“Do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça… Pois os Seus atributos invisíveis, o Seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.”
Romanos 1:18-22
No primeiro capítulo de sua carta aos Romanos, Paulo relata a ira de Deus contra a impiedade e a injustiça dos homens que, com a injustiça, bloqueiam a verdade.
A “ira” é a tradução de uma palavra grega que significa inchar-se de indignação, e é reação de Deus ao pecado, não uma emoção humana de ódio ou rancor, mas a justa e vigorosa condenação pela razão daquilo que é ilícito. “Impiedade” é a falta de amor ou reverência a Deus e o desprezo pela Sua palavra, e a “injustiça” é a falta de equidade em decisões e julgamentos. A injustiça é consequência natural da impiedade, pois o fundamento da equidade, a boa ética, nos vem da própria natureza de Deus e da nossa atitude para com Ele.
O salmista Davi exclamou “Diz o néscio no seu coração: Não há Deus. Os homens têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras; não há quem faça o bem” (Salmo 14:1). Em nossos dias, feitas grandes descobertas com a ajuda de engenhosos instrumentos que permitem ver desde coisas quase que infinitamente pequenas até as coisas imensas que se encontram no espaço, dando ainda maiores provas indiscutíveis da criação inteligente do mundo, ainda a grande maioria da humanidade, cega pela sua impiedade e insensatez, resiste e procura impedir o ensino da verdade. Prevalecem os néscios!
Em substituição à verdade, fazem especulações: mitos fantasiosos, falsos sacerdócios, rituais insensatos, superstições assustadoras, falsas filosofias e sociedades secretas vindas do gnosticismo e do seu oposto, o agnosticismo, ou mesmo um ateísmo absoluto que não deixa de ser uma forma de fé muito semelhante à religiosidade à qual se diz opor. O ateísmo recebeu uma injeção poderosa dois séculos atrás com as teorias evolucionistas elaboradas por Charles Darwin, agora abraçadas por grande parte do mundo científico, sem que tenham sido encontradas até hoje as mínimas provas conclusivas. É uma religião sem Deus, falsa, nociva e preponderante, pois é ensinada aos escolares desde tenra idade e usam-se quase universalmente medidas de tempo a partir dessas teorias para afirmar a veracidade de uma falsa “ciência”.
Muita gente não percebe que o ensino da evolução propaga uma religião antibíblica. Um filósofo de ciências evolucionista canadense, Dr. Michael Ruse, admitiu que “a teoria da evolução, assim como a religião, envolve assumir antecipadamente certos princípios, que não podem ser provados empiricamente”, e afirmou, em outras palavras, que basicamente a evolução como teoria científica se subordina a uma espécie de humanismo, pois necessita excluir o sobrenatural, seja qual for a evidência. Como a religião, a teoria da evolução requer fé em certos princípios que não podem ser provados pela experiência, mas, como o humanismo, rejeita tudo o que é sobrenatural. A teoria da evolução tem os seus próprios dogmas, mas é uma religião sem Deus, não admitindo a verdade bíblica por ser sobrenatural.
Entende-se como “humanismo”, de uma maneira geral, qualquer sistema ou modo de pensar ou agir em que os interesses, valores ou dignidade humanos predominam. Ninguém que crê em Deus como a Fonte e o Criador do universo pode ser um humanista, pois o humanismo sustenta que foram os seres humanos, usando a sua imaginação, que criaram os deuses. Isso é certo com relação aos ídolos e deuses que foram inventados, mas é falso com relação ao verdadeiro Deus que conhecemos e sabemos ser o Criador dos céus e da terra (Gênesis 1:1 etc.).
Do humanismo deriva outra religião sem Deus, paralela à evolução, composta de um conjunto de crenças através do qual se contempla, como se fosse um par de óculos, toda a realidade. Conhecida como o Humanismo Secular, ela se declara ser “um ponto de vista filosófico, religioso e moral” (Manifestos Humanistas I e II) e que as afirmações (nos Manifestos) não são “uma declaração de fé, ou dogma, definitiva, mas a expressão de uma fé viva e crescente”.
Junto com os evolucionistas, os humanistas seculares creem que somente existe o mundo material, não havendo Deus ou uma dimensão espiritual, e a vida após a morte. Segue-se que, não existindo o sobrenatural, toda a vida, inclusive a vida humana, tem que ser o resultado de um fenômeno todo natural. Logo, abraçam as teorias evolucionistas porque fornecem, a seu ver, uma explicação desse fenômeno.
O ateísmo dessas duas religiões conduz ao relativismo ético, a crença que não existe nenhum código moral absoluto. Segundo essa crença, o homem deve ajustar seus padrões éticos a cada situação conforme seu próprio julgamento, sendo a moralidade uma criação humana. Sem Deus, não existem padrões divinos universais para serem obedecidos.
Em seu tempo, o apóstolo Paulo teve que enfrentar inicialmente as falsas religiões dos gregos e romanos, e mais tarde os gnósticos, que procuravam introduzir nas igrejas uma “ciência superior” firmada numa filosofia em que os gregos e romanos haviam se refugiado com o descrédito e abandono de suas próprias religiões, que incluía não somente filosofias gregas, mas também da Pérsia e da Índia.
Não satisfeitos com a simplicidade do Evangelho, alguns membros das igrejas daquele tempo foram tentados a “progredir” para uma “esfera mais alta”, inserindo no Evangelho as especulações dos gnósticos. Temos vestígios da vigorosa oposição de Paulo em várias das suas epístolas, especialmente aos colossenses e nas cartas pastorais. Também há referências nas epístolas de Pedro, Judas e João.
Hoje as duas principais “religiões sem Deus” ameaçam as igrejas que não se mantêm muito firmes em sua fé, especialmente no que diz respeito á veracidade absoluta da Palavra de Deus. São tentadas, como foram as do tempo daqueles apóstolos, a modificar o ensino bíblico para incorporar também os preceitos dessa moderna “ciência superior”. É ensinada nas escolas como sendo a realidade, e as novas gerações são impregnadas com as suas incoerências como se fossem fatos reais.
O apóstolo Paulo declarou que estava pronto a anunciar o Evangelho aos que se encontravam em Roma, que não se envergonhava do Evangelho, sendo ele o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, e no Evangelho está revelada, de fé em fé, a justiça de Deus. Estejamos também, como ele, prontos a anunciar o Evangelho que revela a justiça do maravilhoso Deus criador “de fé em fé”, pois tem o fundamento do Senhor Jesus Cristo e sobre ele a Palavra que nos veio pelos santos apóstolos e profetas.
Os pais devem velar pelas almas dos seus filhos, apontando as incoerências das teorias da falsa ciência e a comprovada veracidade da Bíblia. Sem dúvida vão sofrer por lutar contra a corrente prevalecente, mas estarão no caminho apertado que conduz à vida (Mateus 7:14).
A ruína moral e espiritual do mundo sem Deus é descrita na segunda parte do capítulo 1 de Romanos, do versículo 22 ao fim. Ela se via no tempo do apóstolo Paulo, e estamos vendo tudo aquilo novamente em nossos dias, a começar pela América do Norte e Europa. O abandono dos valores morais, o crescimento da criminalidade impune ou sujeita a penas leves e de curta duração, o egoísmo geral, a promiscuidade sexual e a legitimação do homossexualismo, são fatos incontestáveis que resultam principalmente das “religiões sem Deus” que agora prevalecem.
“O homem néscio não sabe, nem o insensato entende isto: quando os ímpios brotam como a erva, e florescem todos os que praticam a iniquidade, é para serem destruídos para sempre” (Salmo 92:6,7).