A História da Criação (10)

Da versão original Creation´s Story
Publicada pela John Ritchie Ltd., Escócia
Versão em português autorizada pela Editora A Verdade
www.editoraverdade.com.br

CAPÍTULO 10

MUDANÇAS GEOLÓGICAS CAUSADAS PELO DILÚVIO

No nosso último capítulo, tomamos nota de como o ambiente, particularmente para a humanidade, mudou depois do acontecimento do dilúvio. Isso foi causado principalmente pela precipitação do dossel de vapor de água que, até então, tinha cercado a Terra e a protegido de muitos fatores de dano. Mudanças na atmosfera, no padrão das estações e no fornecimento de alimentação teriam um impacto de longo alcance sobre as subsequentes gerações de todas as espécies vivas.

Além disso, outras grandes mudanças aconteceriam, as quais, novamente, a Bíblia menciona de passagem, sem dar muitos detalhes. Iremos agora ver as seguintes:

  • O movimento das placas continentais da crosta terrestre;
  • A altitude das montanhas e a profundidade dos mares;
  • A composição e o conteúdo das rochas.

Não podemos pensar que todos eles não foram dramaticamente alterados com as perturbações que acompanharam o dilúvio. O mundo de hoje é muito diferente daquele que Deus fez no princípio, principalmente por causa disso. A Geografia e a Topografia atuais não podem ser usadas para descrever a aparência do mundo antes do dilúvio.

Inundações criam mudanças tremendas e podem infligir danos extensivos, tanto às estruturas naturais ou feitas pelo homem, pela própria água e pelos enormes sedimentos que são movidos ao redor. Cheias recentes têm demonstrado isso claramente, quer se pense no devastador tsunami no oceano Índico em dezembro de 2004, na inundação de Nova Orleans em 2005, ou nas cheias mais frequentes que acontecem em partes da África ou da Ásia, ou até mesmo nas inesperadas recentes cheias no Reino Unido. Por mais difíceis e trágicos que esses eventos tenham sido, a sua escala e os seus efeitos são realmente muito pequenos para serem comparados com a cheia mundial de Gênesis 7 e o efeito de cataclismo que ela gerou por todo o mundo. Dificilmente se poderá imaginar quão horrível (literalmente) isso foi, com chuva a cair sem parar por quarenta dias e noites, acompanhada por ondulações sísmicas e de marés, para frente e para trás, continuamente, por muito tempo.

Em adição a todo o dano e às mudanças causados pela água da superfície e pelos sedimentos, havia ainda maiores transtornos debaixo da terra. Quando lemos que "romperam-se todas as fontes do grande abismo" (Gênesis 7:11), isso poderia significar águas subindo de fontes subterrâneas, ou atividade vulcânica lançando material derretido para solidificar em contato com a água, gerando massas de vapor, ou ambos. Seja o que for que isso significar, os efeitos na crosta terrestre, com certeza, foram imensos.

A Crosta da Terra

O solo onde nos encontramos, contrário à maneira que usualmente pensamos e falamos sobre ele ("terra firme") é em termos absolutos muito frágil. A melhor informação que temos sobre a estrutura desse planeta diz-nos que ele tem um centro denso e de temperaturas elevadas composto de ferro líquido, cercado por um manto que também é fluido, porém menos denso. Flutuando no topo disso tudo está uma camada sólida, ou "crosta", com cerca de apenas 40 quilômetros de espessura, o que é menos de 1% do raio da Terra, que tem cerca de 5.948 quilômetros. Você poderia visualizar essa estrutura como algo parecido com um ovo, com a sua gema e clara contidas dentro de uma casca exterior fina e frágil.

Ademais, a crosta não é contínua, mas composta de várias enormes placas que se movem muito lentamente. São esses movimentos os responsáveis por terremotos e maremotos, e é ao longo das bordas dessas placas que se encontra a maior parte da atividade vulcânica da Terra, com o material derretido de baixo irrompendo através dos pontos fracos.

Existe a possibilidade de essas placas continentais terem sido perturbadas pelo dilúvio e terem-se movido para longe umas das outras, sendo que esse movimento diminuiu para o seu ritmo atual. Talvez, antes do dilúvio, apenas existisse um grande continente, a terra seca que tinha sido criada por Deus no terceiro dia da semana da criação, e, então, depois do dilúvio, a terra se dividiu (Gênesis 10:25 fala da terra sendo repartida nos dias de Pelegue). Ao examinar as principais massas de terra no globo, dá para ver que elas, na verdade, se encaixam como se fossem um quebra-cabeça e, por causa disso, a própria Geologia tradicional propõe a existência de um único continente, muito tempo atrás, chamado de Pangeia.

Montanhas e Mares

Movimentos horizontais e laterais na superfície da Terra teriam de ser acompanhados por movimentos verticais. Para acomodar o peso da água que inundou a Terra, as leis da gravidade iriam forçar que vales afundassem profundamente e que montanhas se elevassem cada vez mais alto, conforme as placas continentais se deslocavam e inclinavam. Existem muitos indícios geológicos de que isso realmente aconteceu em determinado ponto da história da Terra.

