“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia,
e guardam as coisas que nela estão escritas;
porque o tempo está próximo”
Apocalipse 1:3
CAPÍTULO 19 (2)
Na segunda parte deste capítulo chegamos ao ápice deste notável Livro. Em sua narrativa João descreve três visões do Senhor Jesus. Na primeira, vemo-Lo entre as igrejas em sua dispensação (1:9 a 3:22); em seguida temos a visão dEle em meio ao Trono (4:1), e agora Ele nos é revelado comandando os exércitos do Céu, vindo como Rei dos reis e Senhor dos senhores (v. 16), a fim de dar um basta no poder das trevas e estabelecer o Seu reino milenar. Eis um momento sobremodo sublime, caro leitor.
O antigo profeta teve a percepção deste magnífico acontecimento que se daria milênios a sua frente: "Então, sairá o Senhor e pelejará contra essas nações, como pelejou no dia da batalha. Naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade, para o sul" (Zacarias 14:3-4). O deus deste século – o diabo – ao longo de toda a História empenhou todos seus esforços para promover o afastamento da humanidade do seu Criador, chegando ao clímax no período da grande tribulação, levando à Terra, em todo o seu contexto, a uma rebelião contra Deus até então jamais vista. Essa tremenda crise será respondida pelo Deus Todo-Poderoso através da vinda do Senhor Jesus que porá um fim à terrível angústia promovida pelo poder sobrenatural da “besta” e do falso profeta.
Ao lermos essa revelação de Zacarias somos levados a entender um pouco mais o motivo da intensa luta do poder satânico em riscar Israel do mapa, pois o diabo sabe onde se dará a chegada do Senhor Jesus – no Monte das Oliveiras, em Jerusalém – e em sua cartada final ele agregará um regimento espantoso para uma terrível guerra contra Israel. Segundo J. Allen, “essa frente de batalha ocupará mais de 300 km de extensão desde Armagedom (Apocalipse 16:16) até Edom (Isaías 63:1)... A Terra enfrentará a maior crise da sua História”.
Atente para os dias atuais, prezado leitor, as conspirações contra Israel continuam abundantes. Terríveis inimigos se levantam com o objetivo de destruir o território judeu. Os palestinos que estão sendo defendidos por muitos não querem que sejam reconhecidos como um Estado independente, de fato desejam que Israel deixe de existir como nação para assumirem toda a Palestina e com isso a antevisão de Zacarias não viria a ocorrer. Tolos! Não existe poder neste mundo que possa impedir aquilo que Deus tem estabelecido.
Diz-nos João nesta sua visão: “Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça” (v. 11). Não são poucos os que confundem este “cavalo branco” com aquele descrito no capítulo 6:2 por ocasião da abertura do primeiro selo. Conforme já vimos, lá se trata de uma farsa daquele que procurará aparentar ser o Cristo, ao passo que agora vemos a chegada do Verdadeiro. J.B. Smith faz uma consideração bastante oportuna acerca disso: “...este cavaleiro vem do céu; o anterior da terra”. A cor do cavalo é que leva ao equívoco, o primeiro cavaleiro não é dado nenhum nome, este, porém, é claramente identificado: “Fiel e Verdadeiro”. Na carta à Laodiceia vemos essa identificação dada ao Senhor Jesus: “Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação” (Apocalipse 3:14). Diz mais o texto: “O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça”, portanto Ele vem como resposta à pergunta lançada pelos adoradores da “besta”: “Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?” (Apocalipse 13:4). Jesus Cristo, virá, pelejará, vencerá e julgará mediante a Justiça de Deus.
Continua João: “Os seus olhos são chama de fogo; na sua cabeça, há muitos diademas; tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo. Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus” (vs. 12 e 13). Nada passará despercebido ao poder penetrante dos Seus “olhos”, os infiéis não terão onde se esconder. Os vencedores recebem uma coroa, mas o Senhor Jesus terá sobre Sua cabeça “muitos diademas” que demonstrarão a Sua absoluta realeza sobre qualquer império ou poder. Aqui Ele é chamado de o “Verbo de Deus”. Isto nos remete ao Evangelho escrito pelo próprio João ao identificar o Senhor Jesus: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez" (João 1:1-3). Quanto ao “manto tinto de sangue” que o Senhor Jesus estará a vestir, as várias interpretações têm deixado as pessoas confusas a esse respeito. Entendo que W. MacDonald traz bastante clareza acerca disso: “Está vestido com um manto tinto de sangue, não com o sangue que Ele derramou na cruz do Calvário, mas com o sangue dos inimigos que pisou no lagar da cólera de Deus”.
