Seitas

Com este artigo damos início a uma edificante série de estudos sobre Seitas, da inspirada lavra do nosso estimado irmão R. David Jones, que, sem dúvida, será de grande proveito para nós tendo em vista a confusão que temos ao entorno do “cristianismo” praticado em nossos dias. Permita Deus que assim seja! J.C.Jacintho.

Introdução

O sentido etimológico da palavra portuguesa “seita”, traduzido da antiga literatura romana e pré-cristã, era “partido” ou “escola filosófica”, segundo o dicionário de Houaiss. Houaiss ainda nos informa que na atualidade ela tem os seguintes sentidos:

Doutrina ou sistema que se afasta da crença ou opinião geral e, por derivação:

  • o conjunto das pessoas que seguem essa doutrina ou sistema;
  • grupo de dissidentes de uma religião ou de uma comunhão principal;
  • grupo de indivíduos partidários de uma mesma causa; partido, bando, facção.
  • teoria de um mestre com inúmeros seguidores;
  • sociedade cujos membros se agregam voluntariamente e que se mantém à parte do mundo.

Nas versões do grego original do Novo Testamento existem as palavras hairesis e hairetikos, que literalmente se traduziriam respectivamente por “uma escolha” e “aquele que escolheu”, mas seus significados passaram a abranger também aquilo que é escolhido, um modo de vida escolhido e eventualmente uma opinião levando a um partido religioso.

É neste último sentido que hairesis é seis vezes traduzida no Novo Testamento para a palavra “seita”, todas no livro de Atos, sendo três vezes para os fariseus e saduceus (Atos 5:17, 15:5, 26:5), e três vezes para os cristãos, denominados “seita dos nazarenos” pelos judeus e gentios daquela época (Atos 24:5,14, 28:22).

Nesse contexto, “seita” é um partido religioso formado em uma divisão resultante da predileção de um grupo por determinada conduta e doutrina, ou da perversão de um ensino, geralmente esperando obter uma vantagem pessoal. Isso contrasta com o poder unificante da verdade, quando acolhida em sua totalidade.

Mas as palavras hairesis e hairetikos se encontram também em outros lugares do Novo Testamento com referência a doutrinas erradas e perniciosas, e crenças divergentes da legítima fé. Nestes casos elas não são traduzidas como “seita” em nossas Bíblias (trad. Almeida), mas ficaram as palavras gregas ligeiramente transformadas em “heresias” (1 Coríntios 11:19; Gálatas 5:20; 2 Pedro 2:1) e “herege” (Tito 3:10).

Este é o sentido bíblico da palavra “seita” que vamos estudar, e obviamente “verdade” é só o ensino bíblico: a Bíblia é a revelação de Deus feita a nós pela inspiração do Espírito Santo nos homens santos que escreveram essa profecia, como ensina Pedro: “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:20-21).

Mas Pedro acrescenta: “Entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade; e, por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita” (2 Pedro 2:1-3).

As heresias estão incluídas entre as obras da carne em Gálatas 5:20, e “os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (v.21). Elas já se tornavam evidentes no início da igreja de Cristo, como veremos no próximo capítulo, dando motivo para a preocupação dos apóstolos que transparece em suas epístolas. O Senhor Jesus profetizou o crescimento da cristandade e a chegada das seitas em seu meio:

  1.  “O Reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem, pegando dele, semeou no seu campo; o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu e se aninham nos seus ramos” (Mateus 13:31,32). Começou pequeno e puro, mas como veremos a seguir nestes estudos, cresceu de forma anormal com a injeção do clericalismo e do paganismo e se tornou um lugar onde o diabo e os seus anjos podem aninhar-se com suas muitas seitas. Basta verificar o falso ensino da maioria das “igrejas” que se dizem cristãs, para confundir o pecador que procura a salvação da sua alma e nelas nada acha.
  2.  “Outra parábola lhes disse: O Reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado” (Mateus 13:33). Na Bíblia, fermento invariavelmente é figura de algo mau, e seria surpreendente se aqui fosse diferente. Não é o fermento que é semelhante ao Reino dos céus, mas o que acontece na parábola. O Senhor advertiu seus discípulos contra o fermento dos fariseus e dos saduceus, referindo-se à sua doutrina (Mateus 16:6,11,12) e também contra o fermento de Herodes (Marcos 8:15):
    • os fariseus acrescentavam sua tradição, que exigia do povo mais obrigações do que as requeridas pela lei de Moisés, e eram notórios pela sua hipocrisia, ritualismo, falsa piedade e intolerância;
    • os saduceus, aristocratas entre os sacerdotes, aceitavam o Torá (pentateuco) mas rejeitavam todas as demais Escrituras. Negavam a imortalidade da alma, a ressurreição dos mortos e a existência de anjos;
    • os herodianos apoiavam o poder político de Herodes e a cultura greco-romana, e se destacavam pelo seu ceticismo, imoralidade e mundanismo.

O fermento é maldade e malícia em 1 Coríntios 5:6-8, e ensino falso em Gálatas 5:9.

A primeira parábola prevê as seitas surgindo na cristandade por influência externa, satânica, enquanto a segunda nos previne sobre a corrupção interna com heresias dando origem às seitas, corrupção essa que eventualmente irá contaminá-la toda.

É notável como essas mesmas características são facilmente encontradas hoje nas seitas do cristianismo, em cumprimento a essas duas parábolas.

Fomos prevenidos, logo não devemos nos admirar com a grande variedade de instituições tomando toda a espécie de denominação, algumas enormes e poderosas, todas se dizendo cristãs, mas ensinando coisas completamente alheias à Palavra de Deus.

Por outro lado, devemos nos considerar muito felizes por termos facilmente à nossa disposição a própria fonte de toda a legítima doutrina cristã, a Palavra de Deus, barata em forma de papel, e gratuita em forma eletrônica na Internet.

Nos próximos estudos desta série vamos procurar examinar algumas das principais seitas em seu aspecto histórico e doutrinário à luz dessa mesma Palavra de Deus.

 


Os primórdios

Nas epístolas do Novo Testamento vamos encontrar as origens das primeiras seitas que foram se formando, cujas influências foram combatidas severamente pelos apóstolos.


Os “Pássaros”

1. Os judaizantes

As primeiras igrejas foram formadas por judeus e seus prosélitos, elas se reuniam inicialmente no templo de Jerusalém e nas sinagogas. As sinagogas eram, e ainda são, edifícios próprios para a leitura das Escrituras (a Lei e os Profetas), o ensino dos seus preceitos e a oração. A sua origem é muito antiga, pelo menos desde os tempos do cativeiro, quando são citadas no Salmo 74:4,8.

Quando o Evangelho se espalhou pelo mundo conhecido naquele tempo, principalmente com o apostolado de Paulo, lemos no livro de Atos que era primeiro pregado nas sinagogas existentes nas cidades, porque ali as Escrituras eram ensinadas tanto a judeus quanto a prosélitos: a chegada do Messias de Israel, e a mensagem da salvação pela fé nEle, deveria ser logo compreendida.

Os que eram convertidos a Cristo passaram a ser vistos por judeus e gentios como uma seita judaica, a dos nazarenos, e foram sendo expulsos do templo e das sinagogas. Os judeus que rejeitavam a Cristo, ciosos da sua religião tradicional, atacavam os cristãos física e moralmente.

Os judeus cristãos se encontravam diante de um dilema, pois eram pressionados a manter a tradição judaica para satisfazer os seus compatriotas, mas ela não tinha mais razão de ser no Novo Testamento. Essa pressão era tal que muitos vacilaram, e mesmo o apóstolo Pedro mostrou-se um tanto dúbio, sendo por causa disso certa vez repreendido em público pelo apóstolo Paulo (Gálatas 2:14).

Surgiram assim os “judaizantes”, a primeira seita que ameaçou a fé cristã. Professavam ser crentes em Cristo, convertidos ao Evangelho, mas pregavam que os cristãos estavam ainda obrigados a cumprir com o cerimonial judaico, guardando os sábados, dias de festa, mantendo a circuncisão, abstendo-se de alimentos, etc. A fé cristã estava sendo ameaçada de se confinar dentro dos limites de uma seita judaica e de, assim, perder o seu poder e liberdade de trazer o conhecimento da salvação de Deus ao mundo inteiro.

O Senhor Jesus já havia ensinado que o Novo Testamento substituía o Velho, e que não era possível misturá-los: “Ninguém deita remendo de pano novo em veste velha, porque semelhante remendo rompe a veste, e faz-se maior a rotura. Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás, rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam” (Mateus 9:16-17). O remendo de pano novo em veste velha é como misturar a “lei” e a “graça”: quando a veste velha é lavada, o remendo novo vai encolher e rasgar a veste que já passou pelo processo de encolhimento. Ela vai ficar mais imprestável do que antes. Assim também a colocação de vinho novo em odres velhos provoca o rompimento dos odres por causa da fermentação do vinho novo. Os odres velhos não têm mais elasticidade. A vida e a liberdade do Evangelho arruínam os preceitos e rituais fixos da lei de Moisés.

