A Caminho do Apocalipse 21 (1)

“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia,
e guardam as coisas que nela estão escritas;
porque o tempo está próximo”

Apocalipse 1:3

CAPÍTULO 21 (1)

A partir deste capítulo chegamos ao “Estado Eterno”, sem dúvida estaremos nesta crônica diante de algo extremamente estupendo, sem precedentes. Como então explicar a quase ausência completa desse assunto entre os cristãos? No máximo se limitam em falar da “eternidade”, mas não se atrevem em citar estes textos como parte daquele contexto. Não são poucos os que acham que este texto um tanto mítico, utópico, difícil de crer que assim será, tornando-o como algo meramente simbólico como a imaginária ilha da Terra do Nunca do escritor escocês J.M. Barrie. Estejamos absolutamente certos, prezado leitor, que estamos diante de fatos absolutamente reais que acontecerão no porvir, pois estamos diante de uma revelação divina, do Todo-Poderoso, para Quem não existem impossíveis.

Estamos a findar as nossas meditações acerca das notáveis revelações contidas em Apocalipse. Antes de analisarmos os textos dos dois últimos capítulos restantes deste magnífico Livro, analisemos as “sete coisas novas” e as “sete últimas coisas” nele transcritas:

AS COISAS NOVAS (21:1 a 22:5)

1. Um Novo Céu (21:1) – Como já vimos no capítulo anterior o terceiro Céu é eterno por ser a habitação de Deus, portanto esse “novo céu” visto por João substituirá o primeiro céu (atmosférico) e o segundo céu (o astronômico) que hoje conhecemos. Como ele será? Particularmente acho que será algo deslumbrante, mas não convém especular. Saberemos quando lá estivermos. Os que forem condenados à perdição eterna jamais verão o resplendor desse novo Céu.

2. Uma Nova Terra (21:1) – Eis uma expectativa gloriosa para todo aquele que crê em Deus e em Suas revelações contidas nas Sagradas Escrituras. Na nova Terra, não mais haverá desgraça; nem mais dor; nem mais fome; nem mais sede; nem mais pesar; nem mais lágrima; nem mais mar; nem mais morte; nem mais pecado; nem mais noite. Como disse Paulo: "Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada" (Romanos 8:18). Portanto, caro leitor, diante disto deveríamos vivenciar em nossos dias os valores da eternidade, para onde irá todo aquele que tem o Senhor Jesus como seu verdadeiro Redentor.

3. Uma Nova Jerusalém (21:2) – Pela descrição que veremos ao longo deste capítulo ela será uma cidade fantástica, fulgurante, de extraordinária beleza. Como diz W. Newell, “será uma cidade real. Tudo sugere a realidade – ouro, ruas, dimensões, pedras. Esta cidade “desce”, pois é impossível construir uma cidade santa aqui. Neste novo lar da igreja todos os materiais serão providenciados por Deus”. Esta nova cidade que desce do céu será um lar, conforme expressão contida no Salmo 23:6... “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre”. A expressão usada por Davi – habitar – tem o significado de “estar em casa”. É assim que se sentirão os que lá estiverem.

4. Uma Nova Comunhão (21:3) – Aquilo que foi desligado no jardim do Éden com a queda de Adão (Gênesis 3) agora estará restaurado para sempre. O primeiro homem perdeu a comunhão que tinha com o Criador por sua tresloucada desobediência, mas doravante não haverá mais essa hipótese. A visão de João é a de Deus habitando com os homens. Nada poderá quebrar esta nova comunhão, pois as primeiras coisas são passadas (21:4). Sem dúvida um notabilíssimo dia! Se os que dizem crer em Deus mantivessem em suas mentes esta mesma visão de João, a de estarem entre aqueles que habitarão com Deus, por certo suas vidas teriam outro sentido.

5. Um Novo Santuário (21:22) – É novo porque não mais existe o velho! Diz João: “Nela não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor”. Já não mais será necessário. Com a presença do Deus Todo-Poderoso o local se torna absolutamente sagrado. Os demais santuários outrora existentes eram apenas sombras do verdadeiro. Não mais haverá tabernáculos, templos, ritos, sacrifícios ou petições, dada a presença de Deus junto aos Seus. O antigo profeta, quando teve uma visão semelhante à de João, recebeu a revelação de que Deus não habita em edifícios construídos por mãos humanas: "Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso? Porque a minha mão fez todas estas coisas, e todas vieram a existir, diz o Senhor" (Isaías 66:1-2).

