“Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber, acolheram anjos”
(Hebreus 13:2)
Hospitaleiro significa ser afável, acolhedor, amigo de estrangeiros. Onde há amor fraternal haverá uma prontidão em oferecer hospitalidade. Isso é algo muito apreciado não somente pelos servos ministrantes que estão longe de casa, mas também pelos que viajam em atividades seculares.
Na maioria das vezes os hotéis não são os melhores lugares para um cristão se hospedar e, por isso, os servos do Senhor longe de seus lares são sempre gratos pela hospitalidade. Em um mundo pagão, onde os viajantes são freqüentemente expostos às tentações e corrupções, uma generosa oferta de hospedagem da parte de uma família cristã sempre será bem-vinda.
A hospitalidade é um ministério louvável e ela não deve ser praticada somente àqueles que conhecemos, mas deve ser estendida também a estranhos. Devemos lembrar que existe o hábito entre muitos povos, que não são cristãos, da hospitalidade gratuita a estranhos.
Segundo a tradição entre os beduínos, um estranho deve ser hospedado e tratado bem, recebendo alimento e um local para repouso. Somente depois de três dias é que perguntarão quais são as suas intenções, qual a sua identidade e propósito. Atitude como esta deveria prevalecer entre os santos que professam ter maior revelação e privilégio.
Há, evidentemente, uma grande recompensa para os que exercem a hospitalidade. Vem-nos à lembrança a postura de Abraão e Sara revelada no capítulo 18 de Gênesis:
- A disposição de Abraão: Aos três visitantes que vinham ao seu encontro, disse ele: “Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo” (v. 3).
- O legado de Abraão: “Eia, traga-se um pouco d’água, e lavai os pés e recostai-vos debaixo da árvore; e trarei um bocado de pão; refazei as vossas forças, e depois passareis adiante" (v. 4). Esta lição de espontaneidade ministrada por Abraão – água para os pés – tornou-se sinônimo de hospitalidade que, lamentavelmente, foi negada ao Senhor Jesus (Lucas 7:44), mas recomendada aos cristãos pelo ensino apostólico (1 Timóteo 5:10).
- As provisões de Abraão: “... apressou-se em ir ter com Sara na tenda, e disse-lhe: Amassa depressa três medidas de flor de farinha e faze bolos. Em seguida correu ao gado, apanhou um bezerro tenro e bom e deu-o ao criado, que se apressou em prepará-lo. Então tomou queijo fresco, e leite, e o bezerro que mandara preparar, e pôs tudo diante deles, ficando em pé ao lado deles debaixo da árvore, enquanto comiam” (vv. 4-8).
- Como recompensa Abraão e Sara receberam a promessa de um filho: “E um deles lhe disse: certamente tornarei a ti no ano vindouro; e eis que Sara tua mulher terá um filho. E Sara estava escutando à porta da tenda, que estava atrás dele” (v. 10). Portanto, “não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber, acolheram anjos” (Hebreus 13:2).
Haveria vários exemplos de hospitalidade no Velho Testamento que poderíamos citar, dentre eles não podíamos deixar de mencionar o de Gideão contido no capítulo 6 de Juízes: Israel estava sobre terrível opressão, o povo estava vivendo em cavernas e covas no monte (v. 2). Os midianitas e os amalequitas não permitiam que eles semeassem e com isso deixavam Israel sem nenhum sustento (vv. 3-6).
Por certo esse não seria o lugar para o povo de Deus habitar. “Então veio o Anjo do Senhor, e assentou-se debaixo do carvalho... e Gideão estava malhando o trigo no lagar, para o pôr a salvo dos midianitas” (v. 11). Através da forma afável de Gideão, ao acolher o Anjo do Senhor, veio o livramento do povo de Deus das garras do inimigo atroz. “” (Hebreus 13:2).
No Novo Testamento o ensino e exemplos de hospitalidade são constantes: Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber, acolheram anjos. A prática desse ministério mitigou as enormes dificuldades pelas quais passou a igreja primitiva ao mesmo tempo em que propiciou grande privilégio aos que a exerceram.
Naquele magnífico primeiro dia da semana da ressurreição do Senhor Jesus, dois de Seus discípulos se depararam com o Senhor a caminho de Emaús e, sem reconhecê-Lo, prosseguiram juntos aquela jornada. Quando se aproximavam da aldeia o Senhor Jesus fez menção de passar adiante, mas eles o constrangeram para que Se hospedasse com eles. Quando estavam à mesa, o Senhor Jesus tomando um pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes deu, se lhes abriram os olhos, e O reconheceram.
Ouçamos o que nos diz o consagrado apóstolo Paulo: “Compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade” (Romanos 12:13). Que assim seja!