A utilidade do Velho Testamento, com a lei de Moisés, estava no fim, e o Senhor Jesus não veio para lhe dar continuidade mediante alguns remendos, pois estes só podiam piorar a sua situação. O Velho Testamento não podia conter o Evangelho da salvação unicamente mediante a fé na obra redentora de Cristo.

O Senhor Jesus veio para introduzir uma veste totalmente nova, um vinho completamente novo, para substituir de uma só vez o que existia naquela época. O apóstolo João resume assim: “a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”.

Os ensinadores da seita dos judaizantes foram severamente censurados pelo apóstolo Paulo na epístola aos Gálatas, e chamados de “falsos irmãos” porque “se tinham entremetido e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão” (Gálatas 2:4). A epístola aos Hebreus mostra que o sacerdócio mosaico e o ritual dos sacrifícios da lei eram apenas figuras da realidade que se vê em Cristo e, portanto, foram totalmente superados por Ele.


2. Os gnósticos

Ao se espalhar pelos países de cultura grega, o Evangelho encontrou outro inimigo que adentrou pelas suas fileiras: a filosofia grega.


A filosofia (procura da verdade) grega, procurando definir a divindade, explicar a natureza e fornecer orientação para a conduta humana, fazia uso de todas as religiões do mundo conhecido para compor a gnose ou “conhecimento”. Surgia um sistema filosófico atrás de outro, e eram discutidos calorosamente. Os sistemas, em sua maioria, juntavam alguns princípios judeus e pagãos, mais tarde também cristãos, com material de várias origens.

Organizavam-se escolas onde o ensinamento era transmitido, interpretado e mantido em segredo, o que chamavam de “mistério”. Freqüentemente ensinavam a existência de dois deuses ou princípios, a Luz e a Escuridão, um Bom e o outro Mau. O que era material seria produto do poder das trevas e estava debaixo do seu controle; o que era espiritual era atribuído ao deus superior, o da Luz.

Havia muito desacordo entre os grupos com respeito à importância de rituais, alguns praticando eucaristias pseudo-cristãs e batismos, e outros rejeitando todos os aspectos de adoração convencional, oração, jejum e esmolas. Suas noções sobre ética variavam muito. Essas especulações e filosofias contribuíram para a existência de muitas heresias que, desde logo, invadiram igrejas cristãs e foram combatidas nas epístolas de Paulo e João, quando falam dos “falsos mestres”.

É de se notar que na epístola aos Colossenses, capítulo 2, os primeiros 15 versículos ensinam que Cristo é a resposta à filosofia, e o restante do capítulo que Ele é a resposta ao legalismo. Os gnósticos e os judaizantes são as primeiras seitas que ameaçaram o cristianismo com as suas heresias, e veremos que ambas persistem, em várias formas, até hoje.

 

O “fermento”

3. A carnalidade

Além dessas seitas vindas de fora, que seriam os primeiros pássaros da parábola do grão de mostarda, encontramos um início de seitas dentro da igreja de Corinto, o fermento que a mulher da parábola coloca em três medidas de farinha: houve contendas entre os membros, levando à formação de grupos, cada um dos quais dizia ser de determinado mestre da igreja - Paulo, Cefas, Apolo e … Cristo!

O acontecimento mereceu uma severa exortação de Paulo: “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo parecer” (1 Coríntios 1:10). Mais adiante ele volta ao assunto e declara que por haver inveja, contendas e dissensões na igreja, eles mostravam que ainda eram carnais, “meninos em Cristo”, incapazes de receber alimento espiritual. Eles não compreendiam ainda que os seus mestres eram apenas instrumentos na mão de Deus para a igreja. A igreja não pode ser dividida assim, pois é Deus quem dá o crescimento a ela, sendo ela a Sua lavoura e Seu edifício (1 Coríntios 3:3-7).


4. O clericalismo

Os gnósticos chegaram ao auge no século 2 d.C, e, em seu combate, muitas igrejas se refugiaram no poder e controle episcopal, junto com o clericalismo que veio modificar e prejudicar seriamente o caráter das igrejas. O clericalismo surgiu já no fim do primeiro século da era cristã. É mencionado em duas cartas às igrejas do Apocalipse, a de Éfeso e a de Pérgamo, sob o nome de “práticas dos nicolaítas” e “ensinos dos nicolaítas”, práticas estas odiadas pelo Senhor Jesus (Apocalipse 2:6). Na língua grega, em que as cartas foram originalmente escritas, nicolaítas são aqueles que “conquistam, para dominar o povo”. Segundo os historiadores, já havia naquele tempo uma tentativa para estabelecer uma ordem religiosa de homens que se colocariam em posição de domínio sobre as igrejas, uma espécie de ordem sacerdotal, mais ou menos segundo o modelo judaico. Eles encontraram resistência em Éfeso, mas tiveram sucesso em Pérgamo. A atitude deles era como a de Diótrefes (3 João 9-11).

Os falsos mestres proliferavam, confundindo as igrejas, especialmente com a filosofia grega dos gnósticos, e os princípios da religião judaica. Foram combatidos pelos apóstolos e as suas epístolas, como as temos, eram copiadas e circuladas pelas igrejas. Segundo nos contam os historiadores, Pedro foi executado no ano 65 e Paulo poucos anos depois, sendo Jerusalém destruída, e tudo que ali havia, pelos romanos no ano 70. João concluiu as Escrituras do Velho e Novo Testamento com o seu Evangelho, suas epístolas e o Apocalipse perto do fim do século.

No entanto, eram abundantes os outros escritos que circulavam, notadamente inferiores em seu conteúdo ao que Deus inspirou e que encontramos na Bíblia. Um dos primeiros, e ainda conservados, foi escrito por Clemente, um presbítero de Roma, à igreja em Corinto, ainda durante a vida do apóstolo João. São citadas muitas passagens do Velho Testamento, bem como do Novo, comprovando como as Escrituras estavam sendo circuladas. Mas, em sua carta, já se nota uma distinção feita na igreja dele em Roma entre o clero e os leigos, tirada das ordenanças do Velho Testamento.

Até aproximadamente o ano 170 d.C. as igrejas haviam sido fundadas em sua maior parte pelos apóstolos, principalmente Paulo e Pedro; até 96 a.D. os cristãos eram ainda legalmente considerados uma seita do judaísmo (Atos 24:14), religião tolerada pela lei romana. As igrejas rejeitavam os falsos apóstolos que se apresentavam com novas doutrinas, bem como, em grande parte, o clericalismo incipiente. No entanto, o amor original foi se esfriando e a noção da irmandade entre os crentes, como numa família, foi sendo aos poucos olvidada; a conformidade com o mundo e a sua maneira de vida aumentou, os nicolaítas tiveram sucesso em alguns lugares e uma organização de igrejas chamando-se católicas (universais) começou a se desenvolver.

 


 

O catolicismo


A partir de 170 d.C. até 312 d.C. houve uma grande perseguição aos cristãos, considerada uma religião ilegal a partir de 96 a.D., culminando com a mais feroz de todas, com duração de dez anos, promovida pelo imperador Deoclécio. Estas perseguições, como acontecem geralmente, tiveram o efeito de purificar as igrejas, afastando delas aqueles que não tinham um comprometimento sincero com Cristo, e algumas igrejas que haviam aderido ao movimento nicolaíta se afastaram dele. Assim a maioria das igrejas, que se mantinham ainda mais ou menos fiéis às doutrinas e práticas primitivas dos apóstolos, aos poucos se acharam isoladas daquelas, em número crescente, que aderiam ao movimento catolicista, que as dominava e nelas introduzia heresias e práticas pagãs. Este movimento catolicista, portanto, era uma seita poderosa e maléfica dentro do cristianismo.

Em 312 d.C. o imperador romano Constantino legalizou a fé cristã e a adotou como religião oficial, fazendo-se seu "pontífice" ou sumo sacerdote, posição que ocupava na religião pagã de onde saiu. Antes disto, as igrejas eram autônomas, mas em sua maioria tinham sido persuadidas a se tornarem "católicas", unindo-se em grupos debaixo da supervisão de um bispo "metropolitano", que se aliava ao líder político local, geralmente um rei ou príncipe. O bispo metropolitano se comunicava com os outros bispos "católicos", e tomava parte em concílios das igrejas para tomar decisões de ordem religiosa e administrativa. Os bispos de Alexandria, Antióquia, Constantinopla, Jerusalém e Roma eram considerados os mais importantes. Constantino submeteu esses bispos à sua própria autoridade.


A instituição católico-romana 

A igreja em Roma e nas outras cidades sob a jurisdição do bispo metropolitano de Roma sofreu a maior influência de Constantino, dando origem à instituição católico-romana, a maior seita de todos os séculos, e que permanece até hoje. O "batismo" infantil, que havia aparecido e fora combatido até poucos anos antes se tornou a porta de entrada para esse novo sistema político-religioso, e a fé pessoal perdeu sua importância; sacerdotes pagãos foram "convertidos" e se tornaram "cristãos" bem como seus templos; o imperador doou um bom número de edifícios imponentes, chamados "basílicas", para serem convertidos em templos "cristãos", contribuindo generosamente para a sua decoração; ele deu ao "clero" roupagens especiais, semelhantes àquelas usadas pelos sacerdotes dos templos pagãos; os bispos logo foram providos de tronos, foram vestidos com paramentos magníficos e jóias, tendo diante deles altares caríssimos de mármore decorados com ouro e pedras preciosas. Uma liturgia padronizada de grande pompa foi introduzida, e a livre pregação e ensino da Bíblia foram grandemente restringidos, dando-se maior ênfase à filosofia pagã grega; ídolos e festas pagãs foram "cristianizadas" com os nomes de "santos", etc.

