“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo”
Apocalipse 1:3
Capítulo 6
Este capítulo é encerrado com uma angustiante pergunta: “é chegado o grande dia da ira de Deus, quem poderá subsistir?” (v. 17). Esse “dia”insistentemente citado tanto no Antigo como no Novo Testamento a humanidade e até mesmos aqueles que se dizem cristãos não acreditam na sua chegada, tendo-o como um mito, uma lenda religiosa, pois Deus jamais, dizem eles, causaria tão grande mal à Sua criação, por ser Ele misericordioso, bondoso, amoroso, dentre outros qualificativos. Porém, enganam-se os que assim pensam, na verdade não conhecem o Deus Todo-Poderoso e a Sua Justiça. Isto me traz à lembrança o oráculo de um antigo profeta: “Na terra não há conhecimento de Deus... o meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Oseias 4:1,6).
Dentre os profetas que vislumbraram esse “dia”, Sofonias foi aquele que recebeu da parte de Deus um resumido compêndio dessa profecia. Revela-nos o inspirado profeta: “O grande dia do Senhor está perto; sim, está perto, e se apressa muito... Aquele dia é dia de indignação, dia de tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas, dia de trombeta e de alarido... E angustiarei os homens, e eles andarão como cegos, porque pecaram contra o Senhor; e o seu sangue se derramará como pó, e a sua carne como esterco. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da indignação do Senhor; mas pelo fogo do seu zelo será devorada toda a terra; porque certamente fará de todos os moradores da terra uma destruição total e apressada” (Sofonias 1:14-18). Neste capítulo, o sexto de Apocalipse, iniciamos a grande jornada rumo à Grande Tribulação determinada para este mundo desde a antiguidade.
A visão de João é fantástica! Seus olhos estão fixados no Senhor Jesus a Quem tanto amou quando aqui esteve. Ele está a contemplar a única Pessoa que poderia romper os selos daquele tão importante Livro, e assim haverá o início do juízo de Deus sobre toda Terra. Nesse instante será reiniciada a contagem de tempo estabelecida por Deus – 7 anos –, dar-se-á o início da septuagésima semana de Daniel (9:26-27).
Ao ser rompido o primeiro selo ouvem-se as poderosas vozes dos quatros seres viventes dizendo “vem” a quatro cavaleiros (v. 1). Em algumas versões equivocadamente é acrescido o verbo “ver” (vem e vê), como se o convite fosse para João, mas isso não consta no manuscrito grego, pois, de fato, essas chamadas são para esses simbólicos cavaleiros.
O primeiro cavaleiro a subir por sobre a Terra está montado em um cavalo branco, tendo um arco na mão, uma coroa na cabeça e saiu para vencer (v. 2). As características deste personagem levam muitos a uma falsa conclusão de que se trata do Senhor Jesus voltando para estabelecer um período longo de paz em Seu reino milenar. Compare com o engano mencionado pelo Senhor Jesus em Mateus 24:5.
Sem dúvida, um grave equívoco. Nesse exato momento o Senhor Jesus estará abrindo os selos do juízo de Deus no céu, logo não poderá estar na Terra; é impossível aceitar o argumento de que o Senhor Jesus terá que aguardar o comando de um dos seres viventes para entrar em ação, pois o inverso é absolutamente verdadeiro; a vinda do Senhor Jesus está estabelecida para pôr fim a Grande Tribulação e não ao início dela (Apocalipse 19:11-21).
A confusão estabelecida é pela cor branca da montaria desse cavaleiro que transmite a ideia de paz, entretanto a vinda do Senhor Jesus, também simbolicamente montado em um cavalo branco, está revelada em Apocalipse 19:11, quando aqui virá exatamente para derrotar o cavaleiro deste sexto capítulo – o anticristo –, que surgirá aparentando ser o Messias prometido a Israel e enganará a quase todos ao acenar um breve período global de paz. Na verdade se trata do “príncipe que virá” sobre a “asa das abominações” e fará um “pacto firme” com muitos por sete anos, mas na metade desse tempo ele mostrará o lado nada atraente da sua face (Daniel 9:26-27).
Com a abertura do segundo selo vemos agora o cavaleiro sobre um cavalo vermelho (vs. 3-4) cujo objetivo é o de tirar a aparente paz existente na terra. Em vez do “arco sem flecha” do cavaleiro anterior, este agora carrega uma “grande espada” que fará com que os homens se matem uns aos outros em sangrentas batalhas. Nada diferente daquilo que já havia predito o Senhor Jesus: “porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino”(Mateus 24:7), assim como Paulo em 1 Tessalonicenses 5:1-3... “Mas, irmãos, acerca dos tempos e das épocas não necessitais de que se vos escreva: porque vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como vem o ladrão de noite; pois quando estiverem dizendo: Paz e segurança! então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão”.
Com tamanha beligerância sobre a Terra, sob o comando do homem da iniquidade, naturalmente ocorrerão a escassez de alimentos e a pestilência generalizada que estão representadas pelos dois próximos cavaleiros que surgirão com a abertura do terceiro e quarto selos. O do cavalo preto carrega na mão uma balança, símbolo da carestia, a indicar que haverá um imenso racionamento de alimentos (vs. 5-6). Sem dúvida serão tempos assombrosamente difíceis que se agravarão com a vinda do “cavaleiro da Morte”, que está sobre o cavalo amarelo e aniquilará uma quarta parte dos viventes sobre a terra. Hoje seria algo acima de 1 bilhão e 700 milhões de almas (vs. 7-8). Quanto tempo se levaria somente para enterrar essa imensa quantidade de mortos?
