1 Timóteo 2.15; 1 Coríntios 14.40
Transcrito por Hacy Senghi Soares
Este estudo não tem em vista a parte técnica propriamente dita da homilética, isto é, a arte de preparar e apresentar sermões. O que temos em mira nesta série de estudos é apresentar ao leitor algumas sugestões práticas que poderão ajudá-lo a participar publicamente com maior acerto nas várias reuniões da igreja, para maior proveito de todos. Quem toma parte pública nas reuniões precisa saber qual é a reunião de que está participando, a fim de que as suas expressões sejam apropriadas a cada ocasião.
O leitor não encontrará aqui um comentário das lições, mas um simples esboço, cuja finalidade é ajudá-lo a lembrar-se da matéria apresentada.
1. Os vários tipos de reunião e suas finalidades
1 - A Ceia do Senhor
- É a reunião dos filhos de Deus, como um sacerdócio, a fim de prestar culto a Deus.
- Deve ser exclusivamente reunião de adoração.
- É ato de obediência, porque é realizada em atenção ao pedido do Senhor que temos prazer em obedecer – 1 Coríntios 11.24-25 com João 15.14.
- É ato de recordação porque é feito “em memória” do Senhor.
- É ato de comunhão porque todos participam juntos, demonstrando o seu interesse comum na Sua obra e na Sua Pessoa – 1 Coríntios 10.16-17.
- É ato de testemunho porque anuncia ao mundo a morte expiatória do Senhor – 1 Coríntios 11.26.
- É ato de esperança porque os participantes realizam-no “até que Ele venha” – 1 Coríntios 11.26.
2 - A reunião de Oração
- É a reunião dos filhos de Deus como um sacerdócio a fim de levarem a Ele as necessidades de Sua obra e de Seu povo, bem como apresentar a Deus gratidão, louvor e ações de graça – 1 Timóteo 2.1.
- É preciso que os participantes conheçam os vários elementos da oração, para assim orarem com mais inteligência e objetividade.
3 - A reunião de Ministério para os crentes
- Estudo bíblico: vista geral dos livros da Bíblia (síntese ou súmula); estudo de cada livro, capítulo por capítulo.
- Estudo das várias doutrinas bíblicas, como: de Deus, do homem, de Cristo, do Espírito Santo, da justificação, do pecado, das últimas coisas (escatologia), etc.
- Mensagens devocionais de inspiração ou de exortação, tudo visando à edificação do povo de Deus na sua fé.
4 - A reunião de Evangelismo para descrentes
- A reunião de evangelização na casa de oração.
- A reunião ao ar livre.
- Reuniões em casas familiares; mesmo quando sejam de ações de graça, devem ter em mira a evangelização dos vizinhos.
- Outras oportunidades para reuniões: nos presídios, em abrigos de idosos ou menores, hospitais, etc.
- O objetivo de todas essas reuniões é ministrar o Evangelho de Cristo aos perdidos, a fim de que sejam salvos.
5 - A reunião mista (crentes e descrentes)
- A Escola Dominical: há pessoas de várias idades, e diferentes condições espirituais. Há crianças, jovens e pessoas idosas; há pessoas salvas e não salvas, há pessoas maduras e inexperientes na fé. É preciso que se façam as coisas de modo que todos possam alcançar proveito.
- A Reunião da Mocidade. Entre nós, o objetivo é treinar os jovens a servir ao Senhor e estimular os jovens não crentes à sua conversão ao Senhor. O trabalho deve ser feito pelos jovens, porém sob a supervisão dos anciãos da igreja local..
2. Sugestões práticas para os que falam na igreja
1 - Apresentação
- Limpeza do corpo. Os sinais da falta de higiene não são uma boa recomendação para quem ministra na casa de Deus.
- Limpeza e decência nos trajes. Roupas sujas, mal compostas ou exageradas, também não recomendam ninguém no serviço do Senhor. Não se trata de vestir-se com apuro ou luxo, mas com dignidade e decência. É possível vestir-se pobremente, mas digna e decentemente.
- Evitar os gestos nervosos (movimentos estranhos com as mãos, o corpo ou a cabeça).
- Evitar as mãos nos bolsos.
