como ressurreição de mortos, acalmar as tempestades, etc) que o Senhor Jesus realizou, foram sinais para provar que Ele era o Messias prometido pelos profetas do Velho Testamento, e o Seu poder para realizá-los, que viria para cumprir a Sua real missão: perdoar pecadores. Veja Mateus 9:6 e 11:2-5, onde Jesus prova para João Batista que ele era o Messias profetizado, citando o cumprimento da profecia de Isaías 35:5.
Não há, em qualquer parte da Palavra, uma promessa de Deus de que Seus filhos nunca ficariam doentes, ou não morreriam em função de uma doença, ou que o Senhor Jesus morreria na cruz para nos livrar de doenças físicas. As pregações do Evangelho registradas nas escrituras, e em todo ensino do Novo Testamento, estão centradas nos temas de Arrependimento, Conversão, Fé e Salvação dos pecados, pela graça de Deus.
Em nenhuma pregação há indicação de libertação de doenças, ou de dificuldades, bem diferente do que vemos nas pregações televisivas de hoje em dia, onde passa a ser a parte central da pregação, junto com a prosperidade material, harmonia conjugal, etc. Ao contrário, somos alertados que neste mundo teremos tribulações (e a doença é uma delas), passaremos por dificuldades, seremos perseguidos, etc. Em suas epístolas, vemos Paulo relatando que Timóteo tinha problemas gástricos e "freqüentes enfermidades" (1Tm.5:23), que ele próprio provavelmente tinha problemas de visão (Gl.6:11) e que "Trófimo estava doente em Mileto" (2Tm.4:20).
Por outro lado, podemos pedir a Deus que cure uma pessoa doente? Claro, lógico que sim! Somos exortados a isto! E provamos nossa fé no poder de nosso Deus ao solicitarmos isto d’Ele. Como diz Tiago: "muito pode em sua eficácia a oração de um justo". Portanto, continue a orar por mim!
Muitas vezes, porém, não faz parte do plano de Deus curar aquela pessoa: pode ser o plano d’Ele mantê-la doente aqui na terra ou até mesmo faz parte de Seu plano promovê-la à glória celestial. A certeza que temos é que estamos nas mãos de um Pai amoroso e que irá fazer tudo para cooperar para o nosso bem.
Em resumo: A cura de doenças não é, e nem deve ser, o tema central de nossa pregação; tão pouco a razão pela qual o Senhor Jesus veio ao mundo, morreu, ressuscitou, subiu aos céus e voltará; Deus nunca prometeu que não teríamos doenças ou, quando as tivéssemos, que Ele Se sentiria obrigado a nos curar, mediante nosso pedido (hoje em dia, segundo alguns, “nossa ordem"…).
Um grande abraço do seu irmão na fé em nosso Senhor Jesus Cristo!