A doutrina dos nicolaítas fez um progresso enorme, tanto que no primeiro Concílio das igrejas "universais" (grande parte das quais eventualmente convergiram para se submeter ao bispo de Roma, voluntária ou obrigatoriamente), realizado em Nicéia em 325 A.D., dos 1500 delegados vinte por cento já se consideravam "clero", uma classe à parte. Foi um concílio tempestuoso, cheio de intrigas e politicagem, e pela supremacia do "clero" em suas decisões torna-se evidente que esta doutrina havia se tornado firme e permanente dentro dessa seita.

No ano 606 o "papa" Bonifácio III foi coroado "bispo universal", dando início à Idade Média. Com a "coroação" de Bonifácio III, que se deu a si mesmo o título de "vigário de Cristo", "herdeiro de São Pedro" e outras coisas mais, ele recebeu autoridade imperial para absorver os demais episcopados para dentro da sua instituição, que já havia se tornado muito corrupta, imoral e idólatra (antes, como já vimos, o imperador romano havia sido indiretamente a suprema autoridade das igrejas que se chamavam "católicas"). Esse papa e os seus sucessores trataram de submeter debaixo da sua autoridade as demais igrejas, usando a força das armas se falhassem a persuasão e a tortura, impondo a morte quando não houvesse submissão: a Inquisição e as cruzadas pertencem a esse período.

O bispo metropolitano de Constantinopla (antiga Bizâncio) conseguiu escapar: desde 381 ele havia recebido direitos iguais aos do bispo de Roma porque a sede do governo imperial havia sido transferida para lá, e a cidade se tornara a "nova Roma". Essa foi a origem da "igreja ortodoxa", uma nova seita que tomou sob suas asas as igrejas da Europa oriental e Ásia Menor. Infelizmente, com o poder secular que recebeu, essa instituição tornou-se tão corrupta quanto a instituição romana.

Jezabel (1 Reis 16 - 21, 2 Reis 9) é uma figura muito apropriada daquilo em que a seita católico-romana se converteu durante a Idade Média. Como Jezabel na antigüidade, a seita introduziu em suas igrejas práticas pagãs, bem como a idolatria (prostituição espiritual), e tornou-se um sistema religioso novo que tinha pouca semelhança com as igrejas apostólicas. Entre suas heresias está a justificação pelas obras junto com os rituais da igreja, a regeneração pelo batismo, a adoração aos anjos, aos "santos" mortos e às imagens, o celibato para o "clero", a confissão obrigatória aos "sacerdotes", o purgatório, a transubstanciação do pão e do vinho em carne e sangue de Cristo, as indulgências, a penitência, a adoração de Maria, o ritualismo pagão, o sinal da cruz, a água benta, o óleo sagrado, o rosário, etc.

No entanto, muitas igrejas fiéis a Cristo resistiram ao domínio dessa poderosa seita através da história e mantiveram a sã doutrina, sujeitando-se a perseguições terríveis promovidas pelos papas e seus asseclas, multidões sendo levadas ao martírio, em grande parte imposto pela ordem dominicana que se responsabilizou pela inquisição. Entre os martirizados se contam aqueles a quem os católicos davam o nome de cátaros, albigenses, puritanos e outros, e se chamavam entre si de "irmãos".


As instituições ortodoxas 

Logo depois de transferir a capital do império romano para Bizâncio (330), o imperador Constantino mudou seu nome para Constantinopla e Nova Roma, e promoveu o bispo para arcebispo. Em 381 o primeiro concílio de Constantinopla admitiu que seus direitos eram agora iguais aos do bispo de Roma. Uns dois séculos mais tarde o título de "patriarca ecumênico" foi acrescentado ao de arcebispo.

A autoridade do patriarca de Constantinopla se estendeu sobre a maioria das igrejas "católicas" da Europa oriental, na Bulgária, Sérvia, Românica, e Rússia, e representou um desafio à autoridade do papa romano. Houve confrontação entre os dois em 867 e 1054, desde quando se tornaram inimigos até 1964.

Neste meio tempo adquiriram também independência o patriarcado de Moscou (1593), as igrejas nacionais da Grécia (1833), Romênia (1865), Sérvia (1879), Bulgária (1870) e Albânia (1937). O patriarca de Constantinopla teve assim sua influência reduzida a um território muito pequeno na Turquia e na Grécia, alguns arcebispados e metropolitanatos na Europa, América do Sul e do Norte, Austrália e Nova Zelândia, e a igreja autônoma da Finlândia. O governo da Turquia (muçulmano) tolera a sua permanência desde que seja de nacionalidade turca e na Turquia atenda apenas a paroquianos de nacionalidade grega.

Essas seitas se assemelham muito à romana em sua doutrina e cerimonial, mas substituem as estátuas dos romanistas por ícones (pinturas) aos quais dão valor espiritual e adoram. Também perseguiram e continuam perseguindo os que rejeitam a sua autoridade e procuram obedecer apenas às Escrituras.


As instituições cópticas 

Alexandria era antigamente a capital da diocese "católica" do Egito, e foi o centro cultural do império romano oriental. A diocese tinha seu próprio bispo "metropolitano" e abrangia principalmente o Egito e a Etiópia. As igrejas sob seu controle praticavam rituais próprios, conhecidos como "alexandrinos", independentes da instituição romana. No século 18 uma parte se submeteu ao papa da instituição romana, chamando-se igreja cóptica católica, e adotou uma liturgia bizantina; a outra continuou independente da instituição romana, chamando-se de igreja ortodoxa da Etiópia. Praticam o mesmo clericalismo, ritualismo, e idolatria da instituição romana e muitas das suas heresias - e outras próprias.


Outras seitas que surgiram antes da "Reforma" 

À medida que o catolicismo crescia e se fortalecia com o apoio do poder imperial, todos os dissidentes se viam perseguidos, castigados e eliminados, tanto os que se recusavam a aderir a essas seitas quanto os que se revoltavam dentro delas. Todos eram considerados igualmente hereges pela instituições apoiadas pelo imperador romano, e muitos desapareceram deixando poucos vestígios, além de uma ligeira menção pela sua inimiga. Entre elas ainda são lembrados os Montanistas, Marcionitas, Novacianos, Donatistas, o Arianismo, Pelagianismo, Sacerdotalismo, Monasticismo.

Durante todo esse tempo, todavia, sempre houve irmãos que se mantinham firmes na fé ensinada pelos apóstolos, reunindo-se em casas ou outros lugares, recebendo vários apelidos por parte das seitas católicas, sempre perseguidos e freqüentemente assassinados, muitas vezes povoações inteiras eram martirizadas. Eram apelidados de valdenses, picardos, irmãos cristãos, irmãos unidos, hussitas, lolardos, beghardos, schwestrionos, bons homens, petrobrussianos, albigenses, moravianos e incontáveis outros nomes. Alguns, como os taboritas na Boêmia, se formaram em grupos caracterizando-se como seitas e cometeram os mesmos erros dos católicos aliando-se com políticos influentes, resultando em sua própria ruína.

 


A "reforma protestante" 

A tirania, ganância e imoralidade dos sacerdotes do catolicismo romano chegaram escandalosamente ao seu auge no início do século 16, quando então saíram do seu âmbito grandes partidos resolvidos a voltar aos princípios bíblicos que haviam sido postos de lado, abandonando as heresias que tinham tomado o seu lugar. Esse movimento ficou sendo conhecido como a Reforma Protestante.


Desta reforma surgiram várias grandes seitas institucionalizadas, entre elas o “anglicanismo”, o “luteranismo” e o “presbiterianismo”. Todas estas introduziram a Bíblia novamente nas igrejas, fizeram a sua tradução para o conhecimento e ensino de todos, negaram a autoridade do papa e da tradição como substituição ou complemento das Escrituras, rejeitaram as heresias que haviam sido introduzidas através dos tempos e voltaram a pregar a salvação somente pela fé em Cristo e não pelas obras.

Isto trouxe um grande reavivamento espiritual e muitas almas foram salvas com a disseminação do conhecimento do verdadeiro Evangelho de Cristo. Mas, infelizmente, essas novas seitas não completaram o trabalho de se voltarem inteiramente ao ensino bíblico, mas retiveram algumas práticas que haviam levado à ruína a seita católica: o clericalismo, o ritualismo, o batismo infantil, e a aliança com o mundo, especialmente com os seus líderes políticos.

A aliança política, como havia antes acontecido com o catolicismo, obrigou essas seitas a se cristalizarem dentro de conceitos politicamente aceitáveis, e a se imporem como a “religião estabelecida”, proibindo a dissensão.