- Evitar todo relaxamento.
2 - Falar para ser ouvido
- Nunca gritar; nunca falar baixo demais. Todos não são surdos, e, às vezes, todos não são dotados de uma perfeita audição. O volume de voz deve ser suficientemente alto para que os ouvidos menos favorecidos possam entender, e suficientemente baixo para não ferir os ouvidos de ninguém. Deve-se falar de conformidade com o local; numa sala pequena o volume da voz tem de ser mais baixo; numa sala grande o volume de voz precisa alcançar as pessoas sentadas nos últimos bancos.
3 - Falar para ser entendido
- Abrir bem a boca. É muito difícil para a congregação entender quando se fala com os dentes ou os lábios cerrados. Os sons emitidos não são inteligíveis quando se procede dessa maneira.
- Pronunciar as sílabas com bastante clareza. Cortar as sílabas ao meio dificulta a compreensão.
- Usar linguagem ao alcance de todos.
4 - Falar de modo a prender a atenção dos ouvintes
- Não depressa demais, nem devagar demais; um traz dificuldade para entender, o outro cansa os ouvidos.
- Não falar no mesmo tom de voz durante todo o tempo; tanto o ritmo quanto a entonação devem variar para evitar a monotonia que desvia a atenção do auditório.
- Falar mais alto ou mais baixo, mais devagar ou mais depressa, de acordo com a natureza do fato que se está narrando. Isto enriquece a narração e ajuda os ouvintes a acompanhá-la gravando-a na mente com mais facilidade.
- Fazer gestos adequados. Falar sobre o céu apontando para a terra não é um gesto apropriado.
- Olhar para o povo. Nada distrai mais a atenção dos ouvintes do que falar olhando para baixo ou para o alto, ou apenas para um lado. O olhar de quem fala deve estar voltado para todo o auditório; deve-se voltar a cabeça ora para lá, ora para cá, a fim de que todos entendam que é com eles que se está falando.
5 - A leitura deve ser interpretativa
- Dando valor exato à pontuação, que é o que, na linguagem escrita, pode indicar: intensidade, entonação ou pausa. Não sendo observados devidamente a leitura fica prejudicada.
- Dando a expressão correspondente à natureza da leitura: narração, diálogo, monólogo, e à natureza do assunto: alegre ou triste, jocoso ou sério. Para isso, deve-se procurar fazer ligeiras variações de voz, representando diferentes personagens na leitura.
- Quando alguém não tem facilidade para ler, é aconselhável treinar em casa, lendo o trecho bíblico várias vezes antes de sair para a reunião, procurando entender perfeitamente o sentido da leitura para que, ao apresentá-la, os que ouvem possam entender bem.
- Cuidado para ler exatamente como está escrito, e não conservando a pronúncia errada comum em algumas palavras. Exemplo: “pobrema” em lugar de “problema”; “supertição” em lugar de “superstição”; “seje” em lugar de “seja”. Não acrescentar nem diminuir letras na leitura.
6 - Quem dirige a reunião deve tomar o cuidado de animar o ambiente sem cometer excessos
- Anunciar claramente os hinos, se possível lendo uma estrofe e repetindo o número.
- Tomar o cuidado de não fazer pregações antes ou depois de cada hino.
- Cuidado para não fazer uma pregação antes do pregador, nem emendar a mensagem do mesmo. Às vezes uma pequena palavra de aprovação ou de estímulo aos ouvintes pode caber, mas não deve ser algo muito prolongado.
3. A participação na Ceia do Senhor
1 Coríntios 11.23-26
1 - Qual é a “ordem do Culto” na Ceia?
A Bíblia não estabelece normas fixas para a celebração da Ceia (embora os homens o façam). A ordem deve ser ditada pelo Espírito Santo – 1 Coríntios 12.11.
Não deve haver ritualismo. O cristianismo não é baseado em ritos como o judaísmo. Os hinos, as pessoas que participam, o momento da distribuição dos elementos, as várias “secções” da Ceia, degeneram-se em mero ritualismo quando apresentados mecanicamente sempre do mesmo modo.
