A história da criação (15)

Da versão original Creation´s Story
Publicada pela John Ritchie Ltd., Escócia
Versão em português autorizada pela Editora A Verdade
www.editoraverdade.com.br

CAPÍTULO 15

LUZ – UMA ILUMINAÇÃO SINGULAR



Sem luz não é possível existir vida. Tanto a vida natural quanto a espiritual dependem dela. O primeiro ato de criação de Deus foi trazer a luz numa cena de caos obscuro: "E viu Deus que a luz era boa" (Gênesis 1:4). Também no reino espiritual ele agiu, nos salvando do "império das trevas" (Colossenses 1:13) e fazendo-nos "luz no Senhor" (Efésios 5:8).


Para ser eficaz, a luz necessita de, pelo menos, três elementos - uma fonte, um receptor e nenhuma barreira entre eles. A fonte primária de todo o tipo de luz é o próprio Deus: "Deus é luz, e não há nele treva nenhuma" (1 João 1:5). Se Deus não tivesse enviado "a verdadeira luz" ao mundo (João 1:9), estaríamos perdidos para sempre na escuridão. Quão gratos deveríamos ser que "as trevas se vão dissipando, e a verdadeira luz já brilha" (1 João 2:8), e quão diligentes deveríamos ser para que a nossa luz "brilhe diante os homens", sem barreiras ("alqueires") para que as pessoas ao nosso redor vejam "as nossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus" (Mateus 5:15-16).


Mas essa luz será desperdiçada se ninguém ou nada a receber. Infelizmente, Satanás tem cegado as mentes daqueles que não creem "para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo" (2 Coríntios 4:4). Mas o gracioso e grande Médico que abriu muitos olhos cegos enquanto esteve na Terra, e deu clareza de visão (Marcos 8:25), continua a fazê-lo pelo poder do Espírito Santo e pelos Seus servos (Atos 26:18; Efésios 1:18). Que o exemplo de João Batista nos inspire, para sermos uma "lâmpada que arde e alumia" (João 5:35), não a fonte da luz, mas os seus portadores, vozes a clamar, sinais que apontam (João 1:23-29), pregando não a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor (2 Coríntios 4:5).

O que é Luz?

Essa luz com a qual estamos acostumados no nosso dia a dia é uma forma única e especial de energia, vinda de certas fontes naturais ou artificiais e recebida pelos nossos olhos. A informação resultante que é então registrada no nosso cérebro é muito complexa e rica em conteúdo. Todas as variedades de cores, formatos e intensidades trazem informações variadas. De todos os nossos sentidos, a visão é o que nos dá uma maior quantidade de informação sobre o meio envolvente.

Luz é uma forma de radiação, o que, na verdade, significa que é radiada ou emitida de alguma fonte maior de energia. Para a vida na Terra, a mais comum e importante fonte de luz é o Sol. O seu calor nos aquece, a sua luz nos sustém e nos permite aprender e descobrir o que está ao nosso redor. Mas essa grande fonte teria sido ineficaz se a luz tivesse sido, de alguma maneira, bloqueada, ou se nós (e outras formas de vida) não fôssemos equipados com receptores eficientes de luz. Na verdade, as características desses receptores (nossos olhos) correspondem à fonte de luz exatamente, e o que está no meio não é uma barreira, mas uma forma efetiva de filtrar a luz. Esse é outro exemplo do maravilhoso esquema desenhado, no qual podemos reconhecer a sabedoria e a perícia do nosso Todo-Poderoso Deus.

Aquilo que chamamos luz é uma pequena seção de um enorme espectro de radiação chamado de ondas eletromagnéticas, que viajam numa incrível velocidade de 299.793 km/segundo. Numa extremidade desse espectro, a radiação tem comprimentos de onda muito longos. As ondas de rádio são as ondas com comprimento muito longo, de vários quilômetros; as ondas com cerca de 1 cm de comprimento são chamadas de micro-ondas. Elas podem carregar quantidades muito pequenas de energia. Na outra extremidade está a radiação de ondas muito curtas, os raios X e raios gama, que carregam grandes quantidades de energia. No meio está o espectro visível, feito de cores, às quais os nossos olhos são sensíveis, as familiares "cores do arco-íris" em toda a sua beleza. Mais além, na extremidade vermelha, com onda mais longa, existe o infravermelho e, na extremidade violeta, com onda mais curta, a ultravioleta. Não podemos ver nenhuma delas, mas podemos sentir o efeito de ambas, uma como calor, a outra como aquela que bronzeia a nossa pele quando nos expomos ao Sol.

