O livro de Jó é um dos mais antigos na Bíblia, e a experiência desse homem de Deus, bem como os muitos ensinamentos que o livro contém, todos muito válidos através dos milênios em que tem sido lido, são de um valor extraordinário. Por exemplo, a frase "Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19:25), tem profunda significância espiritual e foram ditas por quem viveu nos tempos de Abraão, muito antes de Moisés e da lei.
Tiago, que se denomina como "servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo" escreve em sua epístola: "Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso" (Tiago 5:11).
Logo no início aprendemos que Satanás não só perambula pela terra, mas:
- tem acesso à presença do Senhor no céu, onde ele acusa os servos de Deus: o seu nome significa "adversário", "acusador";
- o Senhor conhece profundamente cada pessoa na terra;
- o Senhor permite que Satanás ponha à prova o caráter e a fidelidade dos Seus servos;
- Satanás, de sua parte, nenhum mal pode fazer contra eles, sem a permissão do Senhor, porque o Senhor coloca "uma cerca" em volta deles e de tudo quanto eles possuem (capítulo 1:10) - quanto conforto isso nos dá!
Depois de perder todos os seus filhos e todos os seus bens, a mulher de Jó lhe disse: "Você ainda mantém a sua integridade? Amaldiçoe a Deus, e morra!", mas ele respondeu: "Você fala como uma insensata. Aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal?" (Jó 2:9-10). A fé e a fidelidade de Jó eram inabaláveis e, depois de muito sofrimento físico e das tentações propostas pelos seus "amigos", Jó saiu vitorioso, pois continuou fiel a Deus através de tudo, e recebeu uma grande recompensa do Senhor, ainda aqui na terra.
Todo o livro de Jó focaliza a experiência deste homem justo. Sua mulher é somente mencionada quando teve esse diálogo com ele. Seus filhos aparecem no início, no capítulo 1 onde aprendemos que eram em número de dez (sete filhos e três filhas), e que tinham vida muito folgada gozando as riquezas do seu pai, pois “iam seus filhos à casa uns dos outros e faziam banquetes cada um por sua vez; e mandavam convidar as suas três irmãs para comerem e beberem com eles” (Jó 1:4).
Nada sabemos da sua justiça ou temor a Deus, mas tinham um sacerdote na pessoa do seu próprio pai, “que, tendo decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó e os santificava; e, levantando-se de madrugada, oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; pois dizia Jó: Talvez meus filhos tenham pecado, e blasfemado de Deus no seu coração. Assim o fazia Jó continuamente”.
Um dia todos “... estavam comendo e bebendo vinho em casa do irmão mais velho; e eis que sobrevindo um grande vento de além do deserto, deu nos quatro cantos da casa, e ela caiu sobre os jovens, de sorte que morreram...” (Jó 1:19). Esta foi uma de várias calamidades que vieram sobre Jó, movidas por Satanás com a permissão do Senhor, para provar a sua fidelidade a Deus.
Mas esta calamidade foi desastrosa para sua mulher, e os seus filhos também. Sua mulher sofreu até que a prova foi terminada, e os seus filhos perderam a vida, embora a vida de Jó tenha sido poupada conforme a ordem do Senhor. Terminada a prova, Jó foi recompensado com um acervo muito maior de animais, outros sete filhos e três filhas muito formosas e viveu mais cento e quarenta anos, vendo seus descendentes até a quarta geração.
Sem dúvida Deus tinha um plano para a vida dos filhos de Jó, e era de que fosse curta. Nenhum de nós sabe se terá vida curta ou longa - Deus sabe! Se fomos salvos pela graça de Deus mediante a fé em Cristo, a nossa vida aqui na terra será para o Seu serviço. A nossa morte é boa coisa, pois iremos para o lugar preparado para nós no céu. Os jovens filhos de Jó foram para o seu lugar no Sheol, e esperamos que tenham ido ao paraíso, o que seria o caso se acompanharam o seu pai em sua fidelidade. Boa coisa para eles também!
As informações dadas na Bíblia sobre os filhos de Jó são poucas, mas suficientes para nos lembrar de que:
- Como filhos, não devemos pensar que a fidelidade de nossos pais a Deus nos assegura uma vida longa e feliz, por mais que eles cuidem material e espiritualmente de nós.
- Como pais, nossos filhos são bênçãos de Deus e devem ser dirigidos nos caminhos e na sabedoria do Senhor desde a sua infância porque, embora sejam beneficiados por nos terem como pais, só terão vida espiritual por decisão própria, tomada em função do que sabem. Oremos, sim, mas também façamos a nossa parte em sua educação.
- Todos somos parte de um grande plano de Deus para o mundo, e não sabemos quantos anos estamos destinados a viver aqui, segundo a Sua determinação. Aproveitemos o tempo sabiamente para servir ao nosso Deus, de forma a sermos aprovados como bons obreiros pelo nosso Salvador quando formos levados à Sua presença.
Nosso Deus é o supremo Soberano e nos cumpre fazer a Sua vontade neste mundo.