Quando damos lugar à ordem ditada pelo Espírito há variedade e proveito geral:
■O Espírito não Se utiliza sempre das mesmas pessoas para as mesmas coisas.
■Nem dos mesmos hinos e dos mesmos textos bíblicos que, muitas vezes, são usados em momentos já determinados pelos participantes.
■O Espírito promove harmonia na adoração, de modo que os que são espirituais podem acompanhar a verdadeira ordem do culto. Ele é o Grande Maestro. Se o Espírito está dirigindo, a mínima participação de cada um (e às vezes, mesmo o silêncio) é “para edificação”. Qualquer ministério antes da distribuição dos elementos levará os participantes a ocuparem-se com o Senhor e com a Sua obra; qualquer adoração será dirigida no mesmo sentido. O Espírito só pode nos dirigir no objetivo da reunião que é “EM MEMÓRIA” DO SENHOR.
■Todos os irmãos podem tomar parte, embora não tenham necessariamente de fazê-lo. A liberdade é do Espírito e não de cada um para fazer o que bem entende.
A única ordem para a nossa participação no culto é:
■Nossa presença – Quando vos ajuntais. O Senhor espera que nos ajuntemos na mais importante atividade da Igreja, quando se reúnem os adoradores aos quais Deus procura – João 4.23-24. É a mais expressiva manifestação de comunhão, e nada, a não ser o pecado ou impedimento imperioso, deve nos afastar da Ceia do Senhor. A ordem é eliminar os obstáculos e reunir – 1 Coríntios 11.28.
■Nossa pontualidade – Chegada a hora. O Senhor não nos espera depois da hora, Ele é pontual – Lucas 22.14.
■Nossa reverência – Ali estou no meio – Mateus 18.20. Ele é o motivo da reunião e não deve ficar esquecido.
■Nosso discernimento – Em memória de Mim é o objetivo da reunião. Há muita importância em andar no Espírito” – Gálatas 5.25, para poder observar rigorosamente a Sua ordem para a nossa participação no culto.
2 - Sugestões sobre a Pessoa do Senhor que podemos recordar na Ceia
O Seu Nome incomparável – Filipenses 2.9.
■Ele é Jesus, que é Jeová-Salvador – Mateus 1.21.
■Ele é o Cristo (Messias), que é o Ungido de Deus, escolhido e santificado para Ele e cumprindo fielmente a vontade do Pai em tudo – Isaías 61.1-2, Atos 2.36; 10.37-38.
■Ele é o Senhor, o Deus da Glória, um Nome exaltado – João 13.13; Atos 10.36; 1 Coríntios 2.8.
As Suas obras – Salmo 92.4.
■A Criação – Salmo 33.6-9; Provérbios 8.22-31; João 1.3; Colossenses 1.16-17; Hebreus 1.2.
■Suas obras de beneficência – João 21.25; Atos 10.38.
■Sua obra suprema – a Redenção – João 4.34; 19.30; Hebreus 10. 10, 14; Efésios 1.7.
O Seu amor infinito – João 13.1; 15.13; Efésios 3.19.
■Esvaziou-Se para Se manifestar - Filipenses 2.6-7.
■Empobrece para enriquecer a outros – 2 Coríntios 8.9.
■Perdoa para restaurar – João 8.10-11.
■Morre para salvar - João 15.13; Efésios 5.2.
Sua humilhação, sofrimentos e morte.
■Dor moral por ter de enfrentar o pecado – Mateus 26.37-42; João 12.27.
■Pela rejeição, escárnio e ingratidão dos homens – Hebreus 12.2-3; Mateus 27.27-31, 40-44.
■Pelo desamparo de Deus – Salmo 22.1; Mateus 27.46.
■Dor física pelos açoites – Mateus 27. 26, pelos espinhos – Mateus 27.29 e pelos cravos que O traspassaram Salmo 22.16; Zacarias 12.10; João 19.37; Apocalipse 1.7.
Sua exaltação – Atos 2.32-33.
■Ressuscitado e assunto ao céu – Lucas 24.5-7, 51; 1 Coríntios 15.3-4; Marcos 16.19.
■Glorificado – Efésios 1.20-23; Filipenses 2.8-10; Hebreus 2.9.
