Um novo mandamento vos dou!

João 13:34

Nestes últimos dias Deus tem me levado a ler a primeira carta de João. Uma carta cheia de ensinamentos que nos ajudam a ver como a igreja primitiva vivia e nos dá fortes ensinamentos de como não estamos vivendo de acordo como Deus quer de nós. Temos ensinamentos sobre pecado, tentação, comunhão e, principalmente, sobre o Amor, o qual é o tema principal da carta. Pena que nos dias de hoje o amor está a faltar dentro das igrejas, não é verdade?

Você percebeu como João chegou a esse assunto? Primeiro ele fala da comunhão com Deus, depois abre nossos olhos quanto ao viver em pecado. Entretanto, ao confessarmos os nossos pecados temos um Advogado intercedendo por nós perante o Pai – Cristo Jesus. Quando então finalmente nos conscientizamos da situação em que nos encontramos, João nos deixa bem claro acerca da falta de amor que podemos estar a viver. Como então podemos dizer que estamos em Deus?

João, no começo da carta, revela-nos que ele estava a escrever sobre as coisas que testemunhou. Com isso minha mente foi levada até o local onde Jesus realizou a primeira Ceia. Mas por nos deixar envolver com aquilo que tantos estudiosos pensam, e não no que Deus realmente fala, deixamos de perceber que lá, naquele recinto, Jesus mostrou uma ordem fundamental a ser seguida para o crescimento e a união da Igreja. Primeiro, Ele deu um ensinamento, depois um mandamento e finalizou com uma ordenança. Tudo foi selado com Seu grande ato de Amor, quando deu Sua vida por nós na Cruz do Calvário.

Seu ensinamento

Ensinamento é um conjunto de ideias ou conhecimentos a serem transmitidos. O Senhor Jesus quando entrou naquele lugar a primeira coisa que fez foi lavar os pés dos Seus discípulos. Com este ato Ele pôde nos ensinar que nosso irmão é mais importante que nós mesmos e que devemos estar prontos para colocar as necessidades do nosso próximo acima dos nossos (1 João 3:16, Mateus 20:26). Se realmente formos autênticos vamos perceber que este ensinamento vai à contramão do que a grande maioria das igrejas pratica nos dias atuais. Está na hora de voltarmos à verdade e proclamarmos que estamos aqui não para sermos servidos e sim para servir.

Seu mandamento

Mandamento é a ordem dada por uma pessoa que tem autoridade. Para Jesus poder nos dar este novo mandamento, primeiro Ele teve que provar que tinha autoridade para fazê-lo. Em Mateus 7:29 as testemunhas descrevem que Jesus ensinava com autoridade, pois Ele vivia o que falava, não era igual aos escribas que ensinavam, porém não viviam. Até o governador Pilatos comprovou isso e declarou que não havia n’Ele pecado (João 19:4). Além disso, tanto o ato que acabara de realizar como toda a Sua trajetória aqui nos revelam que Cristo nos ama. Paulo, ao escrever para a igreja em Corinto, fala que eles, como nós, deveriam ser seus imitadores, como ele é de Cristo (1 Coríntios 11:1). O Senhor Jesus, com Sua autoridade, nos manda amar o nosso próximo. Mas, de fato, o que é isso?

João, em sua carta, deixa bem evidenciado que se dissermos que amamos a Deus, mas odiamos o nosso irmão, Deus não está em nós. No capitulo 3, ele dá exemplos do que é amar, mostrando como não devemos agir:

1. Por inveja: Como lemos em Gêneses 4, Caim matou seu irmão Abel por inveja. É de costume, pois isso nos é ensinado na vida secular, que devemos ser melhores que nossos concorrentes, e que o sucesso deles não deve ser visto com alegria e sim como um combustível para fazermos melhor a fim de ultrapassá-los. Isso é inveja! É o desejo irrefreável de possuir ou gozar o que é de outrem. No ensino médio, os alunos parecem ver seus amigos como inimigos na luta por uma vaga da faculdade, o objetivo será derrubá-los. Assim fez Caim. João deixa claro que nós não podemos ser assim. Nossa união deve ser a de procurar o bem do outro. Por isso Paulo nos alerta e orienta para que devamos suportar uns aos outros (Efésios 4:2). Suportar aqui nunca pode ser traduzido como tolerar. Suportar é dar suporte, ser uma bengala de apoio. Temos sido esta bengala? Temos nos alegrado com as conquistas dos outros?