Os anabatistas 

Na Alemanha irmãos em Cristo se reuniam em particular independentemente das seitas estabelecidas desde os tempos mais antigos, e ao redor de 1524 muitos se juntaram para declarar a sua independência da religião do Estado, e a sua determinação de continuar com os ensinos das Escrituras em suas igrejas. Também batizaram por imersão todos os crentes que até então não tinham sido batizados como testemunho da sua fé. Foi nesta ocasião que lhes deram o apelido (que recusavam) de “anabatistas” (re-batizadores) e incidiram na pena de morte por causa da sua forma de batismo.

A maioria dos seus líderes foram executados ou morreram no cárcere. Apesar da sangrenta perseguição aos anabatistas por parte de católicos e protestantes, seus sucessores sobreviveram. As igrejas batistas e menonitas de nossos dias vieram das igrejas neo-testamentárias da Alemanha, Suíça, Rússia, e outras partes da Europa, que passaram por aquela experiência. As igrejas batistas e menonitas (nome dado a elas na Holanda por causa de um pastor, ex-padre católico, chamado Menno Simons) ainda mantiveram uma forma branda de clericalismo, mas o ritualismo, o batismo infantil e a união das igrejas com o Estado foram eliminados.

Os quakers 

Da igreja anglicana saíram, no século 17, os “quakers”, seguindo as doutrinas de George Fox. Ainda jovem, ele se preocupava com as coisas espirituais e percebia que muitos que se diziam cristãos não praticavam o que diziam crer. Ele deu atenção particular a 1 João 2.27: “a unção que vós recebestes dele fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis”.

Ele percebeu que Deus não mora em templos feitos por mãos de homens e entendeu que Cristo, tendo morrido por toda a humanidade, iluminava todos com a Sua vida divina e salvadora, e que ninguém podia ser um verdadeiro crente sem acreditar nisso. Ele disse que não aprendeu isso de outros, mas na luz do Senhor Jesus Cristo, e pelo Seu imediato Espírito e poder, como o fizeram antes os homens de Deus pelos quais foram escritas as Escrituras Sagradas.

Muitos se reuniam para ouvi-lo em “reuniões dos amigos”, e estas reuniões se espalharam de lugar em lugar. O apelido “quakers” lhes foi dado e foram duramente perseguidos, aprisionados e punidos, mas a Sociedade de Amigos cresceu apesar disso e logo foram como missionários para as colônias da Nova Inglaterra (nos EUA), Caribe, Holanda e Alemanha. Eles não têm igrejas no sentido do Novo Testamento, pois ser sócio não se baseia em conversão ou novo nascimento, e não observam as ordenanças do batismo e da Ceia do Senhor.

O metodismo 

No século 18 prevaleciam a infidelidade e a indiferença no que concerne à religião e à moral na Inglaterra. Na alta classe social era moda ser imoral e sem religião, enquanto que as classes inferiores estavam mergulhadas na maior ignorância e pecado. O clero não era nada melhor, com raras exceções, a literatura era ateísta e impura, o alcoolismo era considerado coisa normal, a violência e o crime se viam por toda a parte. Havia uma forte corrente de religião e fé, mas estava escondida por causa do envolvimento da maioria em pecado e do ridículo que se fazia de tudo o que era bom. Os crentes eram poucos e careciam de reavivamento.

No entanto, no principado de Gales, no início desse século, com a ajuda de alguns amigos, um clérigo anglicano chamado Griffith Jones dedicou-se a enviar professores para montar escolas de alfabetização provisórias em várias localidades, para que a população pudesse ler suas Bíblias. Ao fim de vinte anos, quando ele faleceu, já havia três mil professores trabalhando e um terço da população de Gales havia sido alfabetizada.

Também durante esse tempo um jovem chamado Howel Harris pregava o Evangelho ao ar livre, nas casas ou em qualquer lugar disponível. Multidões se converteram, vidas se transformaram e se introduziram os cultos domésticos. Outros pregadores surgiram, tanto “clérigos” como “leigos”, eram perseguidos pelas autoridades civis e religiosas, mas ouvidos por congregações de centenas e até milhares de pessoas.

Em 1729 juntou-se um grupo de estudantes na universidade de Oxford com o fim de encontrarem um meio de salvar as suas almas e viver para a glória de Deus. Eram ridicularizados pelos seus colegas, pois seu modo de vida era completamente diferente ao deles: mantinham regras cuidadosas e ascéticas, visitavam os presos e doentes e ajudavam os pobres. Eles foram denominados pelos inimigos de “Clube Santo” ou “Clube Piedoso”, os “Entusiastas”, ou “Metodistas”. Entre seus fundadores se encontravam João e Carlos Wesley, logo mais tarde George Whitefield. Os irmãos Wesley foram ordenados como ministros da igreja anglicana, mas ainda procuravam a salvação da sua alma, quando foram para a Georgia (nos EUA) e no caminho encontraram irmãos moravianos que muito os impressionaram. De volta à Inglaterra, John Wesley novamente encontrou moravianos e eventualmente chegou à fé salvadora, junto com seu irmão.

Whitefield, por sua vez também se tornou um ministro anglicano, mas converteu-se através da leitura cuidadosa da Bíblia. Passou a pregar o Evangelho, mas como ia de casa em casa para expor as Escrituras, as igrejas não o convidavam para pregar em seus púlpitos. Foi então pregar nos campos, e multidões vinham para ouvi-lo. Chamou John Wesley para ajudá-lo. Em sua pregação, em um pequeno morro num campo, Wesley teve uma audiência de umas três mil pessoas. Por questão da doutrina da predestinação, pregada por Whitefield e rejeitada por Wesley, eles mais tarde se separaram. Wesley também se separou dos moravianos, que ele considerava um tanto místicos e quietos, enquanto ele era de natureza prática e agressiva.

Surgiram as “sociedades metodistas”, que se espalharam por toda a Inglaterra seguindo Wesley e o seu arminianismo, e por Gales seguindo Whitefield e o seu calvinismo. Ambos, no entanto, pregavam as mesmas verdades com seus estilos diferentes.

Wesley manteve o clericalismo, o ritualismo e o batismo infantil da seita anglicana em suas igrejas, que são as igrejas metodistas de hoje. Elas têm perdido o evangelismo que as caracterizava no início, e na Inglaterra estão quase vazias, existindo agora um movimento para se incorporarem à igreja anglicana, o que será o seu fim nesse país. Paralelamente, existe uma igreja metodista “wesleyana”, que, ao contrário das metodistas atuais, mantém que a Bíblia toda é a inerrante e verdadeira Palavra de Deus e se afasta do movimento de “união de igrejas” muito em moda agora. Contudo, mantém ainda o clericalismo e o institucionalismo.

 


 

As novas congregações 


O congregacionalismo 

Na Escócia, no fim do século 18, dois irmãos de uma família rica e bem relacionada, Robert e James Alexander Haldane, da igreja nacional da Escócia (Presbiteriana), se converteram e passaram a estudar diligentemente as Escrituras. James casou-se e começou a ter culto doméstico em casa, onde ensinava a família. Percebeu que isto era agradável e edificante para si próprio e foi assim que o Senhor o preparou para falar em público.

Embora sem ordenação de ministro, começou a pregar o Evangelho, com outros, em pequenas congregações quando o ministro não podia comparecer. Eles próprios escreviam folhetos para distribuição. Eventualmente tomavam emprestados edifícios de igrejas para ter as suas reuniões.

Reagindo, o Sínodo da Igreja da Escócia proibiu a pregação por pessoas não licenciadas por ela, e este foi acompanhado por outros sínodos. James Haldane e seus companheiros não deram ouvidos e defenderam o dever de todo o cristão de prevenir os pecadores para fugir da ira vindoura e apontar a Jesus como o caminho, a verdade e a vida. Eles enfatizavam a justificação pela fé na morte e ressurreição de Cristo, sem as obras.

Eles se separaram da igreja da Escócia, porque não podiam mais se unir com pessoas que manifestavam que nunca se haviam convertido, e só se reuniam com os que evidenciavam ser filhos de Deus. Formaram uma igreja em Edimburgo, que começou com 300 membros e cresceu depressa. Um dos seus primeiros atos foi reconhecer James Haldane como seu pastor. Robert Haldane providenciava grandes lugares de reunião, que chamavam de “tabernáculos”, não só em Edimburgo, mas em outros lugares onde as igrejas se reuniam.

Começaram a obedecer ao exemplo e ensinamento das Escrituras, celebrando a Ceia do Senhor todos os domingos, cessaram de passar “coleta” durante as reuniões de ordem geral, mas os membros contribuíam com o que podiam. Isto foi sendo introduzido aos poucos, na medida em que compreendiam melhor a vontade do Senhor conforme as Escrituras, assim como, se não houver intervenção humana o Espírito Santo irá prover uma variedade de ministros e ministérios, o que eles tiveram a grande alegria de verificar que acontecia.

Eventualmente James se convenceu que o batismo infantil não tinha base bíblica, e outros com ele. Nem todos concordaram, e assim houve uma separação amigável em que algumas congregações mantiveram o batismo infantil, outras batizavam por imersão os que se convertiam, enquanto outras praticavam as duas coisas; alguns membros saíram, voltando para a igreja da Escócia e outras denominações.