3 - Quais as condições para participar da Ceia?
Ser discípulo do Senhor. Na Bíblia só os tais participam do “Partir do Pão” – Mateus 26.26; Atos 20.7.
Estar preparado espiritualmente pela comunhão com o Senhor e a separação do mundo e do pecado – 1 Coríntios 10.20-21.
■Todo pecado conhecido deve ser confessado e abandonado – 1 João 1.9; 2.2.
■A falta nesse sentido sujeita o crente à disciplina do Senhor – 1 Coríntios 11.27-32.
■Feito isto, a ordem é “comer o pão e beber do cálice”.
4. A participação na reunião de oração
1 - Os elementos da oração
■Adoração. É a exaltação do Senhor pela Sua natureza e Seus atributos singulares – Salmo 95.1-2; 96.6-9.
■Louvor. Ações de graças ao Senhor pelas bênçãos e favores que nos dispensa constantemente, física, material e espiritualmente – Salmo 103.1-2; Efésios 1.3.
■Petição. Apresentação a Deus das necessidades da Sua obra, do Seu povo, e as necessidades pessoais.
■Intercessão. Petição a Deus em favor de outrem. O crente pode interceder a Deus em favor dos seus irmãos ou a favor de outros suplicando a Deus pela salvação deles – Tiago 5.16.
■Confissão. O reconhecimento de nossas culpas perante Deus.
1 - Pode ser pública ou particular. A confissão pública deve ter sempre em vista a coletividade não o indivíduo.
2 - Confissão não é apresentação generalizada: “Perdoa os nossos pecados”, mas o relato de todos os pecados acompanhado de sincero arrependimento – 1 João 1.9.
2 - Sugestão para uma participação correta
■Reverência à presença do Senhor. Ao orar entramos perante o Seu Trono – Efésios 3.14; Hebreus 4.16. Devemos evitar leviandades na presença do Senhor.
■Fervor, baseado na certeza de que como nosso Pai, Ele pode e quer nos dar o melhor - Efésios 3.20.
■Humildade que resulta em submissão à vontade do Senhor. Nada podemos exigir de Deus mas temos que reconhecer que a Sua vontade é soberana – Mateus 26.39.
■Brevidade. Orações longas podem ser sintomas de egoísmo ou exibicionismo, pois quem quer pedir tudo está egoisticamente impedindo aos demais de participar, ou está querendo exibir “fervor” ou “capacidade” para fazer orações bonitas. Devemos ser breves, ainda que tenhamos de participar duas ou três vezes – Salmo 27.4; Mateus 6.5-6.
■Objetividade. Especificar os pedidos, indicando nomes, pessoas, lugares e fatos reais que requeiram a ajuda divina. Exemplos: Romanos 15.30-33; Efésios 6.18-19; Colossenses 4.2-4. Evitar sermões ou estudos bíblicos na oração. Deus não tem nada a aprender conosco – Eclesiastes 5.1-3.
3 - Assuntos para oração
■As várias atividades da igreja local: suas atividades normais ou qualquer novo empreendimento em que ela esteja empenhada.
■Outras igrejas locais conhecidas, suas atividades ou prováveis problemas.
■Os membros da igreja e seus problemas espirituais, físicos ou materiais.
■Os servos do Senhor, pregadores ou ensinadores da Palavra. Seu ministério, sua saúde, seus problemas, etc.
■Os anciãos da igreja. Antes de críticas, protestos ou insubmissão, ORAÇÃO.
■As autoridades constituídas – 1 Timóteo 2.2.
■Os crentes nos países onde há oposição ao Evangelho.
■A conversão das pessoas: familiares dos membros da igreja, os esforços unidos na evangelização de amigos, conhecidos e vizinhos.
5. A pregação
2 Timóteo 4.2
1 - Elementos indispensáveis ao pregador
■Certeza e experiência da própria salvação - 2 Timóteo 1.12; 1 João 5.12-13.
1 - Garantida pela Palavra de Deus – João 3.36; 5.24.
2 - Confirmada pela transformação da vida – 2 Coríntios 5.17 e pelo testemunho do Espírito Santo – Romanos 8.14-16; 1 João 2.20-23, 27. Ele é um porta-voz, um embaixador de Deus e deve falar com convicção - 2 Coríntios 5.18-20.