2. Possuir recursos: Hoje se fala muito em prosperidade. Mas João novamente vai à contramão deste falso ensinamento e declara que se temos recursos, que aqui é claramente dinheiro e bens materiais, e não ajudamos nossos irmãos, órfãos e viúvas não temos amor por eles. Admoestação forte, não é irmão? A igreja primitiva tinha tudo em comum, desde os ensinamentos e orações até o dinheiro (leia com atenção Atos 2:42-45). Hoje temos investido dinheiro em poupança, bens materiais, como carros, grandes construções etc. Entretanto, temos negligenciado as necessidades dos irmãos, não é verdade? Não estamos mais investindo na obra do Senhor e sim em edifícios de “igrejas” e em relatórios muitas vezes fabricados com a intenção dos irmãos se compadecerem. Irmãos, Deus espera de nós um coração aberto (2 Coríntios 9:7).

3. Sua senhoria o fato: Tiago, na sua carta, nos relembra que “fé sem obras é morta” (Tiago 2:17). João deixa claro que Amor não é uma palavra e sim uma ação. Ele fala que devemos amar de fato e de verdade e não só com palavras. Estamos prontos a dar a nossa vida pelo irmão? Temos que levar este mandamento mais a sério e pô-lo em prática, como afirma Tiago: “Sede cumpridores da Palavra e não só ouvintes” (Tiago 1:22). Jesus falou sobre isso na parábola do bom samaritano (Lucas 10:25-37). Muitos cristãos têm levado esta parábola a sério e ajudado muito os outros, mas os mesmos têm negligenciado a ajuda ao seu próprio irmão, como isso é possível? Jesus deixa claro que nosso próximo é todo aquele que está ao nosso redor. Pensamos bem neste fato.

Sua Ordenança

Ordenança é lei ou regra feita por governante ou autoridade. Após ter mostrado e falado sobre amor, Jesus fala sobre comunhão. Na Sua oração, conhecida por oração sacerdotal, em João 17, Jesus ora por nós, e no versículo 21 Ele pede a Deus que sejamos como Ele e o Pai são um. Sejamos assim também! Será um exemplo para os incrédulos e o propósito maior é a salvação de almas. Quando João fala da comunhão com Deus e sobre o amor, fala sobre a importância da comunhão não mais com o mundo, mas entre os irmãos (1 João 1:7).

A palavra comunhão significa ação ou efeito de comungar, de realizar ou desenvolver alguma coisa em conjunto. Ou seja, é estarmos unidos com o mesmo intuito. Era isso que a igreja primitiva fazia. Tendo isso em mente vamos perceber que quando se fala da Santa Ceia na Bíblia, o principal ingrediente não é somente os símbolos – o Pão ou o Cálice – e sim que estejamos em comunhão um com o outro. Começamos a entender que quando Jesus diz fazei isso em memória de Mim, não está se referindo a tomar o Pão e o Cálice, mas sim a compartilhar o Pão e o Cálice um com o outro. A Ceia vem da palavra latina que significa jantar. Portanto, esse “jantar” é uma comunhão entre irmãos, juntos lembremo-nos do que Jesus fez por nós.

Em Mateus 5:24 o Senhor Jesus mostra aos seguidores da lei que ter comunhão com o irmão é mais importante que o sacrifício que ofertavam. Não é diferente com a Ceia. Porventura temos na Ceia o mesmo sentimento que os judeus faziam com o Sacrifício? Ou seja, um mero ritual religioso de cumprimento de escala sem nenhum agrado a Deus. Temos deixado a comunhão de lado, da mesma forma que houve na igreja de Corinto, quando Paulo os repreendeu? Basta ler com atenção 1 Coríntios 11. Levando estas coisas mais a sério, vamos colocar o novo mandamento em prática.

Irmãos, imaginem a cena: “Um não convertido entra na Ceia do Senhor e lá vê um irmão que está brigado com outro”. Você realmente acha que este irá querer se converter? É claro que não! O autor aos Hebreus nos lembra de que somos rodeados de grande nuvem de testemunhas (Hebreus 12:1). Por isso é muito importante levar o nosso testemunho mais a sério, principalmente nossas ações. Temos que mostrar mais amor. Não fazemos isso para ganhar pontos com Deus e/ou com os homens, e sim para ganhar almas para Deus. Nossas ações falam muito mais que nossas palavras. É por isso que João reforça que só estamos em Deus se também amamos nosso irmão.            

O esfriamento tem acontecido, não no mundo e sim dentro das próprias igrejas. Então vamos voltar para a Palavra de Deus e cumprir o Novo Mandamento que Deus nos deu através de Seu Filho Amado: AMAR A SEU IRMÃO! Glória seja dada a Deus!

autor: Jonathan M. Watson.