O Tempo do Reino (3)

A purificação

Apocalipse 4:1 a 20:15

Completados os mil anos do reino de Cristo nesta terra, ou “Milênio”, haverá uma purificação da Sua criação (20:7 a 15):

  • O diabo, Satanás, que estivera preso durante todos esses anos, será novamente libertado para “seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a peleja”. Serão muitas, “como a areia do mar”, e seus guerreiros sitiarão “o acampamento dos santos e a cidade querida” (Jerusalém). Mas descerá o “fogo dos céus e os destruirá”. O diabo será lançado para dentro do lago de fogo e enxofre onde já estarão a besta (o Anticristo) e o falso profeta, para serem atormentados constante e perpetuamente (versículos 7-10).

  • Todos os mortos através da história serão julgados individualmente diante de “um grande trono branco” assentado por Alguém “de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles”. O julgamento terá por base as suas obras, segundo foram registradas  nos livros que ali serão abertos, e o Livro da Vida. Aquele cujo nome não estiver registrado neste último será lançado para dentro do lago de fogo (versículos 11 a 14). Esclarece William MacDonald:
    • O trono é grande por causa das questões envolvidas e é branco por causa da perfeição e da pureza das decisões tomadas. O Senhor Jesus estará sentado como juiz (João 5:22 e 27). A expressão “de cuja presença a terra e o céu fugiram” indica que este julgamento se realiza na eternidade, após a destruição da presente criação (2 Pedro 3:10).
  • A morte e o inferno serão lançados para dentro do lago de fogo, identificado como a segunda morte: isto é um complemento do item 2 anterior, confirmando que o “corpo, alma e espírito” dos mortos não registrados no Livro da Vida terminarão no lago de fogo (versículo 15).

O Reino do Senhor Jesus Cristo continuará por toda a eternidade.  

Novos céus e nova terra

Apocalipse capítulos 21 e 22

Estas últimas revelações não foram dadas aos profetas do Velho Testamento, embora tivessem previsto que o trono de Davi seria eterno (Isaías 9:7, etc.). O Seu descendente, o Senhor Jesus, tornará essa previsão em realidade conforme o relato de João nestes dois capítulos finais da Bíblia.

Depois do julgamento do Grande Trono Branco, e o fim do presente universo, João viu novo céu e nova terra: uma criação inteiramente nova onde não existe mar (não é o mesmo céu e terra da visão em Isaías 65:17-25, que trata de certas condições no milênio, quando ainda haverá morte).

Uma imensa cidade, a “nova Jerusalém’, descia do céu, ataviada como noiva adornada para o seu esposo (ela já fora mencionada por Paulo em Gálatas 4:26, e era a cidade que Abraão aguardava conforme Hebreus 11:10). É relacionada com Israel, pois cada uma das doze pérolas que são as portas tem o nome de uma das suas doze tribos, e com a igreja de Cristo, pois cada um dos seus doze alicerces, ornamentados com pedras preciosas reluzentes, tem o nome de um apóstolo.

Essa imensa e magnífica cidade chamada Nova Jerusalém será a habitação do Senhor, Deus Todo-Poderoso, com o Cordeiro (Jesus Cristo). A cidade não necessitará de luz natural do sol ou da lua, porque a glória de Deus e a lâmpada do Cordeiro fornecerão sua luz, e nela não haverá noite. Sendo a cidade feita de ouro puro, semelhante a vidro puro, é de se deduzir que as moradas dos seus habitantes, os redimidos, bem como as vias públicas serão deste metal precioso, portanto primando pela sua grande beleza, pureza e brilho.

Quanto às demais regiões da terra, entendemos que continuará a haver nelas dia e noite, onde a luz da cidade não alcançar. Não se infere pelo versículo 27 que haverá pecado na Nova Terra que poderia ameaçar a Cidade, mas demonstra que a Cidade nunca será contaminada por qualquer espécie de mal.

Haverá nações fora dos muros dessa maravilhosa Cidade, espalhadas pela superfície da Nova Terra, cujos reis trarão sua honra e glória para ela, mas nada que pode corromper ou profanar sua santidade poderá entrar por aquelas portas de pérola, pois não haverá pecado naquela Nova Terra.

Surge então a pergunta: quem serão os habitantes dessa Nova Terra?

Está claro pelas Escrituras que Deus não tem planos de criar uma nova raça humana para a Nova Terra. Sua promessa com respeito a Israel é que os descendentes de Abraão irão herdar esta terra por "um milhar de gerações", o que literalmente representa 33.000 anos; isto não será possível a não ser que sejam transplantados para a Nova Terra: "Como os céus novos e a terra nova que hei de fazer estarão diante da minha face, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome" (Isaías 66:22).