Permita-me, agora, uma pausa. Ao ler até aqui você por certo está a pensar: “Ufa! Ainda bem que fui alcançado pela graça de Deus e estou livre dessas tragédias, pois antes dessas coisas acontecerem o Senhor Jesus virá buscar aqueles que são Seus, dentre eles eu”. Você está certo ao pensar assim, todavia você tem a mesma certeza a respeito dos seus parentes mais próximos? Ou daqueles que estão ao seu lado? Sem falar naqueles que são mais distantes. Por isso insisti desde os inícios desta série acerca da gravidade em se menosprezar o estudo do conteúdo deste tão importante Livro que nos revela com bastante antecedência o porvir. Através dele realmente fazemos uma viagem no tempo.
Continuemos em nossas apreciações. A abertura do quinto selo leva João a mudar de visão, agora está novamente voltada para a morada de Deus. Lá ele vê, debaixo do altar, as almas daqueles que morreram por causa da Palavra de Deus e foram vindimados por causa do testemunho dado durante o período da terrível tribulação a vir sobre a Terra (v. 9). Verdadeiramente o anticristo será cruel ao extremo com aqueles que não lhe prestarem culto e obediência. Aquelas almas clamarão ao Senhor com veemência, suplicando para seja colocado um fim a tanta crueldade (v. 10), elas serão consoladas e orientadas para que aguardem o tempo estabelecido por Deus (v. 11).
Muitas coisas ainda estarão por acontecer, sobremodo horríveis, pois estamos diante dos acontecimentos iniciais que antecedem ao “grande e terrível dia do Senhor, quem o poderá suportar” (Joel 2:11). Se esses dias não fossem abreviados, “nenhuma carne se salvaria”, diz o Senhor Jesus em Mateus 24:22. Estes acontecimentos, até aqui, são “o princípio das dores”(Mateus 24:8), portanto ainda haverá na Terra muito sofrimento nesse período de enorme angústia.
A seguir é aberto o sexto selo. Grandes distúrbios cósmicos acontecerão e por certo afetarão o campo magnético da Terra esmagando a sua crosta provocando uma sucessão de terremotos. O primeiro deles é aqui citado como “grande” (v. 12), dando a entender que será em escala mundial. Nunca é demais lembrar que dados estatísticos dão conta que o número de terremotos tem duplicado a cada dez anos, o que revela que as placas tectônicas terrestres estão sobre forte pressão.
Nos versículos 12 a 14 a Terra é tremendamente sacudida, o sol escurece, a lua adquire uma coloração nunca dantes vista, as estrelas despencam sobre o globo terrestre numa clara demonstração do catastrófico juízo divino sobre este mundo sem Deus. Cumpre-se assim a profecia de Joel: “O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o terrível dia do Senhor” (Joel 2:31).
Esse transtorno astronômico foi claramente asseverado pelo Senhor Jesus:“Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão dos céus e os poderes dos céus serão abalados”(Mateus 24:29). Os acontecimentos dramáticos contidos no versículo 14 também nos remetem a Isaías 34:4... “E todo exército dos céus se dissolverá, e o céu se enrolará como um livro; e todo o seu exército se desvanecerá, como desvanece a folha da vide e da figueira”. O imenso cataclismo removerá os montes e as ilhas de seus lugares, revelando que essas catástrofes atingirão toda a Terra.
Literalmente a Terra estará sendo varrida. Tanto os acontecimentos cósmicos como os terrestres levarão os seres humanos ao entendimento que Deus está a intervir de forma drástica em todo universo. Eles perceberão que estão diante de um enfretamento com o Todo-Poderoso e com a ira do Cordeiro (v. 16). A humanidade procurará por lugares inóspitos para se esconder, mas não achará local para se ocultar da face de Deus (v. 15). Isaías já profetizara a esse respeito há quase três milênios: “... se meterão nas fendas das rochas, e nas cavernas das penhas, por causa da presença espantosa do Senhor e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para assombrar a terra”(Isaías 2:21).
É inacreditável que em meio a todo esse pânico, os seres humanos continuarão em sua altivez. Em vez de humildemente suplicarem pela compaixão de Deus, eles clamarão para que os montes e rochedos caiam sobre si para que possam se esconder de tamanha ira divina (v. 16). A pergunta que fazem demonstra a lastimável condição espiritual da humanidade: “Quem poderá subsistir?” (v. 17). Isto denota que não há nenhuma esperança em suas mentes e corações.
Haverá resposta às perguntas dos antigos profetas? “Quem poderá manter-se diante do seu furor? E quem pode subsistir diante do ardor da sua ira?”(Naum 1:6); “Quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá, quando ele aparecer?” (Malaquias 3:2). Estejamos certos que haverá naquele tempo um remanescente fiel que será poupado pelo Deus misericordioso, que será preservado nesses dias tão tenebrosos.
Diante de tão triste expectação, não cerremos os nossos lábios. Cabe-nos alertar aos que ainda não creem acerca do perigo da incredulidade e da desobediência a Deus, para que durante este tempo que aqui estivermos, que se chama “Hoje”, eles não sejam insensíveis pelo engano do pecado e ao ouvirem a Palavra de Deus não endureçam os seus corações (Hebreus 3:13-15). Permita Deus que assim seja!