Isaías 1:1–20
4. UMA PRÁTICA DEPLORÁVEL - vv. 7-15
O profeta descreve:
a) O CUIDADO DO SENHOR (v. 7) - A nação de Israel era próspera, rica e abençoada, e isto, sem dúvida, servia como prova do zelo de Jeová.
b) O CARINHO DO SENHOR (v. 8) - “A Filha de Sião”. Este termo mostra o amor intenso de Deus para com Jerusalém, o lugar onde pusera o Seu Nome. A igreja local pode se degenerar, mas o Senhor a ama com um amor eterno e fará tudo para trazê-la de volta.
c) O CASTIGO DO SENHOR (v. 9) - A nação que fora símbolo de grandeza, cujo poder era conhecido no mundo inteiro, tornou-se como uma tenda numa vinha, como abrigo (ou como um Judas) numa plantação de melões, como uma cidade sitiada. A glória foi-se.
d) A COMPAIXÃO DO SENHOR (v. 9) - A mão do Senhor tentou impedir o fracasso total da nação, porém, não conseguiu impedir a degeneração de Judá, pois, no verso 10, Deus assemelhou Judá a Sodoma e Gomorra. Quais eram os pecados de Sodoma? Veja Ezequiel 16.49-50. O Povo de Deus desceu ao abismo do pecado, tornou-se tão nojento como Sodoma.
Não obstante a tudo isto, o povo continuou a freqüentar o Templo, a observar as Festas Fixas e a ofertar a Deus. Que hipocrisia! Que farsa! Nestes versículos vemos:
- “Uma religião oca” - Eles abandonaram o Senhor, mas não abandonaram o Templo. Os seus corações estavam doentes, tinham muitos problemas “cardíacos”, mas não se ausentaram da Casa de Deus. Marcavam presença nas Festas do Senhor, mas levantavam mãos manchadas de sangue. Há certas condições que Deus exige das pessoas que queiram aproximar-se da Sua presença (veja Sl 24.1-5; Is 52.11). É possível estar presente em todas as reuniões da igreja local e, ao mesmo tempo, deixar para trás um rastro de problemas na vizinhança, no comércio e na família. É possível adorar e, ao mesmo tempo, ter ódio dum irmão ou duma irmã, ou pregar e estar brigado com a esposa, ter atritos com os filhos. O Senhor chamou o Templo “a Minha casa” (Mt 21.13), mas mais tarde, chamou-o “a vossa casa” (Lc 13.35). O Templo deixou de ser a Casa de Deus e tornou-se a casa dos judeus. A Igreja é a Casa de Deus, mas pode degenerar-se a ponto de tornar-se a nossa casa.
- “Ritos vazios” - Deus determinou que o Seu povo observasse as Festas Fixas ou as Festas de Jeová. O Senhor Jesus chamou tais festas “as Festas dos judeus” (Jo 5.1). O Senhor Jesus instituiu a Ceia do Senhor, a ocasião quando recordamos a Sua Pessoa e participamos do pão e do cálice, símbolos do Seu corpo e sangue. Mas mesmo uma ocasião tão sublime, uma celebração tão singela, pode degenerar-se a ponto de não ser mais a Ceia do Senhor (1 Co 11.20). A igreja em Corinto celebrava a Ceia, mas havia divisões entre eles, muitos estavam presentes, mas não participavam dos emblemas com discernimento e outros tomavam parte no estado de embriaguez. É possível ter os emblemas na mesa, cantar hinos, dizer amém, adorar e não celebrar a Ceia do Senhor. Se houver divisões, facções, brigas, ressentimento, um espírito que não quer perdoar, se a nossa casa ou lar não conhecer paz, se houver pecado não confessado em nossas vidas, a Ceia do Senhor perderá o seu valor.
- “Reverência fingida” - Eles levantavam as mãos ao céu como se desejassem ter comunhão com o Senhor, como se as mãos fossem puras. Não passava duma frente, duma fachada, duma cortina de fumaça, tudo “para inglês ver”. As mãos estavam cheias de sangue e não o sangue de animais, mas, sim, sangue humano, dos profetas, de seus compatriotas. Não adianta defender os princípios bíblicos, servir ao Senhor se as nossas mãos estão cheias de sangue. No meio cristão são comuns os assassinatos — assassinatos de caráter, do bom nome de queridos irmãos. Bastam uns boatos, notícias falsas para acabar com o ministério de alguns. Se não concordar com alguns, mesmo em pontos que não têm ordem específica de Deus, as podadeiras e navalhas aparecem para cortar. Palavras severas, grosseiras, ofensivas e desvairadas podem ferir mais que facas e machados. A fachada religiosa não engana a Deus e não cola com Ele. Deus vê atrás do exterior e, como no caso de Judá, Ele vê a camuflagem, a injustiça, o suborno, o interesse financeiro, o desprezo dos órfãos e das viúvas, o verdadeiro estado do coração. Deus vê a falsidade, as mentiras, a desonestidade e a corrupção, pois Ele é onisciente e anda no meio das igrejas. Deus instituiu as Festas de Jeová e ordenou que o povo trouxesse ofertas. Não havia nada errado em estar no Templo, em trazer ofertas ao Senhor e, nem tampouco, em celebrar as Festas de Jeová. O que estava errado era o povo e a sua condição moral e espiritual. Como crentes e membros da igreja local, é imperativo que estejamos nas reuniões da igreja, mas, também, devemos ter o máximo de zelo em chegarmos à presença do Senhor com consciência pura e vida limpa.
- “Rezas repugnantes” - O povo estava a oferecer orações decoradas e não estava a louvar o Nome do Senhor com a mente, com o entendimento e com o espírito. Muitas orações e grande parte da adoração que ouvimos são trivialidades ditas com um ar um tanto solene, frases banais, sentimentos vazios, palavras ocas. O Espírito do Senhor precisa soprar para que os nossos hinos sejam expressões reais do coração e para que a nossa adoração, orações e a nossa comunhão com o Senhor sejam profundas, sinceras, do coração, espontâneas e que agradem a Deus, como aroma suave e não como carne estragada que cheira mal. A nossa doutrina pode ser clara como o cristal e, ao mesmo tempo, as nossas vidas podem ser como as águas fétidas dum pantanal.
(termina no próximo Boletim)