A seguir nos deparamos com uma dificuldade maior face às controvérsias existentes: “e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro” (v. 14). Quem seriam os exércitos que há nos céus? W. MacDonald entende que se tratam dos santos, portanto a igreja arrebatada, mas que não têm ordem para lutar, pois o Senhor Jesus derrotará os Seus inimigos sem a ajuda de ninguém. Outros comentaristas entendem que estes exércitos são hostes angelicais que virão participar dessa batalha com base em Judas 14-15. Por sua vez comenta R. David Jones: “Ele estará acompanhado pelos Seus exércitos compostos de anjos e dos Seus santos (ressurretos) que compõem a Sua Igreja”. Como vemos não há consenso. Pessoalmente entendo que nesse contexto não importa se os partícipes serão somente os anjos, ou a igreja arrebatada, ou ambos formando um só grupo, de fato o essencial será a vinda do Senhor Jesus para pôr fim ao império do terror, a proeminência será toda dEle.
Eis que é chegado o momento da resposta à pergunta de Pilatos: “Tu és rei?” (João 18:37). O Senhor Jesus não é um soberano qualquer, mas o Rei dos reis: “Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: Rei dos reis e Senhor dos senhores” (vs. 15 e 16). Ele virá para derrotar completamente os poderes demoníacos que estarão a dominar a Terra e aqui estabelecer o Seu Reino milenar. Estamos diante do tempo determinado por Deus que nos remete à revelação de Paulo: "...então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda" (2 Tessalonicenses 2.8), e à do consagrado profeta do passado: "...ferirá a terra com a vara de sua boca e com o sopro dos seus lábios matará o perverso" (Isaías 11:4). O Senhor Jesus será o Rei Supremo, todos, sem exceção, serão submetidos à Sua absoluta onipotência, bastará uma única palavra da Sua boca, como se uma espada afiada fosse, para que os seus inimigos sejam derrotados.
O momento final é chegado: “Então, vi um anjo posto em pé no sol, e clamou com grande voz, falando a todas as aves que voam pelo meio do céu: Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus, para que comais carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e seus cavaleiros, carnes de todos, quer livres, quer escravos, tanto pequenos como grandes” (vs. 17 e 18). João agora tem a visão de um ente poderoso que se posta sobre o sol. A vestimenta desse anjo trará uma magnífica resplandecência ao reino da “besta” que estará mergulhado em trevas profundas (não deixe de ler Apocalipse 16:10; Mateus 24:29; Zacarias 14:6). João ouve a estrondosa voz desse anjo para uma solene convocação: “a grande ceia de Deus”. Esta será a maior devastação a ocorrer com a humanidade, não existe hipótese que isso não venha a se cumprir. Como diz J. Allen, “os maiores homens da Terra serão apenas pedaços de carne”.
Encerra-se, assim, o período da grande tribulação: “E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu exército. Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos diante dela, seduziu aqueles que receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua imagem. Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre. Os restantes foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo. E todas as aves se fartaram das suas carnes” (vs. 19 a 21). É impressionante a arrogância da trindade satânica – o diabo, a besta e o falso profeta. Até o fim eles manterão a tola ilusão que poderão derrotar a Deus. A “besta” e os governantes deste mundo se atreverão a batalhar contra o Senhor Jesus e Seu exército celestial. A derrota, como era de se esperar, será implacável. A “besta” e o “falso profeta” serão lançados vivos no inferno onde ficarão para todo o sempre. Repentinamente esses dois homens mais poderosos do mundo à época serão subjugados. Seus comandados por certo ficarão dramaticamente desesperados. Todos aqueles que adorarem a besta e possuírem a sua marca serão mortos e posteriormente comparecerão no dia do juízo final. Este será o alto preço a ser pago pela humanidade por sua desobediência e afronta a Deus.
Não deixa de ser um quadro muito triste ao vermos um imenso contingente de pessoas destinadas à perdição eterna em virtude de sua arrogância e incredulidade. Cabe-nos, portanto, prezado leitor, alertarmos aos que estão rumo a essa condenação, ao mesmo tempo em que guardemos firmemente a exortação de Paulo a Timóteo: "Tu, porém, ó homem de Deus... guardes o mandato imaculado, irrepreensível, até à manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo; a qual, em suas épocas determinadas, há de ser revelada pelo bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores; o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver. A ele honra e poder eterno. Amém!” (1 Timóteo 6:11-16). Permita Deus que assim seja!