Surgiram assim as igrejas congregacionais, que enfatizam o direito e responsabilidade de cada congregação organizada corretamente de governar a si mesma, sem ter que se submeter ao julgamento de uma autoridade humana superior, assim eliminando bispos e presbitérios. Nelas existe uma forte convicção sobre a soberania de Deus e o sacerdócio de todos os crentes. Cada igreja individual é autônoma e independente. Algumas adotaram o liberalismo teológico e social, e participam do movimento ecumênico.

No início eram chamadas apenas de igrejas independentes, e ainda o são onde se fala a língua galesa. Ultimamente elas têm se espalhado pelo mundo para formar igrejas unidas com outras denominações. Na Inglaterra elas se juntaram com as presbiterianas para formar “igrejas livres”.

A purificação nos Estados Unidos 

Em várias partes do mundo continuavam a existir e a surgir novas congregações de crentes que procuravam se ater apenas às Escrituras. No início do século 19 um irlandês do norte chamado Alexander Campbell, ministro da igreja presbiteriana, emigrou para a Filadélfia, nos Estados Unidos, onde se surpreendeu ao ver que havia separações nas igrejas presbiterianas ao ponto que umas não tinham qualquer comunhão com as outras. Ele foi censurado por ter recebido na Ceia do Senhor presbiterianos que não pertenciam ao círculo em que estava.


Por defender a sua posição com base nas Escrituras, ele foi tratado com hostilidade ao ponto de levá-lo a se afastar daquela igreja. Mas continuou o seu ministério à parte, e pessoas de várias denominações se reuniram à sua congregação, descontentes com a hostilidade que havia entre as várias igrejas. Ele pregava que a união era somente possível mediante uma volta aos ensinos da Bíblia, e que uma compreensão entre o que era fé e opinião levaria a uma tolerância que muito faria para eliminar as divisões.

Campbell fez que compreendessem que as lutas e dissensões dentro das igrejas vêm como resultado de teorias e sistemas religiosos fora das Escrituras, e para haver comunhão era necessário “falar quando as Escrituras falam; manter silêncio quando as Escrituras silenciam”.

Em conseqüência, aquela congregação formou uma Associação Cristã de Washington, e fez uma declaração de objetivos onde expressaram que, assim como ninguém pode ser julgado em lugar do seu irmão ou julgar em lugar do seu irmão, cada um deve julgar por si mesmo e dar contas de si mesmo a Deus. Cada um está sujeito à Palavra de Deus, mas não a alguma interpretação humana dela. Não era a intenção deles formar uma igreja, mas apenas conscientizar os membros da sua particular igreja desses princípios, para que houvesse uma reconciliação entre elas.

A igrejas independentes 

Mas foram recebidos com hostilidade por suas igrejas, e resolveram então reunir-se como igreja obedecendo estritamente o que o Novo Testamento ensinava, e nada mais. A igreja se formou em 1811 sem denominação qualquer, com trinta membros, dos quais nomearam um presbítero e alguns diáconos. Descobriram que a igreja primitiva tinha pluralidade de presbíteros, extinguiram a distinção entre “clero” e “leigos”, passaram a ter a Ceia do Senhor todos os domingos e a batizar só os crentes, por imersão (o próprio Alexander Campbell, sua esposa, seus pais e sua irmã foram batizados em 1812), e a igreja foi abençoada, crescendo e evangelizando e assim formando outras assembléias. O mesmo ocorreu na Rússia, onde foram um exemplo do que ocorria por todo o mundo, até apelidados de “nazarenos” e eram muito perseguidos pela igreja Ortodoxa lá reinante.

Surgiu espontaneamente na Inglaterra em 1827 um movimento paralelo semelhante. Um dos pioneiros foi um dentista em Plymouth chamado Antony Groves, um evangelista dedicado, formando-se uma igreja de porte naquela localidade. Os membros se chamavam de “irmãos” entre si, e espalharam o Evangelho por outras localidades. Como não queriam adotar uma denominação, vieram a ser conhecidos como “irmãos de Plymouth”, tanto eles, como os membros de muitas outras igrejas independentes como aquela.

O Evangelho em sua simplicidade passou a ser pregado dentro de salões (geralmente chamados “Salões do Evangelho”) e ao ar livre, formando-se igrejas baseadas apenas e inteiramente no ensino bíblico, sem clericalismo ou rituais, mas obedecendo às ordenanças do batismo (por imersão) e Ceia do Senhor. As igrejas se multiplicaram, mantendo sua independência entre si, e enviaram missionários para todo o mundo para pregar o Evangelho de Cristo, sem tomarem para si qualquer denominação.

Os darbistas, também chamados de "Irmãos Exclusivistas" 

Na Irlanda um ministro anglicano, de grande erudição, chamado John Nelson Darby participou da formação de uma destas igrejas. Ele fez uma tradução da Bíblia a partir dos textos originais ainda hoje considerada excelente, e desenvolveu um grande ministério de evangelização e ensino.

Mas Darby não abandonou o batismo infantil, prática da igreja anglicana, e manteve um ponto de vista sobre o governo da igreja semelhante ao episcopal, ou mesmo o catolicismo, em que as igrejas locais devem se submeter a uma direção centralizadora (no caso, ele próprio). Teve outras teorias sobre a igreja primitiva que o separavam do entendimento comum da maioria das igrejas neo-testamentárias.

Eventualmente ele cortou a comunhão com as igrejas que não admitiam as suas idéias, e tornou-se o titular das igrejas que o seguiam, introduzindo nelas uma disciplina severa e proibindo a comunhão com qualquer outra igreja, denominacional ou independente.

Suas igrejas portanto ficaram sendo conhecidas como igrejas dos “irmãos exclusivos” ou darbistas. Vemos como Darby partiu em direção oposta à de Campbell: este reuniu membros de várias igrejas ao voltar-se para o ensino do Novo Testamento, enquanto Darby dividiu igrejas com seu ensino e tirania. Esse exclusivismo resultou também em mais divisões internas dessas igrejas que o acompanhavam, nas ilhas britânicas e nos EUA.

 


 

As  excêntricas


As seitas adventistas de sétimo dia 

Estas seitas tiveram início em meados do século 18 nos EUA com um pregador batista, William Miller, que se tornou obcecado com as profecias de Daniel e do Apocalipse e concluiu que Cristo voltaria entre março de 1843 e março de 1844, e vários pastores e acompanhantes reuniram-se a ele, tão convincentes pareciam os seus argumentos. Quando Cristo não veio, ele fixou outra data, 22 de outubro de 1844. Também nada aconteceu, e isso veio a ser conhecido como o “Grande Desapontamento” entre os adventistas.

Houve dispersão entre os que o seguiam, mas outros continuaram entre os quais Joseph Bates, James White, e sua esposa, Ellen Harmon White. Eram apelidados de “mileritas” naquele tempo. A Sra. White, mediante uma inspiração, explicou uma doutrina básica em que se firmam até hoje:
■Quando Cristo ascendeu ao céu ele teria passado a ministrar no santuário do templo celeste como os sacerdotes faziam no templo terrestre. Durante dezoito séculos Ele teria feito isso no primeiro apartamento desse santuário.
■O sangue de Cristo teria assegurado o perdão e aceitação pelo Pai dos crentes arrependidos, mas os seus pecados teriam permanecido nos registros. Seria necessário, continua ela, que houvesse um trabalho de expiação para remover o pecado do santuário.
■Isto teria acontecido após 2.300 dias, em 1844, quando Cristo teria entrado no Santo dos Santos celeste para completar a última divisão do Seu trabalho de purificação do santuário (o engano de Miller teria sido confundir isso com a volta de Cristo para a terra). Assim, os pecados dos que se arrependem seriam colocados em Cristo, que os deposita no santuário.
■Posteriormente, antes de serem transferidos para o Santo dos Santos, e serem apagados completamente, seria feita uma investigação nos registros para determinar quem tem direito à expiação, mediante o arrependimento e a fé em Cristo (veja Levítico 17:11; João 3:18; Romanos 3:24; 8:1; Hebreus 9:22; 1 Pedro 1:19).
■Depois disto Cristo viria para começar o seu reino de mil anos, o que estava iminente.
■A Sra. Miller disse que foi informada em outra visão que, se guardassem o sábado ao invés do domingo, a vinda de Cristo seria acelerada.

Os “mileritas” fundaram uma instituição com o nome de Adventistas do Sétimo Dia, em 1863, e criam que a Sra. White tinha o dom de profecia; ela viajou pela América, Europa, e Austrália, deu conferências e escreveu livros em abundância.

Inventaram muitas outras heresias, incluindo:
■Que Satanás carregará os pecados dos penitentes quando for banido da presença de Deus.
■Que o Senhor Jesus, ao nascer, herdou uma natureza humana pecaminosa.
■Que ao morrer fisicamente, a alma e o espírito das pessoas ficam inconscientes, pois não podem “funcionar” sem o corpo.
■Que tanto os pecadores impenitentes como Satanás e seus anjos rebeldes, demônios, etc., estão destinados apenas à aniquilação, que consiste em reduzir a nada, deixando de existir.