Luz Visível

Todos os tipos de radiação existem pelo espaço, mas nós e outras formas de vida na Terra podemos apenas usar a luz do espectro visível. Igualmente importante, precisamos de proteção da outra radiação. Algumas das ondas de comprimento longo são prejudiciais à vida (as micro-ondas) e as ondas de pequeno comprimento são letais, pelo fato de a sua energia ser tão alta - elas iriam partir as nossas células e rasgar as moléculas que as compõem. Não é maravilhoso que a Terra receba tão pouco dessas ondas prejudiciais, enquanto, ao mesmo tempo, recebe grandes quantidades de radiação visível - apenas uma pequena fração de todos os tipos existentes! O Criador e Sustentador da vida na Terra faz isso acontecer da seguinte maneira.

Primeiro, o Sol que Deus criou emite radiação com cada uma das ondas de que a vida na Terra precisa. Com a sua temperatura superficial de cerca de 6.000 °C, ele emite mais radiação no meio do nosso intervalo visível. Já vimos como o Sol permite que a Terra tenha a temperatura correta para a vida existir, mas também essa radiação é exatamente aquele tipo ao qual os nossos olhos respondem. Adicionalmente, esse é o tipo de radiação que provoca reações no nosso ambiente para providenciar o fornecimento básico de alimentação, em processos conhecidos, como fotobiologia ou fotoquímica. Ele também emite alguma radiação infravermelha, que fornece o significativo efeito de aquecimento para a Terra, e alguma radiação ultravioleta, que também é utilizada em alguns processos fotoquímicos.

A seguir, conforme a radiação se aproxima das barreiras exteriores da Terra, ela é parcialmente filtrada pelo ozônio e pelo vapor de água no alto da atmosfera superior. O que é filtrado é a maior parte das ondas de comprimento menor, ultravioleta, a maior parte dos raios de alta energia gama do espaço sideral, e a maior parte das micro-ondas prejudiciais de comprimento longo. Assim, uma barreira de vapor de água está colocada para proteger a Terra da maioria dos tipos de radiação prejudicial. Mas a água não absorve a luz visível, e assim essa radiação útil e benéfica continua em rota, para alcançar a superfície da Terra.

Quanta coincidência! - processos completamente diferentes, um relativo ao Sol a milhões de quilômetros de distância, o outro acontecendo aqui na atmosfera da Terra é outro exemplo das propriedades benéficas sem par da água. "Que variedade, Senhor, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste!" (Salmos 104:24).

Água e Luz

Essa interação de água e luz também beneficia a vida aquática. A pequena quantidade de ultravioleta que chega à superfície da Terra é rapidamente absorvida nas camadas milimetricamente superficiais da água, protegendo os muitos organismos e criaturas que vivem nos mares, lagos e rios. Mas a luz visível, essencial para a fotossíntese, não é absorvida e pode penetrar até cerca de 100 metros.


O infravermelho também é absorvido nas camadas superiores de água, aquecendo-as a partir do topo, para que estejam mais leves que as camadas inferiores. A água mais quente, dessa maneira, continua mais perto da superfície, evitando que a massa de água sobreaqueça e perca muito do seu conteúdo vital de oxigênio. As camadas superficiais também transferem calor para o ar, influenciando o clima, e ajudando a manter temperaturas estáveis. Se o calor estivesse espalhado na água em profundidade, isso não poderia acontecer.

Visão e Luz

O olho é uma estrutura notável, operando de uma forma semelhante (mas muito superior) a uma câmera moderna. A luz entra por uma abertura ajustável automática chamada de pupila, é focada numa lente variável na retina e registra um sinal por uma pequena reação fotoquímica. Apenas as ondas de luz visível podem desencadear essa reação - outras ondas não são capazes de fazê-lo.

Ademais, para um ótimo desempenho e claridade de visão ao usar as ondas de luz visível, o tamanho dos nossos olhos é correto. Ondas de maior comprimento precisariam de olhos muito maiores para fazer o mesmo - se as ondas fossem dez vezes maiores, o "olho" teria de ter pelo menos 25 cm de tamanho. Por outro lado, ondas menores seriam absorvidas pelos fluidos dos olhos, até mesmo destruindo o tecido biológico e os fotorreceptores da retina. Para uma visão clara usando a luz do Sol, o melhor tamanho é exatamente aquele que Deus desenhou e nos deu, que não é demasiadamente grande para a cabeça, com aspecto grotesco, nem tão pequeno que fosse insignificante.

Visão e luz são maravilhosos presentes de Deus. Mas não podemos diminuir a nossa visão espiritual. "Visto que andamos por fé e não pelo que vemos" (2 Coríntios 5:7); "Se... andarmos na luz, como ele está na luz" (1 João 1:7). Que a Sua Palavra seja uma lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho (Salmos 119:105), pois na sua luz vemos a luz (Salmos 36:9).

autor: Bert Cargill.