■Experiência vitoriosa na vida cristã – 1 Coríntios 9.23-27.
1 – Vida santificada perante Deus e os homens – Romanos 12.1-2; Tito 2.12; Mateus 5.14-16; Filipenses 2.15.
2 – Sinceridade nas palavras e no trato; amor verdadeiro e não artificial – Romanos 12.9; 1 João 3.18; Efésios 4.25.
3 – Humildade. Não cultivar idéias elevadas sobre si mesmo – Romanos 12.3,16. Não se envaidecer com elogios nem andar a cata deles. A glória pertence ao Senhor – 1 Pedro 4.10-11. Reconhecer e apreciar o que os irmãos têm de bom – Filipenses 2.2-4.
4 – Honestidade, cumprimento fiel da palavra empenhada - Mateus 5.37; procedimento correto nos negócios – Romanos 12.8; no lar e no trabalho – Colossenses 3.19-4.1; Tito 2.7-10.
■Fé na mensagem que prega.
1 – Não é nenhum produto humano.
2 – Não é fábula ou fantasia – 2 Pedro 1.16.
3 – É a Palavra inspirada, poderosa e infalível de Deus – 2 Timóteo 3.16-17; 2 Pedro 1.17-18; 1 João 1.1-4.
■Conhecimento das Escrituras.
1 – Ler muito, memorizar, deixar a Palavra falar ao coração – Josué 1.8; Salmo 119.7-13.
2 – Aprender a fazer uso das Escrituras corretamente, de acordo com a necessidade. Como espada, ou ferramenta, a Bíblia tem de ser bem manejada – Efésios 6.17; 2 Timóteo 2.15.
■Exercício na oração. É a fonte de auxílio, direção, autoridade e poder do alto – Efésios 6.18; Colossenses 4.2; 1 Tessalonicenses 5.17.
■Dom. Todos os recursos já enumerados têm de ser acompanhados pelo dom conferido por Deus ao Seu servo, como membro do Corpo de Cristo – Romanos 12.4-8; 1 Coríntios 12.4-7.
■Motivação no amor. 1 Coríntios 13.1-3. É o coração e não a cabeça que deve motivar o pregador no exercício da sua função. É verdade que ele precisa fazer uso da inteligência para aplicar corretamente os conhecimentos disponíveis, mas se isto não for equilibrado pelo amor, a sua pregação será fria e inoperante.
1 – O amor ao Senhor e consagração integral a Ele devem ser a sua primeira preocupação - 2 Coríntios 5.14-15; Filipenses 3.7-10; Gálatas 2.19-20. Isto resultará em:
2 – Paixão pelas almas perdidas - Romanos 1.14-15; 1 Coríntios 9.16.
3 – Paixão pela edificação de seus irmãos na fé – Romanos 1.9-12; Gálatas 4.19-20. Uma vida assim será cheia do Espírito Santo, em cujo poder a Palavra será pregada - Atos 13.52; 14.1.
2 – Conhecimentos úteis ao pregador
■Conhecimentos de história:
1 – Dos povos bíblicos, seus costumes, sua política, suas religiões, sua influência no mundo daqueles tempos. Isto ajuda a compreender melhor certos fatos narrados na Bíblia que nos parecem estranhos.
2 – História geral como elemento de aplicação às necessidades espirituais. Pode-se tomar fatos e aplicá-los para ilustrar verdades práticas.
■Conhecimentos lingüísticos.
1 – Da língua nacional: conjugação correta dos verbos e os conhecimentos gramaticais necessários para que se fale corretamente, além de bom vocabulário.
2 – Outras línguas modernas, de cuja literatura teológica ou secular seja possível encontrar instrução útil à pregação.
3 – As línguas originais em que foi escrita a Bíblia. Isto nem sempre é possível, mas é um dos mais úteis, talvez o mais útil auxílio para o pregador.
■Conhecimento das ciências de interpretação e exposição. A hermenêutica ensina os princípios da interpretação e a exegese é a ciência da exposição.