No entanto, houve divisões e surgiram outras instituições a partir do “Grande Desapontamento” como resultado direto ou indireto da profecia de William Miller. Entre elas estão os Adventistas Evangélicos (1845), União de Vida e Advento (1862), Igreja de Deus (1866), Conferência Geral da Igreja de Deus (1888), e a Igreja Cristã do Advento. Estes rejeitam os ensinos da Sra. White, bem como os ensinos sobre a observância do sábado e leis sobre dieta. Seu regime é congregacional e coordenam seu trabalho através da Conferência Geral Cristã do Advento da América. Em 1964 fez-se a união entre a Igreja Cristã do Advento e a União de Vida e Advento.

Os russelitas (que gostam de se chamar “testemunhas de Jeová”)

Os que se chamam “testemunhas de Jeová” se baseiam em teorias humanas iniciadas pelo seu fundador, o americano Charles Taze Russel, que publicou sete livros antes de sua morte em 1916. Logo após, houve uma divisão e o grupo maior seguiu a direção de J.F.Rutherford.

O nome atual desta seita foi primeiro assumido por ela em Columbus, Ohio, em 1931. Em 1981 a Sociedade Torre de Vigia, fundada em 1896 e que é o foco da organização, tinha filiais em mais de 100 países e desenvolvia sua propaganda em mais de 250. Sua literatura era distribuída em 110 línguas e se tornou em uma grande disseminadora de propaganda e um desafio ao zelo de todo cristão. Usando de uma interpretação distorcida de certos trechos bíblicos para acomodá-los às suas teorias, eles “proselitisam” mediante visitas de porta em porta, aproveitando-se da confusão que causam aos que estão menos firmes em sua fé.

Eles procuram não se identificar como promotores da seita enquanto não tiverem sua vítima “segura”. Um importante membro da seita que a deixou depois de perceber sua falsidade (W.J.Schnell - Thirty Years a Watchtower Slave) declara: “a liderança da Torre de Vigia percebeu que dentro da cristandade havia milhões de cristãos professos que não estavam firmemente alicerçados nas verdades entregues aos santos e que seriam com facilidade extraídos das igrejas e levados a uma organização da Torre de Vigia nova e revitalizada. A Sociedade calculou, corretamente, que esta falta de conhecimento adequado de Deus e a ampla aceitação de meias-verdades no cristianismo iriam ceder grandes massas de homens e mulheres, se o assunto todo fosse atacado de uma maneira sábia, o ataque mantido, e os resultados contidos, e depois usados novamente em um círculo sempre crescente”.

Embora eles não tenham chegado ao ponto de introduzir acréscimos à Bíblia, sua doutrina exige que se façam distorções do significado do texto bíblico, mais ou menos sutis. Para acomodá-la às suas teorias, eles produziram sua própria tradução da Bíblia (2 Coríntios 4:2; 2 Pedro 3:16). A correção desta tradução é negada veementemente por filólogos conhecedores dos textos originais em hebraico e grego.

Suas heresias são muitas, incluindo a negação da divindade de Cristo, a negação da pessoa do Espírito Santo, a afirmação da inexistência do inferno, a negação da punição eterna e a extinção do diabo.

Eles ensinam que o ser humano, como os animais e as plantas, desaparece ao morrer. Embora criados à semelhança de Deus, todos os seres humanos nascem como pecadores e são da terra (Gênesis 35:8; Eclesiastes 12:7; Mateus 10:28, 26:24, Lucas 9:60, 16:23, Efésios 2:1). Aqueles que seguem a Cristo fielmente até a morte herdarão um reino celeste com Ele, e as pessoas de boa vontade que aceitam Jeová e se submetem à sua autoridade autocrática vão gozar de uma nova terra. Estas duas categorias voltarão à consciência na ressurreição final, e o intervalo entre a morte e a ressurreição eles chamam de “sono da alma”.

Distorcendo as Escrituras, eles dizem que Jesus Cristo já voltou ao mundo em espírito, invisível e desconhecido por todos, salvo os fiéis, no ano 1914, quando Ele expeliu Satanás do céu, está agora desmantelando a organização de Satanás e estabelecendo Seu reino milenar teocrático com sede no Brooklyn, em Nova Iorque. Eles se chamam de “testemunhas de Jeová” porque pensam que são os 144.000 selados por Deus conforme o Apocalipse! (Mateus 24:30; 26:64; Lucas 21:27; Atos 1:11; Judas 14,15; Apocalipse 1:7).

Testemunho de um ex-"testemunha de Jeová"

O irmão David Heringer Furtado, que se reúne na igreja em Vila Camargo, em Curitiba (PR), nos envia o testemunho deste irmão, remetido à Congregação Oficinas da Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, que se converteu naquela igreja local e era um "Testemunha de Jeová". ...

"Por livre e espontânea vontade, demonstro através desta, o meu desejo de não mais pertencer a essa denominação religiosa. Muito tenho a agradecer por todo companheirismo e preocupação que me foram dispensados nestes últimos 23 anos. Espero que não haja mágoas por esta minha decisão.

Com relação aos motivos que me levaram a tomar esta atitude, gostaria de dizer o que a Bíblia nos diz em João 8:32 ... "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Foi esse o texto que fez mudar a minha maneira de pensar. A Palavra de Deus é bem clara quando fala que a salvação não acontece pelas obras, visto que são imerecidas. A salvação é uma graça de Deus e não pelo fato de se ter um relatório repleto de atividades, ou por não se perder as reuniões, que se garantirá a salvação. Isto não quer dizer que a pregação não é necessária, ao contrário, só que ninguém precisa saber quantas faço no mês.

Ouvia nas reuniões que os fariseus no passado estavam errados por acrescentar fardos à lei mosaica. Será que as TJ's não fazem o mesmo quando proíbem aniversários, Natal, Páscoa etc? Qual é realmente a base bíblica para isso?

Outra coisa, por que não podemos ler nada além das publicações da Torre de Vigia? Eu ensinava nos meus discursos que tínhamos de fazer pesquisas e que não podíamos aceitar o que os homens falavam. Bem, desde criança, é só isso que faço, aceito o que já vem mastigado, porque o "Estudo Perspicaz", a "Ajuda", o "Conhecimento", "A Sentinela", o "Despertai", foram feitos pelas mesmas pessoas? Eu pesquisava muito, mas só em publicações feitas pela Associação.

Outra pergunta à qual não encontrei resposta: "Por que só os TJ's são ungidos"? Será que não existe mais nenhuma pessoa boa no mundo inteiro que acredite em Deus? Estranho, né?

Estranho também o fato de que só quem lê a Bíblia através da "Sentinela" pode entendê-la e só quem utiliza a tradução do novo mundo está certo. Não é muito conveniente criar uma tradução da Bíblia que apóie as doutrinas da minha religião?

E o que dizer das 148 vezes que as TJ's mudaram as suas crenças? Acham que estou exagerando? Então pesquisem, porque nem eu sabia disso.

Eu, às vezes, não consigo acreditar que passei 23 anos da minha vida pensando que somente quem pertence a Associação Torre de Vigia será salvo, e o pior é que eu conhecia de cor o texto de João 14:16 ... "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim". Onde entra a Associação nesse contexto?

João 4:8 fala que "aquele que não ama, não conhece a Deus, pois Deus é amor". Hoje não consigo mais identificar onde está o amor na Associação. Fiquei cerca de cinco meses sem ir ao salão, não pedi o meu cartão, e nem um telefonema eu recebi. Minha mãe está do mesmo jeito e só agora ela recebeu uma visita, depois de vários anos.

Enfim, deixando as reclamações de lado, espero do fundo do meu coração, e oro a Deus, para que vocês todos possam experimentar um dia da liberdade e da paz de espírito em que me encontro hoje, e que possam encontrar a salvação através de Cristo Jesus. Leiam a Bíblia e deixem que, não os homens, mas o Espírito de Deus os guie à verdadeira paz e segurança, que aqueles que alcançaram a verdadeira salvação podem obter. "

Vanderlei Augusto Gonçalves Gonzaga, Curitiba (PR), 20/02/2006.

As carismáticas 

O movimento carismático teve início no século 20 nos EUA, e surgiu das chamadas igrejas “de santidade” batistas e metodistas do fim do século 19. Estas se baseavam na crença de que havia uma segunda obra “da graça” que santificava o crente e lhe tirava o desejo de pecar.

O passo seguinte foi argumentar que todo crente deve procurar, depois da sua conversão, uma nova experiência que chamam de “batismo do Espírito Santo” após o qual ele será dotado com dons sobrenaturais como os do início da igreja, no dia de Pentecostes.

Tiveram pouco sucesso no início, quando a evidência do batismo que apresentavam se limitava à “glossolalia”, que é falar de forma não inteligível o que dizem ser as “línguas estranhas” mencionadas na Bíblia, mas as igrejas começaram a se encher quando a notícia correu que também faziam milagres - “curas divinas” - e havia profetas também.

Os pentecostais mais “tradicionais” têm a seu favor o fato de pregarem a necessidade de conversão, exigem a observação de um bom padrão de comportamento e aceitam a autoridade da Bíblia. Desde o início não têm tido uma organização dentro de uma só instituição, mas várias foram fundadas e se multiplicaram na medida em que havia separações e novas eram fundadas.

