ISAÍAS 1:1-20
3. UM POVO DOENTE — vv. 4–6.
Nestes versículos, o Espírito Santo revela três coisas a respeito da nação de Judá, ou sejam: O seu caráter, a sua condição e a sua conduta.
a) O SEU CARÁTER (v. 14a) - As palavras do Senhor eram duras, a Sua denúncia, severa. Ele não rodeou o assunto, não tentou pintar um quadro bonito, não tentou esconder a podridão da nação, mas foi direto ao assunto, atacou a jugular de Judá e deixou-a exposta e nua na presença de todos. A descrição não é nada agradável, é chocante e arrepiante.
“Nação pecaminosa, ou pecadora” - Deus escolheu a nação de Israel para que fosse santa (Ex 19.6), mas ela tornou-se ímpia e impura. O verniz de algumas igrejas é débil e superficial e não serve para esconder a desonestidade, a podridão, o pecado. Somos como os fariseus, não passamos de sepulcros caiados.
“Povo carregado de iniqüidade” - “A culpa do povo de Israel é tão grande que eles andam curvados com o peso de iniqüidade” (B.V). O Senhor cumulou o povo de bênçãos: “Bendito seja o Senhor que, dia a dia, nos carrega com benefícios” (Sl 68.19, Versão Britânica). É preferível ser um povo carregado com as bênçãos divinas do que ser um povo carregado de iniqüidade. Não estranhamos ao ver as pessoas sem Cristo “sobrecarregadas” de iniqüidade (Mt 11.28), mas ver o povo de Deus a carregar voluntariamente o peso do pecado é algo que aflige o coração do Senhor e traz tristeza à liderança espiritual da igreja.
“Raça de malignos ou malfeitores” - A palavra “raça” tem a ver com “fruto”, “planta”, “posteridade”. Israel era como uma vinha plantada pelo Senhor, e de quem o Senhor esperava uvas boas, mas produziu uvas bravas (Is 5.1-2). O povo de Deus tornou-se uma raça de malfeitores. O vocábulo “malfeitor” transmite a idéia de “estragar por quebrar em pedaços”. O povo estragou a nação por quebrar as leis de Deus. Quem se desvia dos caminhos do Senhor torna-se um malfeitor, “um inútil”, “um que não presta”. A nossa desobediência torna-nos inúteis, pessoas que não prestam para o serviço de Deus.
“Filhos corruptores, ou dados à corrupção” - Em vez de serem filhos de Deus e revelarem a Sua natureza e o Seu caráter, eles tornaram-se filhos dados à corrupção e chegaram a perverter outras pessoas. É sério para o crente viver em pecado, mas é seriíssimo quando leva outros a praticar o erro. O termo tem uma ligação com “arruinar”, “jogar fora”, “perder”, “estragar” e “tornar totalmente debilitado”. Uma vida de corrupção e que influencia outros a se corromperem é uma vida perdida, estragada, arruinada e totalmente debilitada. Que cena que inspira dó!
b) A SUA CONDIÇÃO (vv. 5b–6) - Quando a noiva foi convidada a descrever o amado, ela começou a falar da cabeça e depois dos olhos, das faces, dos lábios, das mãos, das pernas e dos pés. Ela só achou beleza e perfeição (Ct 5.10-16). Ao contemplar Judá, Deus viu uma nação cancerosa, na qual foi incapaz de ver uma só parte que não fosse doente e estivesse a emitir um horrível cheiro. Desde a planta do pé até a cabeça, a nação apresentava sinais de estar doente. O pecado e a corrupção penetraram todas as camadas da sociedade e todas as áreas da nação. O Espírito Santo emprega palavras dignas da nossa atenção.
“Feridas” ou “machucados” - A raiz da palavra é “racha, fenda ou divisão”. As rachas e as divisões que existem nas igrejas locais não são virtudes e nem medalhas, mas aos olhos do Senhor são como feridas. Os fatos comprovam que 99% das divisões que já ocorreram, não aconteceram por divergências doutrinárias, mas por causa de inveja, lutas pelo poder, choque de personalidades, orgulho ferido ou por coisas que não têm respaldo na Palavra de Deus ou para as quais não temos diretrizes claras da parte do Senhor.