■Conhecimentos geográficos. Tanto a geografia bíblica, quanto a geografia moderna são de utilidade ao pregador.
3. As ferramentas do pregador
■A Bíblia é uma grande caixa de ferramentas que devem ser sabiamente usadas de modo adequado a cada necessidade. É impossível pensar no pregador do Evangelho sem a Bíblia.
■Comentários bíblicos. Estes ajudam a entender o texto bíblico. É preciso cuidado na escolha dos mesmos, pois devemos procurar comentários que sejam fiéis à sã doutrina.
■Dicionário bíblico. Este explica os termos bíblicos e dá informações doutrinárias, geográficas ou históricas. Também neste caso é preciso escolher o livro de confiança.
■Livros de cunho espiritual: doutrinários, devocionais, históricos, biográficos ou apologéticos (escritos em defesa da Verdade). Todos eles instruem e inspiram.
■Dicionário da língua portuguesa.
■Livros seculares: História, geografia, filosofia e ciências, cuidadosamente selecionados, podem proporcionar instrução que auxiliem o pregador em sua tarefa.
■Freqüência às reuniões, a fim de aprender através do ensino e experiência de outros irmãos.
■Nada disto terá o mínimo valor, se faltarem ao pregador as qualidades espirituais exigidas por Deus para o desempenho do seu serviço.
6. Noções sobre o sermão
O vocábulo vem do latim, “sermone”, onde tem o sentido de “conversação”. Hoje tem como sentido principal um discurso ou prédica de cunho religioso. É o seguinte o critério geral de classificação do sermão:
■Quanto à MATÉRIA, pode ser doutrinário, tipológico (tratando dos tipos bíblicos e suas aplicações), histórico, profético (enfocando as mensagens proféticas), escatológico (tratando das últimas coisas: morte, ressurreição, volta do Senhor, juízo, fim da era e estado eterno), ou biográfico.
■Quanto à FINALIDADE, pode ser didático (visando ao ensino), exortativo, evangelístico ou apologético (em defesa da Verdade). Às vezes, em reuniões mistas, podem ser combinadas as finalidades didática e evangelística.
■Quanto à FORMA, pode ser expositivo, textual ou tópico, que são as formas mais comuns e, por isso, mais práticas. Explicaremos isto nas “Considerações Finais”.
7. A elaboração do sermão
O sermão simples compõe-se de três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.
■Na INTRODUÇÃO o pregador anuncia o seu assunto e procura preparar os seus ouvintes, despertando neles o interesse pela mensagem que vai ser apresentada.
■No DESENVOLVIMENTO deve o pregador argumentar, comprovar e esclarecer o texto, passagem ou tema proposto. Para isto pode usar ilustrações, que podem ser extraídas tanto da Bíblia, quanto da História, de fatos da época ou de histórias hipotéticas que possam tornar mais claras as lições que ele queira transmitir. Cuidado para não tomar a maior parte do tempo com ilustrações, nem apresentar ilustrações que antes compliquem do que ajudem o entendimento do ouvinte. Deve também dividir o assunto, dando título a cada divisão, e subdividi-lo para efeito de explicação de cada título. Tais divisões podem ser anunciadas na introdução e, neste caso, têm de ser seguidas para não frustrar o ouvinte.
■A CONCLUSÃO é a aplicação prática das verdades apresentadas. Ela apela ao ouvinte para aceitá-las e agir de acordo com elas. O alvo de uma pregação é confirmado na conclusão, a qual pode ser precedida de uma breve recapitulação.
8. A esquematização do sermão
■Descobrir pela pesquisa, meditação e oração, o assunto, texto ou passagem que deseja focalizar. “Que quer o Senhor que eu diga?”
■Ler várias vezes o trecho e anotar todos os pensamentos que sobre ele ocorra. Procurar no dicionário bíblico e no de português, o sentido das palavras não entendidas.
■Relacionar os pensamentos e formar com eles as devidas divisões e subdivisões, selecionando as ilustrações, caso sejam necessárias. Isto deve ser feito tendo em vista o alvo da mensagem, que deve ser naturalmente alcançado na conclusão.
