“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia,
e guardam as coisas que nela estão escritas;
porque o tempo está próximo”
Apocalipse 1:3
CAPÍTULO 21 (2)
Tão logo é encerrada a visão do juízo do Grande Trono Branco (20:11-15), de imediato João contempla a magnífica criação do porvir, absolutamente novíssima, as coisas passadas jamais serão vistas: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (v. 1). Ele está a visualizar algo nunca dantes visto, não uma simples renovação, mas o “Estado Eterno”. Portanto, não há hipótese alguma para se interpretar que esse “novo tempo” seja o milênio, pois é algo muito acima do novo ou do diferente. Fico a imaginar a Terra sem o mar que hoje conhecemos que ocupa quase três-quartos da superfície do nosso planeta. Como diz J. Allen. “Deus estabelecerá uma ecologia para a Terra e uma fisiologia para a criatura que serão totalmente diferentes daquelas que conhecemos no presente”.
Continua João em suas visões: “Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo” (v. 2). O consagrado apóstolo está tendo uma magnífica visão, a mesma que o escritor aos Hebreus descreveu como a “cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial” (Hebreus 12:22). Esta cidade estava dentro das expectativas de Paulo ao afirmar: “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20). Que esta seja a sua mesma expectativa, prezado leitor.
Como não podia deixar de ser, há os que insistem em asseverar que essa nova cidade se trata da Igreja, face à expressão contida nesse versículo: “ataviada como noiva adornada para o seu esposo”. Acerca disso, J.F. Walvoord faz uma oportuna consideração: “O que temos aqui não é a Igreja por si própria, mas uma cidade ou habitação tendo o frescor e a beleza de uma noiva adornada para o seu casamento com seu marido”. Portanto, não há nenhum motivo para não a considerar como uma cidade verdadeira e não simbólica como alguns afirmam. O Senhor expôs de forma clara que haveria um lugar para onde Ele iria a fim de preparar um local para os Seus: "Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (João 14:2-3). Esta é a cidade que Abraão ansiava habitar. Pelos olhos da fé ele a viu, ainda que tão distante do seu tempo, "porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador" (Hebreus 11:10).
Por certo ainda perplexo diante de tão grandiosas visões, chega aos ouvidos de João uma poderosa voz: “Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (vs. 3-4). Todo o propósito de Deus estará sendo cumprido neste notável momento. Todavia, há os que teimam em levantar questões sobre a comunidade que estará a habitar na nova Jerusalém. Além da Igreja de Deus: "Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome" (Apocalipse 3:12), nela também habitarão todos aqueles que, em todas as épocas, criam e aguardavam as promessas de Deus acerca da Redenção de seus corpos e a certeza da vida eterna em Sua presença. Diz acerca disso C.I. Scofield: “A nova Jerusalém é o lugar de habitação dos santos de todas as dispensações através da eternidade e cumpre a esperança de Abraão quanto à cidade celestial (Leia Hebreus 11:10-16 e compare com Hebreus 12:22-24)”.
A expressão ouvida por João: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (v. 4), não traz em si o significado que na eternidade existirão esses sofrimentos. A ênfase do texto é para deixar claramente evidenciado que nunca mais haverá qualquer forma de maldição. Aqueles que lá estarão jamais chorarão, pois suas lágrimas foram completamente enxugadas e no passado ficaram; a morte jamais existirá porque no “Estado Eterno” não mais haverá “separação”, este é o significado da morte; nem tampouco a dor, pois ela foi uma das primeiras consequências do pecado (leia Gênesis 3:16) e este nunca mais surgirá, pois será completamente banido da presença de Deus.
Essa interpretação é ratificada por W. MacDonald: “A expressão lhes enxugará dos olhos toda lágrima não significa que haverá lágrimas no céu. Trata-se de uma forma poética de dizer que não haverá! Também a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor. O povo de Deus nunca mais experimentará tais aflições. Aquele que está assentado no trono fará novas todas as coisas. Suas palavras são fiéis e verdadeiras e certamente se cumprirão”. Isto é plenamente confirmado pela voz que João ouve diretamente do Trono de Deus: “E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras” (v. 5). Pois então, prezado leitor, como pode existir tão imensa multidão que ainda insiste em não fazer parte desses quer herdarão essa nova cidadania? Espero em Deus que este não seja o seu caso.
Prossegue João: “Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida. O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho” (vs. 6-7). “Tudo está feito”! Esta notável expressão nos remete à crucificação do Senhor Jesus quando Ele exclamou: “Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito” (João 19:30). Aquele Seu brado de vitória continuará ecoando até este momento, o magnífico momento da criação do “Estado Eterno” que compreende o novo Céu, a nova Terra e a nova Jerusalém, porque Ele é o “Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim” de todas as coisas. Nele foi originada a primeira criação e nEle tudo será aperfeiçoado nessa nova criação. Somente Ele satisfará as necessidades daqueles que são Seus, jamais terão sede porque Ele dará de graça da fonte da água da vida conforme a Sua promessa quando aqui esteve: “aquele, porém, que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre; ao contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (João 4:14).
Magnífica a promessa contida nesse texto: “O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho” (v. 7). Nada, absolutamente nada neste mundo poderá substituir tamanha herança! Todo aquele que crê, desde já tem o Pai, o Deus Todo-Poderoso, para sempre, se tornando, portanto, verdadeiramente um filho de Deus. Daí a importância de sermos vencedores e para isso nada neste mundo poderá nos separar do Amor de Deus, conforme escreve Paulo: "Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Romanos 8:37-39). Essa era a absoluta convicção do consagrado apóstolo, pois ele cria firmemente que não era um bastardo espiritual, pois confiava nAquele que afirmou: “eu vos receberei... serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso" (2 Coríntios 6:17-18).
E como haveremos de ter certeza de que já somos vencedores? O mesmo apóstolo João, em sua primeira epístola, nos responde: "todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?" (1 João 5:4-5). Quem não tiver essa fé vencedora, não nascer de Deus, pela Palavra e pelo Espírito, e não crer ser Jesus o Filho Unigênito de Deus, será um derrotado e não estará entre aqueles que habitarão com Deus. João é extremamente claro neste 21° capítulo de Apocalipse quanto a esses que não serão herdeiros da promessa de Deus: “Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte” (v. 8).
Há que se lamentar que nem todos serão vencedores. Neles não há nenhuma esperança. Como diz R.E. Watterson: “Após contemplarmos a felicidade dos salvos, vemos mais uma vez a triste sorte dos perdidos. A lista de condenados começa com os tímidos (ou covardes), aqueles que temeram os homens e rejeitaram a Cristo. Em seguida temos os que não creram e juntamente com eles os idólatras que acreditaram até em vãs superstições. Os abomináveis, os violentos e os imorais também terão parte neste sofrimento, assim como os feiticeiros com suas práticas enganosas e, por fim, os mentirosos ou, literalmente, os falsos”.
Para estes, “a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte” (v. 8), e, como diz J. Allen, “não será um extermínio, como as mentes incrédulas gostam de supor, mas sofrimento consciente e interminável para sempre. As palavras vindas do trono não permitem outro significado”. Oxalá, prezado leitor, que você possua completa autenticidade de fé em Deus para que não esteja entre aqueles sobre os quais pairam tão grande e terrível juízo. Permita Deus que assim seja!