Se voltarmos ao passado, quando houve o grande dilúvio no tempo de Noé, descobrimos que a raça humana apenas não se extinguiu porque a Deus aprouve salvar a família de Noé dentro de uma arca de madeira flutuante (Gênesis 6:13-16), mediante a qual a terra novamente foi populada pelo seus descendentes, junto com todas as espécies de animais que respiram ar.

A Palavra de Deus não esclarece como os sobreviventes fiéis, ao fim do milênio, escaparão da destruição pelo fogo na renovação dos céus e da terra que se seguirá, mas sem dúvida Deus providenciará um meio para que sejam preservados incólumes e voltem à terra renovada quando ela estiver pronta para ser habitada, a fim de que possam crescer e multiplicar e enchê-la assim como foram instruídos Adão (Gênesis 1:27,28) e Noé (Gênesis 9:1). Temos o exemplo de Elias, que Deus tirou da terra ainda vivo com o propósito de enviá-lo novamente para anunciar a Segunda Vinda de Cristo.

"Segundo a Sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas" (Tiago 1:18). Temos um vasto universo ao redor de nós, bem como a eternidade pela frente.

Voltando à Nova Jerusalém, lemos que no centro da cidade estará o trono de Deus e do Cordeiro, de onde, na sua visão, João viu que procedia um rio puro da água da vida, claro como cristal. Ao invés de fontes localizadas nas montanhas, este rio tem como seu manancial o trono de Deus, por debaixo do qual as águas fluirão abundantes, cristalinas, para formar esse maravilhoso Rio da Vida.

Nesta imensa cidade haverá uma praça através da qual o rio correrá, e nas suas margens estará a árvore da vida. Lemos sobre ela no livro de Gênesis, e que o seu fruto permitia vida eterna para o homem (Gênesis 3:22-24). Ela estará novamente disponível para as nações, dando-lhes saúde, confirmando que a população fora da cidade viverá em seus corpos naturais, como Adão, mas recuperados dos defeitos trazidos pelo pecado, tendo a sua vitalidade renovada pelas folhas da árvore. Isto não permite pensar que haverá doença causada por agentes externos: estes são resultado da maldição de Deus sobre a terra quando Adão pecou, mas na Nova Terra nunca mais haverá maldição contra alguém.

O Senhor Jesus colocou o seu próprio selo no livro do Apocalipse: "Estas palavras são fiéis e verdadeiras". Isto significa que ninguém pode mexer com elas, "espiritualizá-las" ou reduzi-las a símbolos sem significado. O Senhor está tratando da realidade do que foi escrito.

O Espírito Santo e a noiva (a igreja de Cristo) fazem um convite que deverá ser repetido por todo o crente que está ouvindo (ou lendo) este livro, dirigido a todos para que venham a Cristo antes da Sua vinda. O Espírito Santo, mediante a Sua Palavra, está trabalhando entre os homens mostrando a sua culpa diante de Deus e revelando a salvação mediante a fé em Cristo. A igreja proclama a Sua mensagem, convidando os que têm sede para virem beber de graça da água da vida. Enquanto estava no mundo o Senhor Jesus disse: "Se alguém tem sede, que venha a mim e beba." (João 7:37). Este é o convite que permanece ainda.

Há uma séria advertência aos que distorcerem de propósito a mensagem deste livro. Devemos também manejar a Bíblia com cuidado e muito respeito a fim de não distorcermos a sua mensagem, mesmo sem o intencionarmos.

Esta sanção é como uma espada flamejante, para guardar o cânone da escritura sagrada contra mãos profanas. Deus colocou uma muralha como essa em volta da Lei, do Velho Testamento, e agora da maneira mais solene ao redor de toda a Bíblia, assegurando-nos que é um livro de natureza supremamente sagrada, de divina autoridade, e da maior importância, portanto recebendo o cuidado especial do grande Deus.

Este último livro da Bíblia termina com três frases:

1. "Sim, venho em breve" - declaração do Senhor Jesus, trazendo ânimo para o Seu povo, particularmente para os que estiverem sofrendo perseguição.

2. "Amém. Vem, Senhor Jesus!" - essa é a resposta do seu povo: atualmente a Sua igreja, que espera pelo seu arrebatamento. Posteriormente os fiéis da tribulação que aguardarão ansiosamente a Sua volta para livrá-los.

3. "A graça do Senhor Jesus seja com todos. Amém." - o desejo de João a todos os que leram o livro.

Terminamos assim esta série sobre os sete “tempos” das dispensações de Deus, e desejamos as ricas bênçãos de Deus a todos os leitores e que cresçam cada vez mais no conhecimento das grandes revelações que encontramos na Palavra de Deus, pois fortalecem a nossa fé e nos incentivam a proclamar mais alto o grande Evangelho de Cristo para a salvação das almas.

 

autor: R David Jones.