O movimento carismático atraiu muitos incrédulos, e também um segmento mais pobre das igrejas “protestantes” tradicionais onde predominava uma classe média-alta, fria e sem muita vida. As igrejas pentecostais contrastavam com elas por causa da sua vivacidade, bandas de música, acontecimentos ditos sobrenaturais, prometiam satisfazer os seus desejos espirituais e suas necessidades emocionais, psicológicas e físicas. Também tiveram simpatizantes católicos, fazendo com que as suas instituições formassem a sua própria ala carismática para retê-los.

Nos Estados Unidos seu sucesso foi grande, havendo ainda hoje pregadores de destaque que aparecem constantemente em espetáculos de televisão disseminando as suas doutrinas, insistindo que a propiciação feita por Cristo inclui as doenças físicas e dando notícias de “curas divinas” sensacionais.

No Brasil o sucesso não tem sido menor, tendo mais recentemente propagado junto com a cura divina o exorcismo de demônios. Grandes instituições surgiram, como a IURD, que têm arrecadado fortunas por ainda acrescentar a doutrina chamada “evangelho da prosperidade”, segundo a qual Deus sendo tão poderoso e rico não deseja que seus filhos sejam pobres, mas que participem da riqueza do mundo e quanto mais contribuírem para a instituição maior será a recompensa que se receberá aqui no mundo.

Sem dúvida os malandros e espertalhões viram uma grande oportunidade para ludibriar as multidões e encher seus próprios bolsos à custa da sua crendice, e assim as seitas carismáticas se multiplicam dia-a-dia.

Os carismáticos têm contaminado com as suas doutrinas várias igrejas de outras seitas, causando muito conflito e divisões entre elas. Algumas igrejas independentes neo-testamentárias têm também sofrido com a influência deles sobre os seus membros.

 

 


As periféricas 

Vimos como pouco depois do seu início, as igrejas de Deus foram prejudicadas com a doutrina dos nicolaítas, o clericalismo, que desenvolveu um ritualismo destruidor da livre compreensão e obediência às Escrituras. Com a Reforma Protestante as igrejas em grande parte se livraram do ritualismo, mas o clericalismo ficou nas maiores instituições.

Enquanto anteriormente as Escrituras haviam sido escondidas, elas agora estavam disponíveis, traduzidas no idioma do povo, a baixo preço para o alcance de todos. O inimigo, portanto, esforçou-se para desacreditá-las.

 Racionalismo moderno

No século 19 surgiu o racionalismo. O racionalismo põe de lado a revelação divina das Escrituras, assume que a mente humana, a Razão, é suficiente para que o homem encontre a verdade e consiga maior bem. O avanço científico sem precedentes deu uma melhor compreensão do trabalho de Deus na criação, mas também fez com que alguns desejassem explicar a criação sem levar em conta a presença de Deus.om isso foi necessário provar que o relato sobre a criação dado no livro de Gênesis não veio de inspiração divina, mas da ignorância de homens que, por terem vivido muito antes dos nossos tempos, saberiam muito menos do que nós. À medida que se faziam novas descobertas, novas teorias surgiam sobre como teria sido a criação, culminando com a publicação “A Origem das Espécies” de Charles Darwin em 1859.

Os que vieram a crer na teoria de evolução (que tem sido mudada incontáveis vezes depois de Darwin) abandonaram a fé na Bíblia como livro inspirado palavra-por-palavra por Deus no original. A Bíblia começa pela criação do mundo em seis dias, do homem e do seu pecado original. Se isso não for um fato real, deixa de haver necessidade da sua redenção. Para esses, portanto, o Evangelho não tem sentido, nem o novo nascimento.

Uma ala dos racionalistas entende que não há revelação inspirada, não há um Criador, nem um Filho de Deus que se fez homem por amor de pecadores para que, pela Sua morte e ressurreição, pudesse abrir o caminho de volta a Deus.

Concomitantemente, foi feito outro ataque à Bíblia mediante a crítica do seu texto. Não se pode negar que é de interesse para todos nós o estudo dos novos textos antigos que vieram à tona durante o século 19, a descoberta das circunstâncias históricas e geográficas em que os vários livros da Bíblia foram escritos, bem como o exame do seu conteúdo literário, com isto aprendendo mais sobre a sua origem.

Mas os racionalistas têm feito um exame frio das Escrituras, considerando apenas os seus autores humanos, sem levar em conta o seu Autor divino, e disto surgiram várias teorias estranhas, por exemplo: a existência de autores diferentes de porções bíblicas em cada livro, o obscurecimento da personalidade de Moisés, a rejeição de milagres alegando que surgiram de mau entendimento, a negação da existência de Abraão e outros vultos do Velho Testamento alegando que eram personalidades mitológicas, etc.

Essas teorias levaram muitos a duvidar do texto bíblico, e a adaptar a sua doutrina, reduzindo Jesus Cristo a um bom homem que foi mal entendido, mas um exemplo para ser seguido. Prometem que seus ensinos nos tornarão em melhores pessoas, elevarão a moral e poderão trazer paz universal, prosperidade e espírito de irmandade. A esperança da volta do Senhor para governar o mundo não é deles, pois não crêem na Pessoa que veio.

Em retrospecto, vemos agora que:
■O ritualismo acrescentou tradição ao conteúdo bíblico, deu à tradição mais importância e depois escondeu a Bíblia para que ficasse apenas a tradição
■O racionalismo procurou invalidar a Bíblia:
■aceitando a teoria da evolução das espécies, portanto negando o pecado original por Adão e pondo em dúvida até mesmo a existência de Deus
■negando a inspiração divina do texto das Escrituras, pondo em dúvida os escritores e relegando a fábulas grande parte do seu conteúdo. Efetivamente tirou porções da Bíblia, minando e destruindo a sua credibilidade.

Tanto o ritualismo como o racionalismo permeiam os seminários e as mentes dos teólogos e ministros das maiores instituições humanas que ainda se chamam cristãs, e impedem os pecadores de encontrarem o Salvador.

A alta crítica trouxe divisões dentro das igrejas anglicanas, presbiterianas, metodistas e outras. As igrejas que permaneceram crentes na inspiração bíblica e obedientes ao seu texto passaram a ser conhecidas como “evangélicas” no século passado, embora continuando com a mesma denominação original.

Os mórmons

Esta não é uma seita cristã, embora adotem o nome de “Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”.

Começou no século 19, nos EUA, com um homem chamado Joseph Smith, analfabeto e de má reputação. Ele não só era um mentiroso destituído de consciência, mas também usava de um linguajar sórdido e se comportava com uma indecência indescritível. Fugindo dos agentes da lei que o procuravam por causa das suas fraudes, ele se instalou fora do alcance deles no estado de Illinois, e ali tomou para si diversas “esposas”. Sendo já fundador e líder da sua “igreja”, ele justificou sua atuação mediante uma “revelação” conveniente, nauseante em seu conteúdo.

Joseph Smith fundou a “igreja” de Mórmon, declarando-se vidente, tradutor, profeta, apóstolo de Jesus Cristo, e ancião da Igreja. Seu fim foi trágico: uma vez, com seu cúmplice chamado Rigdon (um charlatão que começou como pastor batista) teve que fugir da polícia por ter obtido dinheiro fraudulentamente emitindo ações de um banco inexistente. Após mais logros o principal dos seus acompanhantes ameaçou denunciá-lo, o que deu início a uma briga resultando em seu aprisionamento. A multidão, enfurecida, invadiu a prisão e o matou. Infelizmente isso deu aos seus acompanhantes a oportunidade de declarar que ele fora martirizado!

Quando Joseph Smith morreu, Brigham Young, que se denominava “o maior dos doze apóstolos” excomungou seu comparsa Rigdon, e fugiu com os membros da “igreja” em 1847 para o estado de Utah (naquele tempo pertencente ao México) para escapar das leis dos Estados Unidos, contrárias à poligamia e outras práticas. Eles se estabeleceram em Salt Lake City, e Brigham Young morreu em 1877 deixando uma fortuna imensa, 17 esposas e 56 filhos e filhas. Quando Utah passou a pertencer aos Estados Unidos, eles tiveram que se submeter às suas leis, mas a poligamia ainda faz parte de suas doutrinas, e muitos a praticam às escondidas nos países onde as leis não a permitem.

Os mórmons baseiam toda a sua doutrina no que chamam de Livro Sagrado de Mórmon, e no seu Livro das Doutrinas e Alianças.
■O Livro de Mórmon foi ditado, segundo dizem, por detrás de uma cortina, por Joseph Smith primeiramente a Martin Harris e depois a Oliver Cowdery, todos norte-americanos. Joseph Smith alegou que um anjo mostrou-lhe onde estavam enterradas umas tabuinhas de ouro escritas em língua desconhecida, e lhe deu dois cristais chamados Urim e Tumim, mediante os quais ele podia ler em inglês o conteúdo das tabuinhas, e isto foi o que ele ditou. Terminado o ditado, disse ele, as tabuinhas e os cristais foram levados pelo anjo, e assim ninguém mais os viu senão ele.
■O Livro das Doutrinas e Alianças contém, entre outras coisas, uma nova “revelação” que Joseph Smith disse ter recebido, justificando sua poligamia.
■As mais repugnantes “interpretações” são dadas aos fatos e doutrinas bíblicas. Por exemplo, ensinam que Deus é um homem exaltado, sempre melhorando, mas nunca perfeito, feito de carne e ossos como nós; Joseph Smith insistia que Deus o Pai viveu no mundo, assim como Jesus Cristo, e seu sucessor Brigham Young, ainda mais venerado que ele pela “igreja”, esclarece que Adão é Deus, o supremo Deus. E muito, muito mais desse gênero.