■Veja o primeiro sermão nas “Considerações Finais”. No trecho indicado (1 João 3.11-18) percebe-se facilmente que o tema dominante é o amor e no v. 18 temos uma excelente sugestão temática: “Exortação ao amor”. Vamos elaborá-lo juntos:
V. 11 – “Amai-vos uns aos outros” é uma mensagem ouvida desde o princípio. Portanto, há muitos anos.
V. 12 – Caim, por não amar, matou a seu irmão. Nisto ficou provado que ele não era de Deus, mas do maligno.
Vv. 13-15 – É natural que o mundo odeie o crente, mas este, por ser crente, deve naturalmente amar, pois do contrário permanece na morte, é assassino e não tem a vida eterna.
V. 16 – Cristo mostrou-nos Seu amor ao dar a Sua vida por nós e isto deve inspirar-nos a fazer o mesmo pelos irmãos.
Vv. 17-18 – Se amamos verdadeiramente nossos irmãos, não vamos abandoná-los quando eles mais precisam de nós, pois isto prova que o amor de Deus não está em nós.Tal tipo de amor é falso, pois é só “de palavra e de língua”.
■Examine a seguir, o esboço “Exortação ao Amor” e veja como o sermão foi estruturado ao redor destes pensamentos, evoluindo numa seqüência natural até chegar à conclusão. E é bom notar que a conclusão, neste caso, foi tirada do próprio trecho, constituindo-se na sua última divisão.
9. Considerações finais
Temos procurado apresentar apenas breves sugestões e noções gerais que podem ser úteis ao pregador no preparo de seus sermões; por isto não temos nos alongado em explicações complicadas, que somente poderiam ser apreendidas por quem possui um preparo acadêmico.
Cabe-nos, agora, apresentar algumas sugestões sobre a apresentação do sermão, explicar as três formas de sermão que foram mencionadas e apresentar um exemplo de esboço para cada uma daquelas formas.
1 – Recomendações:
Não deve o mensageiro dar uma longa explicação do que será o seu sermão antes de ler o trecho no qual o mesmo será baseado, pois ele posteriormente terá de repetir tudo. As explicações preliminares devem ser dadas na introdução.
O pregador deve sempre estabelecer um alvo para a sua mensagem e nunca ficar rodeando por toda a Bíblia falando de todos os assuntos sem deixar uma mensagem definida. Sua pregação deve levar o ouvinte a uma conclusão. Por isso ele precisa fazer uma introdução e desenvolver o tema ou trecho proposto, para então, encerrar com as lições, exortações ou apelos cabíveis.
Convém evitar a “conclusão falsa”. Quando anunciar a conclusão, não comece uma nova pregação, conclua. Uma recapitulação resumida dos pontos apresentados é sempre boa, mas só isso. Evite apelos excessivos e violentos. Deixe ao Espírito Santo a tarefa que Lhe pertence, de convencer as almas. Um apelo discreto pode ter cabimento, se Deus assim dirige, mas não se deve forçar as emoções dos ouvintes, provocando falsas decisões.
2 - Formas gerais do sermão:
Podemos classificar os sermões genericamente em três formas principais:
■Expositivo – trata-se da exposição de uma passagem da Palavra, apresentando as verdades nela contidas.
■Textual – é o sermão baseado num trecho curto ou num só versículo da Palavra.
■Tópico - é o sermão em torno de uma doutrina, tema ou personagem.
Esta classificação é, naturalmente resumida, apresentando apenas a idéia geral.
3 - Exemplos de sermões esboçados:
O primeiro exemplo é expositivo, o segundo textual e o terceiro tópico.
─ EXORTAÇÃO AO AMOR – 1 João 3.11-18
Introdução: O mundo é indiferente para com as necessidades do seu semelhante, embora fale em amor. Precisamos impedir que esse espírito nos domine. O texto ensina:
I – O AMOR É UMA MENSAGEM ANTIGA – (v. 11)
■Deus o ensinara através de Moisés – (Levítico 19.18)
■Cristo o praticara e ensinara enfaticamente aos discípulos – (João 13.34-35; 15.8-17)
■Quer se referisse à Lei, quer ao ensino de Cristo, era mensagem antiga. Já tinha pelo menos cinqüenta anos.