6. Uma Nova Luz (21:23-25; 22:5) – "Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite... para alumiar a terra... o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas. E os colocou no firmamento dos céus para alumiarem a terra" (Gênesis 1:14-17). Não mais serão necessários esses corpos celestes para a iluminação do universo como um todo, pois Deus e o Cordeiro proverão toda luz necessária. Não mais haverá noite, o dia será eterno: "A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada" (21:23) ... Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos” (22:5). O mundo do porvir será mais brilhante, pois irá refletir a glória eterna do Senhor Jesus.

7. Um Novo Paraíso (22:1-5) – Chegamos ao apogeu, ao clímax, da Redenção. Ao ler acerca desse novo Jardim me senti como se um pedaço do céu descerá sobre mim. Senti sede ao ler sobre o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus; senti fome ao ler sobre a árvore da vida que fica no meio da praça e produz doze frutos, que devem ser deliciosos; senti grande alívio, pois nunca mais haverá qualquer maldição; um sentimento de iluminação me invadiu, pois no novo paraíso não mais haverá noite, nem velas ou lâmpadas, nem da luz do sol porque o Senhor Deus brilhará sobre os seus habitantes para todo o sempre. Ó Glória!

AS ÚLTIMAS COISAS (22:8 a 21)

1. A Última Testemunha (22:8) – “Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas”. O consagrado apóstolo deixou expresso o seu referendo sobre aquilo que escrevera. Ele tinha a mais absoluta das certezas de que transcrevera “palavras fiéis e verdadeiras” (22:6) que lhes foram transmitidas pelo anjo que lhe revelou as coisas que em breve devem acontecer. Ele foi a última testemunha, o último profeta, o último servo, o último apóstolo que teve comunicação direta com o Eterno. Os que estão a surgir em nossos dias não passam de titulação barata para atenderem as suas vaidades. Já houve quem dissesse que entre o querer ser e o crer que se é, vai a distância entre o sublime e o ridículo (Ortega y Gasset).

2. A Última Bem-Aventurança (22:14) – A penúltima bem-aventurança está contida no versículo 7 deste mesmo capítulo e é estendida a todos que guardam as palavras da profecia contida neste Livro, e por último João declara que serão bem-aventurados aqueles que estão redimidos pelo sangue do Cordeiro, porque a estes está assegurado o direito de acesso à árvore da vida e de entrarem na cidade santa.

3. O Último Convite (22:17) – Infeliz daquele que passar por esta vida e não aceitar a este último convite contido nas Sagradas Escrituras: “Vem. Aquele que tem sede, venha, e quem quiser receba de graça a água da vida”. Sobre os que rejeitam esse convite paira o terrível juízo da segunda morte, pois irão para o lago que arde com fogo e enxofre (21:8).

4. A Última Advertência (22:18-19) – Ai daquele que fizer qualquer adulteração nas palavras contidas neste Livro, Deus o tratará de forma extremamente severa. Impressionante como nos dias atuais isto não é levado a sério tendo em vista a imensa quantidade dos que se dizem cristão e ficam a falsear a verdade através das suas prédicas e “sinais”, que não passam de posturas pessoais para atender os seus anseios e deleites. Nunca é demais lembrar a advertência do Senhor Jesus: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus" (Mateus 7:21).

5. A Última Promessa (22:20) – A testemunha fiel e verdadeira, o próprio Senhor Jesus, confirma a autenticidade das palavras ditas pelos dois anjos por ocasião da Sua ascensão ao Céu: “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo que o vistes subir” (Atos 1:11). Jesus reitera no penúltimo versículo deste Livro essa magnífica promessa: “Certamente venho sem demora”.

6. A Última Oração (22:20) – Não parei para conferir, mas provavelmente esta seja a oração mais breve contida na Palavra de Deus, cujo significado é extraordinária para cada um daquele que crê na vinda do Senhor Jesus para buscar e estar com aqueles que Lhe pertence: “Amém. Vem Senhor Jesus”. João não tinha mais palavras para se expressar diante de tamanha revelação final que o Senhor lhe dá, asseverando a Sua volta.

7. A Última Bênção (22:21) – Chega-se ao fim! “A graça do Senhor Jesus seja com todos”. E com esta bênção encerro a parte introdutória ao presente capítulo, tendo em firme lembrança as palavras de Paulo: "Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda" (2 Timóteo 4:8).

Que esta seja a sua convicção, prezado leitor. Permita Deus que assim seja!

autor: José Carlos Jacintho de Campos.