“Contusões” ou “vergões” - São marcas deixadas na pele por chicotadas que ferem e que deixam o corpo coberto de manchas roxas. Os pretores mandaram açoitar Paulo e Silas, mas o carcereiro convertido, lavou-lhes os vergões dos açoites. Alguns líderes e ministrantes da Palavra são como os pretores de Filipos. Quantos irmãos carregam os vergões dos açoites! Muitas vezes os próprios crentes agem como o endemoninhado e se autoflagelam. A sua obstinação traz conseqüências que são infligidas por eles mesmos.
“Chagas inflamadas” ou “Ferimentos abertos” - A palavra é “carnificina” ou “pestilência”. O vocábulo, além de comunicar a idéia de “pingar”, “úmido” e “purulento”, também, indica que os ferimentos eram recentes. A história da Igreja apresenta muitos exemplos das conseqüências daquilo que acontece quando desrespeitamos o Senhor e a Sua Palavra, porém, as igrejas de hoje continuam a praticar os mesmos erros. A história recente proporciona evidências de que muitas igrejas apresentam chagas inflamadas, sinais de brigas travadas e crueldade implacável.
O Senhor Deus lamentou que nenhuma tentativa estava a ser feita para contornar a situação. As feridas não foram:
“Espremidas” - Esta palavra realmente quer dizer “fechar”, “apertar”, “juntar”. Quantas feridas entre irmãos são deixadas abertas, não há nenhum esforço para tratar e fechar as feridas, juntar ou aproximar os lados opostos. Em muitos casos, alguns procuram inflamar e piorar a situação.
“Atadas” - “Envolver”, “embrulhar”, “deitar em volta”. O mundo lá fora tem conhecimento dos males que afligem as igrejas locais, das coisas vergonhosas que acontecem no meio do povo. Não está na hora de procurarmos o Médico divino para que Ele feche as feridas, sare os males e as cubra com a Sua graça?
“Amolecidas” - Quanta dureza, resistência, intransigência existem no coração dos crentes. Não há aquela disposição ou humildade necessárias para resolver as questões. Azeite é um símbolo do Espírito Santo e é a operação do Espírito que torna o coração mole e terno, compassivo e tratável. É Ele que dá a cada um a humildade para admitir a culpa ou para perdoar.
c) A SUA CONDUTA (v. 4b) - Jeová acusou a nação de 3 atitudes feias e repugnantes.
“Abandonar o Senhor” - O Senhor prometeu a Sua presença constante: “Porque o Senhor, o vosso Deus, é Quem vai convosco; não vos deixará, nem vos desamparará”. (Dt 31.6). Mas Judá abandonou o Senhor. Como crentes é possível que façamos a mesma asneira. Tal atitude é pura loucura, pois o Senhor é a Fonte de todas as bênçãos.
“Blasfemar do Santo de Israel” - Blasfemar inclui a idéia de “desprezar, zombar, rir-se de e fazer pouco caso de”. Como é que Judá teve a coragem de adotar esta postura? Como é que nós, crentes, temos a ousadia de pecar onde Judá pecou? Conhecemos a Palavra de Deus, as Suas exigências, mas fazemos pouco caso delas e rimos no rosto do Senhor.
“Voltar para trás” - Israel deixou o Egito, mas o Egito não deixou de ocupar um lugar no coração de muitos israelitas. Como poderia desejar voltar para a tirania de Faraó, a crueldade dos exatores, a condição de escravos? Não é possível que um verdadeiro convertido, após provar as iguarias da mesa divina, o amor do Pai, o aconchego da família de Deus, a riqueza e a plenitude da herança dos filhos de Deus, possa desejar voltar para o sistema onde o diabo reina, onde existem as trevas, a escravidão do pecado e dos vícios. Porém, isso acontece com freqüência!
(continua no próximo Boletim)