II – O AMOR PÕE À PROVA A REALIDADE DA CONVERSÃO – (vv. 12-15)
■Quem ama é de Deus, quem não ama é do maligno. É uma prova concreta (v. 12).
■Não é conhecimento, nem serviço, mas é o amor que indica se somos filhos de Deus (vv. 14-15; João 13.34-35).
■O mundo odeia naturalmente; o cristão deve amar naturalmente (v. 13).
III – CRISTO É A MAIS EXPRESSIVA MANIFESTAÇÃO DE AMOR – (v. 16)
■O Seu amor é o maior de todos – (João 15.13).
■Manifestou-se de modo prático – “Deu a vida por nós!”
■Deve ser imitado – “Devemos dar a vida pelos irmãos”. Ele é nosso Exemplo!
IV - A CONCLUSÃO LÓGICA – (vv 17-18)
■O amor é prático. Manifesta-se em obras de beneficência em favor do semelhante.
■Não é mero tema de poesia ou cântico – “de palavra e de língua”, mas é ação proveniente de um coração regenerado – “de fato e de verdade”.
─ CRISTO NO MEIO – João 20.19-21
Introdução – Cristo deve ocupar o centro de nossas afeições e empreendimentos.
I – NO MEIO REVELANDO PODER
■Poder que O levantou do túmulo.
■Que Lhe permitiu passar pelas portas trancadas, varando as paredes.
■Poder que Ele quer comunicar a todos quantos O recebem.
II – NO MEIO OUTORGANDO PAZ
■Nos Seus lábios era mais que mera saudação. Ele pode dar paz aos homens.
■Paz prometida – (João 14.27).
■Paz conquistada pela cruz – (Colossenses 1.20; Efésios 2.14), “mãos e pés”, as “credenciais”.
■Com Ele “no meio” há paz verdadeira.
III - NO MEIO INFUNDINDO ALEGRIA
■“Vendo-O, alegraram-se os discípulos”.
■A alegria da Sua presença espanta todo o temor. Esqueceram-se dos perigos.
■Somente com Ele “no meio” pode haver alegria verdadeira.
─ O REAVIVAMENTO
Introdução – Ninguém ousaria negar a urgente necessidade de reavivamento espiritual em nossos dias. É preciso, porém, que o procuremos na fonte certa e pelo caminho certo.
I – SUA NECESSIDADE
■Há acentuado desinteresse pelas coisas de Deus. Religião domingueira para salvar aparências; participação rotineira e meramente formal; superficialidade. Deus não está satisfeito – (Isaías 1.10-15; 29.13).
■Falta espírito de renúncia. Há inversão da ordem: “CRISTO, os irmãos e eu”. O “eu” quer predominar e ser honrado. Negócios, diversões e conforto estão ocupando o primeiro lugar. Deus condena esse espírito (Ageu 1.4). Há rixas e contendas, inimizades pessoais, contrariando Romanos 12.8 e Efésios 4.2. Está faltando uma ENTREGA TOTAL (Filipenses 3.8-10; Gálatas 2.19-20).
■Falta paixão pela causa de Deus. 1 - Pelas almas perdidas (Romanos 1.14-16; 1 Coríntios 9.16). 2 - Pela edificação dos santos (Filipenses 1.12-14; 20-25; Gálatas 4.19-20).
■Há indiferença: Que é que tem? (Malaquias 1.6: 2.17; Apocalipse 3.17).
■Falta exemplo das lideranças (1 Pedro 5.1-4). Falta coragem para denunciar o mal e o mundanismo.
II – O SEU CAMINHO
■Tem de começar no indivíduo (Isaías 6.5-8).
■Tem de começar de dentro para fora.
■Tem de resultar de um profundo senso de culpa, seguido de sincero arrependimento (Salmo 51.1-6; Daniel 9.5, 6, 13).
III – OS SEUS AGENTES
■A Palavra de Deus – Não há possibilidade de reavivamento genuíno à margem da Bíblia (2 Timóteo 3.14-16; Neemias 8.5-9).
■O Espírito Santo – Os mesmos agentes da regeneração são os agentes do reavivamento (Zacarias 4.6; Efésios 5.18-20).