Eles dizem que todas as igrejas cristãs são anátema (invertendo o que a Palavra de Deus chama a doutrina deles) e se consideram a única igreja de Deus, à qual todas as nações devem se submeter. Segundo eles, todas as igrejas ensinam doutrina falsa e estão debaixo da maldição de Deus.

No mormonismo existem dois elementos que obrigam seus seguidores a não deixá-lo:
■Misticismo: cada Mórmon veste o que chamam de vestidura dotal, contendo algarismos e símbolos de coisas muito importantes para ele. Ele recebe esta vestidura depois de participar de cerimônias secretas em seu templo, e os mórmons não ousam divulgar os segredos que lhes são ensinados ali.
■Batismo pelos mortos: uma das suas muitas doutrinas falsas. Consiste no ensino que ninguém pode ser salvo se não for batizado por eles, e que as almas dos mortos podem ser “libertadas” mediante o batismo de uma pessoa viva em seu lugar! Muitas de suas doutrinas, inclusive esta, só é ensinada à medida que o novato vai progredindo em seu discipulado, durante o qual seus mentores o submetem a juramentos e obrigações religiosas e materiais das quais ele dificilmente poderá escapar. É uma autocracia religiosa por parte dos seus sacerdotes que comandam tanto a vida religiosa, como a vida secular, dos que a ela pertencem.

Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais vos diziam que nos últimos tempos haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias concupiscências. Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito. Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.” (Judas 17 a 21).

 


Conclusão 


As igrejas de Deus conforme o Novo Testamento 

O histórico das seitas nos mostra o cumprimento de várias profecias, a partir da parábola do grão de mostarda e da parábola do fermento.

A pureza do reino dos céus, representado pela igreja de Cristo visível no mundo, foi contaminada pelo pecado interno e invadida pelas doutrinas diabólicas de tal forma que, se o pecador descrente desejar encontrar a verdade e for procurá-la numa igreja que se chama cristã, ele se verá frustrado pelas denominações existentes e pela grande variedade de doutrinas e práticas que ali vai encontrar.

Como num supermercado, ele vê igrejas para todo o gosto. Mas poucas vão satisfazer a quem realmente procura saciar a sua sede espiritual, pois poucas apresentam a fonte da água viva, a luz do mundo, o caminho, a verdade e a vida que são exclusivamente o Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus. Nenhuma igreja, por maior, melhor, mais espetacular que seja, pode tomar o Seu lugar.

Apenas os Seus discípulos compõem a Sua igreja, que é o seu corpo espiritual aqui na terra. Eles são os que O recebem como seu Senhor e Salvador pessoal e obedecem aos Seus mandamentos, e à doutrina dos Seus apóstolos, como encontramos na Bíblia. As suas congregações, separadas geograficamente, são as igrejas locais que se reúnem em Seu nome.

Essas igrejas locais não são seitas, pois não são um partido religioso, nem são resultado de uma divisão, ou da perversão de um ensino. Elas não seguem o ensino de um homem, mas aprendem e praticam apenas aquilo que nos é revelado por Deus mesmo através da Sua Palavra inspirada, a Bíblia, sem acréscimos ou distorções. Como concluiu Campbell, a comunhão se consegue em “falar quando as Escrituras falam, e silenciar quando as Escrituras silenciam”. Há um poder unificante na verdade, explícita nas Escrituras.

Os discípulos, membros da igreja, não se dividem em classes: são todos iguais, com diferentes qualidades e dons espirituais que usam para benefício do grupo. Não existe um homem ou grupo dominante. A igreja é um organismo em que cada membro tem uma tarefa a cumprir, reconhecida pelos outros. Os que são reconhecidos como idôneos para estar na sua direção servem aos demais nessa posição, contribuindo para o ensino com a sua experiência e exemplo e pastoreando o rebanho pelo qual se tornam responsáveis.

Em matérias onde as Escrituras não são claras, podem existir opiniões diferentes, ou mesmo divergentes. Isto não é motivo para haver divisão ou facções. É motivo para oração a fim de que haja esclarecimento pela ação do Espírito Santo, e também oportunidade para mostrar longanimidade, que é fruto do Espírito.

Igrejas assim têm existido desde as primeiras reunidas pelos apóstolos. Através da história, elas têm surgido pelo mundo como resultado do desejo de obedecer ao Senhor Jesus Cristo e os seus apóstolos apenas, rejeitando as doutrinas e costumes que são estranhas às dos apóstolos, formando-se grupos, alguns muito pequenos, cada um consistindo em uma igreja de Deus.

Lições

O breve relato sobre o aparecimento das seitas, que expusemos, nos dá as seguintes lições a fim de não nos desviarmos pelo mesmo caminho que elas seguiram:

1) Obedecer fielmente ao que a Bíblia ensina, e nada mais. Os judaizantes e os gnósticos foram uma grande ameaça às primeiras igrejas. Temos outras grandes ameaças vindas de fora, ou mesmo de dentro: as tradições, o racionalismo, o pentecostalismo, etc. É o fermento dos fariseus e dos saduceus, contra o qual nos preveniu nosso Mestre, e dá origem a seitas.

2) Não admitir a doutrina dos nicolaítas, odiada pelo Senhor Jesus. A nenhum membro da igreja deve ser permitido destacar-se dos demais a ponto de deitar normas e tomar controle sobre a congregação, o que faz dela uma seita. Lembremos de Diótrefes, um dos pioneiros dessa doutrina, que até recusou receber o apóstolo João (3 João 1:9). Foi assim que surgiu o clericalismo, que extinguiu a liberdade da direção do Espírito Santo na igreja.

3) Não tomar uma denominação para se distinguir das demais igrejas: isto faz dela uma seita. Na igreja de Corinto Paulo combateu severamente os partidos e as denominações que a eles estavam sendo dadas, esclarecendo que eram da carne. Todo crente em Cristo e as igrejas de Deus devem ter comunhão com outros crentes salvos pela sua fé em Cristo. Quem não o fizer estará desobedecendo ao Senhor Jesus que nos mandou amar uns aos outros. A rejeição de comunhão não é compatível com o amor. Uma observação: muitas congregações de santos através da história foram apelidados pelos de fora, e pelos seus inimigos, de nomes que eles próprios rejeitavam, pois queriam ser apenas reconhecidos como cristãos. Os nomes ficaram, pois a história foi quase sempre escrita pelos seus inimigos.

4) Não se reunir com outras igrejas debaixo de uma só administração central, o que seria abandonar o exemplo dado pelas primeiras igrejas apostólicas. De um ponto de vista humano parece dar mais força ao conjunto, mas faz com que cada igreja participante se enfraqueça mais: é confiar na carne e não no Espírito. As igrejas que isto fazem perdem a liberdade que tinham quando dependiam inteiramente da providência de Deus, e se tornam sujeitas à liderança de um poder humano central, com as suas fraquezas. A federação as separa das igrejas que não são participantes, formando-se uma seita, como era a dos catolicistas. Eventualmente forma-se uma instituição religiosa, com os vícios que acompanham tais organizações.

5) Não fazer alianças políticas, ou com associações e agremiações humanas. Como corpo espiritual de Cristo, a igreja não pode se aliar a qualquer órgão “secular”. Fatalmente lhe virão obrigações e ela não pode servir a dois senhores. A igreja que assume tais obrigações torna-se em uma seita. Foi uma das causas fundamentais da ruína da seita católica romana. Tornou-se poderosa no mundo, mas perdeu toda a sua santidade, tendo até que acomodar o paganismo e a idolatria para satisfazer o poder político.

6) Cuidar da saúde espiritual dos membros, para que um não “adoeça” contraindo um pecado que não quer abandonar e contamine os demais com ele. É o fermento de Herodes, contra o qual nos precaveu o Mestre e é também o ensino de Hebreus 12:15: a raiz de amargura é uma citação de Deuteronômio 29:18 e indica o desejo de pecar, que resulta no pecado. Quando alguém resolve fazer o que sabe ser errado, isso se torna como uma raiz que brota sem controle e produz resultados inesperados, tendo repercussões em toda a igreja. É preciso “cortar o mal pela raiz” antes que isso aconteça e a igreja se transforme em uma seita.

7) Finalmente, “seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor” (Efésios 4:15,16). Uma igreja que, seguindo a verdade cresce em Cristo, sempre unida pelo amor do tipo daquele que Cristo mostrou por nós, tornar-se-á vigorosa e chegará à maturidade para o bem de seus membros, e para a salvação dos incrédulos mediante o seu testemunho.

“As armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas. Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo” (2 Coríntios 10:4-5 - NVI).

 

 

 

 

 

 

autor: R David Jones.