Por exemplo, os Alpes europeus, com elevações mais altas do que 3.000 metros, contêm rochas que, durante alguma altura, estiveram debaixo da água. Fósseis marinhos são abundantes em muitas rochas que hoje estão muito acima do nível do mar. De maneira similar, as fossas muito profundas do oceano podem ter sido formadas por um processo pelo qual "as águas foram minguando até... apareceram os cimos dos montes" (Gênesis 8:5). O Salmo 104:6-8 descreve o dilúvio e relata sobre montanhas que subiram e vales que desceram, antes do comando de Deus de que as águas não voltassem a cobrir a Terra. A superfície da Terra agora é 70% coberta por água.

Não poderá existir nenhuma dúvida de que o dilúvio foi um evento de escala mundial, tanto pelo registro nas Escrituras, como pelas evidências que ainda são visíveis em todo o lado (falaremos mais sobre isso futuramente). Mas as águas do dilúvio não tiveram de ter mais de 9.000 metros de altura para cobrir o monte Everest, por exemplo. Essa cadeia dos Himalaias junto com outras cordilheiras principais em cada continente foram provavelmente empurradas para cima para a sua presente elevação apenas depois de o dilúvio ter retrocedido. As águas do dilúvio tinham de ser apenas profundas o suficiente para permitir que a arca flutuasse acima das montanhas então existentes, e muito mais baixas, como Ararate, com quinze côvados extra (Gênesis 7:20), o que, curiosamente, tem sido calculado ser o esboço da arca. [1]

Rochas Sedimentares

Existem dois tipos principais de rocha na superfície da Terra, chamados de ígneas e sedimentares. Rocha ígnea já foi magma derretido, mas ao resfriar cristalizou e solidificou. Bons exemplos desse tipo são granito e basalto, classificados quimicamente como silicatos. Essas rochas provavelmente pouco mudaram desde a sua criação inicial, em Gênesis 1.

Rocha sedimentar, por outro lado, como o nome sugere, é feita de pequenas partículas de sedimento/areia. Essas rochas foram formadas pelos efeitos da água, criando e depositando sedimentos que então se agregaram pelo efeito da pressão e da cimentação química. Bons exemplos delas são calcário e arenito. Rochas sedimentares são usualmente encontradas em cima de rocha ígnea, exceto quando a atividade vulcânica ou falhas perturbaram as camadas. Com relevância especial para aquilo que vamos ver a seguir, é fácil entender por que fósseis são encontrados apenas em rocha sedimentar, que foi criada pelo depósito por meio da água, mas não na rocha ígnea, que já esteve derretida.

Leitos de rochas sedimentares possuem diferentes espessuras e se encontram caracteristicamente em camadas, como pode ser visto em escarpas e pedreiras. Não há dúvida alguma de que as camadas foram formadas e depositadas pela ação da água e, do ponto de vista das Escrituras, isso aconteceu em, pelo menos, duas ocasiões distintas.

A primeira delas seria durante a semana da criação, quando a terra seca emergiu de um globo coberto de água. Em cima do leito rochoso ígneo iriam acumular-se camadas de sedimento erodido para assentar e solidificar. Essa rocha sedimentar não iria conter fósseis, pois ainda não existiam seres vivos para serem enterrados na lama. Muitos leitos espessos desse tipo de rocha existem em muitos lugares sem fóssil algum neles.

A segunda ocasião seria o dilúvio, quando, como descrito acima, grandes massas de sedimento iriam acumular e ser comprimidas repetidamente, conforme as águas oscilavam, em camadas. Agora, de forma significativa, todos os tipos de criaturas vivas e vegetação seriam rapidamente enterrados em lama e em sedimento. Eles seriam fossilizados nesse processo, porém essas camadas iriam conter fósseis de diferentes tipos de criaturas, dependendo de onde eles estivessem quando as águas os cobriram. Lá permaneceriam, até serem descobertos por escavações em tempos recentes. Os geologistas classificam essas rochas contendo fósseis de acordo com a escala de tempo requerida pela teoria da evolução, mas para nós elas são uma terrível lembrança marcada na rocha do julgamento divino sobre o pecado de um mundo antigo.

Iremos examinar os registros fósseis a seguir, para ver o que eles nos dizem sobre um mundo que pereceu num grande dilúvio. Iremos também ver indícios de que os fósseis não apontam para a evolução, mas são muito melhor explicados pelas ideias descritas nos parágrafos acima.

[1] Para mais detalhes, ver E Disse Deus, por F Abou Rahme (Ed. Sã Doutrina), e The Genesis Flood, por JC Whitcomb e HM Morris (Baker Book House) – sem dúvida, trabalhos de autoridade e referência nesse assunto.

autor: Bert Cargill.